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Histórias de Papas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de April de 2005 17:12

Corre o ano de 857 e o povo de Roma exige que o Papa João VIII – a quem se habituou a amar durante dois anos de pontificado – o tranquilize.

Multidões aparecem para aclamá-lo quando ele encabeça a procissão desde a Basílica de S. Pedro até à sua residência no Palácio de Latrão, na margem oposta do rio Tibre.

Mas quando o grupo papal entra numa viela estreita entre o Coliseu e a Igreja de S.Clemente, o Santo Padre tropeça e cai. Sob o olhar atónito de todos, o Papa João revela-se uma mulher em trabalho de parto. E enquanto nasce a criança, a multidão devota transforma-se numa horda enfurecida: os espectadores, furiosos, agarram a desafortunada mulher e o filho recém-nascido, arrastam-nos para além das portas da cidade e apedrejam-nos até a morte.



É esta a história contada e repetida por toda a Europa, pelo menos desde o final do século XIII, e que foi aceite durante séculos como verdadeira. Pode dizer-se que tudo foi em nome do amor.



Eis a história da vida da papisa Joana: No princípio do século IX, por volta do ano de 818, segundo se diz, um casal de missionários ingleses na cidade de Mainz, no Reno, teve uma filha, Joana.



Ainda criança, destacava-se pela sua beleza e inteligência notável. Apaixonando-se por um frade aos 12 anos, Joana deixou a casa dos pais, vestiu-se de homem e ofereceu-se como noviço para o mosteiro, a fim de poder estar junto do amante.



João Ânglico, ou João Inglês, como ela própria se chamava, ocupava os dias a rezar ou a estudar na biblioteca e passava as noites com o seu amante. O embuste foi descoberto em pouco tempo e o casal teve que fugir – escapando ao castigo da Igreja ao juntar-se a uma peregrinação através da Europa até a Terra Santa.



Em Atenas, o companheiro de Joana desapareceu, mas ela seguiu para Roma. Ainda disfarçada de homem, Joana trabalhou como tabelião ou, segundo outra versão da história, como professor. Fosse qual fosse este seu primeiro emprego, Joana em breve se tornava célebre. Os estudantes admiravam a sua eloquência, os filósofos respeitavam a sua sabedoria, os cardeais registravam os seus conhecimentos teológicos e os cortesãos papais amavam-no pela sua generosidade.



Quando o papa Leão IV morreu, em 855, Joana foi unanimemente eleita sua (seu?) sucessora (sucessor?), subindo ao trono papal como João VIII.


Joana / João conseguiu esconder o segredo do seu sexo de todos, menos de uma pessoa, e isso foi-lhe fatal. Aquela mulher solitária e apaixonada tomou por amante o seu criado particular – e em breve ficava grávida. Depois do parto e da imediata vingança da multidão, foi nomeado, à pressa, um novo Papa, Bento III. Os historiadores da Igreja, posteriormente, alteraram a data de sua subida ao trono para 855, a fim de eliminarem quaisquer registros do pontificado de Joana.



Quando um outro João foi eleito Papa, 15 anos depois, em 872, tomou o nome de João VIII e não de João IX. Para os cépticos, a história do Papa João surgiu muito provavelmente no século X, em que reinaram nada menos que 23 papas – alguns por meses apenas. Os finais dos respectivos reinados constituem uma sombria ladainha: preso, assassinado, deposto, morto de fome, cego. Por detrás de muitos desses pontífices, ineficazes e efémeros, estiveram mulheres das famílias nobres de Roma.



Se as mulheres detinham tanto poder, questionava o povo, por que não uma mulher Papisa?



Os historiadores encontram a primeira referência à Papisa Joana em “Os Sete Dons do Espírito Santo”, obra de Estevão de Bourbon, um dominicano francês do século XIII. A história narrada por ele foi incorporada em “A Crónica dos Papas e Imperadores”, obra muito lida da autoria de outro dominicano do século XIII, o polaco Martin de Troppau.



Os que acreditavam na história da Papisa Joana citavam, entre outras provas, a estátua de uma mulher com uma criança na viela entre Coliseu e a Igreja de S.Clemente, onde a procissão papal de 857 fora tão dramaticamente interrompida. Essa estátua existe lá até hoje, ano 2005 da nossa Era, e esta ruela, devido ao escândalo da Papisa Joana, passou a ser evitada nas procissões posteriores.



Durante mais de 200 anos figurou entre os bustos dos papas na Catedral de Siena uma estátua com a inscrição "Papa João VIII, uma mulher inglesa".No século XVI, o papa Clemente VIII ordenou que o busto fosse renomeado como "Papa Zacarias".



A prova, talvez mais evidente, surgida em apoio da história da Papisa Joana é a 'Sella stercoraria', curiosa cadeira de mármore com uma abertura no assento que se encontrava na Basílica de S. João Latrão. Diz-se que, desde o final do século XI até o século XVI, esta cadeira foi utilizada nas entronizações papais. Antes de assumir o cargo, cada novo papa devia sentar-se na cadeira para que, por meio de um exame médico, fosse confirmado o sexo do candidato.



Esta história de uma Papisa foi tão levada a sério que o Concílio de Constança, em 1415, a citou, ao discutir os poderes do Papa.



Pio II, um intelectual que foi papa no final daquele século, tentou derrubar a lenda, ao que parece, com pouco sucesso.



Nos séculos XVI e XVII, os escritores protestantes serviram-se da história da Papisa Joana para reforçar os seus ataques ao papado.



Mas, curiosamente, foi um escritor calvinista, David Blondel, quem fez o primeiro ataque coerente a tão persistente lenda. A sua obra de 1647 tem o título quilométrico de “Esclarecimento Familiar da Questão: Saber se Uma Mulher Se Sentou no Trono Papal em Roma”.



Actualmente, os historiadores não rejeitam a história da Papisa Joana, afirmando tratar-se de um registo de acontecimentos verdadeiros, uma herança do papado medieval – época turbulenta em que os Papas eram conhecidos por tudo, menos pela sua santidade, e nada sobre eles era demasiado mau nem demasiado estranho para se acreditar.



Quanto à cadeira de mármore, alguns dizem que se tratava, provavelmente, de uma relíquia da Roma Antiga, móvel pertencente a um dos banhos públicos da cidade. Porém, essa versão escamoteadora foi totalmente desfeita quando se mandou fazer um exame com Carbono 14 (C14 - Carbono radioactivo), na segunda metade do século XX e a datação conferiu à cadeira a idade de, aproximadamente, 1050 anos, com uma margem de erro de 50 / 60 anos. Se fosse da Roma Antiga, daria mais de 2000 anos.



Durante a Idade Média – particularmente no século X, quando surgiu o caso da Papisa Joana -, as mulheres das famílias aristocráticas de Roma exerciam enorme poder sobre a corte papal. Muitos papas mantinham, abertamente, as suas amantes, embora quaisquer filhos ilegítimos fossem eufemisticamente tratados por sobrinhos ou sobrinhas do Papa transviado.



As mães conseguiam, por vezes, colocar os "sobrinhos" do Papa no trono papal, razão por que veio a dizer-se que o papado era governado por um "regimento de mulheres".



Uma das mais notáveis destas mulheres foi Marozia, filha de um senador romano. Aos 15 anos, tornou-se amante do papa Sérgio III, a quem deu um filho. Quando o papa Sérgio III morreu, em 911, o rapazinho tinha apenas 6 anos de idade. Mas Marozia não teve pressa: casou com o conde Alberico da Toscana e deu à luz um segundo filho, também chamado Alberico. Em 931, viu o filho que tivera do papa Sérgio III, embora com apenas 25 anos, subir ao trono como papa João XI. Com a morte de seu marido, Marozia casou-se com o irmão deste (cunhado, portanto) Hugo de Provença. O papa celebrou o segundo casamento da mãe. Durante os festins que se seguiram à cerimónia, foram trocadas palavras ásperas entre o jovem Alberico e o seu padrasto. No tumulto que daí resultou, Alberico perseguiu Hugo até o expulsar da cidade e aprisionou Marozia e o papa João XI. Este morreu ao fim de alguns anos, mas a mãe viveu até ver o filho de Alberico, seu neto, ser levado ao trono papal como Papa João XII.



De certo modo, foi estabelecido um recorde 500 anos depois pelo Papa Alexandre VI, que reconheceu, pelo menos, quatro dos seus filhos ilegítimos e fez um deles cardeal: César Bórgia. Figura pouco piedosa era esse Papa Alexandre VI, que utilizou o seu poder para fazer progredir as carreiras dos seus filhos...




Re: Histórias de Papas
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 22 de May de 2006 18:29

A história da papisa (PAPA) Joana terá sido mesmo verdadeira ?

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.

Re: Histórias de Papas
Escrito por: mpp (IP registado)
Data: 02 de June de 2006 12:10

Porque motivo é que os "PAPAS" são considerados sucessores de S. Pedro ?
Quando é que S. Pedro subiu ao trono «papal» ?!
Porque é que um sucessor de S. Pedro tem o seu trono em ROMA (Vaticano) e não em Jerusalém, lugar onde começou a primeira congregação cristã, ou Antioquia onde nasceu o nome de cristãos. [www.paroquias.org]

Re: Histórias de Papas
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 02 de June de 2006 19:09

17*Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. 18*Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. 19*Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.» Mt,XVI

Está no Evangelhos, caro mpp. e quem somos nós para desconfiar dos Evangelhos? a tradição dos Papas começou quando S.Pedro, à data da sua morte, nomeou S.Lino para o suceder nos destinos da Igreja. e a partir daí, à semelhança de Pedro, foi tudo acontecendo. agora, se não acreditas no Papa, também não acreditas nos Bispos, que recebem o poder Apostólico de Pedro pelas mãos do Papa.

Re: Histórias de Papas
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 03 de June de 2006 15:49

Então S. Pedro, à data da sua morte, nomeou S. Lino como seu sucessor ? !...
Muito interessante ! Eu não sabia dessa ! [pt.wikipedia.org]
Então como é que "Tertuliano indica São Clemente I como o sucessor de Pedro"?
Quando é que surgiu o primeiro catálogo de PAPAs?
Pedro superintendeu a igreja de Jerusalém durante algum tempo. Quando Paulo fala de Pedro (Cefas) já era Tiago que tinha a superintendência. Cefas (Paulo) está em 2º lugar e João é nomeado em 3º lugar como colunas.
Como é que se explica que em Antioquia Pedro ficou entre a espada e a parede sem saber a quem devia agradar: ou a Paulo ou aos representantes de Tiago. Isso demonstra, mais uma vez, que Pedro não tinha um lugar de topo hierárquico.
Ora se Pedro esteve em várias congregações, como é que não deixou um sucessor em cada uma delas (ou deixou?). Ninguém reclamou essa sucessão de topo. Ora, a tradição elegeu ROMA como a capital do cristianismo. Para mim seria mais lógico ser Jerusalém, no caso de se estabelecer uma capital.
Na verdade são mas lógicas as palavras de Jesus:
Marcos 10,41-45
Citação:
42Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. 43*Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo 44e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.

O facto histórico de Pedro ter morrido em Roma ainda hoje é polémico. Pode muito bem ser mais um MITO.

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.

Re: Histórias de Papas
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 03 de June de 2006 16:21

"a tradição dos Papas começou quando S.Pedro, à data da sua morte, nomeou S.Lino para o suceder nos destinos da Igreja. e a partir daí, à semelhança de Pedro, foi tudo acontecendo"...

Caro Diogo,

sobre essa relação entre Pedro e Lino, repara as Constituições Apostólicas 7.4.46 (tradução inglesa): Now concerning those bishops which have been ordained in our lifetime, we let you know that they are these:—James the bishop of Jerusalem, the brother of our Lord;upon whose death the second was Simeon the son of Cleopas; after whom the third was Judas the son of James. Of Cæsarea of Palestine, the first was Zacchæus, who was once a publican; after whom was Cornelius, and the third Theophilus. Of Antioch, Euodius, ordained by me Peter; and Ignatius by Paul. Of Alexandria, Annianus was the first, ordained by Mark the evangelist; the second Avilius by Luke, who was also an evangelist. Of the church of Rome, Linus the son of Claudia was the first, ordained by Paul;and Clemens, after Linus’ death, the second, ordained by me Peter (Tertuliano diz o mesmo sobre Clemente!). Não digo que este texto é uma prova. As Constituições Apostólicas são um texto compilado no século IV... mas lá que é interessante como informação...

Abraço fraterno,

Miguel



Editado 2 vezes. Última edição em 03/06/2006 16:31 por rmcf.

Re: Histórias de Papas
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 03 de June de 2006 17:21

Caro rmcf
O texto que apresentou faz mais sentido do que aquilo que nos pregam como sendo a tradição.
Contudo, devo anotar que o nome «bispo» (bishop) não tinha então o mesmo significado que o tem hoje. Em cada igreja (congregação) podia haver mais que um bispo. Quando Paulo escreveu aos Gálatas havia em Jerusalém 3 bispos em uma só igreja. O mencionado em primeiro lugar era Tiago.
Neste caso, podíamos dizer que Tiago (irmão do Senhor) sucedeu nesse ministério a Pedro, ficando Pedro num lugar de menos responsabilidade.
Essa coisa de fazer suceder o Papa de um suposto bispado de Pedro em ROMA tem muito que se lhe diga.
Até é muito possível que Lino fosse um dos bispos de ROMA, ainda no tempo de Paulo, e antes da morte de Pedro.

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.



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