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Re: Ratzinger papa
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de May de 2005 00:05

Fico com uma enorme curiosidade em saber o que o ex-Presidente da República, dr. Mário Soares, terá afirmado sobre o Papa João Paulo II a ponto de causar tanto escândalo. Para além do Pe. João Luis se ter referido a ele neste fórum, também na missa do último domingo, o padre se referiu a ele durante a homília. Como não tenho visto telejornais (decerto que foi notícia de abertura durante vários dias), se alguém tiver um link para a notícia que possa partilhar, desde já agradeço.

Luis

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 07 de May de 2005 00:38

Cara tony:

Começo por repetir uma nota «técnica», de importância menor: diz-se «O» «Opus Dei», porque «Opus» é uma palavra latina neutra e, quando nos referimos em Português a palavras latinas neutras, usamos o masculino. Se visitares a página oficial do «Opus Dei» em Portugal, verás que usam sempre o artigo masculino quando se referem a «Opus Dei». Portanto, não é uma questão de opinião, ou de preferência, mas de (in)correcção. A língua é traiçoeira, mas exige fidelidade! ;-)

Uns breves comentários à tua mensagem. Não nutro de especial simpatia pelos métodos do «Opus Dei» e sigo outras «vias» de espiritualidade, mas o não gostar ou até o ter alguma «des-simpatia» para com determinado movimento na Igreja não significa que tenhamos que embarcar facilmente no discurso fácil das «lendas negras» sem conhecimento de causa...

Fico sempre muito impressionado como os nossos espíritos críticos se deixam levar tão acriticamente por certas críticas pouco fundadas... Não estou aqui a «justificar» nem a «defender» o «Opus Dei», nem ninguém me «porta-voz» de ninguém. Conheço pessoalmente ex-membros do «Opus Dei» que sofreram bastante no processo de desvinculação da «Obra». Mas uma coisa é ter uma atitude de reserva e até crítica, outra é embarcar, como dizia, nas «lendas negras», que me fazem duvidar do sentido de Igreja de algumas das pessoas que enveredam por semelhantes vias...

Dizer, como dizes, que o «Opus Dei» é, «como sabemos, o braço armado político e económico da Igreja Católica Apostólica Romana». Sinceramente, acho que esta frase tem mais da falsidade do Código da Vinci do que de verdade. «Braço armado»? Braço armado?! E tens exactamente a noção da extensão da Igreja por esse mundo fora para poderes afirmar que o «Opus Dei» é o «braço político e económico» da Igreja? Dirás que só te referes ao Vaticano?... Mas então, no mínimo, ter-se-á que dizer que são um braço muito fraquito, dado que a Santa Sé tem tido orçamentos negativos nos últimos anos... E nos EUA, depois dos escândalos de pedofilia, bem falta fariam uns «experts» para levantar da quase bancarrota algumas dioceses... E não falemos da enorme pobreza e falta de meios que a Igreja tem na maior parte dos países de Missão...

Em relação ao Código Da Vinci, já muito foi dito por cá, num tópico que lhe foi dedicado (O Código Da Vinci: uma novela anti-católica). Ali deixei uma mensagem, com um bom resumo (escrito por outrem) dos principais erros desse romance. Pode ser uma leitura proveitosa.

Dizes que «O Código Da Vinci, veio ocupar um lugar vago na nossa sociedade em matéria de religião e ainda bem». Em parte estou de acordo contigo. É verdade que este livro veio despertar questões, implicou católicos, pô-los a perguntar-se e a querer estudar Cristologia e História da Igreja, «aproveitando» o tal «lugar vago» de que falas. Mas, ao contrário do que afirmas, em meu entender não veio preencher tal espaço. Outros livros vieram há uns anos no mesmo sentido e passaram e este livro também passará e o lugar continuará vago. Porque qualquer destas questões implica estudo, reflexão de médio-longo prazo e as pessoas hoje não estão para isso. Não têm tempo. Têm muito para ler: jornais, revistas, blogues, fóruns – não falo deste, que este é um assunto à parte ;-) –, etc., e não chegam a ler quase nada de substancial. Heidegger tinha razão: é o mundo do falatório. No final, este livro (como outros) acaba por passar uma mensagem: tudo é questionável, mas não se busca nada de firme... Depois deste fenómeno haverá outro e as pessoas continuarão a borboletear, ao sabor das modas...

Resumindo: estou de acordo que sejamos críticos em relação ao estabelecido, para podermos construir o nosso próprio «sistema», mas alarguemos a atitude crítica! Por exemplo, que razão se embarca tão facilmente na crítica aos Evangelhos canónicos, instalando a suspeita sobre aqueles textos que se confirmaram como «regra de fé da Igreja» e se aceita tão acriticamente qualquer dos relatos apócrifos? No mínimo, não será de passar todos os textos pelo mesmo crivo hermenêutico? E será o «Código Da Vinci» a norma de fé de todos os críticos «pós-modernos»? Mal andamos, então! Ah, «massa acrítica»!

Alef

PS.: 1. Já agora, uma das personagens do livro é um monge do «Opus Dei», como sabes... Há só um pequeno «probleminha»: o «Opus Dei» não tem monges... «Quem te mandou, sapateiro...».


2. Obviamente, não se resolvem estes problemas com «condenações», que são publicidade gratuita a livros que são modas efémeras e de escasso valor literário. O suficiente para acriticamente enchermos os bolsos de alguém. Há sapateiros espertos! :-)

Re: Ratzinger papa
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 07 de May de 2005 01:43

Alef e Padre João Luis

Não posso deixar de concordar convosco, quando dizem que não se pode generalizar, colocando todos os gatos no mesmo saco. É bem verdade que a Igreja somos todos nós e muitos de nós não se identificam com o Opus Dei, e muitos mais há, que alguma vez tenham ouviram falar de tal coisa. Mas ainda que seja difícil provar, é minha convicção há mais de 10 anos (nada tem haver com a leitura do livro polémico) que o OD opera como braço politico e económico, pelo menos de alguns sector da Igreja (talvez assim seja mais correcto, menos penalizador e menos genérico).

Concordo que os livros são como as modas. Mas também é verdade que há um espaço vazio o qual continuará a existir se a Igreja (como um todo) não tiver a coragem e a radicalidade para agir de forma pró-activa junto, tanto da massa critica como da acrítica. Acho que deveria ser feita uma análise sociológica ao fenómeno “Código Da Vinci”. Por mim, posso dizer-vos que depois de ler este livro, já li mais 2 (estou no segundo) que vão ao encontro desta necessidade de querer saber mais, de forma profunda e fundamentada, sobre Catolicismo, Cristologia e História da Igreja e noto também que não sou a única a fazê-lo. Se somarmos tudo isto ao falecimento de João Paulo II e à nomeação de Bento XVI, numa época em que se assiste de camarote a tudo e mais alguma coisa, em tempo real, então meus amigos, este é um tempo extraordinário. Nos últimos 30 anos não se falou tanto de religião como neste ultimo ano. Também concordo convosco, há muita informação mal fundamentada e mal estruturada, mas por isso mesmo deveria haver a capacidade de dar resposta a estes sintomas sociais e culturais. Acho que passar por estes momentos tão importantes da história da humanidade, sem participar neles de forma séria, responsável e critica é um erro muito grave.

Cabe neste ponto, melhor aqui do que em qualquer outro sitio, felicitar todos os “fórunautas” que por aqui passam deixando as suas marcas, pois isso é em si mesmo, um sinal de que cada um à sua maneira, sabe o quanto é importante partilharmos o que somos e no que acreditamos e assim crescermos todos juntos, resta agora que cada um em sua casa, na sua rua, no seu trabalho, na sua paróquia saiba fazer o mesmo. Já o disse e volto a repetir, este fórum é um excelente exemplo de boas práticas e verifico com agrado que são mais as coisas que nos unem do que aquelas que nos dividem.

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 07 de May de 2005 03:15

Neste fórum não se usam imagens, mas aqui fica um «link» para uma verdadeira surpresa «devocional»... Prestem atenção aos pormenores... Ele há gente para tudo!

Alef

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de May de 2005 11:51

Segundo a capa do jornal Expresso de hoje...
Citação:
Este estudo de opinião [sobre a imagem dos políticos] revela ainda que 40% dos portugueses ficaram desiludidos com a escolha do cardeal Ratzinger como sucessor de João Paulo II - a eleição de Bento XVI agradou apenas a 17% dos inquiridos.
Luis

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de May de 2005 03:43

Só 40%????

A avaliar pelas reacções das largas centenas de católicos que conheço ( muitos padres incluidos) a desilusão foi mais vasta.....

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 08 de May de 2005 11:33

Talvez, mas não podemos esquecer que houve muitos para quem a eleição foi indiferente (100% - 40% - 17% = 43%). Também acredito que se repetirem a pergunta no próximo estudo, os valores serão diferentes... para melhor.

Luis

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 08 de May de 2005 23:50

Pois eu de centenas de catolicos que conheco, incluindo padres, freiras e bispos, a alegria foi profunda, porque temos um pastor que sabe de onde vimos e para onde vamos.
Louvado seja Deus pelo Papa que deu à sua Igreja.
Bento XVI!

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 00:52

Para quem ache que o Bento XVI foi uma má escolha, devido ao conservadorismo de Ratzinger, aqui fica uma sugestão «envenenada»... ;-)

Não resisto a deixar aqui um «link» para um artigo muito curioso, embora não seja surpresa para mim: «Heresies of Anti-Pope Benedict XVI»!!!

[Até se fica a saber que este Papa é intrinsecamente ateu, porque aceita o evolucionismo; será que o autor frequentou este fórum e leu algo sobre os «dogmas correlativos»? ;-)].

Já agora, gostarão de ler as «101 Heresies of Anti-Pope John Paul II» (também em espanhol).

O site em questão pertence a um dos vários grupos sedevacantistas, este autodenominado «A Verdadeira Igreja Católica». Consideram João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI como «anti-papas» e os católicos são simplesmente os «V2 catholics». Naturalmente, reivindicam a posse da Cidade do Vaticano. Não tendo aceitado João XXIII como papa, consideraram que a Igreja continuava em situação de «Sede Vacante», até que em 1998 elegeram um «verdadeiro Papa», que tomou o nome de Pio XIII.

Alef

Re: Ratzinger papa
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 01:28

Alef

Estou sem palavras. De facto tenho descoberto muitas coisas neste fórum, mas esta, até agora, ganha o 1º prémio. Desconhecia esta situação por completo.

Qual é a legitimidade desta estrutura?

É reconhecida por quem?

Como sobrevivem? (o dinheiro vem de algum lugar, certo?!) quem fomenta esta organização?


Desculpa a minha ignorância, mas o Santo António tem tratados sobre heresia e papado? (gostava de os ler).

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 08:25

Amiga Tony:
Os integristas ( ou fundamentalistas ) Católicos incluem várais organizações pseudo-religiosas que têm sobretudo origem nos EUA e estão ligadas a movimentos políticos de extrema Direita.
Representam o lado mais negro do cristianismo e são muito bem financiadas por grande sgrupos económicos. Temos tendeencai aolhar pra estas manifestções com umlgeiro sorriso, mas há versões integristas mais "moderadas "dentro da igreja que muito se aproxiamam destes valores e destas visões.

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 10:03

Um exemhttp://www.cc.org/plo:

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 10:04


Re: Ratzinger papa
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 14:17

Curioso apresentar aqui um movimento protestante. Essa CC nasceu no seio do Protestantismo americano no seguimento da Ideologia Wasp (White Anglo-Saxonist Protestant) que quer tomar conta dos states.... não existe nada semelhante no catolicismo.

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 18:26

Ai não que não existte... Opus e MCL, por exemplo...

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 18:35

Exército azul, por exemplo...

Re: Ratzinger papa
Escrito por: Aristarco (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 21:46

Era interessante a catolicapraticante provar que o Opus Dei e o Movimento Comunhão e Libertação estão ligados à extrema-direita, em vez de fazer afirmações gratuitas desse calibre.
Hoje em dia quando se pretende difamar alguém, basta dizer que é de extrema-direita...



Editado 1 vezes. Última edição em 12/05/2005 21:47 por Aristarco.

Re: Ratzinger papa
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 22:43

acho que é muito excessivo dizer que o opus dei está ligado à extrema direita. à partida o opus dei não é partidário...
Conheci em tempos muita gente do opus dei e devo dizer que nunca conheci pessoalmente nenhum caso que me tenha parecido menos correcto ou mais chocante... é verdade que há um conservadorismo básico e um estrito ensino da doutrina católica, sem qualquer alternativa disponivel... mas também é verdade que são pessoas extraordinariamente abnegadas, que se entregam claramente ao seu trabalho de forma quase única... naturalmente há sempre excepções, mas a maioria dos que conheci, procuravam de facto essa santificação pelo trabalho de forma clara. Nem sequer notei um especial elitismo nas suas relações pessoais ou sequer profissionais... nem sequer notei uma tendência para sacrificar tudo pelo êxito ou pelo lobbing, de que são muitas vezes acusados. Não digo que isso não existisse, atenção... mas nada que não se encontre em qualquer outro lugar e dependia muito de pessoa para pessoa... Encontrei, de resto, pessoas muito amigas, e felizes nas suas opções de vida, como numerários, por exemplo... pais felizes e homens e mulheres (pelo menos aparentemente) excelentes cristãos.
Claro que também conheço pelo menos dois casos de grande sofrimento na forma como acabaram por sair do Opus e esta não é certamente uma 'prelatura' do meu gosto particular, nem a sua teologia me agrada absolutamente... mas as pessoas não são todas necessariamente más nem de extrema direita... de qualquer modo, é também evidente que a maioria são de direita e qto a isso não tenho dúvidas... mas há-os de vários partidos pelo menos do leque PSD (com os famosos Mota Amaral, Paulo Teixeira Pinto e presumo a mulher tb) - PP (e por muito que digam não estamos a falar de extrema direita) - PND...

Abraço fraterno

Miguel

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 23:44

Sobre a OPUS:

Como disse o caro miguel, "há um conservadorismo básico e um estrito ensino da doutrina católica, sem qualquer alternativa disponivel"...

"mas as pessoas não são todas necessariamente más nem de extrema direita... de qualquer modo, é também evidente que a maioria são de direita e qto a isso não tenho dúvidas"... E Há-os de vários partidos de direita, mas também " PP (e por muito que digam não estamos a falar de extrema direita) - PND... "

Trata-se portanto de uma uma organização supranacional - uma espécie de empresa multinacional, que pretende o poder políTico, mas essencialmente financeiro e se caracteriza por uma "carta ideológica" da direita/extrema direita , que tem um projecto de poder próprio e que tem características de sociedade secreta..

Porém, em termos de organização interna e de controle de cosnciências a opus é muito parecida com a organização dos partidos comunistas - as células, os controleiros, a hierarquia rígida e a subordinação ao chefe...

Não deixa de ser curioso que quando escalpelizamos os valores e as "apostilhas" da Opus e do MCL e os apregoados por movimentos como o Cristian Coalation of America, fica-se impressionado com a simetria de valores, a forma de actuação e a "teologia" subjacente..

Há gente boa, culta e inteligente na Opus??

SEm dúvida!

Há gente de boa Fé? SEm dúvida.

Eu própria já contactei com algumas dessas pessoas e fui alvo de tentativa de "recrutamento"... Algumas são pessoas encantadoras e cultíssimas, mas misoginia do movimento, por exemplo, é assustadora...

Estas características pessoais positivas de muitos elementos da Opus não retiram
à Opus a sua característica fundamental - a de ser uma sociedade secreta, regida por códigos próprios, que pretende, através de uma elite intelectual /financeira/e empresarial, conquistar o poder político e económico e disseminar determinadaos valores de direita/extrema direita.

Quanto ao MCL quem disse que admiram muito A Opus e querem ser como ela foi um dos seus dirigentes. Mas suponho que o João Luís nos poderá informara melhor sobre quem são, o que fazem e QUAIS OS VALORES QUE PROCLAMAM, s fontes de financiamento do moviemento e a suas ligações nternacionais. Fico á espera

E mais não digo.

Re: Ratzinger papa
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de May de 2005 23:54

"O Caminho (Camino na versão original castelhana), foi escrito por José Maria de Balaguer em 1934.

Em 1987, contava já com 216 edições, em 37 idiomas, num total de 3 409 664 exemplares. É um livro escrito em discurso directo, em forma de confidências. Consta de 999 artigos ou versículos, divididos por 46 capítulos. Destina-se prioritariamente aos jovens do sexo masculino.

Uma análise forçosamente superficial desta obra permite distinguir claramente algumas linhas-força que julgamos necessário salientar.

a) Apelo à despersonalização individual através de uma constante humilhação e de uma subjugação completa ao Director espiritual.


"Não te esqueças de que és... o depósito do lixo. [...] Humilha-te; não sabes que és o caixote do lixo?" (Caminho, 592).
"Não desaproveites a ocasião de abater o teu próprio juízo: - Custa..., mas que agradável é aos olhos de Deus" (Caminho, 177).

"Não és humilde quando te humilhas, mas quando te humilham e o aceitas por Cristo" (Caminho, 594).

A entrega ao Director espiritual deve ser total, como já aqui foi referido, sendo ele quem determina a acção de cada membro da Opus Dei, nos mais variados aspectos:


a ele nada se deve ocultar, nem mesmo as invectivas dos inimigos:

"Não ocultes ao teu Director essas insinuações do inimigo. A tua vitória, ao fazeres a confidência, dá-te mais graça de Deus. E, além disso, tens agora, para continuares a vencer, o dom do conselho e as orações do teu pai espiritual" (Caminho, 64);

mesmo que não tenha razão, é quase inquestionável:

"[...] e nunca o contradigas diante dos que lhe estão sujeitos, mesmo que não tenha razão" (Caminho, 954).

O espírito crítico apresenta-se, por sua vez, como algo prejudicial à santificação do homem e à prática do apostolado, pelo que deve ser combatido sem tréguas:

"[...] haveis de trazer um manto invisível que cubra todos e cada um dos vossos sentidos e potências [...]" (Caminho, 946).
"É má disposição ouvir as palavras de Deus com espírito crítico" (Caminho, 945).

"No Apostolado, estás para te submeteres, para te aniquilares; nã para impor o teu critério pessoal" (Caminho, 936).

e se, para além destes conselhos, o espírito crítico persistir, como é um grande estorvo para a obra pessoal, a solução é de imediato apontada:


"[...] pega numa caneta e num papel, escreve simplesmente e confiadamente - ah!, e com brevidade - os motivos que te preocupam, entrega a nota ao superior, e não penses mais nela. - Ele, que é quem vos dirige e tem graça de estado, arquivará a nota... ou deitá-la-á no cesto dos papéis. - Para ti, como o teu espírito crítico não é murmuração, e só o exercitas para fins elevados, tanto faz" (Caminho, 53).
É o superior, ou seja o director, quem decide da importância das inquietações e dúvidas de cada um e, em todo o caso, não se pense que se consegue uma resposta para estas interrogações. Na melhor das hipóteses, estas são arquivadas!


b) Penitência frequente e mortificação constante.

São ideias permanentes ao longo de todo o ideário desta instituição. Sendo cautelosa em não assustar de imediato com práticas físicas, a Opus Dei explica que a mortificação constante resulta muito melhor e oferece uma maior possibilidade de purificação espiritual, se for permanentemente praticada nas coisas simples do dia a dia: se se tiver sede, atrasar meia hora o acto de beber água; se se tiver vontade de fumar um cigarro, não o fumar logo; comer menos do que aquilo que nos apetece; reter o possível as necessidades fisiológicas; etc., etc. Mas, enfim, todas as formas de mortificação são lícitas. Todos estes sacrifícios são efectuados constantemente pela remissão das faltas humanas e oferecidos a Deus. Assim se caminha no sentido da santificação individual e se ganha uma maior experiência espiritual.
Vejamos agora alguns interessantes passos do Caminho, complementados pelos de uma obra póstuma de Escrivá de Balaguer, Sulco, escrita no mesmo estilo da anterior(10):


"Nenhum ideal se torna realidade sem sacrifício. Nega-te a ti mesmo, É tão belo ser vítima!" (Caminho, 175).
"Onde não há mortificação, não há virtude" (Caminho, 180).

"Bendita seja a dor. Amada seja a dor. Santificada seja a dor... Glorificada seja a dor!" (Caminho, 208).

"O teu maior inimigo és tu mesmo" (Caminho, 255).

"A mortificação é de uma importância extraordinária, sob todos os pontos de vista:
por razões humanas, pois quem não sabe dominar-se a si mesmo nunca influirá positivamente nos outros, e o ambiente vencê-lo-á, quando satisfizer os seus gostos pessoais: será um homem sem energia, incapaz de um esforço grande quando for necessário;
por razões divinas: não te parece justo que, com estes pequenos actos, demonstremos o nosso amor e acatamento a quem tudo deu por nós?" (Sulco, 980).

"Que pouco vale a penitência sem a contínua mortificação" (Sulco, 223).

"Um dia sem mortificação é um dia perdido, porque não nos negámos a nós mesmos, não vivemos em holocausto" (Sulco, 988).


c) Apelo à criação de leaders

Esta é outra das constantes da doutrina contida no Caminho, apesar dos aspectos contraditórios ao desenvolvimento de uma personalidade, já apontados. Apela-se a que o jovem se torne num "chefe", que seja o melhor na sua profissão, de modo a sobressair e a conquistar os mais elevados postos:

"[...] Corrige-te, por favor. Néscio e tudo, podes chegar a ocupar cargos de direcção (mais de um caso se tem visto) e, se não te persuades da tua falta de dotes, negar-te-ás a escutar os que têm dons de conselho [...]" (Caminho, 352).
"Estudante: forma-te numa piedade sólida e activa, sobressai no estudo, sente firmes desejos de apostolado profissional. E eu te prometo, ante o vigor da tua formação religiosa e científica, próximas e amplas conquistas" (Caminho, 346).

Outros aspectos poderiam ser focados acerca da doutrina e da filosofia da Opus Dei. Salientaremos ainda a censura cultural a que cada membro se encontra sujeito, como que para concluir acerca do espírito desta instituição:


"Livros. Não os compres sem te aconselhares com pessoas cristãs, doutas e discretas. Poderias comprar uma coisa inútil ou prejudicial [...]" (Caminho, 339).

Algumas palavras ainda acerca dos métodos de difusão da ideologia da Opus Dei e da sua atitude para com opiniões contrárias.

A Opus Dei tem pretensões universalistas. O proselitismo deve ser uma das características de todos os seus membros, que devem trabalhar individualmente no sentido de cativarem novos elementos, através do seu exemplo.

No entanto, a Opus Dei requer discrição, na medida em que o publicitar a condição de membro da Prelatura pode atrair o inimigo e, como a sua doutrina e ideologia nem sempre se encontra consistentemente apegada ao coração dos seus membros, estes podem ser desviados do apostolado mediante argumentação fácil.

O apostolado deve ser praticado na sociedade, no interior da família ou do grupo profissional, no seio dos amigos, com naturalidade mas com constância. E deve o "apóstolo", além disso, utilizar os meios que esses grupos põem à sua disposição:


"Que passe inadvertida a vossa condição, como passou a de Jesus durante trinta anos" (Caminho, 840).

"Acredita em mim, o apostolado, a catequese, em geral, tem de ser capilar: um a um. Cada crente com o seu companheiro imediato.

A nós, filhos de Deus, importam-nos todas as almas, porque nos importa cada uma delas" (Sulco, 943).

"Cala-te. Não te esqueças de que o teu ideal é como uma luzinha recém-acesa. Pode bastar um sopro para apagá-la do teu coração" (Caminho, 644).

"Os sectários vociferam contra aquilo a que chamam 'o nosso fanatismo', porque os séculos passam e a Fé católica permanece imutável.

Pelo contrário, o fanatismo dos sectários - porque não tem relação com a verdade - de época para época muda de vestidura, elevando contra a Santa Igreja o espantalho de meras palavras, esvaziadas de conteúdo pelos seus actos: ' liberdade' que aprisiona; 'progresso' que faz regressar à selva; 'ciência' que esconde ignorância... Sempre um barracão que encobre velha mercadoria estragada.
Oxalá que o teu 'fanatismo' se torne cada dia mais forte pela Fé, única defesa da única Verdade!" (Sulco, 933).

A atitude para com aqueles que se opõem ou não concordam com os ideais da Opus Dei é muito simples: ignorá-los completamente, por muito que seja o mérito ou o valor do inimigo:


"Servir de altifalante ao inimigo é uma soberana idiotice; e, se o inimigo é inimigo de Deus, é um grande pecado. Por isso, no terreno profissional, nunca louvarei a ciência de quem se serve dela como cátedra para atacar a Igreja" (Caminho, 836).
"Não se pode tolerar que ninguém, nem mesmo com bom fim, falseie a história ou a vida. Mas constitui um grande erro levantar um monumento aos inimigos da Igreja, que consumiram os seus dias a persegui-la. Convence-te: a verdade histórica não sofre por um cristão não colaborar na construção de uma estátua que não deve existir: desde quando o ódio se apresentou como modelo?" (Sulco, 938).

É sintomática e interessante a referência que se faz às sociedades secretas (o que são sociedades secretas: ao mesmo tempo que ilustra melhor aquilo que já referimos acerca dos "chefes":


"Chefes!... Viriliza a tua vontade, para que Deus te torne chefe. Não vês como procedem as malditas sociedades secretas? Nunca conquistam as massas. Nos seus antros, formam uns tantos homens-demónios que se agitam e movimentam as multidões, tresloucando-as, para fazê-las ir atrás deles, ao precipício de todas as desordens... e ao Inferno. Eles levam uma semente amaldiçoada. [...]" (Caminho, 833)"

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Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

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