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8 de março
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 18:39

Convencionou-se que hoje é o Dia da Mulher, em homenagem a umas centenas de operárias fabris que morreram queimadas vivas numa fábrica quando reivindicavam melhorar os seus miseráveis salários.

Aqui fica a minha homenagem a todas as mulheres, não apenas às vítimas de discriminação, da violência e da exploração mas também ás mulheres que transformam o mundo e a humanidade.

Re: 8 de março
Escrito por: chuva (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 19:44

...e aos homens. Ás PESSOAS.

Re: 8 de março
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 09 de March de 2005 02:14

As mulheres portuguesas são parvas

Maria Filomena Mónica


Quando casei, o que de mim se esperava, além da procriação continuada, era que passasse o dia a arrumar a casa, a cozinhar pratos requintados e a vigiar a despensa. Hoje, a estas tarefas vieram
juntar-se outras. As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama, profissionais competentes e estrelas nos salões


Nos últimos tempos, fui entrevistada por vários jornais, os quais, suponho que devido à crise económica, me enviaram mulheres muito novas. Eram geralmente bonitas, espertas, altas, modernas e rápidas. Eis, pensei, a Nova Mulher. Inesperadamente, o final das conversas tendeu a escorregar para a dificuldade que elas encontravam na compatibilização entre o trabalho e a maternidade. Num caso, aconteceu mesmo ter eu descoberto estar a desempenhar o papel de psicanalista, dando conselhos sobre a forma como a jornalista em causa, que acabara de ter um filho, podia e devia reivindicar para si, sem se sentir culpabilizada, um maior espaço de autonomia.
(...)
É isto que um trabalho, publicado por Karin Wall, do Instituto de Ciências Sociais, e por Lígia Amâncio, do ISCTE, veio demonstrar.

A quase totalidade dos portugueses (93 por cento) considera que, num casal, tanto o homem quanto a mulher devem trabalhar fora de casa, mas um número impressionante (78 por cento) diz que uma criança pequena sofre quando a mãe trabalha.

Cerca de metade da população afirma que as mães se deveriam abster de trabalhar quando têm filhos com menos de seis anos.

Ora, devido aos salários reduzidos da maioria dos trabalhadores masculinos, Portugal possui a mais alta taxa de emprego feminino da Europa, uma situação que só pode conduzir a que as portuguesas vivam em estado permanente de culpabilidade.

Mas há mais. Os portugueses excedem-se verbalmente no seu amor pelas crianças: para 62 por cento, os indivíduos que não têm filhos levam uma "vida vazia".

Ora, são estes senhores, que tanto dizem amar os filhos, que se não dão ao trabalho de lhes mudar as fraldas, de os levar ao médico ou de os alimentar.

As mulheres portuguesas gastam três vezes mais horas do que os homens na lida doméstica: elas despendem, por semana, vinte e seis horas, eles apenas sete, o que dá uma diferença de dezanove horas semanais, uma média superior à europeia.

As portuguesas continuam a ser exploradas, como se nada se tivesse passado desde o momento, na década de 1960, em que a minha geração ergueu a bandeira da emancipação feminina.


Algumas das jovens, que responderam ao inquérito, declararam conformar-se com a distribuição do trabalho vigente, chegando a dizer que "nós nunca nos zangamos por causa das tarefas domésticas", continuando a lavar a roupa, a passar a ferro e a mudar fraldas, como se os filhos não fossem responsabilidade de ambos.

(...)
Nunca esperei que a situação fosse tão má quanto a que este inquérito revela.

Na minha ingenuidade, pensei que, na História, havia domínios - sendo um deles a emancipação feminina - em que tinham verificado progressos.

Depois de ler estes dados, tenho dúvidas.

Algumas raparigas ainda parecem pensar que a sua única função no Universo consiste em desempenhar os papéis de esposas devotadas, seres paranoicamente ocupados com a limpeza do pó e mães tão excelsas quanto a Virgem Maria.

De certa forma, o destino das raparigas na casa dos trinta ou quarenta anos corre o risco de ser pior do que o meu.

Quando casei, o que de mim se esperava, além da procriação continuada, era que passasse o dia a arrumar a casa, a cozinhar pratos requintados e a vigiar a despensa. Hoje, a estas tarefas vieram juntar-se outras. As mulheres modernas são também supostas ser boas na cama, profissionais competentes e estrelas nos salões.

Mas isto é uma utopia. Nem a mais super das supermulheres pode levar as crianças à escola, atender os clientes no escritório, ir à hora do almoço ao cabeleireiro, voltar ao escritório onde a espera sempre um problema urgente, fazer compras num destes modernos supermercados decorados a néon, ler umas páginas de Kant antes de mudar as fraldas do pimpolho, dar um retoque na maquilhagem, telefonar a três "babysitters" antes de arranjar uma, ir ao restaurante jantar com os amigos do marido, discutir a última crise governamental e satisfazer as fantasias sexuais democraticamente difundidas pelos canais de televisão.

Estou a falar, note-se, de mulheres socialmente privilegiadas. A vida das pobres é um inferno sem as consolações de que as suas irmãs de sexo, apesar de tudo, usufruem.


É por isso que a luta tem de continuar. Não sei se sou "femininista", nem me interessa debater a questão terminológica. Sei que sou contra todas as injustiças e, entre elas, contra a ideologia que nos quer manter encerradas numa Casa de Bonecas.

Ao longo dos anos, tenho ouvido de tudo, incluindo mulheres que dizem estar contra a emancipação feminina.

Pensei então que não valia a pena perder tempo com tontas. Mais madura, considero hoje que o melhor é retirar-lhes o direito ao voto, o direito ao divórcio e a protecção legal contra a violência doméstica. Se gostam de ser escravas, que o sejam. Acabou-se o tempo das contemporizações. Quem luta, têm direitos; quem se resigna, fica de fora. Historiadora


Re: 8 de março
Escrito por: Lucilia Martins (IP registado)
Data: 09 de March de 2005 14:53


A minha homenagem ás mulheres. SEMPRE.

E os foristas masculinos? ...gostaria da vossa opinião.

Re: 8 de março
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 09 de March de 2005 22:11

Primeiro quero protestar porque não existe Dia Internacional do Homem. É uma discriminação violadora dos Direitos Humanos mais fundamentais. :o))

Quanto ao artigo de Maria Filomena Mónica não concordo com ele. Tem uma perspectiva muito azeda do assunto, com estereotipos dos anos 60, e não contribui em nada para melhorar o mundo.

A mulher tem um papel fundamental na sociedade, não sendo nem uma "fada do lar" nem uma "super mulher" a gerir tudo ao mesmo tempo.

Esta data devia inspirar-nos pensamentos mais positivos, por exemplo, o lugar da mulher no ensino, onde verificamos a cada vez maior predominância das jovens nas Universidades;
o lugar da mulher na sociedade, onde encontramos a mulher em todos os lugares dantes apenas exclusivos masculinos, disputando o lugar em função da sua competência;
as novas relações conjugais, onde as funções são repartidas, ou pelo menos mais repartidas.

A imagem da posição da mulher como uma luta contínua contra o "machismo" dominante data do sec. XIX, iluminado pelo materialismo (e marxismo) dialéctico, lutas de classes e quejandos. É uma ideia histórica, não actual.

Entretanto o muro de Berlim caiu e algumas gerações continuam com a mesma linguagem. Depois "zangam-se" porque hoje ninguém lhes liga. Seria hora de acordarem para a realidade, e começarem a discutir os valores para o 3º milénio.

Menos Marx, mais Marcos.

(Para os deprimidos Mais Platão, menos Prozac.)

João (JMA)

Re: 8 de março
Escrito por: Lucilia Martins (IP registado)
Data: 10 de March de 2005 13:53


Vocês são uns seres humanos cheios de sorte!!!! Não precisam de ter um dia especial.
às vezes sinto-me como uma "espécie protegida"...

Estou plenamente de acordo consigo temos que pensar nos direitos que se conseguiram conquistar, mas nós as da geração dos quarenta e.... casadas com maridos
da mesma geração ou mais velhos, com filhos adolescentes muitas vezes educados com avós educadas no "antigamente" a maior parte das vezes quando chegamos a casa somos confrontadas com grande parte dos prolemas que a autora dos artigos foca.


Não há MArcos, nem Platão que nos safe.....

O Prozac já larguei.... agora dedico-me a Platão e KANT....

Re: 8 de março
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de March de 2005 15:34

Tem toda a razão Lucília... Obrigada pelo contributo.



Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

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