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Crianças
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de March de 2005 12:29

Segundo dados da UNICEF, uma em cada seis crianças portuguesas vive abaixo do limira d pobreza. A maior parte destas crianças é originária de fratrias numerosas ( Muitos filhos, i.e casais que não fazem Palenamento familiar), e pertencem a famílias de baixo estatuto social e económico.
SEgundo o relatório, a situação agravou-se significativamente nos últimos cinco anos.

ESte é que é o problema central. Que futuro para as nossas crianças? Como falar de uma "cultura de vida" com realidades destas?

Que podemos, nós, católicos fazer para mudar a situação?


Re: Crianças
Escrito por: Sandra Isabel (IP registado)
Data: 03 de March de 2005 15:36

Olá cara amiga:

Da parte do governo muito pouco podemos esperar. Não que eles não se preocupem, mas porque há coisa "mais" importantes....
Penso que temos que ser nós pessoas anónimas a ajudar, a dar apoio.
Se cada um de nós tentar na nossa terra, em conjunto com outras pessoas que pensam do mesmo modo, tentar sensibilizar, criar grupos de apoio às famílias, dar-lhes apoio a nível de controle de natalidade, fazer campanhas de rua, apoiar as crianças, dar-lhe carinho, denunciar à Caritas local esses casos...
Se calhar conseguimos alguma coisa... pouca... mas já dará para ajudar algumas dessas crianças e famílias.
é assim que temos tentado agir aqui na paróquia... e a longo prazo está a dar alguns frutos.

Acho que temos que ser nós a ajudar, e sensibilizar os que muito tem nos nossos locais, para aprenderem a partilhar.... a ajudar!

Um abraço,

Sandra Isabel

Re: Crianças
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 03 de March de 2005 19:49

A propósito, um artigo de Pedro Strecht, no «Público» de hoje.

Alef


Citação:
Quarenta e sete mil

Quando falamos neste número de 47 mil é impossível não nos incomodarmos e não nos determos sobre o peso desta realidade; 47 mil representa uma imagem de um grande estádio de futebol cheio de rapazes e raparigas sofridos numa parte importante da sua vida: a possibilidade de, livremente, serem crianças no justo tempo em que tal lhes é devido.

Em Portugal há cerca de 47 mil crianças e adolescentes a ser exploradas através de várias formas de trabalho infantil e juvenil, isto é, antes ainda de completarem a escolaridade obrigatória do 9.º ano ou sendo menores de 16 anos de idade, os dois marcos que tornam oficialmente possível a sua inserção e protecção no meio laboral.

O problema já nem sequer é antigo e o que se passa no nosso país é uma boa amostra do que ocorre noutros pontos do mundo, sobretudo nos locais menos desenvolvidos (ou ditos em vias de desenvolvimento) e em clara associação com a pobreza que, tal como a Unicef destaca num recente relatório apresentado em Londres, é o principal factor de risco para o aparecimento e manutenção deste problema tão significativo.

Quando falamos neste número de 47 mil é impossível não nos incomodarmos e não nos determos sobre o peso desta realidade; 47 mil representa uma imagem de um grande estádio de futebol cheio de rapazes e raparigas sofridos numa parte importante da sua vida: a possibilidade de, livremente, serem crianças no justo tempo em que tal lhes é devido, guardando somente para depois determinado tipo de experiência que anteriormente não têm capacidade emocional para enfrentar.

Contudo, quando se fala de exploração pelo trabalho infantil, é espantoso como encontramos ainda posições muito ambivalentes de alguns adultos, que acham que, por exemplo, esta é uma forma de as crianças ou os adolescentes ajudarem activamente as suas famílias, melhorando as suas frágeis condições económicas e tornando-se um garante da própria estabilidade e harmonia familiar. Reforçam estas posições alguns dados por vezes recolhidos avulso no contacto directo com rapazes e raparigas sujeitas a este tipo de mau trato ou de abuso (emocional, sempre, muitas vezes também físico) que, quando questionadas, dizem "gostar de ajudar" ou "não se importarem de trabalhar" para o bem-estar familiar.

Mas não é possível pensar assim. Primeiro, porque pensar que o equilíbrio económico de uma família ou mesmo de uma franja da sociedade que vive em muito más condições gerais depende do trabalho infantil é ser extremamente hipócrita e, acima de tudo, criar todas as circunstâncias para que determinados mecanismos de miséria e pobreza se perpetuem no tempo. Por exemplo, uma criança que cedo abandona a escola para ajudar os pais no seu trabalho ou o faz no prolongamento do seu horário lectivo é uma criança que não poderá progredir para desenvolver as suas reais capacidades e ser um dia um adulto mais qualificado, com um melhor emprego, logo, um membro melhor inserido e mais defendido no centro da sua sociedade. E depois, em segundo lugar, mesmo quando uma criança ou um adolescente diz gostar ou não se importar de o fazer, de verdade ele não está mais do que a tentar proteger os que ama ou a quem está ligado ou mesmo de quem depende emocionalmente. Qual a criança que não fará tudo para, mesmo de uma forma idealizada, ajudar os seus pais, ainda que isso implique anular perigosamente diferenças de gerações ou de papéis? Ou qual será o adolescente que movido por uma qualquer culpabilidade face aos seus mais próximos não actuará desta mesma maneira? Ou, por último, qual é aquele que face a uma realidade que não conhece outras alternativas, submerso no escuro de uma caverna, arrisca enfrentar a luz ou ver nela algo de melhor ou mais positivo?

É que, como os relatórios bem demonstram, em Portugal a maioria destes casos diz respeito a "trabalhadores invisíveis" que estão sujeitos a diversos tipos de trabalho doméstico, na família ou fora dela. Os últimos estudos continuavam a ligar esta forma de exploração a actividades em fábricas do calçado, no Norte do país, mas focalizar o problema neste ponto é, com certeza, reduzi-lo na sua expressão mais global. Até porque, em anos recentes, com o aumento da fiscalização, muitas destas crianças e adolescentes passaram a executar o mesmo tipo de trabalho em espaços mais protegidos, como as suas próprias casas, o que dificulta o acesso real a um controlo desta actividade.
Acresce a este ponto o número igualmente importante de acidentes que ocorrem ligados a estas formas de trabalho infantil, por vezes com consequências graves como as amputações de membros, as lesões múltiplas e irreversíveis do sistema nervoso e locomotor e até a morte. Não esqueçamos que, em Portugal, a principal causa de morte em crianças e adolescentes são os acidentes.

Mas há mais: é que, segundo a Unicef, uma em cada 12 crianças do mundo é vítima das piores formas de trabalho infantil, como escravatura ou exploração sexual, no que se constitui uma enorme mancha sobre os mais elementares direitos dos mais novos. E se no nosso país o primeiro ponto já não é relevante, o segundo é ainda uma chaga cuja existência muitos teimam em não querer valorizar. De facto, é impossível saber quantas são as raparigas e os rapazes, crianças e adolescentes, que todos os anos são explorados sexualmente através do horror da prostituição infantil e juvenil. É que esta é uma mão-de-obra não qualificável, que não aparece nas estatísticas e que ninguém sabe exactamente a quantos diz respeito. Até porque, mesmo com a divulgação recente desta problemática ligada ao grave escândalo de pedofilia que varreu Portugal, o panorama não se alterou substancialmente. Antes se manteve e adquiriu até contornos de maior sofisticação, transitando do espaço da rua para os grandes domínios da Internet, em redes que abusam ao vivo com transmissão de imagens em tempo real, ou através das fotografias ou dos filmes contidos em múltiplos "sites" de ligação internacional, onde é muito mais difícil alguém chegar e actuar.

Só que sobre este problema acresce ainda a forma como, novamente, muitos olham para ele: que as crianças e os adolescentes que são explorados desta forma o fazem "porque gostam", "recebem muito dinheiro" e "não tem estatuto moral para fazer vingar a sua palavra". Três mentiras que não é possível tolerar, porque para isso elas são empurradas, sem alternativas emocionais válidas, nada paga o respeito pela integridade física e moral de outro e a sua palavra não é menos digna ou verdadeira só por causa de crimes de que foram vítimas.
David Bull, director executivo do comité britânico, dizia recentemente, em texto publicado pelo jornal PÚBLICO, que "o relatório mostra claramente que há muitíssimo a fazer na protecção dos direitos das crianças no mundo e para evitar a sua exploração. Não podemos esperar que as crianças cresçam para actuarmos". Pois não, mas até agora, em Portugal, ainda são 47 mil. Mas isso é quando falamos daqueles que conhecemos, dos que para fechar a moldura humana do dito estádio de futebol tiveram bilhete de entrada. E os outros? Os que ficaram de fora? Porque se de verdade fosse possível conhecer a fundo as raízes desta realidade, ficaríamos ainda mais envergonhados. É que o problema não é este número, é a vida das crianças e adolescentes que assim conhecemos, fora as outras de que nunca haverá registo.

Pedro Strecht, Pedopsiquiatra
«Público», 2005-03-03

Re: Crianças
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de March de 2005 20:21

O artigo do Pedro Strecht é bastante contundente. Sobretudo a parte final.
A mentira, as desigualdes, uma certa forma de organização social que exclui cada vez mais o(s) outro(s).


Re: Crianças
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de March de 2005 20:28

Depois de semanas de treino inglório, hoje o meu filho mais pequenito aprendeu a assobiar. A alegria é tanta e o feito tão fantástico que não só anunciou o evento a toda a família como o tentou publicitar por todos os meios.
Trata-se de uma pequena grande conquista - a capacidade de fazer algo difícil mas muito divertido.
Ser criança é isto - maravilhar-se com coisas que já nos esquecemos, partilhar com todos as alegrias, por mais pequeninas que sejam e saber que há um mundo onde meninos assobiam na rua pelo simples prazer de assobiar.

Ninguém tem o direito de roubar a infância a uma criança.

E nós, pela nossa indiferença , falta decoragem ou preconceito não podemos ser cúmplices desses crimes.

Re: Crianças
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 04 de March de 2005 11:34

Amiga Sandra:

Gostei do teu post. De facto, podemos sempre tentar fazer alguma coisa, acolhendo as pessoas, sinalizando situações de risco, informando e encaminhando as pessoas.

Mas penso que devemos EXIGIR dos governos atitudes concretas, numa espécie de de responsabilização colectiva. Há políticas globais na área da Educação , da saúde (Planeamento familiar, Saúde Infantil) ou mesmo políticaS CONCRETAS de integração social e de combate à pobreza que são da competência do exclusiva do Estado e que não podem ser substituidas por outras organizações ou pessoas individuais.

È verdade que há instituições privadas ( muitas delas religiosas) de apoio às crianças, mas raríssimas se pautam pela competência, qualidade e profissionalismo. E depois, algumas dessas instituições privadas não acolhem todo o tipo de crianças mas só algumas....
De qualquer forma, penso que a institucionalização de crianças não é a solução mas uma parte do problema ( basta ver o exemplo da Casa Pia) e por vezes as crianças nessas circunstãncias ficam com o seu futuro comprometido para sempre.

Sabes, quem tem um conhecimento mais próximo do que se passa de facto nessas instituições e das situações de vida de tantas crianças, tem a noção precisa de que deveria haver programas globais de actução e prevenção face á violência doméstica, por exemplo, que é um problema gravíssimo em Portugal. Todas as semanas são assassinadas mulheres pelos conjuges. (A semana passada foi uma mulher e uma criança de três anos)

Também há programas de prevenção conbtra o abuso sexual infntil- que passa pelas escolas, formadores, e pela formação/informação dada ás próprias crianças.

Há muito a fazer.

Re: Crianças
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de March de 2005 04:19

Não será demasiado repetir o «link» que coloquei noutro tópico: o recente relatório da UNICEF sobre «A situação Mundial da Infância 2005» (em Português, formato PDF, 8 Mb). Vale a pena «folhear» e talvez parar para ler algumas partes...

Alef

Re: Crianças
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 14 de June de 2005 00:36

Caros amigos:

«Resgato» também este tópico, que me parece importante, pelo menos para que as nossas consciências não adormeçam...

Este domingo que passou foi o «Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil».

Vi(mos) imagens horripilantes de crianças trabalhando em perigosas minas e pedreiras, ou feitos garimpeiros, ou na construção civil, ou nas malhas da prostituição infantil, ou... Ouvi(mos) números impressionantes. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) há no mundo uns 250 milhões de crianças vítimas de trabalho e exploração infantil. Crianças que não sabem o que é uma escola, que não usufruem de quaisquer cuidados de saúde e muitas delas nunca chegarão à idade adulta. Muitas trabalham para fábricas subsidiárias de grandes multinacionais que investem milhões em publicidade para que nós desejemos e compremos os seus produtos sofisticados. Foi denunciado mundialmente o caso de uma importante marca de artigos desportivos que beneficiava da exploração do trabalho infantil na Indonésia.

[Não é uma realidade de que estejamos isentos em Portugal. O artigo de Pedro Strecht que deixei há algum tempo neste mesmo tópico é um importante contributo para a reflexão.]

Deixo aqui dois «links» com bastante material sobre esta premente questão mundial, que deve «mover» qualquer cristão. A grande «obsessão» de Deus na Bíblia é a justiça, não esqueçamos.

A ver:
- «Día Mundial contra el Trabajo Infantil. Una carga demasiado pesada: niños en minas y canteras». Também em inglês e francês. Com vários «links» úteis.

- «La OIT llama a eliminar el trabajo infantil en minas y canteras a pequeña escala». Também em inglês e francês.

Alef

Re: Crianças
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de June de 2005 20:53

SIDA AFECTA MAIS DE UM MILHÃO DE CRIANÇAS EM MOÇAMBIQUE


Mais de um milhão de crianças moçambicanas estão afectadas directa ou indirectamente pela SIDA, alertou esta quarta-feira a UNICEF, que, a propósito do Dia da Criança Africana, na quinta-feira, pede mais ajuda para as situações de emergência em África.

De acordo com a responsável do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Moçambique, Leila Pakkala, mais de 200.000 crianças estão infectadas com o vírus HIV e, no ano passado, morreram 17.500 com menos de cinco anos, vítimas de SIDA.
Segundo a agência das Nações Unidas, em Moçambique, metade das crianças que nasce com a doença morre antes do primeiro ano de vida e a outra metade não chega aos dois anos de idade.

Entre os adultos, estima-se que cerca de 25% das mortes se devam à SIDA, o que faz também aumentar o número de órfãos devido à doença, estimado em 800.000 crianças.

«Torna-se imperativo que reforcemos rapidamente a prevenção, o tratamento e os programas de apoio para crianças e jovens, não apenas para minimizar a expansão da epidemia, mas também para reduzir o impacto negativo que a SIDA tem trazido a toda uma geração de crianças», alertou Leila Pakkala.

No Dia da Criança Africana, que se comemora quinta-feira, a UNICEF e o Ministério da Mulher e da Acção Social de Moçambique promovem um debate sob o lema «Órfãos Africanos: uma responsabilidade colectiva».

A propósito das comemorações deste dia e a duas semanas da reunião do G8 (sete países mais industrializados do mundo e Rússia), a UNICEF apelou ainda à comunidade internacional para que aumente o financiamento para o que chama «emergência silenciosas» em África, por serem pouco divulgadas.

A organização referiu que apenas dois dos dez países em situação mais grave vão receber a totalidade do financiamento pedido pela UNICEF e destacou Angola, Libéria, Burundi, Guiné-Conacri e Eritreia como os casos mais graves a nível de falta de orçamento para ajuda de emergência.

Em relação a Angola, a UNICEF sublinhou que apesar do fim da guerra civil que durou 27 anos, o país tem ainda a terceira pior taxa de mortalidade infantil do mundo, quase um terço das crianças estão mal nutridas, alertando para a necessidade de investimentos a longo prazo para que o país saia da pobreza extrema.

A organização destacou que apenas recebeu 14% do financiamento pedido para ajuda de emergência em Angola.

Na Libéria, mais de 40.000 crianças-soldados foram desarmadas após um conflito que durou 15 anos, mas verificou-se uma «quebra acentuada» nos fundos para a sua reintegração efectiva na sociedade.

Segundo a UNICEF, mais de meio milhão de crianças liberianas perderam vários anos de escolarização devido ao conflito.

No Burundi, onde ainda persistem conflitos esporádicos, a má nutrição entre as crianças mantém-se acima dos 50 por cento e apenas metade está matriculada nas escolas.

Apesar de receber mais atenção por parte dos meios de comunicação social mundiais, a ajuda de emergência a Darfur, no Sudão, apenas atingiu 30% do que foi pedido para este ano para ajuda aos mais de dois milhões de deslocados.

O Dia da Criança Africana foi instituído pela Organização da Unidade Africana (OUA), agora União Africana (UA), em memória do massacre de centenas de crianças e jovens estudantes negros sul-africanos que, no decurso de uma marcha de protesto contra a falta e qualidade do ensino, foram mortos e feridos pelas forças policiais no Soweto, África do Sul, a 16 de Junho de 1976.

©Diário Digital / Lusa, 2005-06-15

Re: Crianças
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 16 de June de 2005 04:36


Hoje encontrei uma professora que me falou de um aluno órfão de pai e de mãe e vive com uma tia. Amanhã crianças de uma escola vão para um passeio. A professora disse aos alunos tudo o que deviam levar consigo. Aquela criança nada tinha, nem escova de dentes. A professora conseguiu tudo o que a criança precisava. Falando com várias pessoas. Também me prontifiquei a dar alguma coisa. No mesmo momento apareceu um senhor, que disse: eu cuido dessa criança. Amanhã vou busca-lo a casa e ele terá tudo para levar consigo para um passeio.
Somos nós que temos que dar um pouco das nossas economias, para ajudar a melhorar o Mundo.
Vivemos num País rico, mas por vezes a sorte não cabe a todos!!!

Re: Crianças
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 21 de June de 2005 16:10

Ana:
Também conheço situações similares. Também já participei em "vaquinhas" para ajudar crianças (e não só) a terem actividades em conjunto com colegas para as quais não teriam possibilidades.
Tenho conhecimento, de uma jovem, que fazendo parte de um grupo de catequese, não teria tido possibilidade de ir a Taizé no verão passado, se o resto do grupo não tivesse pago um pouco mais cada um para que ela fosse.
Estes são os casos que nos tocam mais de perto. São os casos "fáceis" - sem desvalorizar essas dádivas tão voluntariosas - que nós, conhecendo, generosamente resolvemos.
Mas, e quando vemos por exemplo, crianças violentamente obrigadas a pedir esmola nos cruzamentos, para além de abanarmos com a cabeça a dizer não, teremos coragem para sair do carro e indagar a situação? Não precisamos ir para África (sacrificada África), para vermos miséria. Porque não sermos voluntários da caridade no nosso próprio país?
Um bocadinho cada um? Ou a vida não nos dá tempo para comoções, excepto à hora do jantar durante o telejornal?
Quando paro um pouco para pensar nisso, confesso que me sinto um inútil...

Abraço Fraterno

Re: Crianças
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 22 de June de 2005 02:23

Não me preocupa que 1/6 crianças vivam em situação de pobreza. A pobreza é um conceito relativo, uma criança pobre nos USA tem mais bens que uma da classe média aqui em Portugal e uma criança pobre em Portugal seria considerada privilegiada no Brasil.

Interessa-me, isso sim, o limiar da miséria. Ponto um. Comer bem, vestir decentemente, habitar em segurança. Creio que era Agostinho da silva que anuncia isso como lema.

Quantas pessoas, crianças, jovens, adultos e idosos vivem abaixo do limiar da miséria em Portugal? Não sei, nem sei quem sabe.

Sei quais são as raizes da miséria, pelo menos algumas. Alcoolismo, droga, problemas de saude (importante no caso do idosos), incluindo problemas mentais, desemprego, dificuldades na habitação, familias monoparentais (principalmente porque os pais afastam-se), habitos culturais desapropriados (casos dos ciganos e outras minorias etnicas).

Mas tudo isto é abordar a vida apenas pelo lado do estomago. A miséria maior actualmente é a falta de amor. Nos idosos que vivem em profunda solidão atirados para um lar aonde ninguém os visita. Nas crianças filhas de pais divorciados que nunca mais querem saber delas ou as usam numa guerra contra o outro progenitor. Essa é a maior miséria actual. Uma miséria que tem as suas raizes não na falta de bens materiais mas na falta de bens espirituais.

Pelo que conheço na minha zona a falta de bens espirituais pesa muito mais às crianças que a falta de bens materiais.

Tenho mais a dizer mas fica para outra altura.

Re: Crianças
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 22 de June de 2005 08:19

Notícia da manhã :

Uma mulher, em Mirandela, foi sequestrada por um criminoso e passou uma semana nua, amarrada com correntes a um tanque, maltratada e torturada.
E não, o presumível criminoso não foi um residente na Cova da Moura ( ...) mas um idílico aldeão portugués, seu marido.

A mulher está hospitalizada.

Em Portugal, os maus tratos infantis ( que não é apenas passar fome, mas tdo o tipo de abuso ou negligência)estão profundamente relacionados com a violência doméstica a a violência contra as mulheres..
DEvia haver uma campanha nacional.

Re: Crianças
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 22 de June de 2005 22:57

"noite...

quando fecho os olhos e sinto as doces respirações que se espalham pelo resto da casa, atacam-me medos gigantescos de doenças e desgraças. Tão grandes que não os escrevo aqui, não vão as letras formar palavras que dêem ideias estranhas a quem quer que mande nisto.
E então fico quietinha, muito quietinha, debaixo dos lençóis, a estender mentalmente os meus braços, as minhas pernas e as minhas asas protectoras sobre quem dorme por perto, esperando que a dor nunca repare neles."

Escrito por uma mãe num blogue excelente : [www.passeaiflores.blogspot.com]



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