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amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de February de 2005 22:45

Do Jornal A Capital, 14 de fevereiro, 2005:

"Não se podia ter escolhido melhor ocasião. Em pleno dia dos namorados de um mundo em mudança, o Cardeal D. José Policarpo reúne-se, a partir de hoje e até ao fim da semana, com os seus bispos auxiliares.
Não se prevêem comunicados para o exterior, mas a questão do uso do preservativo estará em cima da mesa. Quando o número de pessoas infectadas com sida não pára de aumentar, é tempo para recordar a figura de três homens destacados na hierarquia, homens que tiveram a coragem de exprimir posições contrárias ao statu quo. D. Armindo Lopes Coelho, bispo do Porto. D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas e Segurança. D. Manuel Martins, ex-bispo de Setúbal e presidente da fundação SPES. Para eles, a Igreja tem de travar caminho"


Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 10:43

Cara senhora

Deve ser estranho desde o final do passado século e no início do século XXI falar em castidade, virgindade, monogamia, fidelidade conjugal, paternidade responsável, indissolubilidade matrimonial...

Amar, numa vivência afectiva e responsável, respeitadora da sexualidade humana de forma segura e saudável, dignifica em tudo a natureza do dimorfismo sexual para o prazer e satisfação da genitalidade e da sensibilidade feminina e masculina e tem em conta a necessidade da vida sexual também para a procriação.

SIDA e doenças infecciosas de transmissão sexual têm a sua solução na epidemo-patologia do nosso quotidiano a sua solução natural seguindo o modelo de vivências anteriormente proposto.

O preservativo é uma necessidade de um amar fora destes requisitos.

Do exposto concluo que tudo o mais serão propostas para ajudar a procurar modelos e comportamentos de vida desviantes deste tipo da vivência da sexualidade.

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 11:08

Concordo plenamente que a "virgindade, monogamia, fidelidade conjugal, paternidade responsável, indissolubilidade matrimonial" sejam valores prementes da moral cristã, e nem sequer questiono isso.

Contudo há duas afirmações que me parecem estranhas e passo a citá-las:

"SIDA e doenças infecciosas de transmissão sexual têm a sua solução na epidemo-patologia do nosso quotidiano a sua solução natural seguindo o modelo de vivências anteriormente proposto. "

"Do exposto concluo que tudo o mais serão propostas para ajudar a procurar modelos e comportamentos de vida desviantes deste tipo da vivência da sexualidade"

As minhas dúvidas são:
a) considera possível que o combate à SIDA, nas condições actuais, passe apenas por um projecto educativo de um modelo afectivo cristão?
b) em nenhuma situaçao devem os bispos defender a possibilidade do uso do preservativo?
c) o que deve a Igreja propor (e aqui refiro-me por exemplo as congregações ou organizações que estão no terreno) quando trabalha com prostitutas ou com outros 'grupos de risco', ou quando trabalham com 'culturas de risco' ou em 'regiões de risco'? Apenas a educação para uma sexualidade responsável, monogâmica e cristã? Ou, nestes casos de risco, supor a utilização de outros modos directamente mais eficazes (embora não a 100% já todos sabemos) nessas condições específicas?
d) Sempre que alguém da Igreja der um preservativo a uma prostituta, num centro de atendimento, ajuda e acompanhamento, como há vários inclusivé em Portugal, está a procurar "modelos e comportamentos de vida desviantes", ou pelo contrário deveria recusar qualquer ajuda nesse sentido e limitar-se a difundir o modelo cristão de sexualidade (coisa que sei que também fazem em qualquer caso, claro)?
Abraço fraterno
Miguel

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 12:56

"SIDA e doenças infecciosas de transmissão sexual têm a sua solução na epidemo-patologia do nosso quotidiano a sua solução natural seguindo o modelo de vivências anteriormente proposto. "

Uma pequena nota histórica: A sífilis, a gonorreia e outras DST estão hoje controladas e são curáveis. Não por qualquer solução milagrosa ou natural, mas pelo recurso antinatura aos Antibióticos, essa "solução na epidemo-patologia do nosso quotidiano"....

SEgunda nota histórica - estas doenças sexualmente transmissíveis eram especialmente violentas e mortíferas na sociedade ocidental do século XIX e início do Século XX, onde os valores vitorianos de uma Família tradicional burguesa se traduziam no seguinte modelo de moral sexual familiar - famílias alargadas, mulheres assexuadas, cuja única função era procriar, valores da virgindade fora do vínculo conjugal, castidade e monogamia , mas apenas para as mulheres ( como forma de garantir a transmissão hereditária do pecúlio familiar, porque não havia testes ADN pra garantir a certeza da paternidade dos infantes) , e o grande valor do recurso dos bons chefes de família a prostitutas pagas e/ou amantes oficiais. Era esse o modelo da família tradicional burguesa, em Portugal, do século XIX. Não é por acaso que as grandes casas monárquicas europeias estavam infestadas de Sífilis, por exemplo.

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 17:08

Artigo de Barros Veloso




Da sífilis à sida

O filósofo americano, George Santayana, escreveu um dia uma frase lapidar que vou tentar reproduzir em português e que reza assim: "Quem não consegue recordar o passado está condenado a repeti-lo".
Ora, é legitimo perguntar: o que tem isto a ver com o assunto anunciado no título deste texto? A resposta dá-se em duas palavras: entre a entrada em cena da sida no século XX e o aparecimento da sífilis na Europa quinhentos anos antes, existem estranhos paralelismos e semelhanças que não podem deixar de causar perplexidade e motivos para reflexão.

(...)

Acerca do que se passou com a sífilis, no século XV, sabemos bastante mais. Nessa altura a Europa Ocidental estava a sair duma idade de trevas que, quer queiram quer não alguns historiadores mais optimistas, marcou a Alta Idade Média. Pestes, fomes e guerras que chegaram a durar cem anos, tinham dizimado metade da humanidade e condenaram a outra metade a viver na maior das misérias e dos pavores. Grande parte do património da Civilização Clássica tinha-se perdido nas convulsões que se seguiram à queda do Império Romano do Ocidente e em sua substituição florescia um espírito religioso primário, radical e obscurantista.

Mas, a partir do século XIII o sol parecia querer voltar a brilhar e a esperança renascia. No final do século XV as cidades italianas e do norte da Europa conheciam um período de desenvolvimento do comércio, das pequenas indústrias, das actividades financeiras, das viagens e da tecnologia. Surgiam as figuras do artesão (misto de artista plástico e de cientista) e do burguês que rapidamente prosperava e enriquecia. Os textos clássicos eram traduzidos do árabe para o latim e as impressoras de caracteres móveis, inventadas por Gutenberg, encarregavam-se de os difundir por toda o espaço europeu.

O radicalismo religioso da Idade Média dava lugar a um cristianismo mais humanista e tolerante. Tudo parecia finalmente correr melhor. Era a entrada no Renascimento.

Homens e mulheres mais seguros e mais felizes procuravam os prazeres mundanos. O sexo, reprimido e excomungado anteriormente, ia sofrer uma rápida liberalização. Adultério, prostituição e banhos públicos (de que chegaram até nós deliciosas gravuras), tudo isso iria marcar uma época de grande regabofe sexual.

Eis senão quando, Colombo convence os Reis Católicos a partir para Ocidente à procura da Índia que nunca chegaria a encontrar. Em vez disso descobre as ilhas do arquipélago das Bahamas a que vai pondo nomes a seu gosto (São Salvador, Santa Maria de la Concepçion, Fernandina, Isabella, Juana) e acaba por atingir o Haiti, a que chama Hispaniola, e onde funda uma colónia: Natividad. Os tripulantes, completamente esgotados depois de uma viagem de 36 dias sem ver terra, mulheres ou comida fresca, estavam longe de pensar que tinham acabado de descobrir o Novo Mundo, o El Dorado, a terra do Tio Sam. Para eles não havia dúvidas é de que tinham chegado a uma espécie de paraíso, onde não faltavam estranhos frutos tropicais e mulheres de pele tisnada e roupas escassas, não sabemos se feias ou bonitas, porque isso, aliás, é um pormenor que pouco interessa para esta história. É o próprio Colombo que, na altura, se mostra espantado: "Estas gentes não conhecem a vergonha: será que andarão perto de Adão antes da queda?"
As indígenas não tiveram que se esforçar muito para seduzir os fogosos marinheiros que durante os dias que passaram em Hispaniola nelas saciaram os desejos acumulados durante a longa travessia do Atlântico. O que eles não sabiam é que, no regresso, transportariam consigo uma nova e terrível doença com que se tinham contaminado nos seus contactos amorosos e que, tudo leva a crer, não existia na Europa: a sífilis.
(...)
As descrições da época falam numa "sarna" horrível que cobria o corpo e o rosto, assim como pústulas espessas que rebentavam com um cheiro pestilento. Os franceses chamam-lhe "mal napolitano" e os italianos "morbus gallicus". Em qualquer caso era sempre o "mal dos outros".

Em Portugal os primeiros casos de sífilis surgiram pouco tempo depois da armada de Colombo ter passado por Lisboa no seu regresso do Novo Mundo e pensa-se que possam ter sido os marinheiros de Vasco da Gama a transportar a doença para o Oriente na sua primeira viagem até Calecute em 1498.

No Hospital Real de Todos-os Santos, mandado construir por D. João II e inaugurado por D. Manuel I, é criada a "casa das boubas" para tratamento dos doentes afectados com o novo mal.
"Boubas" era nessa altura o nome utilizado para designar uma grande variedade de lesões sifilíticas, tais como adenomegálias, abcessos, úlceras, verrugas e pápulas.
(...) o veronês Girolamo Fracastoro, a dar o nome à nova doença ao publicar em 1530 o poema "Syphilis, sive morbus gallicus" no qual descreve a moléstia com que Apolo castigou o pastor Syphilus que teria praguejado contra ele.

Cedo se tornou claro que a doença era contagiosa e chegou a pensar-se que a sua transmissão se fazia através da pele nos banhos públicos, os quais foram ficando desertos e acabaram por fechar.

As pessoas passaram a lavar-se por indicação médica e, até ao século XIX, substituiram o banho pelos perfumes.

A suspeita de que se estava perante um mal "sexualmente transmissível", teve consequências sociais enormes.

A prostituição foi perseguida e ilegalizada e entrou em cena o preservativo, fabricado com intestino de carneiro.

O poder religioso reforçou-se através do sacramento do matrimónio e da influência crescente do clero sobre a educação e as famílias. Fidelidade, abstinência e poupança são os novos valores que se vão impôr, enquanto por todo o lado se multiplicam as procissões, as peregrinações e as flagelações colectivas.

Por fim, a necessidade de ocultar as alopécias e as úlceras do pescoço fez nascer a moda das cabeleiras postiças e das rendas farfalhudas que se impõe no século XVIII.


Na altura as terapêuticas preconizadas, como o guaiaco (ou pau-casto) e o mercúrio, eram completamente ineficazes. Só após o nascimento da microbiologia, nos finais do século XIX, se abrem novas perspectivas. Em 1905, Fritz Schaudin descobre o Treponema pallidum, agente etiológico da doença e, um ano depois, Wasserman descreve o método que permite o diagnóstico laboratorial. Ehrlich, na sua procura obstinada da "bala mágica", vai ensaiando compostos químicos. Quando atingiu o número 606 da sua série, o Salvarsan, verificou que tinha encontrado um medicamento com alguma eficácia nas lesões cutâneas. Os resultados não eram brilhantes mas com ele nasceu uma nova esperança: a cura da sífilis. Este objectivo só viria a concretizar-se com a descoberta da penicilina, feita por Fleming, e a sua aplicação terapêutica a partir de 1941, na sequência dos trabalhos de Florey.

Os casos de sífilis iriam desaparecer a pouco e pouco e os estudantes de medicina nunca mais teriam oportunidade de ver os aneurimas gigantes da aorta na fase secundária da doença, assim como os quadros neurológicos da fase terciária -- a tabes e a paralisia geral -- esta última com os típicos delírios megalómanos que contribuíam para rechear os nossos velhos manicómios de "napoleões" e de "premiados da lotaria".


Finalmente a Humanidade podia respirar.

(...) Mas este optimismo não irá durar muito tempo. Em 1979 começam a ser detectados em Los Angeles estranhos casos de uma síndroma mononucleósica acompanhada de acessos febris, diarreias, tumefacções linfáticas, candidíase oral e anal e pneumonias por Pneumocystis carini. Todos os doentes pertenciam ao movimento gay, o qual se encontrava em plena expansão nas cidades da Califórnia, e apresentavam em comum o desaparecimento quase completo dos linfocitos T e sinais serológicos de infecção por citamegalovírus. Em Junho de 1981 os Centers for Disease Control (CDC), conhecidos na gíria como o "FBI da medicina", publicam aquilo que foi considerado "o primeiro registo de estado civil da sida": cinco doentes homossexuais, com idades compreendidas entre os 29 e os 36 anos de idade, todos eles apresentando pneumonia por P. carini e candidíase. Tratava-se de infecções por microrganimos habitualmente inofensivos, mas que face à diminuição das defesas atacavam sem dó nem piedade. Por isso mesmo, passaram a ser conhecidos por agentes "oportunistas".
Um ano antes, em Nova York, já tinham sido detectados vários casos de uma estranha imunodepressão adquirida, associada a pneumocistose e toxoplasmose cerebral grave. Contudo a dispersão dos doentes pelas várias escolas de medicina da cidade não permitiu que, no início, os médicos os relacionassem quer entre si quer com a mini-epidemia da Califórnia.
Entretanto começaram a surgir vários casos de sarcoma de Kaposi, em Nova York primeiro (1979), em São Francisco depois (1980). Este tumor, já conhecido anteriormente, apresentava-se agora com uma malignidade inesperada. Além disso, todos os casos tinham sido diagnosticados em homossexuais, alguns dos quais se encontravam também atingidos por infecções oportunistas (pneumocistose, toxoplasmose, meningite criptocóccica, infecção por citamegalovirus). Em Julho de 1981 os CDC davam a conhecer 26 diagnósticos de sarcoma de Kaposi, mas o New York Times, na mesma altura, referia-se já a 41.
Todos os casos de infecções "oportunistas" e de sarcoma de Kaposi, pareciam estar relacionados entre si. Além disso tinham como ponto de partida três cidades: Nova York, Los Angeles e São Francisco. A causa era desconhecida embora se avançassem duas hipóteses: uma infecção por vírus ou a inalação de substâncias químicas como o nitrito de amilo, na altura muito popular porque se supunha ser capaz de aumentar a intensidade do orgasmo.
A doença, entretanto, não parava de alastrar: 108 casos em Agosto de 1981, 159 casos em Novembro e 200 casos no início de 1982. A mortalidade era terrível atingindo, na primeira série, os 40%. À falta de melhor fala-se em "cancro gay" , "pneumonia gay", ou (porque não?) "peste gay" e, embora sem provas irrefutáveis, acreditava-se numa causa infecciosa transmitida por via sexual.
Várias instituições entraram então em acção: os National Institute of Health, o Instituto Pasteur e a OMS. Mas, mais importantes ainda, os admirados e temidos CDC conhecidos por, não só nos EUA, como também a nível mundial, perseguirem implacávelmente os transmissores ocultos de afecções mortais.

Em pouco tempo ficou a saber-se que os nitritos não tinham qualquer responsabilidade na génese da nova doença.

O único factor de risco parecia ser a promiscuidade homossexual que se traduzia num elevado número de encontros com parceiros diferentes, realizados sobretudo nas casas de sauna que se tinham transformado num próspero negócio mas que, com o alastrar da doença, começavam a fechar, tal como acontecera com os banhos públicos no século XV.

Na sua implacável perseguição, os CDC trazem à superfície uma realidade desconhecida até então, mas verdadeiramente aterradora: uma extensa rede homossexual no centro da qual foi possível identificar um jovem a quem foi dado o nome de "doente zero".
Mas quem era este personagem? Bonito e insinuante, comissário de bordo da Air Canada, viajava constantemente e mantinha relações homossexuais com cerca de 250 parceiros por ano. Mesmo depois de avisado acerca do seu papel na transmissão da doença, nem assim modificou os seus hábitos. Além disso só alertava os seus parceiros para o risco que corriam depois de consumado o acto sexual. Um estranho desejo de vingança que, no passado tinha também contribuído para a disseminação da sífilis.
Mas isto era apenas a ponta do "iceberg". Estudos epidemiológicos posteriores, realizados nos homossexuais das grandes cidades americanas, revelaram que muitos deles tinham 80 a 100 parceiros diferentes por ano. Nalguns casos o número atingia mesmo as várias centenas. A revelação de uma promiscuidade tão elevada não podia deixar de gerar um sentimento de pânico entre aqueles que investigavam a doença.


Cedo se percebeu que os homossexuais não eram o único grupo de risco, logo que foram diagnosticados os primeiros casos de pneumocistose mortal em heterossexuais toxicodependentes. A possibilidade de contágio através de seringas contaminadas, tal como se sabia acontecer para a hepatite B, passou a ser uma hipótese defensável.

Entretanto, no verão de 1982, os CDC dão a conhecer os primeiros casos de sida em hemofílicos que tinham recebido concentrado de factor VIII. Tratando-se de um produto sanguíneo cuja esterilização se fazia por filtração, afim de não destruir substâncias activas, parecia ficar demonstrado que o agente implicado só podia ser um vírus.
Mas a estes grupos de risco veio ainda juntar-se outro contituído por indivíduos residentes em Miami que não eram homossexuais nem toxicodependentes mas que tinham uma característica comum: a origem haitiana.

Os americanos, ciosos de viverem num país limpo e bem policiado, encontravam finalmente um bode expiatório e, tal como acontecera com a sífilis, também a sida passou a ser considerado um "mal dos outros". Neste caso eram os emigrantes vindos do Haiti, por coincidência a mesma ilha de onde os marinheiros de Colombo tinham importado o treponema para a Europa. Os haitianos, fáceis de identificar pela cultura e pela côr da pele, passaram a ser alvo nos EUA de uma rejeição social que incluia a expulsão dos locais de habitação e os despedimentos sem justa causa.

A realidade era, porém, bem diferente. Port-au-Prince era, há algum tempo, um centro de "turismo sexual" muito procurado por pedófilos americanos e europeus. Os jovens haitianos entregavam-se às práticas homossexuais, não por gosto mas por dinheiro e, no meio social a que pertenciam, continuavam a ter relações heterosexuais e a transmitir a doença que outros tinham trazido para a sua ilha.


A princípio a doença parecia, pois, confinada a certos grupos de risco que as "pessoas de bem" tinham tendência a classificar como "marginais". Homossexuais, heroinómanos, hemofílicos e haitianos passaram a formar aquilo a que os epidemiologistas americanos chamavam o "grupo dos quatro H" e a que alguns, mais tarde, acrescentaram mais um H, o de hookers (puta).

Mas em 1983 estava já demonstrado que a sida podia ser também transmitida por transfusões de sangue ou através de relações heterossexuais: afinal nem os "justos" pareciam estar a salvo. Falava-se em "castigo do céu" e "flagelo divino" ao mesmo tempo que a doença não parava de alastrar nos EUA e invadia também a Europa.

Tinha chegado a altura de lhe dar um nome digno que, como acontecera também com a sífilis, não fosse apenas um anátema lançado sobre possíveis culpados. Assim como "mal napolitano" e "morbus gallicus" tinham passado à história, também agora "cancro gay" e "pneumonia gay" davam lugar a uma simples sigla, A.I.D.S., que significava "Acquired Immune Deficiency Syndrome". O baptismo parece ter sido feito em 1982 numa reunião dos CDC em Atlanta, mas não se sabe ao certo quem foi o seu autor. Nos países latinos a sigla passou a ser S.I.D.A. (Sindroma de Imuno-Deficiência Adquirida) a qual foi evoluindo depois para SIDA, Sida e, finalmente, sida.

Nesta primeira fase da doença a comunidade científica, apanhada de surpresa, só tinha para oferecer o mesmo que fôra proposto para a sífilis: fidelidade sexual e preservativos.

Contudo, daqui para a frente as coisas iriam ser diferentes. Graças aos conhecimentos científicos e à tecnologia disponível, a história das duas doenças afastar-se-à definitivamente.


Robert Gallo, investigador do Nacional Cancer Institute apercebeu-se da importância desta descoberta e, entre 1980 e 1982, estava já em condições de divulgar o isolamento de dois retrovírus a partir de células leucémicas: o HTLV-I e o HTLV-II (Human T-Cell Lymphoma Virus). Trabalhando em colaboração com Myron Essex da Universidade de Harvard, Gallo ao verificar a apetência destes vírus pelos linfocitos T4 e a sua prevalência no Haiti, ficou convencido de que tinha encontrado a pista que levaria até ao responsável pela sida -- um retrovírus idêntico ao HTLV-I -- e tratou, em Maio de 1983, de divulgar esta ideia em artigos publicados na Science.

(...) A doença alastrava rapidamente em todo o mundo. Um novo vírus, o HIV-2, era detectado a partir do sangue de um doente da Guiné-Bissau internado no Hospital Egas Moniz em Lisboa: era uma segunda epidemia de sida, diferente da primeira, que alastrava agora no continente africano. Ao mesmo tempo o perfil epidemiológico inicial da doença ia-se alterando, com uma redução de casos nos homossexuais, um aumento moderado nos heterossexuais, e um crescimento explosivo nas populações de toxicodependentes.

Apesar deste cenário pouco optimista, a comunidade científica tinha razões para se sentir orgulhosa. Aquilo que para a sífilis tinha demorado quatro séculos, era agora conseguido nuns escassos seis anos. A nova doença tinha sido caracterizada do ponto de vista clínico e epidemiológico. O microrganismo responsável estava identificado, a sua estrutura e o seu ciclo biológico conhecidos. Técnicas laboratoriais sensíveis permitiam a detecção dos indivíduos infectados. E tudo isto era tanto mais notável quanto se sabia tratar-se de um vírus com uma estrutura bioquíma complexa, diferente de tudo aquilo que se conhecia até aí.
Abria-se assim o caminho para a descoberta de terapêuticas eficazes. E elas não tardaram. Em 1987 surge o AZT, primeiro inibidor da transcriptase inversa, capaz de "enganar" o vírus e de impedi-lo de fabricar ADN a partir do ARN. Os resultados iniciais foram modestos mas tudo se modificou com a introdução de outro inibidor da transcriptase e, mais tarde, de um inibidor da protease, enzima capaz de fragmentar os polipéptidos em cadeias proteicas que são depois utilizadas na síntese de novos vírus. Com as terapêuticas triplas o prognóstico da sida sofreu uma modificação completa: de doença sub-aguda rapidamente mortal que era, passou a ser uma doença crónica. Entretanto a investigação de novos tipos de drogas tem continuado, nomeadamente as que poderão bloquear a ligação do vírus aos receptores celulares (CD4), e as que irão impedir a integração do ADN do vírus no genoma das células parasitadas. É por isso legítimo esperar, para breve, novos e importantes progressos terapêuticos que poderão eventualmente levar à cura da doença. "


Bibliografia

Atalli J. 1492. Ed. Teorema, 1991
Gnorgy J. L'Aventure de la Médecine. J.C.Lattès, 1991
Grmek M. História da Sida. Relógio de Água, 1994
Rozenbaun W et al. Impact Médecin Hebdo - Les dossiers du praticien -
Sida: guide pratique, 1995
Sousa JG. Impacte social da sífilis. Medicina Interna 1996; 3: 184-192
Sousa AT. Curso de História da Medicina. Fundação Calouste Gulbenkian, 1981
Special Report. Defeating AISD: what will it take. Scientific American
1998; 279: 62-87
Vincent B. 1492- O Ano Admirável. Livros do Brasil-Lisboa, 1992




Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 17:09

"Sífilis e sida são dois trágicos episódios da história da Humanidade, separados por cinco séculos. Tanto num como noutro caso, sexo e doença andaram de mãos dadas e, por isso, fizeram renascer terrores ancestrais que são o meio cultural propício ao crescimento de maniqueísmos religiosos e de perigosos fundamentalismos.

Convém, por isso ser prudente e recordar as palavras sensatas do médico francês, Jean-Paul Escande: "A sida não é uma vingança do céu, mas o aparecimento dela demonstra que, quando uma comunidade modifica profundamente os seus hábitos de vida, um certo número de doenças sobrevêm inevitavelmente (...) A sida expandiu-se, não porque foram transgredidos certos tabus sexuais, mas porque foram esquecidas regras e modos de vida que até então haviam concorrido para o estabelecimento dum equilíbrio biológico relativo".
Não foi exactamente isso que aconteceu sempre que o Homem mudou a sua forma de viver? Quando, por exemplo, deixou de ser caçador nómada para se tranformar em agricultor sedentário? Ou quando, mais tarde, abandonou os campos para se tornar cidadão dos grandes agregados urbanos? "

Barros Veloso

"

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 14:07

Resposta tardia a um repto anterior


Amigo

Falando no campo da profissão que exerço direi que no mais singelo dos exemplos sobre a saude humana todos sabemos os riscos do tabagismo, alcoolismo, colesterol, açucar, etc.

Todos sabemos a importancia da saude publica, dos cuidados primários, das medidas profiláticas e sobretudo da educação para a saude.

E o que fazemos?

Contudo a vida sexual de cada um parece ter deixado de ser livre e optativa, isto é quem a não tem deve ser anormal...

Digo que qualquer vivencia da afectividade, da genitalidade, do prazer e da satisfação psiquica e física me revolta quando se faz à força, contra vontade, instintiva e não soblimada libidinalmente e por ultimo por negócio que se não pode deixar de fazer...

A SAÚDE está para mim no maior desafio, direi mesmo que fora ou sem hipotese de se fazer qualquer comparação com conceitos moralistas ou religiosos.
QUANTO A ESTES já aqui afirmei, a César o que é de Cesar, aos CRISTÃOS O QUE É DOS CRISTÃOS.

A vivencia do acto sexual e nunca do "fazer amor" deve dignificar os seus intervinientes nas suas qualidades da DIGNIDADE DE PESSOAS HUMANAS.

O PRESERVATIVO tem lugar no sexo pelo sexo
tem lugar no sexo em que se procura o prazer pelo prazer sem assumir todas as responsabilidades inerentes à natural sequencia desse acto . Aqui não sei se há AMOR?
Deixo a dúvida mas não a comentarei, cada um sabe o que para si é o AMOR. (PONTO FINAL)

Agora se o ser humano assumir os riscos dos seus comportamentos, quem se pode responsabilizar se usa o sexo com o risco livre e voluntáriamente?

A terminar - NÃO CREIO NO ANALFABETISMO SEXUAL.

Aos Cristãos digo apenas - ASSUMAM-SE na sua liberdade de pessoas humanas com plena dignidade e responsabilidade. Até no assumir de que estas vivencias não se vivem na solidão, mas com outro ser igualmento com direito à sua dignidade humana.

O uso do preservativo ou o seu não uso está na imagem de espelho que cada um quer ter de si...

Os valores e os pricípios da dignidade de cada ser humano são os de cada um quando não afectam a comunidade e a comunhão de vida social que assume e escolhe.

Obvio que ser-se militar implica assumir DRM
Ser-se médico ou de qualquer outra profissão implica assumir-se o código de ética e deontologia profissionais.
E, se-se Cristão e mais ainda Católico tem as suas vivencias de testemunho e de vivencia dos valores que se professa e praticam na liberdade responsável.

Continuo a assumir que com respeito por modos e comportamentos de vida onde se assuma a virgindade, a castidade, a fidelidade conjugal, a indissolubilidade do matrimónio, o respeito, a verdade, e a vida é viver digna e plenamente o amor.
O amor só é verdadeiro quando partilhado, oferecido, não egoísta -pelo contrário, isto é quando é doação.

Joaquim José Lopes GALVÃO

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 14:48

1 - "A vivencia do acto sexual e nunca do "fazer amor" deve dignificar os seus intervinientes nas suas qualidades da DIGNIDADE DE PESSOAS HUMANAS. "

Fiquei com grandes dúvidas obre esta afirmação paradoxal. Para o seu autor a sexualidade reduz-se ao acto sexual, isto é à, genitalidade? A Expressão "fazer amor" não corresponde à "vivência digna do acto sexual"?
Reduz-se a sexualidade humana ao coito, numa expressão biológica, instintiva?


2 - "O PRESERVATIVO tem lugar no sexo pelo sexo "

Novamente, esta afirmação tão fundamentalista revela grandes preconceitos e alguma falta de in(formação) sobre a sexualidade humana.

O encontro amoroso entre duas pessoas pode incluir ou não contacto sexual genital.

Mais ainda - a sexualidade humana não está restrita ao objectivo da procriação mas à busca do prazer pelo prazer, ao encontro e à intimidade emocional.

A utilização do preservativo no contexto de uma relação de amor , pode significar partilha, entrega, responsabilidade pelo outro e compromisso emocional.

Ou seja, há muitas relações sexuais sem preservativo que contextualizam interacções humanas de "sexo pelo sexo" e mais, interacções de violência sexual e de manipulação criminosa do Outro. ( veja-se o exemplo dos clientes de prostitutas que pagam mais por sexo sem preservativo; ou os indivíduos seropositivos que, conscientemente, não utilizam preservativo nas suas relações amorosas, ou mesmo pares amorosos que buscam apenas o sexo pelo sexo e que não usam preservativo, precisamente porque isso lhes retira o prazer).

Pelo contrário, há muitas relações sexuais com a utilização do preservativo que implicam uma dimensão emocional profunda e um amor responsável e oblativo.

Por último, subscrevo inteiramente a opinião do forista, quando escreve que :

"O amor só é verdadeiro quando partilhado, oferecido, não egoísta -pelo contrário, isto é quando é doação. "

não vejo que isto implique a proibição do preservativo. pelo contrário, estes valores podem até tornar moralmente obrigatória a sua utilização em determinados conceitos específicos, como já foi aqui discutido.




Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 19:22

"ProvocantePraticante"

Face uma cópia do que eu escrevi e leia e releia
que desta vez creio que o seu mal é de notória incapacidade de interpretação

proponha à sua familia que a apoiem na leitura e interpretação do que esvrevi.

Se for capaz de fazer isto creio que entenderá o que quiz dizer.

Amanhã volto ao fórum, mas só amanhã

depois sem facciosismos nem fundamentalismos debatemos

e já agora

Padre João Luis, suguindo o que sugeria à "ProvocantePraticante"
isto é fazendo a mesma metodologia debata também se faz favor.

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 20:05

Leia e releia o que eu escrevi. talvez assim compreenda. Não parta para o isnsulto para esconder a incapacidade de debater com clareza.

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 00:12

Desculpe mas de insulto nunca tive intenção
e há escritos seus em que já me tentou ligar, noutros espaços, a ideias ou ideologias que não partilho e combati na devida época.
De falta de argumentos, só se for dos que sejam fundamentalistas,
estou em campo aberto e sem preconceitos prévios.

pergunta:
O encontro amoroso entre duas pessoas pode incluir ou não contacto sexual genital.

R/ Com que finalidade? Respeito pelo Outro? Se há risco de DST então porquê o contcto de risco?
Na monogamia, na "poligamia", com o risco da gravidez indesejada?
Concto está longe e vivencia, como vivencia de "fazer sexo ou amor"
O que se vive vive-se em pleno e na total assunção da contracepção ou do sexo seguro
O que se faz é algo que feito está feito, acabou e pronto. Mas... e depois - as DST a Gravidez? Ora contra elas VIVA A CAMISINHA de uso e deito fora, e o que fiz? Foi assim também disposable?

...a sexualidade reduz-se ao acto sexual, isto é à, genitalidade?

R/ A sexualidade ? Qual? A de fazer sexo pago ou cinematografico como sexo disposable?
Para mim a sexualidade é a figura da piramide de 4 faces triangulares equiláteras em que há o equilibrio entre as quatro faces Genitalidade, responsabilidade, sexualidade e afectividade (*). Seja qual quer dela a que for a base destas vivencias o seu vértice projecta-se no centro geométrico e é o amor em toda a sua perfeição, casto, puro, "fecundo, em pleno sentido " e procreativo e ou de prazer/satisfação, e relizado em total naturalidade fisico psiquica.
(*) Tema desenvolvido no meu livro "Um olhar à Sexualidade Humana para a Paternidade responsável" Nov 2000. Ed Paulinas Multimédia

Sem esgotar o debate ficam as ideias

Joaquim Lopes Galvão

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 01:12

Confesso, que tenho muita dificuldade em comprender este tipo de discurso. Sinceramente, pra mim é ininteligível, não tem consistência argumentativa lógica.:

"R/ Com que finalidade? Respeito pelo Outro?
Se há risco de DST então porquê o contcto de risco?
Na monogamia, na "poligamia", com o risco da gravidez indesejada?
Concto está longe e vivencia, como vivencia de "fazer sexo ou amor"
O que se vive vive-se em pleno e na total assunção da contracepção ou do sexo seguro
O que se faz é algo que feito está feito, acabou e pronto. Mas... e depois - as DST a Gravidez? Ora contra elas VIVA A CAMISINHA de uso e deito fora, e o que fiz? Foi assim também disposable"

È um discurso bastante desconexo, desculpe lá e não tem sustentabilidade científica.

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 11:07

Reescrevendo

..."O encontro amoroso entre duas pessoas pode incluir ou não contacto sexual genital.

R/ Com que finalidade?
Os jovens hoje curtem de várias maneiras e na maioria nunca assumindo mais que o tempo em que se curte. Claro que quando se fazia marmelada, o que acontecia era o mesmo. No seu entender ao curtir os contactos genitais seriam tão naturais como o mais normal d0os beijos?
E depois?
Depois uma DST ou uamgravidez têm a sua taxa de probabilidade conhecida.
Taxa equiparável à de uma gripe?
Claro que o contacto genital ou é, ou não é, e muita grávida pode ainda eatar virgem.
É o preservativo a solução, ou a solução será a castidade?

Respeito pelo Outro? Sim no contacto genital o que se deseja, o prazer masculino que apenas pode sofrer potencial e remotamente uma DST ou o prazer/medo de um "coito incompleto e talvez interrompido tardiamente se houver ejaculação? Que forma se sexo é este em que uma parte goza e a outra tudo arrisca ?

A vivencia é a realização libidinal sublimada na busca do prazer mutuo e da satisfação mutua em que o prazer e a satisfação de um se atige quando proporciona o maior bem-estar na fisico-psico-afectividade dada gratuitamente ao outro. Tudo o resto é sexo por sexo e por afecto em part time e seja com quem for, onde alguem procura sair mais auto satisfeito do que pensar na plena satisfação da companhia. Percebe agora o porquê de dizer ...-"algo que feito está feito, acabou e pronto.
De novo questiono a necessidade do preservativo aqui trqduz uma sexualidade madura, sublimada, responsável, realizadora da satisfação psico-genital do outro é isto?
NÂO O SERÀ MAIS a vivencia do amor monogâmico com a fidelidade conjugal, mesmo prematrimonial, e a paternidade responsável

Nos tempos presente isto é linguagem reacionária e daí que...
se depois à riscos como - as DST e a Gravidez? Ora contra eles VIVA A CAMISINHA de usar e deitar fora, (pois que) e o que fiz? Foi (assim) também disposable"


Desculpe mas agora vou trabalhar.

Joaquim

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 11:29

Vamos por partes...

Já vi que tentou utilizar uma linguagem jovem... sabe, quando estaos permanetemente em constacto com jovens e adolescentes, ficamos com uma visão mais próxima da realidade.

Curtir/ andar com, ou usando uma expressão se calhar do tempo do senhor Galvão "fazer marmelada", é um comportamento absolutamente normal em jovens e adolescentes e consiste em contactos amorosos e experimentações das suas sensações e do seu erotismo que se vai construindo em contacto com um outro, objecto de amor e de desejo.
SE a sexualidade humana não se reduz ao coito, esta experimentação erótica e afectiva feita por jovens e adolescentes é absolutament fundamental para o seu desenvolvimento psicosexual e o seu amadurecimento enquanto pessoas capazes de amar. Aliás, o grande problema de um desenvolvimento psicoexual pouco amadurecido, que pode dar origem a disfunções graves é quando os adolescentes/jovens, sem maturidade psicoemocional suficiente iniciam a sua vida sexual precocemente, imediatamente com o coito, sem viverem com naturalidade uma fase de experimentação e autodescoberta, que passa, pelas emoções, sentimentos e interações com os seus pares, que passa por "curtir", "estar apaixonado", "andar com", e passa também obviamente pelo autoerotismo.
Ora estas formas de "curtir", se não passarem pelo coito, de certeza que não há riscos de DST ou de gravidezes iondesejadas... Sim, é verdade que há grávidas que podem estar virgens ( mas a raridade é tão garnde que se acontece é sempre um autêntico milagre. eu pessoalmente nunca conheci nenhuma... E sobre o conceito de virgindade, muito haveria a dizer,,,)
Não é por acaso que recentemente o Governo Britânco lançou uma divertida campanha de promoção da saúde dos jovens, apelando o sexo oral como forma de prevenir a gravidez nãod esejadaMais uma vez, é fundamental EDUcação Sexual, investimento na saúde sexual dos jovens, investimento na formação.

"realização libidinal sublimada " é o contrário de relação sexual gratificante. O velhimho Freud explica muito bem estas questões da sublimação do impulso sexuale, na sublimação do impulso sexual não conduz á "busca do prazer mútuo e da satisfação mútua", mas a uma negação/mecanismo de defesa da gartificação sexual

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 11:52

Outra frase absolutamente sem sentido no seu post foi esta:

"Respeito pelo Outro? Sim no contacto genital o que se deseja, o prazer masculino que apenas pode sofrer potencial e remotamente uma DST ou o prazer/medo de um "coito incompleto e talvez interrompido tardiamente se houver ejaculação? Que forma se sexo é este em que uma parte goza e a outra tudo arrisca ? "

Não percebi. Quer dizer que acredita que os homens, num contacto sexual, apenas podem "sofrer potencial ou remotamente uma DST"? Não existe risco numa relação não protegida? Ou considera que o risco masculino é reduzido e remoto e só há risco para as mulheres? ESpero que não seja isto que ensina , pois segundo este conceito machista, asssim fosse, os homnossexuais não correriam riscos....

Outra coisa que não recebi é a referência os Coito Interrompido. Se o referiu como forma de prevenir uma gravidez, obviamente que nem sequer é um método contraceptivo eficaz como pode conduzir a disfunções sexuais, feminias e masculinas... Por isso mesmo não deve ser utilizado.

Felizmente que os jovens casais de hoje têm acesso métodos contraceptivos eficazes e mais saudáveis em termos da sua saúde sexual.



Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 11:56

"A vivencia do amor monogâmico com a fidelidade conjugal, mesmo prematrimonial, e a paternidade responsável " não é de forma alguma incompatível com a utilização do preservativo ou com a utilização de métodos contraceptivos eficazes. Muito pelo contrário. A paternidade resposnsável e o amor monogâmico podem passar por aí.

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Lopes Galvao (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 13:25

Cara amiga

"Respeito pelo Outro? Sim no contacto genital o que se deseja, o prazer masculino que apenas pode sofrer potencial e remotamente uma DST ou o prazer/medo de um "coito incompleto e talvez interrompido tardiamente se houver ejaculação? Que forma se sexo é este em que uma parte goza e a outra tudo arrisca ? "

Para fazer luz

Quero afirmar que para o ser masculino não há o risco da gravidez, apenas pode sofrer potencial e remotamente uma DST e machistamente, satisfeito genitalmente afirma -AGORA ELA QUE SE CUIDE quanto à gravidez.
Ele goza e ela, mesmo quando com menos risco com usaram preservativo - sem segurança a 100%- ou mais aflita sem ele não pode ter ou viver o mesmo prazer/satisfação.

Quanto ao "coito interrompido", refiro-me a experiencias do tal curtir em que como se referia poderia haver o contacto de genitais (sem penetração, daí a virgindade mas com ambiente para, na presença de muco cervical se dar a aspiração de espermatozoides resultantes da ejaculação externa em "coito interrompido". Dirá rara mas de que conheço casos reais.

Seguramente que é fundamental a educação da sexualidade, mais do que a simples educação sexual dos projectos do ME mas feita em respito por valores e regras onde o preservativo não assuma a solução primária para tudo.
PARA MIM será um ultimo recurso mesmo na adolescencia e na juventude.
Mas tenho a capacidade de em verdadeira modéstia respeitar, sem concordar, opiniões diferentes.
Não sou nem serei nunca um Machista, antes pelo contrário.


Afirma por fim: -"Felizmente que os jovens casais de hoje têm acesso métodos contraceptivos eficazes e mais saudáveis em termos da sua saúde sexual. "

Não creio que neles advogue em primeira linha o preservativo para alguém com o modelo de vida Cristã, advoga?
E se advoga pela hipotese da SIDA ou de outra DST, então a sexualidade em causa não é uma sexualidade sem infidelidade, nem monogâmica, pois então terá de se perguntar - de onde, ou de quem, vem o perigo?

Joaquim

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 16:10


O Coito Interrompido


É o método de contraceptivo mais antigo. Aqueles que não queriam ter 8 ou 10 filhos, usavam esse contraceptivo. É eficaz e aconselhavel, sabendo trabalhar.


Respeito pelo Outro:

Percebi perfeitamente. Quem é verdadeiramente católico é mesmo isso que o senhor explica que se faz ou deve fazer.

Mas os jovens de hoje, só querem curtir, um curtir sem responsabilidades, comodismo, depois ficam curtidos com a Sida.

Se o Coito Interrompido não é aconselhavel, como diz a (praticante), porque não satisfaz algumas mulheres, também usando o preservativo, aquele que for precoce, também não a deixa satisfeita.
Sim, há muito comodismo na parte masculina, concordo. Mas a mulher pode ensinar o homem:) é uma questão de ser inteligente.
O senhor Galvão está a falar com umas palavras muito ao longe. Fale claro, isto é para se aprender:)

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 16:14

Como médico, não devia afirmar que "o ser masculino , apenas pode sofrer potencial e remotamente uma DST ". È um gravíssimo erro médico e científico e só espero que não esteja em condições de transmitir aos jovens rapazes esta errada ideia. SE assim fosse, volto a repetir, o sexo entre homossexuais não tinha riscos .

Quanto à gravidez - é verdade que é no útero da mulher que ocorre a gravidez, , fisiologicamente falando - mas eu tenho uma outra concepção de gravidez.
Quando há uma gravidez, não há uma fêmea que engravida - há um casal que engravida. Um rapaz/ um homem também engravida ( socialmente, emocionalmente e até psicossomaticamente) , isto é, é tão corresponsável por uma gravidez como a rapariga. E tem o direito a viver essa garvidez tão intensamente e tão pro-activamente como a rapariga/mulher.

Então, o que se deve procurar é que os rapazes tenham uma visão diferente da visão machista caricatural que o senhor Galvão aqui retratou e que felizmente já está bastante ultrapassada pelos jovens casais.

Quanto ao coito interrompido - se não há penetração, não há coito, logo não há Interrupção... Refere-se o senhor á remota possibilidade decorrer uma gravidez sem haver penetração. Sim, são gravidezes milagrosas, raríssimas, quase anedóticas, mas completamente evitáveis, porque aí, penso que mesmo nesse tipo de jogos sexuais, há contracepção eficaz que pode ser utilizada. E só acontecem essas situações a jovens ssem informação sobre sexualidade.

Quanto ao preservativo, não advogo nada.

Ou melhor, advogo o direito à informação, à Educação sexual e o direito à saúde sexual e reprodutiva. Cada casal é livre para decidir em consciência qual o métdo contraceptivo que mais se adequa ao seu projecto de amor e o seu projecto de maternidade/paternidade resposnsável.

Sendo que o presrevativo é o único meio eficaz de prevenir a SIDA e as doençaas sexualmente transmissíveise por isso deve ser acessível e a informação sobre a sua utiulização é obrigatória.

Não é isso que ensina aos seus filhos universitários?

Re: amor em tempos de cólera
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 16:22

"Se o Coito Interrompido não é aconselhavel, como diz a (praticante), porque não satisfaz algumas mulheres, também usando o preservativo, aquele que for precoce, também não a deixa satisfeita"

Estamos aqui a entrar no domínio das disfunções sexuais.

EXiste relação entre coito interrompido e disfunções sexuais, masculinas e femininas. Há também problemas orgânicos associados a este tipo de método. Como diz A Augusta não é um método eficaz e tem graves consequências pra a saúde sexual do casal.
Por isso não é aconselhado por especialistas em saúde, tanto mais que exsistem metdoso contraceptivos alatamente eficazes e que não interferme com a fisiologia do acto sexual e com o ciclo de resposta sexual humana.

Quanto á outra questão que a Augusta colocou "sobre os "precoces", possivelmente referia-se a situações de um determinado tipo de disfunção sexual masculina.
Há tratamentos para estas patologias e o preservativo não se destina a tratar disfunções orgásticas, masculinas ou femininas.

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