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O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 11 de February de 2005 16:32

Que valor tem o Idoso na Igreja e na nossa Sociedade? Muitos atiram os pais para um Lar, causam disturbios aos filhos, não podem viajar, passar férias, etc.

Um Idoso é uma bibliotéca, conversando com as crianças ( netos) aprendiam muito mais.

Que valor, damos aos nossos Idosos?

Re: O Idoso
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 12 de February de 2005 23:32

Eu todas as tardes me entretenho um pouco com os idosos do Centro de Dia do meu Centro Paroquial.... é uma riqueza.
Temos feito um investimento grande no apoio domiciliário para manter os idosos nas suas casas e nao serem empurrados para lares.

Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 21:07

catolicapraticante

Não tens nada para dizer sobre os idosos? Não tens ninguém idoso na tua familia? Dá um jeitinho e escreve aquí alguma coisinha. Os idosos, que chegaram a idosos usariam preservativos? Qual a maneira deles de evitarem essa doença? Já investigaste? lol

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 10:49

"Uma lição para a vida dos idosos




Os hispânicos e os negros idosos constituem o segmento de pessoas idosas com maior crescimento de infecção pelo VIH/SIDA. De acordo com o departamento de Saúde da Florida, no anos passado, os hispânicos e os negros constituíram 85%, ou 101 dos 119 novos casos de infecção pelo VIH/SIDA entre pessoas com mais de 65 anos em Palm-Beach, Broward e Miami-Dade.

Os educadores de saúde, que durante anos passaram a maior parte do seu tempo em centros de idosos, perceberam que necessitam de um novo plano de batalha. “Quando eu comecei aqui, pensei que me iam enviar um pequeno veículo de educação para a saúde e SIDA, e só receberiam chamadas para ir falar com as pessoas”, afirmou Hazel Reid, coordenador do Projecto de Intervenção HIV Sénior (SHIP) em Miami, um dos primeiros programas educacionais do país dirigidos a pessoas com 50 anos e mais. “Mas tivemos que alterar o modo de apresentar as coisas a diferentes populações”. O SHIP foi iniciado em 1997 quando o Departamento dos Assuntos dos Idosos da Florida se apercebeu que os idosos também estavam a desenvolver SIDA, e a adquirirem-na através do sexo.

A infecção pelo VIH nos idosos não é, com frequência, detectada precocemente porque os médicos não pensam na SIDA nos velhos e porque estes, com maior probabilidade, apresentam outras doenças crónicas que mascaram os sintomas da SIDA, afirmou o Dr. Karl Goodkin, um professor da Universidade de Miami, no departamento de psiquiatria, ciências do comportamento e neurobiologia. Uma minoria dos idosos têm ainda maior probabilidade de não serem testados porque têm menor acesso aos cuidados de saúde, afirmou Paul Reicher do Departamento de Saúde da Florida.

Desde que o Estado em 1984, começou a seguir as estatísticas referentes a idosos do Sul da Florida, 738 negros, 243 hispânicos e 335 brancos tinham contraído VIH/SIDA.

(...) No total, os habitantes da Florida com mais de 65 anos constituem 2% dos 13201 novos casos de SIDA diagnosticados em 2001. “Perdemos 1 milhão de dólares em fundos neste último ano. Então, o nosso objectivo é fornecer o melhor serviço que podemos aos que mais necessitam”, afirmou Kai Johnson, um gerente do programa regional Comprehensive AIDS Program na Riviera Beach.

South Florida Sun-Sentinel (10.28.02)::Diane C. Lade


Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 10:53

"30-11-2004

Casos de SIDA entre idosos aumentam em Portugal

Relatório da ONU refere que Portugal é na Europa dos países que mais contribui para o aumento de casos de Sida



O aumento do número de casos de Sida em idosos contribui para a grande incidência da infecção em Portugal, e está a ser "auxiliado" por medicamentos como o Viagra, de acordo com especialistas.

Jorge Cardoso, psicólogo e sexólogo, professor do Instituto Superior de Ciências da Saúde, considera que o facto de terem surgido no mercado medicamentos para combater a falta de erecção (Viagra é o mais conhecido) levou a que muitos homens voltassem a ter uma vida sexual activa, ainda que recorrendo por vezes à prostituição.

Justifica o especialista que, nos casais em que o homem toma Viagra "a maior parte das mulheres já se fechou para a sexualidade", pelo que ele procura o sexo comercial.

"Basta olhar para as páginas dos jornais. Um jornal traz quatro páginas sobre anúncios de prostituição de apartamento, um negócio altamente florescente. E depois há pouca apetência para os idosos aderirem aos preservativos", afirma.

O sexólogo está convencido de que a maioria dos "clientes" da prostituição são os mais velhos, porque para os jovens é mais fácil envolverem-se sexualmente "e porque os idosos foram por norma iniciados com prostitutas".

Depois, acrescenta, com as novas medicações anti-retrovirais (combate à Sida) os idosos julgam que a doença é "para se ir gerindo", pelo que quem tem 60 anos pensa que, ainda que a contraia, a medicação irá permitir-lhe viver o tempo "normal" que lhe resta.

Também Fausto Amaro, sociólogo (professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas) e especialista na questão da Sida, salienta o recurso à prostituição de pessoas mais idosas, as mesmas que "não foram educadas para a Sida".

Meliço Silvestre, encarregado de missão da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida, manifesta-se preocupado com a incidência junto dos mais velhos, explicando que a ideia que estes têm é a de que doença é própria dos homossexuais, toxicodependentes e hemofílicos.

"Foi a ideia que ficou marcada" quando se começou a falar de grupos de risco, ao invés de comportamentos de risco, afirma, justificando ainda que há da parte dos homens portugueses "uma masculinidade machista errada", que eventualmente terá sido "ajudada" pelo Viagra.

Portugal é na Europa dos países que mais contribui para o aumento de casos de Sida, alertou na semana passada um relatório da ONU.

O Gabinete de Estatísticas europeu, Eurostat, revelava na mesma altura que Portugal era o país com mais incidência de casos de Sida e que nos últimos 10 anos foi este país o único onde aumentaram os casos.

São os portugueses diferentes dos restantes europeus? Paquete de Oliveira, sociólogo, julga que não. "As atitudes é que são diferentes. Há o mesmo conhecimento, mas em Portugal, nos comportamentos, há desleixo, os comportamentos não acompanham a informação", alerta.

Rute Reizinho, psicóloga, a tirar o mestrado em sexologia, justifica os números com a "pouca educação sexual que há em Portugal", um país com "um grande preconceito em falar de sexualidade".

A especialista dá o exemplo dos preservativos, um dos meios mais eficazes de prevenir a doença, que ainda são um assunto tabu, nomeadamente nas conversas entre pais e filhos.

Diz Rute Reizinho que nos supermercados nunca se vê ninguém na zona onde estão os preservativos à venda, eles mesmos relegados para um canto quase escondido, o "sítio da vergonha".

"Há pessoas que param e olham, mas se estão a ser observadas afastam-se logo", diz.

"É muito raro eu ver uma pessoa com uma caixa de preservativos.

E se vejo são estrangeiros, porque os portugueses vão às caixas de venda automática e mesmo assim de noite e não perto de casa", lamenta a psicóloga.

E justifica: "em Portugal o sexo é associado à procriação e não ao prazer. Quando a pessoa compra preservativos é porque vai ter uma relação sexual pelo prazer".

E que relação há com a taxa de Sida? A psicóloga explica:

"Porque assim é tudo feito às escondidas, feito sem se perguntar, porque os jovens têm dúvidas e não perguntam, e têm sexo sem preservativo porque se comprarem podem ser descobertos".

A resolução do problema, diz, vai demorar décadas, sendo que as campanhas sobre a Sida não deviam ocorrer uma vez por ano mas muitas mais.

(....)

Para Fausto Amaro o aumento dos casos de Sida deve-se sobretudo ao problema "da mensagem que não passa". "Muitas pessoas vêem a Sida como algo que não faz parte delas, é o problema da percepção do risco", observa.

Para mudar o estado das coisas, diz, é preciso "haver uma coordenação de todos os sectores da sociedade", porque "para mudar comportamentos há que mudar atitudes, para que as pessoas sintam o problema como delas".

Diz Fausto Amaro que não é no momento do sexo, que é emocional, que as pessoas vão pensar na Sida, pelo que tem de haver uma interiorização anterior do problema.

Meliço Silvestre admite que a mensagem não chegou ao destinatário, e concorda que as pessoas pensam sempre que o problema da Sida "é dos outros".







Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 11:03

Sonbre a pergunta:

"Os idosos, que chegaram a idosos usariam preservativos?"

Provavelmente sim e provavelmente tiveram comportamentos positivos para a manutenção da sua saúde e, ainda mais provavelmente, sobretudo os que chegam à quarta idade têm uma boa base genética que explica a longevidade.

Mas há cada vez mais idosos seropositivos e com SIDA, em Portugal, sobretudo mulheres idosas, casadas e fidelíssimas , que nunca usaram preservativo e foram contagiadas pelos seus queridos maridos.

O fcato de haver cada vez mais idosos com SIDA nos países desenvolvidos deve-se em grande parte á acessibilidade que estas pessoas têm de aceder a cuidados médicos.
Um doente 40 anos com SIDA em áfrica, sem qualquer tratamento, não chegará aos 65 anos. Um homem de meia idade seropositivo da mesma iddade, sse viver em Portugal e tiver acesso ao actual sistema de tratamento, pode ultrapassar esta faixa etária.

Mas com o envelhecimento da população assites-se a um fenómeno novo - pessoas que são ionfectadas na faixa etária dos mis idosos - pelos seus comportamentos de risco, porque não utilizam preservativo, porque o seu sistema imunitária está mais fragilizado.

Portanto, velhinhos - não pensem que a idade vos protege do HIV...

Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 14:59


Qual a percentagem dos idosos com Sida? Um homem com 40 ou 50 é idoso? Considero idoso o homem/mulher de 70 anos em diante:)

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 17:23

Não existem estdudo suficientes para delimitar a percentagem total de idosos com SIDA, pelo menos em Portugal, mas há estudos que confirmam uma tendência crescente da incidência de SIDA nos Idosos, nos países desenvolvidos.

Quanto ao conceito de Idoso, convencionou-se que a terceira idade é uma etapa do desenvolvimento humano que se inicia a partir dos 60/65 anos.
Recentemente, com os avanços da medicinia fala-se de uma "quarta idade" - a partir do 80 anos. Há cada vez mais pessoas a ultrapassarem os 90/95 anos.

Num recente congresso sobre a SIDA em portugal, um serviço apresentou estes dados:

"Estes são números retirados da experiência da nossa Unidade, temos
registados na nossa casuística cerca de 70 doentes com mais de 50 anos. Até 1999 estavam referenciados 26 doentes com mais de 50 anos; de 2000 até 2004 (e o ano ainda não acabou) esse número é de 44 doentes. Com mais de 65 anos temos 11 doentes dos quais 8 são homens. O nosso doente mais idoso tinha 86 anos e a mulher
mais idosa 73 anos. Ora para além da doença VIH já não ser só dos grupos classicamente definidos afecta grupos etários impensáveis há alguns anos."


Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 17:28

EStes dados dão que pensar, não dão, Augusta?

Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 18:20

catolicapraticante


Não são alarmantes, acho mais alarmantes nos jovens, alguns, nem se sabem cuidar. Não escutam os idosos, é esse o problema de muitos, pensarem que os mais velhos são ignorantes. Deviam pensar que o Idoso é uma Biblioteca. Algo precioso que deviam estimar e não atira-los para um lar. Lá porque o idoso não é ou não foi intelectual, mas têm a experiência da vida.
Esses 70 doentes com mais de 50 anos, foram contaminados por sexo ou por transfusões de sangue, precisamos ver isso.

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 20:16

August(ana):

SEtenta pessoas idosas doentes com uma doença sem cura, apenas num único serviço em portugal não é alarmante???
Não são apenas números, são pessoas...
ESpero que, subjacente a esse ser discurso despreocupado não esteja a ideia de que só nos devemos alarmar com a incidência de SIDA nos jovens, porque os idosos terão "menos valor"...

A ideia de que as pessoas idosas ssó têm valor porque são uma espécie de da Biblioteca ambulante, para mim não é a mais importante.

A maior parte das pessoas muito idoasas não são especialmente cultas - garnde parte desta população é analfabeta e os seus conhecimentos muito limitados, porque infelizmente, o Portugal da sua infância era um portugal pobre , miserabilista e onde não havia ensino para todos.

Por outro lado, a maior parte das pessoas muitíssimo idosas perdem capacidades cognitivas e apresentam quadros demenciais, e não é essa a sua mais valia.

A sua mais grande valia é apenas serem pessoas, serem sobreviventes, é serem dependentes do cuidado e da atenção dos outros.
A sua mais valia é serem crianças.

Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 20:51


Isto já mudam nicks e imaginam-se.
Agora soube que a vão chamar ProvocantePraticante:) Que tal a este nick, bem aplicado?
Antes, a escolaridade obrigatória era a 4. classe. Quem quisesse estudar mais teria de pagar e custava caro. Hoje porém até
nas universidades é quase tudo de borla, tinhamos razão para sermos um País civilizado.
E erros quem os não dá? Já viu aí alguém escrever sem erros? E muitos tentam aperfeiçoar-se no ler e escrever e alguns dos idosos, não se preocupam mais com isso. Perdem o seu tempo nos bancos de emergêngia dos hospitais esperando por consultas e não lêem as revistas que por lá encontram, que são tão preciosas. Era isso, que também deviamos por nos olhos dos politicos.
Setenta idosos com sida não acho alarmante, visto que Portugal tem muitos idosos. E se a partir dos 45 anos nos consideram idosos. É a altura em que nos sentimos com mais força. Ou estou equivocado? Um idosso para mim conta aos 65 ou 70 anos. Aos 40, 50 e 60 anos eu chamo a idade da sabedoria...outros chamarão a idade da andropausa:)

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de February de 2005 23:28

Augustana:

De facto, torna-se difícil o debate quando nem sequer se dá ao trabalho de ler as intervenções alheias.
A escolaridade oabrigatória, pra pessoas com mais de setente ou oitenta anos não era a quarta classe. O analfabeitismo era dominante. E concerteza que somos um país bem mais civilizado do que há 50ou60 anos, embora cultura...
Bem, pelo menos já aprendeu que a terceira idade começa a partir dos 60/65...

Qunato á crise da meia idade, até pode fantasiar que há uma idade da sabedoria... mas olhe que a andropausa existe mesmo...

Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 16:26

catolicapraticante

Queria a senhora, com 30 anos saber tanto como alguém com 50 anos por exemplo? La por ser intelectual, não quer dizer que saiba mais. Você é como os jovens que pensam que já sabem tudo. Depois caem em ratoeiras. Os pais, não sabem nada, alguns jovens pensam isso, não todos.
Se escutasse mais, era mais proveitoso para si. O saber escutar e calar, é uma virtude.

A andropausa existe, sim. A menopausa também, e se bem me parece que você já anda nessa fase: provocante, irritante, nervosa, algumas senhoras até começam com esses sintomas:) Pobre do homem que tem de as aturar:)

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 16:44

Veja lá se começa a fazer TSH que esses seus sintomas passam-lhe. Procure ajuda, querida....

Re: O Idoso
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 23 de February de 2005 04:47

Já vai sendo tempo de amansar estas águas... :-|

Quanto ao tema deste tópico, parece-me que todos ou quase todos concordamos que as nossas sociedades tendem a arrumar, esconder e ignorar os idosos. Muitos lares de idosos são «depósitos» de «esquecidos» e muitos idosos há que sofrem maus tratos de todos os tipos.

Muitos tomarão imediatamente o discurso mais censurador de que tudo isto se deve ao egoísmo, hedonismo, economicismo e outros «ismos». Há muito de verdade nisto, mas há que ter em conta muitos aspectos. «Organizamos» a nossa sociedade de tal forma que um idoso se torna um «peso» e um estorvo; não há lugar no apartamento para o pai ou mãe que enviuvou e que já pode tratar de si e aquele(a) (filho/genro...) que poderia cuidar do «hóspede» tem que trabalhar para ajudar a sustentar a família...

Há que reconhecer também que absorvemos (da publicidade?) critérios de beleza, eficiência e «bem-estar» que parecem entrar em contradição com a presença «improdutiva», «inestética» e «incómoda» dos idosos. São aspectos subtis, de mentalidade, que vão entrando...


Gostava de lembrar aqui duas obras que muito podem ajudar a ver os idosos com outros olhos.

A primeira é um livro, que me tocou muito, a ponto de eu considerar que marcou um «antes» e um «depois» na forma como via/vejo os idosos. Trata-se do romance Em Nome da Terra, de Vergílio Ferreira. É um livro marcadamente existencialista, eventualmente amargo, mas de enorme profundidade. Recomendo a sua leitura. Deste livro aprendi, por exemplo, a olhar para um velhinho agarrado a uma bengala, de «andar travadinho», e pensar: que passado não terá este homem? Talvez um grande jogador de futebol, talvez um homem que foi «idolatrado» pelos amigos e amado por tantas bonitas mulheres, possivelmente um homem de grandes sucessos... Etc., etc... Talvez tenhamos lido o seu nome nalgum livro, visto a sua foto, mas agora não passa de «mais um» que está «a mais»... Falta-nos renovar o nosso «olhar», para «ver».

A segunda obra é um filme bem recente: «About Schmidt», com Jack Nicholson. Uma história tão simples, tão verdadeira e tão profunda! Mais um must!


Há uns anos, quando se começou a falar da possível renúncia do Papa, ouvi o José Pacheco Pereira dizer algo que é notável num não-crente: num tempo em que tendemos a «expulsar» do nosso meio e dos lugares de influência e decisão todos os idosos, a simples presença de um Papa idoso à frente da Igreja Católica é, por si mesmo, um sinal muito eloquente ao mundo de hoje.

Alef

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de February de 2005 12:53

Caro Alef:

Penso que em vez de se culpabilizar as famílias ou de se fazer o habitual discurso do "hedonisno" ou do "egoísmo", haveria que olhar a realidade de frente.

Cuidar de uma pessoa idosa dependente em ambiente familiar (sobretudo se essa pessoa apresenta graves doenças degenerativas ou está em fase terminal) exige um conjunto de recursos que maior parte das famílias portuguesas não dispõe.

A começar por recursos habitacionais - casas com espaço, casas com WC adaptadas para pessoas com limitações motoras, por exemplo... A maior parte dos edifícios em Portugal não está preparada para população com limitações físicas. Há idosos que adoecem em apartamentos de quatro ou cinco andares e que nunca mais podem vir à rua, tornando-se prisioneiros nas suas gaiolas...

Depois, cuidar de idosos dependentes exige recursos económicos – é preciso um conjunto de equipamentos adequados, desde coisas essenciais mas que custam muito dinheiro, como uma cadeira de rodas, uma cama articulada ou um colchão anti-escaras, sem falar daquelas situações em que é necessário oxigénio ou aspiração de secreções....
São ainda necessários uma panóplia de medicamentos e artigos de bem estar que não são comportáveis para a maior parte das famílias portuguesas (O preço dos medicamentos é elevadíssimo e há um conjunto de produtos e artigos que não são sequer comparticipados).

Por último, são necessários cuidados de manutenção, vigilância e conforto permanentes, 24horas sobre 24 horas, sem folgas, feriados, férias ou fins-de-semana.

O que implica que os cuidadores familiares abdiquem do seu emprego, da sua liberdade, mas também de uma vida familiar normal e estejam em risco eles próprios de vir a adoecer. (Existem numerosos estudos que demonstram o Burnout de cuidadores de pessoas dependentes, e esse stress é ainda mais intenso quanto maiores são as relações de proximidade/intimidade com as pessoas cuidadas).

Quanto á questão económica vou dar-te um exemplo prático. Se tiveres um familiar num Lar , o que pagas pela sua manutenção no lar é deduzível no IRS. Se quiseres manter esse teu familiar no domicílio e contratares uma pessoa para cuidar dele, esse vencimento não é deduzível no IRS...

Para que o cuidar do idoso em ambiente familiar fosse de facto uma alternativa acessível para a maioria das famílias portuguesas haveria que se fazer um investimento global no sistema de cuidados de saúde, em particular nos Cuidados Primários de Saúde, criar redes eficazes de apoio domiciliário, alterar a política dos medicamentos, permitir o empréstimo de algum equipamento hospitalar, funcionar em rede, utilizando os recursos disponíveis, formar e apoiar os cuidadores, flexibilizar as intervenções.

Há alguns projectos muito interessantes e trabalhos nesta área desenvolvidas por equipas de saúde multidisciplinares, mas ainda não constitui o modelo dominante....

Tudo isto implica custos, investimento económico e opções políticas corajosas.

SE se considerar que cuidar dos idosos não é um problema do Estado mas deve ser remetido para a esfera do privado – tendência que tem vindo a afirmar-se, a alternativa é a institucionalização dos velhos.

Ora o negócio da institucionalização de idosos é actualmente um dos negócios mais rentáveis em Portugal. Instituições privadas ou semiprivadas, algumas até financiadas indirectamente pelo Estado e que deviam ter uma função não lucrativa, muitas até da Igreja, fazem desta tarefa uma actividade lucrativa, pois as famílias não têm recursos nem respostas para cuidar dos seus idosos. Os Lares de "boa qualidade" atingem preços quase incomportáveis, para uma elite. Os restantes têm condições vergonhosas e todos os anos são fechados lares que não têm condições mínimas de funcionamento e mesmo assim estão "atolados" de velhos e têm listas de espera para entrarem mais...

Portanto, não culpem as famílias. Não é justo.


Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 23 de February de 2005 15:24


É de louvar as famílias que até à morte olham pelos seus idosos. Eles sentem-se melhor com os filhos nas suas casas do que, em casas onde tenham mais conforto. Compete ao estado, dar melhor reformas aos idosos e medicamentos grátis. O idoso, merece melhor atenção pela parte de todos.
Eu detesto lares de idosos e infantários. Mas é bom que os haja. Compete aos pais olhar pelos filhos e os filhos pelos pais. Devia ser uma obrigação que todos deviam sentir.

Re: O Idoso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 24 de February de 2005 19:03

O Papa apresenta uma saúde cada vez mais frágil e provavelmente o seu final aproxima-se ra pidamente. Tendo perdido recentemente umavô com Doença de Parkinson, que acompanhei até ao fim, sei quanto esta doença, associada a outras patologias próprias do envelhecimento pode ser deteriorante em termos físicos e mentais. A fargilidade das pessoas idosas com esta doença é enorme e o seu grau de dependência dos oputrso vai aumentando até ao limite. A demência parkinsónica é frequente.
Por um lado sei que o Papa tem um acompanhamento excepcional ( quem dera que todos os idosos e todos os doentes tivessem acesso aos cuidados que ele tem, mas por outro lado, fico cheia de compaixão sempre que lhe é exigido certo tipo de esforços físicos ( e mentais) que provavelmente já não está capaz de responder.
O Papa está a morrer. Rezem por ele.

Re: O Idoso
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 24 de February de 2005 19:37


O Papa e a Lúcia juntos fazem um par bonito. Dois bons amigos, foram dois Santos na Terra! São e foram dois exemplos para o Mundo.
Podem-se e devem-se imitar.


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