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Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 14:23

Caro B:
Agradeço ddesde já o facto de ter respondido. (Demonstra coragem e coerência.
Relativamente ao casamento dos homossexuais versus união de facto ( e claro que estamos apenas a falar em termos de direito civil e não estamos a discutir as minudências do Direito Canónico) as nossas opiniões são afinal quase coincidentes.


( Sendo que eu tenho muitas dificuldades que o Pedro em aceitar a total equivalência jurídica deste tipo de situações, sobretudo relativamente à questão da adopção por casais homossexuais ( porque aí a questão da salvaguarda do bem estar da criança e dos direitos da criança, parece-me que merce uma tutela prioritáriae, sou sincera, não tenho opinião formada sobre este tema)...

Quantoa à questão sobre a actual lei do aborto, fico tranquila por o seu partido oficialmente a considerar uma boa lei e que o senhor admita que pode ser modificada (para melhor espero eu. Aliás, segundo fui informada, sobre a actual legislação o Referendo será aceite por este partido.

Para mim a questão essencial, não é a que o Pedro colocou, mas é :

"- Deve uma mulher que pratica um aborto até às dez semanas, ser condenada a uma pena prisão efectiva até três anos?"

- Haveria prisões no país suficientes para albergar todas as criminosas portuguesas a cunprir pena, se esta lei fosse efectivamente aplicada?

- È esta Lei eficaz , ou seja, previne o aborto clandestino ? Está esta lei de acordo com a consciência ético-jurídica desta comunidade?

Uma lei que não se aplica e que não vincula eticamente uma comunidade tem razão de ser? Não merrecerá adequações ou alterações?

Não se trata da "liberalização completa do aborto" ou considerar que "interromper uma gravidez é um direito da mulher".

Trata-se de descriminalizar ou retirar do ordenamento jurídico as actuais penas de prisão. Sobre estes tema tão complexo, penso que há uns tempos atrás o Professor Doutor Freitas do Amaral apresentou uma solução jurídica equilibrada e razoável, que permitia efectivamente melhorar a actual legislação existente.


Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 15:52

De: lurdesmaria
Enviada: segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2005 10:24
Para: Undisclosed-Recipient:;
Assunto: Porque razão?



Porque razão,

se uma mulher for agredida fisicamente com arma branca,

ameaçada com arma de fogo, sofrer lesões corporais,

para ser assaltada e ficar sem cartão de crédito, se for forçada

a levantar valores em caixa Multibanco e fisicamente ferida e incapacitada,

não se pode defender e na luta não pode matar em justa defesa,

sem ir parar a tribunal e a uma cadeia, se

se pretende não levar a tribunal quem mata, sem qualquer defesa

nem tribunal de apoio, o filho que gera no seu ventre, só por esta gravidez

resultar de ele ter sido violada,

ferida com agressão física com arma branca,

ameaçada com arma de fogo até acabar por sofrer a violação?



Pergunta a pôr a quem nos partidos PSD PS BE PCP e outros

quer debater e alterar a lei assassina do aborto para a

liberalizar em pleno

...

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 16:57

Cara Catolica Praticante

Quando admiti que o casamento de casais homosexuais que fique claro que sou completamente contrário que os mesmos possam adoptar crianças.

Em relação ao aborto admito com certeza discutir qual a penalidade mais eficiente para quem comete o aborto. Serão tres anos serão 10 serão penas que não passem pela prisão. Para mim é ealgo que se deve debater.

O que não posso admitir é que o aborto seja permitido por lei (salvo algumas excepções já tipificadas na lei). O estado deve proteger o feto como vida humana que é.

O argumento que constitui a pergunta se quero ver as senhoras que abortam até às 12 semanas na prisão mais não é válido.

A pena que eu quero para as mulheres que abortam até às 12 semanas será a mesma que os defensores da alteração da lei pretendem para as mulheres que abortam depois das 12 semanas.

Pedro B



Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 17:14

Caro B.
Não comprendeo as incongruências. Vejamos:
1 . "O que não posso admitir é que o aborto seja permitido por lei (salvo algumas excepções já tipificadas na lei). "
Ou seja, em determinadas situações epecíficas a lei admite que o aborto não deve ser alvo de sanção penal.
Portanto o Pedro está de acordo que a lei admita o aborto em determinadas situações, afinal admite excepções - as tipificadas (malformação fetal, aborto em caso de violação, situações em que a gravidez coloque em risco a vida ou a saúde física ou psíquica da mulher), excepções estas que, se forem integralmente aplicadas , não são poucas. (Atente-se ao paralelismo com a lei espanhola)

2 - Lamento que não tenha conseguido resposnder ás minhas questões sobre a moldura penal e o tipo de pena previsto na actual legislação para as mulheres que abortam ilegalmente.
E sobre a não aplicabilidade e a não exequibilidade da aplicabilidade de tal lei. Já para não falar da sua injustiça e da sua clivagem com a aconsciência eticojurídica da nossa comunidade..

Porque é que o argumento injustiça da pena de prisão até três anos não é válido?

A questão não é a da "liberalização" mas a da descriminalização, no sentido de se aplicar uma sanção penal que não passe pela pena efectiva de prisão.

3 - Como jurista, que pensa da proposta do Freitas do Amaral sobre o tema?

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 17:37

"Na vida real

– As extrapolações das estatísticas internacionais indicam que se realizarão em Portugal, todos os anos, cerca de 20 mil abortos clandestinos

– Portugal é, a par da Irlanda, o único país da União Europeia que não permite a IVG a pedido da mulher

– Em 2002, um inquérito a sete mil adolescentes revela que uma em cada 200 jovens, entre os 15 e os 19 anos, já abortou

– Em 2002, o Parlamento Europeu recomenda «a legalização do aborto em todos os Estados-membros da União, para eliminar os riscos decorrentes das práticas ilegais»; é ainda pedido aos Estados «que não processem as mulheres que tenham praticado abortos ilegais»

– Em 2002, as Nações Unidas anunciam a sua preocupação «com as leis de aborto restritivas em Portugal, em particular porque os abortos clandestinos têm sérios impactos negativos na saúde das mulheres e no seu bem-estar»

– Em 2003 dão entrada nas urgências dos hospitais cerca de 11 mil mulheres com complicações pós-aborto; 5 mulheres morreram

– Entre 2001 e 2004 sucedem-se os julgamentos por crimes de aborto – os casos da Maia e de Aveiro são os mais mediáticos


– A lei de 1984 demorou 14 anos a ser regulamentada; em muitos hospitais ainda não é cumprida

– Existem hospitais em que todo o corpo clínico é objector de consciência, recusando-se a aplicar a lei; o próprio código de Ética da classe proíbe a realização do aborto (a sua alteração esteve anunciada em 1998 e volta a ser prometida no início de 2004)

– O estudo da Assembleia da República (AR) não avançou

– Em 2003, 121 mil pessoas assinam uma petição, entregue na AR, para a realização de um novo referendo

– Em 2004, o movimento Mais Vida, Mais Família lança uma petição, a entregar até 3 de Março na AR, para a adopção de medidas mais restritivas na lei do aborto e o reconhecimento da vida desde o momento da concepção


PLANEAMENTO FAMILIAR

• No papel

– Em 1976 é aprovado o Planeamento Familiar

– Em 1984 e 1985 estabelece-se a gratuitidade das consultas e dos contraceptivos

– Em 1999, uma portaria do Ministério da Saúde define um prazo máximo de oito dias para marcação de consultas de planeamento familiar nos centros de saúde e hospitais

– Em 1999 é publicada a lei que reforça as garantias do direito à saúde reprodutiva, nomeadamente no acesso ao planeamento familiar e a métodos contraceptivos, para prevenir gravidezes indesejadas e combater doenças sexualmente transmissíveis

– Em 2001 é autorizada a venda de contracepção de emergência, mediante receita médica

– Em 2002 já é permitida a venda livre da pílula do dia seguinte

• Na vida real

– Em 2003, cerca de 80% das mulheres em idade fértil recorrem à contracepção (nos anos 80, a maioria praticava o coito interrompido)

– O acesso ao planeamento familiar duplicou nos últimos dez anos (em 2002 foram realizadas 740 mil consultas)

– O tempo de espera para uma consulta de planeamento familiar pode ser de vários meses e a gratuitidade do atendimento não é respeitada em todo o País

– Em 2002, os gabinetes de planeamento familiar distribuem cerca de 7,6 milhões de embalagens de contraceptivos orais – ainda assim, a ruptura de stocks é frequente; as margens de lucro na venda de anticoncepcionais são ainda elevadas, atingindo os 800% no caso dos preservativos

– Em 2003 são vendidas cerca de 140 mil embalagens da pílula do dia seguinte

– Em 2004, os movimentos pró-vida lançam uma petição para proibir a venda da pílula do dia seguinte



EDUCAÇÃO SEXUAL

• No papel

– Em 1984 é aprovada a lei que institui a Educação Sexual nas escolas

– Em 1991, no âmbito da chamada «Reforma Roberto Carneiro», nasce a disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social, onde a sexualidade poderia ser abordada

– Em 1995 inicia-se um projecto experimental de Educação Sexual nas escolas, em parceria com a Associação de Planeamento da Família (APF)

– Em 1999 é aprovada nova legislação e instituída a transversalidade da Educação para a Saúde Sexual e Reprodutiva

– Em 2000 regulamenta-se a lei de 1999 e são publicadas as linhas orientadoras para o ensino da nova disciplina; o Ministério da Educação (ME) assina um protocolo com a APF, para formação de professores e acções de esclarecimento na área; é criada a Rede de Escolas Promotoras de Saúde

– Em 2002, o ME celebra um protocolo com o Movimento de Defesa da Vida, para acções de formação sobre Educação Sexual nas escolas

– Em 2003, o ME assina um protocolo com a Fundação Portuguesa Comunidade Contra a Sida para acções de informação junto de alunos, pais e professores

– Em 2004 é apresentado um projecto de resolução, do PSD e do PP, para que o modelo vigente seja abandonado e substituído por uma área curricular obrigatória de Formação e Desenvolvimento Pessoal

• Na vida real

– Portugal é o país da União Europeia com maior número de jovens infectados pelo HIV e o segundo com maior taxa de mães adolescentes

– Muitas escolas e professores desconhecem a legislação existente e a obrigação da inclusão da Educação Sexual nos planos curriculares das turmas

– Não existe um levantamento das escolas que respeitam a lei, nem foram realizadas diligências para que a cumpram

– A APF desenvolveu actividades de formação que abrangeram, até 2003, mais de 900 escolas e cerca de 13 400 profissionais

– O Ministério da Educação não fez nenhuma avaliação da experiência dos últimos anos

– A Comissão de Coordenação da Promoção e Educação para a Saúde está inactiva, sem responsável há mais de um ano; o projecto da Rede de Escolas Promotoras de Saúde, que mobilizava 700 estabelecimentos de ensino, foi abandonado


POLÍTICAS DE APOIO À FAMÍLIA

• No papel

– Em 1982 são criadas a Secretaria de Estado da Família, a Direcção-Geral da Família, a Comissão Interministerial da Família e o Conselho Consultivo para os Assuntos da Família

– Em 1984 é aprovada a lei de Protecção da Maternidade e Paternidade, que estabelece a licença de parto de 90 dias e o acesso gratuito aos serviços de saúde

– Em 1996 é criado o cargo de Alto Comissário para as Questões da Igualdade e da Família

– Em 1997 é publicada a Lei Quadro da Educação Pré-Escolar

– Em 1998 é aprovada a lei que estabelece a Garantia de Alimentos devidos a Menores

– Em 1999 é aprovado o Plano para uma Política Global de Família

– Em 2001 estabelece-se a igualdade de direitos para os casais em união de facto e é reconhecido o direito à adopção

– Em 2001 é aprovada uma lei que define medidas de apoio social às mães e pais estudantes

– Em 2003 é criado o cargo de Coordenador Nacional para os Assuntos da Família, o Conselho Consultivo para os Assuntos da Família e o Observatório para os Assuntos da Família

– Em 2003 são aprovadas alterações ao abono de família, para beneficiar as famílias com menos rendimentos

• Na vida real

– A taxa de natalidade em Portugal tem vindo a decrescer todos os anos, não assegurando já a substituição de gerações; em 2002 o sistema educativo tinha menos 100 mil alunos do que em 1992; a população portuguesa terá menos um milhão de pessoas em 2050 e estará ainda mais envelhecida, havendo 2,5 idosos por cada jovem

– As propostas feitas pelos detentores dos inúmeros cargos, criados no âmbito de políticas de família, ao longo dos anos, foram praticamente ignoradas pelos governos

– Nunca foram regulamentadas inúmeras alíneas da lei de 1984, nomeadamente as que previam a possibilidade de pais com um ou mais filhos menores de 12 anos terem direito a trabalhar em horário reduzido ou flexível; ou a obrigação do Estado em criar uma rede nacional de equipamentos gratuita para a guarda e educação de crianças em idade pré-escolar

– O ensino pré-escolar ainda é mais caro do que o ensino superior

– O Plano para uma Política Global de Família não se traduziu em medidas concretas

– As alterações ao regime do abono de família penalizam as famílias com menos recursos que tenham mais de dois filhos, reduzindo até 20% o valor da prestação, em relação ao modelo anterior (cerca de 75% das famílias com mais de dois filhos têm rendimentos na ordem de 1,5 salário mínimo nacional)

– Em 2004 foram anunciadas as intenções de estender a licença de parto para cinco meses, contra 80% do salário, e de financiar em 95% os Centros de Apoio à Vida, fundados pelos movimentos contra a despenalização do aborto (e pelo ministro Bagão Félix), que prestam assistência a grávidas em dificuldades.



© Copyright VISÃO / Edição nº 573


Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 19:28

Cara Catolica Praticante

Se calhar não fui claro.

Aceito as três excepções tipificadas na lei.

Não conheço a proposta do Prof Freitas mas do que ouvi parece-me um caminho a estudar.

A minha posição pode-se resumir a dois pontos.

Somos uma democracia e a maioria social não se revê na actual lei.
Por outro lado a situação de aborto a pedido é inadmissível. O aborto é mau e deve ser proibido.

Devemos caminhar para uma situação em que a solução em que não seja permitido o aborto mas que salvaguarde situações limite

Pedro B

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de February de 2005 20:02

Em suma - é possível consensos e diálogo, mesmo em temas sensíveis.

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 11:00

Caro VMTH,

Agradeço os teus elogios, mas tenho de considerar que todas as intervenções deste forum são feitas num espírito de honestidade e abertura para as opiniões dos outros.
Se, no entanto, considerares alguma participação em concreto como particularmente desonesta ou ofensiva, agradeço que advirtas o autor por mensagem privada e, se o considerares necessário, podes igualmente comunicar comigo ou com outro moderador pelo mesmo meio.

Estás a confundir duas questões diferentes:
- a posição da Igreja quanto ao comunismo
- a posição da Igreja quanto aos comunistas

Na primeira pode ser discutível e é admissível a convicção que é impossível ser comunista e cristão ao mesmo tempo.
Como é admissível o contrário.
Depende sobretudo do conceito de comunismo que tivermos. Se olharmos para a ex-URSS como exemplo de comunismo, temos de concluir necessariamente que não é possível ser comunista e cristão ao mesmo tempo. São posições, a meu ver, absolutamente inconciliáveis.
Mas admito que, mesmo em exemplos destes, possam existir posições diferentes da minha.
Quando se fala hoje em dia de comunismo, não sei muito bem do que se trata.
Porém conheço pessoas que votam comunista e que, em minha opinião, são cristãos dando um testemunho de vida cristã na sua vida quotidiana.

Quando falamos da posição da Igreja quanto aos comunistas ( e foi essa a que tu levantaste na pergunta) e concretamente sobre a "excomunhão" destes respondi-te e reafirmo que a considero que tal excomunhão nunca existiu por ser inválida, por contrária ao Evangelho.

Só poderia aceitar tal "excomunhão" se considerasse a existência de "actos intrinsecamente maus". Ora eu discordo da existência de tal categoria de actos.

Acresce a este facto uma diferença de linguagem: é comum dizer-se que o Papa, o Bispo ou a Igreja "lançou" a excomunhão. O que me parece errado.
O Papa ou o Bispo podem por exemplo lançar a bola se estiverem a jogar futebol.
A excomunhão , em meu entender, "reconhece-se". O Papa "reconhece" que alguém se colocou fora da Igreja, fora da comunhão da Igreja.

E para isso carece de um exercício difícil: torna-se necessário não ter dúvidas que alguém, em plena consciência, recusou o Dom de Deus e se quis colocar fora da comunhão da Igreja cometendo um acto deliberado nesse sentido.

E como ainda não existem "medidores de consciência de terceiros" é necessário ter a certeza quanto a cada caso concreto que aquela vontade existiu. É que sem essa "vontade" não pode existir excomunhão.

(Eu aqui estou a dizer um facto errado: os "medidores de consciência de terceiros" existem, só que estão mas mãos de pessoas particularmente habilitadas que fazem juízos de valor quanto à consciência de outros com os quais nunca falaram. Só que o comum dos cristãos não tem acesso a eles... :o)) )

Quando em tempos falaste no levantar a excomunhão ao teu "santo excomungado" (estou a brincar, Victor) Lefebvre passa mais por este tipo de lógica (própria dos "católicos "conciliaristas-progressistas" aqui do Forum", como lhes chamas) do que de qualquer outra.

É que à verdade "objectiva" que o Bispo Lefebvre criou divisão na Igreja e cometeu um acto "objectivo" de desobediência à Igreja (esta é a minha opinião) precisa de se somar a vontade da pessoa Lefebvre, "subjectiva" portanto, de desobedecer à Igreja.

Esta necessidade de analisar, caso a caso, a vontade de cada um para aferir se ao acto objectivo se somou a vontade subjectiva desde logo impede a existência de excomunhões automáticas como a "excomunhão dos comunistas".

Esta é a minha opinião ("doxa", não "dogma"), como tal sempre discutível :o)).

Já agora repito a minha pergunta especialmente para ti: a expressão "católicos conciliaristas" é um pleonasmo. Não quero interferir na consciência de cada um, mas queres explicar como é possível ser "católico" sem aceitar os "Concílios"?

Nota: não coloquem aqui textos depois de os escrever em word... Tive de o reeditar para alterar as formatações...

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 16/02/2005 11:08 por JMA.

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 13:47

Caro JMA

Afirmas que a excomunhão reconhece-se.

Na realidade existem dois tipos de excomunhão.

Uma meramente declarativa em que a autoridade apenas declara que por determinado acto alguém está excomungado. Ou seja é o acto praticado pela pessoa que o colocou fora da Igreja e esta apenas o reconhece.

Mas atenção, há outro tipo de excomunhão que não é declarativa mas sim constitutiva. Em certas situações que por só só não impliquem uma excomunhão aotomática, a autoriadade da Igreja (em principio o Papa) pode excomungar determinada pessoa. Nesta segunda categoria é a decisão da autoridade da Igreja que coloca a pessoa fora da Igreja.

Não conheço a alegada excomunhão dos comunistas e portanto a esse aspecto não me posso pronunciar.

Pedro B

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: VMTH (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 16:13

Caríssimo JMA,

Mais uma vez, quero-te agradecer a tua resposta.
Apesar do teu notório e visível esforço em querer branquear o "comunismo" e "comunistas" (que só se entende aliás, numa lógica de mentalidade "ecuménico-liberal" pós-Concílio Vaticano II!) verifico que acabaste por somar alguns erros no teu discurso e levar os leitores para conclusões erróneas.

Senão, vê lá:

Começas, logo de início, por querer confundir aqui os leitores quando me referes que "Estás a confundir duas questões diferentes:
- a posição da Igreja quanto ao comunismo
- a posição da Igreja quanto aos comunistas"

A velha tática do "dividir para reinar"! Aqui a questão é clara: A Santa Igreja, através do seu Santo Sumo Pontífice PIO XII excomunga os comunistas obviamente. Não excomunga filosofias ou ideias teóricas de um mundo virtual. Mas, como saberás, a Santa Igreja, apesar da Excomunhão, sempre espera o regresso do pecador, que reconhecendo o seu pecado, arrempendendo-se, volta ao encontro Daquele que É o Caminho, a Verdade e a Vida.

Divagas sobre se existem vários tipos de comunismo, ou uns "piores" que outros! Meu caro, isso é pura perca de tempo e simples demagogia! O Comunismo é todo igual, tenha sido o que foi na ex-URSS, na Polónia, na ex-RDA, em Angola, Cuba, ou actualmente na China e na abjecta Coreia do Norte! Em todas estas realidades "comunistas" a Santa Igreja Católica foi (e continua a ser!) a entidade a abater!

Mas tu, duvidas se nos regimes comunistas (ou na Ideia comunista, como preferires!) houve "actos intrínsencamente maus"!!! É uma barbaridade o que dizes! É até uma afronta para a enorme legião de mártires católicos (clero e fiéis) que encheram com o seu sangue derramado todo o século XX!

A tudo isto, acrescentas ainda que o Papa limita-se, no fundo a "reconhecer" uma excomunhão, quando ela existe! É uma espécie de notário, portanto!

Mas aqui nesta questão o Pedro B já respondeu, embora sumariamente.


Quanto ás considerações que fazes à pretensa "excomunhão" do bondoso e saudoso Arcebispo Marcel Lefébvre, ambos sabemos que se tratou do grande equívoco deste Papa em todo o seu Pontificado. Abriu inultilmente uma ferida no Corpo da Igreja.
Aliás, é visível na tua mensagem o teu empenho em consentir uma clara "excomunhão" aos católicos "lefebvrianos", digamos assim, do que propriamente aqueles que professam doutrinas contrárias e manifestamente odiosas à Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.


A terminar, lembro a a todos aquela infame e famosa fotografia tirada durante a Guerra Civil de Espanha (1936-1939) em que um grupo de fuzilamento de combatentes comunistas, alinha-se em frente à imagem do Sagrado Coração de Jesus no Cerro de Los Angeles (a sul de Madrid) e se prepara para fuzilar a imagem!!!

(para quem quiser, posso enviar essa fotografia ilustrativa do amor dos comunistas à Santa Igreja!)


Bem-Aventurado D. Marcel Lefèbvre: Ora pro Nobis et Santa Ecclesia Catholica

Um abraço a todo do Católico Tradicionalista,

Victor Henriques


STAT CRUX DUM VOLVITUR ORBIS!

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: VMTH (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 16:26

Caro JMA,


Antes de responderes, sugiro até que possas ler os seguintes textos - para além do Decreto Contra o Comunismo que acima, em mensagem anterior, já deixei publicado.

São somente três conhecidas Cartas Apostólicas do Vigário de Cristo na Terra, na pessoa de Pio XII, e publicadas em 1956 a primeira, as duas últimas em 1952.

- DUM MAERENTI ANIMO
Sobre a Igreja perseguida na Europa de Leste (e de certeza que não era perseguida pr bondosos comunistas!)

- SACRO VERGENTE ANNO
Sobre a Consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria (Porque será que o Papa haveria de consagrar um país, que à época nem sequer tinha relações oficiais com o Vaticano?...)

- CUPIMUS IMPRIMIS
Sobre a Igreja Católica na China, que aliás mantém infelizmente a sua actualidade!




Bem-Aventurado D. MARCEL LEFÈBVRE: Ora pro Nobis et Santa Ecclesia Catholica

Um abraço a todo do Católico Tradicionalista,

Victor Henriques


STAT CRUX DUM VOLVITUR ORBIS!





Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 17:04

Caro Victor,

e o que achas das seguintes expressões?:

"Sabeis muito bem, Veneráveis Irmãos, que em nosso tempo há não poucos que [...] não duvidam em afirmar que "a melhor forma de governo é aquela em que não se reconheça ao poder civil a obrigação de castigar, mediante determinadas penas, os violadores da religião católica, senão quando a paz pública o exija". E com esta ideia do governo social, absolutamente falsa, não hesitam em consagrar aquela opinião errónea [...], isto é, que "a liberdade de consciências e de cultos é um direito próprio de cada homem, que todo Estado bem constituído deve proclamar e garantir como lei fundamental, e que os cidadãos têm direito à plena liberdade de manifestar suas idéias com a máxima publicidade - seja de palavra, seja por escrito, seja de outro modo qualquer -, sem que autoridade civil nem eclesiástica alguma possam reprimir em nenhuma forma"

"certos homens [...] atrevem-se a proclamar que "a vontade do povo manifestada pela chamada opinião pública ou de outro modo, constitui uma suprema lei, livre de todo direito divino ou humano; e que na ordem política os fatos consumados, pelo mesmo que são consumados, têm já valor de direito"


"É um erro afirmar que: [...]
15º É livre a qualquer um abraçar e professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira
"24º A Igreja não tem poder de empregar a força nem poder algum temporal, directo ou indirecto.
55º A Igreja deve estar separada do Estado e o Estado da Igreja.
76º A ab-rogação do poder temporal que possui a Sé Apostólica contribuiria muito para a felicidade e liberdade da Igreja
77º Na nossa época já não é útil que a Religião Católica seja tida como a única Religião do Estado, com exclusão de quaisquer outros cultos.
78º Por isso louvavelmente determinaram as leis, em alguns países católicos, que aos que para aí emigram seja lícito o exercício público de qualquer culto próprio".

O que achas?

Sao de documentos da Igreja do Beato Pio IX, de 1864, excertos da Quanta Cura e Syllabus

Os tempos mudam, e a Igreja também evolui...

Abraço

Miguel

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de February de 2005 17:10

Felizmente que a Tradição já não é o que era...

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: Sandra Isabel (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 12:05

É um pouco estranho, ver uma falta de respeito tão grande em algumas pessoas do forum...
Talvez por isso, eu passe cá muitas vezes, mas escreva pouco.
O tema até me parece interessante, mas os caminhos que tomou ... Bom!

Vou tentar, depois desta conversa toda dar a minha opinião :

Caro Victor:

Eu concordo que um padre possa apelar à consciência das pessoas não demonstrando partidarismo... e penso que foi isso que o padre em questão fez. Se defendemos tantas causas, porque não apelar à consciência das pessoas para aquilo que são as causas da Igreja Católica?
Depois cada um é livre de interpretar e optar por aquilo que mais lhe convier e achar que é melhor.
Como qualquer pessoa de consciência tenho as minhas convicções políticas, mas, com isto não quero dizer que concorde com tudo o que eles dizem ou fazem!, mas há valores aos quis não abdico e não concordo de modo algum. Sou católica praticante e activa na minha paróquia e, há situações apresentadas e defendidas por alguns partidos políticos que, em virtude disso, não posso concordar. Mas, respeito que haja quem o faça! É por isso, é que não somos todos iguais...
Agora, ofenderem-se no forum, porque não estão de acordo, acho que estão a ser extremistas e muito pouco “católicos”. Todos temos direito a ter as nossas opiniões, mesmo que outros as achem erradas, porque é aquela velha historia: quando apontamos 1 dedo, temos 3 apontados para nós... e se nós achamos que estamos certos, não nos podemos esquecer que a outra pessoa pensa o mesmo da sua opinião.
Então acho que temos que ter calma muitas vezes nas respostas que damos e se calhar devemos ponderar melhor aquilo que dizemos.

Será que os católicos, conscientes da sua Fé de crentes baptizados, determinam o seu voto de acordo com uma concepção, uma mundividência católica da vida, da existência?
Ou votam nos partidos independentemente do quadro moral e de valores que dita a sua Fé?

Quanto há pergunta, parece-me que as pessoas votam independentemente do quadro moral e de valores que dita a sua fé. Acredito até que haja muita gente que nem se dê conta do que este partido defende ou aquele...
Penso que no nosso país, erradamente, quanto a mim, há uma tradição eleitoral. Os pais votam neste partido, os filhos votam... a família toda vota! Há pouca convicção política! Há poucas pessoas a interessarem-se por saber como funciona, o que defendem, em que se regem este ou aquele partido... Penso que as pessoas ouvem o que eles (partidos) querem que se ouça...
Mas esta é a minha humilde opinião.


Um abraço,

Sandra Isabel

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 18 de February de 2005 15:25

Sandra Isabel

:)*


Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de February de 2005 20:53

Os católicos VOTARAM!

Re: Existe o "voto católico"?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 21 de February de 2005 19:32

Caro Pedro B,

"Mas atenção, há outro tipo de excomunhão que não é declarativa mas sim constitutiva. Em certas situações que por só só não impliquem uma excomunhão aotomática, a autoridade da Igreja (em principio o Papa) pode excomungar determinada pessoa. Nesta segunda categoria é a decisão da autoridade da Igreja que coloca a pessoa fora da Igreja."

Penso que estamos a partir de perspectivas diferentes. Comecemos, como tu fazes, por excluir daquilo que vou dizer as chamadas "excomunhões automáticas".

Eu defendo que a excomunhão é meramente declarativa. Claro que posso estar errado.

Entendo que não é o Papa que coloca as pessoas fora da comunhão. As pessoas ao agirem voluntariamente contra a comunhão da Igreja é que se auto-excluem.

Tomando o exemplo do Lefebvre: a excomunhão deu-se quando ele voluntariamente agiu contra a comunhão da Igreja investindo (palavra errada) os quatro bispos sem estar em comunhão com a Igreja. Apesar dos apelos do papa.

Não se deu, em minha opinião, quando o Papa "o excomungou". Essa declaração do Papa apenas deu conta de uma situação de actuação "fora da Igreja" ou seja de uma situação de não-comunhão com esta.

Esta "excomunhão" declarada pelo Papa torna pública e clara uma situação, avisando os Católicos daquela situação e esclarecendo que determinada pessoa ou pessoas não se encontram em comunhão com a Igreja. É importante e necessária, pois torna-se imperativo que se saiba claramente que tal actuação está fora da comunhão da Igreja.
Mas não é a declaração papal que o faz estar fora de comunhão. Ele já estava antes disso, desde que pratica tal acto com uma vontade consciente.

Nessa medida o elemento constitutivo da excomunhão é uma determinada actuação voluntária contra a Igreja, sem que o autor desta se retracte (o que deverá ter sempre oportunidade de fazer).

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