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Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 30 de January de 2005 16:38

Eis um tópico para rios de tinta...

Se é verdade que em Portugal "prospera" uma economia informal, o mesmo se passa no plano religioso... Muitos reclamam o fim da influência da(s) Igreja(s) e do "religioso" no plano público, mas alimenta-se constantemente uma "veia" pseudo-religiosa ou pseudo-espiritual, que começa nos "inocentes" horóscopos, passa por cartomantes, videntes, curandeiros, magos, bruxas, "santinhas", etc., e "termina" (?) na exploração pura e simples da ignorância, superstição inocência e boa-fé de uns tantos!...

Um tema a que a própria Bíblia se refere (cfr. Actos 8:9-24). Simonia, chalartanice, pseudo-visões, "milagres", "mezinhas", "benzeduras", amuletos, "pragas", feitiços, tudo isto vai persistindo... Não só é verdade que o Cristianismo não conseguiu extinguir muitas práticas pagãs, como também é inegável algumas dessas práticas continuam a ser uma tentação dentro do mesmo.

Estes dias veio à baila mais uma vez este tema... Aqui ficam algumas notícias, para "meditação" e eventuais comentários.

Alef



Vidente Pôs Os Clientes a Rezar e Fugiu com 37 Mil Euros


Uma suposta vidente, que esteve estabelecida em Portalegre nos últimos dois meses, está a ser procurada pelas autoridades por alegadas burlas avaliadas em, pelo menos, 37 mil euros, disse ontem à agência Lusa fonte policial.

De acordo com a mesma fonte, a mulher, de nacionalidade brasileira e com idade compreendida entre os 55 e os 60 anos, apresentava-se com o nome de "D. Isaura" e chegou mesmo a fazer publicidade na Rádio Portalegre.

"Temos registadas duas queixas de pessoas que se dizem alvo de burlas, que envolvem um valor na ordem dos 37 mil euros", adiantou a fonte da PSP local. Segundo a polícia, a suposta vidente desapareceu antes das vítimas terem descoberto o logro, o que dificultou a actuação das autoridades.

"Neste momento, desconhecemos o paradeiro da mulher, mas estamos a envidar todos os esforços no sentido de a localizar", acrescentou.

"Um dos métodos de actuação utilizados pela suposta vidente passava por pedir às vítimas que fechassem uma quantia de dinheiro ou ouro dentro de um saco, durante um período que era obrigatório que se cumprisse para que as rezas feitas surtissem efeito na resolução de problemas amorosos, de saúde ou outros", explicou a fonte policial.

"A suposta vidente, com a ajuda de outras pessoas que com ela trabalhavam, procedia depois, sem o cliente se aperceber, à troca do saco por um igual, mas contendo no seu interior objectos de plástico e maços de pedaços de jornal a imitar as notas de euros", revelou ainda o mesmo responsável policial.

A suposta vidente desaparecia, com os sacos contendo o dinheiro ou o ouro ainda antes das vítimas acabarem as rezas e abrirem os olhos, pelo que só mais tarde é que as vítimas davam conta do logro.

O PÚBLICO apurou entretanto que a mulher em causa, que se fará acompanhar por uma assistente, daria as consultas numa residência que alugara no edifício "Pôr do Sol", em Portalegre.

Antes de se estabelecer nesta cidade alentejana, já residira em Castelo Branco, onde, alegadamente, terá praticado burlas idênticas. Uma das mulheres que apresentaram queixa na PSP portalegrense terá sido burlada em 15 mil euros.

Por JOSÉ BENTO AMARO
Fonte: «Público», Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2005




O Dinheiro "Virou" Jornal e o Ouro Pechisbeque


A história não reza que D. Isaura, intitulada vidente, tenha uma varinha de condão que lhe permita transformar a lata em ouro. A julgar pelos dotes demonstrados em Portalegre, nos dois últimos meses, terá, isso sim, o dom de fazer desaparecer dinheiro e jóias, substituindo-os por papel de jornal e quinquilharia diversa.

Oficialmente, na PSP local, existem apenas duas participações de lesados. Sabe-se, contudo, a julgar pela lista de clientes encontrada no "consultório" entretanto abandonado, que haverá pelo menos mais uma vintena de pessoas burladas. Contabilizar a totalidade dos crimes é, portanto, difícil, embora, naquela capital alentejana, se murmure que possa ascender a algumas centenas de milhares de euros. D. Isaura, tal como a sua assistente, está a monte.

D. Isaura chegou de rompante a Portalegre. Alugou um apartamento pelo qual pagou antecipadamente dois meses. Depois, dirigindo-se a uma rádio, tratou de publicitar a sua arte: combatia o mau-olhado, tratava de desalinhos amorosos, oferecia ajuda para questões de saúde, entre muitos outros problemas.

Nada de muito diferente em relação ao que, todos os dias e em todos os lados, é oferecido por dezenas e dezenas de videntes. E até nem se dá o caso de naquela cidade, ou suas imediações, não existirem outras pessoas dedicadas aos mesmos afazeres, mas a verdade é que a propaganda que fez surtiu efeitos quase imediatos, com o povo a acorrer ao seu consultório.

Uma entre muitas a recorrer aos serviços da vidente brasileira foi a ex-professora Maria Fernanda Gonçalves. Esta é, também, uma das duas pessoas que, descoberta a burla, ousou participar a ocorrência à polícia. "As pessoas têm que se queixar, para que quem comete estes crimes seja apanhado. Mas, infelizmente, aqui em Portalegre, as pessoas são cobardes e agora, porque têm vergonha de terem sido enganadas, preferem calar-se e perder o dinheiro e jóias, do que denunciar os seus casos."

Uma mensagem e uma ida ao cemitério

Maria Fernanda confessa que nem sequer é grande fã de videntes, atribuindo essa preferência ao seu marido. Quando ouviu falar de D. Isaura, de seu verdadeiro nome Janine Terino, teve, contudo, a curiosidade de saber "o que era uma mãe de santo". E vai daí, como o casal até tinha alguns problemas familiares e "uma amiga já tinha falado da mulher", lá resolveram marcar uma consulta.

"Na primeira vez, depois de fazer algumas perguntas sobre nós e os nossos três filhos, a mulher acabou por mandar o meu marido tirar à sorte uma das várias folhas A4 que lhe estendeu. Então, depois do meu marido tirar uma, ela passou-a por um prato com água e apareceram umas coisas escritas. Ela disse logo que a nossa casa estava amaldiçoada e que, no dia 13, se nada se fizesse até lá, um dos meus filhos nos iria matar a todos [Fernanda, o marido e dois outros filhos]", contou ao PÚBLICO a antiga professora, que também frequentou os cursos de Medicina e Engenharia Civil.

O segundo passo do "trabalho" iniciado por D. Isaura consistiu em mandar o casal ao cemitério de Portalegre. "Disse para virarmos na primeira avenida à direita. Depois, quando chegássemos a uma campa com o nome Maria Novo, devíamos contar outras oito e na oitava, junto ao pé esquerdo, tínhamos de cavar até encontrar alguma coisa. Assim foi", disse ainda Maria Fernanda.

Da terra junto ao pé esquerdo da campa indicada (a única da fileira que não possui mármore) saiu então um saco plástico. A assistente da vidente, de seu nome Mara, que entretanto acompanhara o casal, tratou, já em casa, de examinar o conteúdo. "Estava lá um sapo morto, dois ou três pedaços de cobras, uma tesoura em miniatura, fitas de seda preta com nós, quatro bonecos pequeninos com alfinetes espetados e enfeitados com guitas e um tritão, que parece que é a forquilha do Diabo", contou a vítima.

Do interior da cabeça de um boneco, a ajudante da vidente terá retirado um papel - "a letra era igual à do primeiro que ela, dias antes, passara pelo prato com água". Este papel levou o mesmo tratamento e terá surgido nova mensagem. "Dizia que no dia 13 íamos morrer todos e estava assinado por um dos meus filhos", contou.

D. Isaura, entretanto, fazia rezas. "Gritava e batia com um pé no chão, como se fosse uma cabra...".

A salvação por 50 mil euros e os ovos

A terceira parte do "trabalho" da vidente foi estabelecer um preço para a salvação da família: nada menos que 10 mil euros por cabeça, o que no caso do agregado de Maria Fernanda dava 50 mil. Como esta não tivesse a dita importância, mas apenas 15 mil, condescendeu em aceitar ouro e jóias, que a dona avalia em "sete a oito mil contos".

"Eu e o meu marido entregámos tudo o que tínhamos. Ela fez montes com as notas e cruzou-os uns sobre os outros. Juntou o ouro e, depois de mais umas rezas, atou tudo num guardanapo, meteu dentro de um saco de plástico e mandou guardá-lo num local onde ninguém pudesse mexer", contou a professora, especificando que esta passagem ocorreu em sua casa.

O saco com o dinheiro e as jóias terá então ficado guardado num móvel. Entretanto, Maria Fernanda, numa outra consulta e a mando de D. Isaura, muniu-se de três ovos, que transportou numa caixa de plástico. Surge aqui outro mistério. Apresentados os ovos à vidente esta, munida de um crucifixo, e depois de mais rezas, mandou cada elemento do casal escolher um, e colocá-los nas mãos. "Com o crucifixo partiu o do meu marido e de lá de dentro saiu um sapo e pedaços de cobra, depois fez o mesmo ao meu e o resultado foi o mesmo. Só o terceiro, que não pertencia a ninguém, estava bom".

Galinha e bugigangas

E chegou o dia 5 de Janeiro, o dia da última consulta, embora Maria Fernanda o não soubesse. Nessa data, a mando de D. Isaura, recebeu-a na cozinha de sua casa, na companhia do marido e de uma galinha - "nem branca, nem preta, nem nova nem velha, nem gorda nem magra" - que a vidente pedira para poder consumar mais um passo do "trabalho".

"Eu e o meu marido ficámos sentados, cada um em sua cadeira, costas com costas. A D. Isaura fazia rezas e batia outra vez com o pé no chão, como as cabras. A Mara, a quem havíamos entregado o saco com o ouro e o dinheiro, andava à nossa volta e dava-nos com o saco nos ombros", recorda a antiga professora.

Depois, a vidente terá agarrado na galinha, que estava viva, e colocou-a numa mão de Maria Fernanda, que a segurou pelas patas. "O chão da cozinha ficou cheio de sangue e ela [a vidente] disse logo que, se não tivesse feito o trabalho, eu e a minha família teríamos morrido. Que se não fosse num acidente, seria porque o meu filho mais velho nos matava".

O "trabalho" parecia assim concluído. O casal voltou a guardar o saco do dinheiro e ouro no móvel e ficou de, dois dias mais tarde, pelo meio-dia, passar na casa da vidente. "Fiquei desconfiada. Apesar dela dizer para ninguém mexer no saco, fui ao móvel e apalpei-o, para ver se estava lá tudo. O meu marido, esse, tinha muito medo e só gritava. Apalpava e parecia que estava a mexer no dinheiro, e também sentia um relógio de bolso antigo, só que a corrente não me parecia a mesma. Deu-me uma coisa e tirei o saco, rasguei-o e, lá dentro só havia relógios da loja dos chineses, fios de missangas e pevides e folhas de jornal como se fossem maços de notas", contou a antiga professora.

Num ápice foram até à casa da vidente. Nada. Ninguém abria e também ninguém atendia o telefone. Aos poucos começaram a surgir outras pessoas, todas elas com sacos nas mãos. Todas elas em demanda de D. Isaura. Parece que sumiu da cidade a 5 de Janeiro.

Por JOSÉ BENTO AMARO
Fonte: «Público», Domingo, 30 de Janeiro de 2005




Centenas de Casos por Ano


São às centenas as burlas praticadas anualmente, em Portugal, por pessoas que se intitulam videntes. Fonte da Polícia Judiciária de Lisboa, mesmo sem conseguir adiantar um número exacto - porque este tipo de crime é contabilizado com outros que, no entanto, não envolvem pessoas relacionadas com as "práticas do além, dos espíritos ou seja lá o que for" -, refere que são frequentes as participações de gente que se diz enganada por quem lhes promete resolver qualquer tipo de problema.

Uma das histórias mais caricatas ocorreu, no início da década de 90, na Damaia. Uma jovem a quem o namorado abandonara recorreu aos préstimos de uma vidente de Almada. Esta, com duas familiares, tratou de a consultar e, tendo concluído que toda a casa da cliente estava possuída pelo demónio, achou por bem carregar todo o recheio da habitação - "nem os pregos ficaram nas paredes" - para um denominado Centro de Defumação do Terreiro do Paço.

Mais tarde apurou-se toda a verdade. Parte do recheio da casa havia sido vendido pela vidente e o seu companheiro. O dinheiro sacado voou e o namorado da jovem ludibriada não voltou.

"As pessoas, mesmo aquelas com mais habilitações, não têm a noção do que fazem. Metem-se com videntes, virtuosos, endireitas, ou seja lá o que lhes quiserem chamar, e depois é o que dá...", remata a mesma fonte policial.

No caso de Portalagre, diz-se que há mais de duas dezenas de burlados, até médicos. Alguns deles terão entregado mais de 15 mil euros em dinheiro e valores incalculáveis em jóias. No entanto, para além de Maria Fernanda, só uma outra mulher, lesada em 200 euros, participou o caso à polícia.

Fonte: «Público», Domingo, 30 de Janeiro de 2005



Editado 1 vezes. Última edição em 30/01/2005 16:40 por Alef.

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 30 de January de 2005 22:03

As pessoas tem problemas vários, muitos deles de indole espiritual, que pode ser complicados, porque na realidade as pessoas sentem na pele os seus efeitos. O problema foi que uma onda positivista pseudo-cientifica, assolou a Igreja e muita gente, incluindo padres deixaram não só de acreditar como deixaram de dar respostas ás pessoas. Tudo passou a ser uma doença qualquer, a enviar a um medico da especialidade, e no fundo não ajudam as pessoas a resolver as suas questões.
Os casos que me tem chegado as mãos confirmam isto que escrevo. Quando alguem tem um problema - que considera ter uma causa espiritual - a ultima coisa que espera é que a enviem a um psiquiatra. O que espera é ajuda, para um problema que realmente sente ter.
Praticamente empurramos as pessoas para essas videntes e afins, que se aproveitam da ingenuidade das pessoas e dos seus problemas, ganhando rios de dinheiro.
Há uns meses uma senhora disse-me ter falada já com dois padres que a conselharam ir a um psiquiatra. E ela disse-me que eu era o ultimo com quem falava, porque não admitia que a chamassem maluca, nem com problemas mentais. Para ela a questão era espiritual.
Retiramos a agua benta das Igrejas, racionalizamos tudo no que respeita à fé, a conclusão de tudo isto é o empurrar as pessoas para quem lhes promete a resolução das suas questões.

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 31 de January de 2005 00:00

OS NEGÓCIOS «ABENÇOADOS»
NUM MERCADO SEM FRONTEIRAS

Jornal de Notícias

«Santificado» mundo onde tudo impunemente pode acontecer

A exploração da crendice está transformada num dos maiores negócios com portas abertas em Portugal.
Apareça por aí qualquer cidadão, insinuante e bem falante, a procurar vender «banha de cobra» e logo se lhe depara um amplo mercado, pouco ou nada exigente, que facilmente se deixa manipular e que tudo compra a troco de quaisquer promessas...

Encarando a religião como uma forma de comércio, cuja mercadoria é constituída por milagres ou benesses sobrenaturais postas à venda por uns dinheiros, não falta quem receba de braços abertos os «apóstolos» que por aí vão surgindo ou faça a genuflexão ante corpos incorruptos que a crendice popular «santificou».

A facilidade com que nascem e crescem organizações que se reclamam religiosas está à vista, por exemplo, na Igreja Maná. Há cerca de 10 anos, um engenheiro, de nome Jorge Tadeu, após uma série de experiências a nível familiar, chegou à conclusão de que o seu futuro não estaria no exercício da profissão que começara por escolher mas, antes, numa outra actividade orientada para a ajuda a prestar ao próximo ou, mais propriamente, ao povo carente de auxílios vindos do Além. «Chamado por Deus», decidiu dar, então, livre curso à sua vocação e ei-lo a fundar a Igreja Maná como espaço de salvação para todos os males terrenos que afectem um pobre mortal. Estava, assim, montado mais um «hipermercado de milagres que, a breve trecho, podia ser apontado como bom exemplo de uma «economia de sucesso», seja pela pela larga clientela conquistada no mercado interno seja pelo alargar da sua presença a «outras terras e outras gentes» na Europa, na África e nas Américas.

No curto espaço de uma década, o «pastor» Jorge Tadeu arrebanhou centenas de milhar de crentes e a obra, embora nascida do nada, conta com dezenas de templos quer em Portugal quer nos demais países. Para acorrer onde é necessário levar a sua palavra, Jorge Tadeu outra alternativa não encontrou que não fosse a de passar a dispôr de avião próprio. É que ele ainda não dispõe dos «poderes» usufruídos por «concorrentes» como Maria da Conceição Mendes, a «Santa da Ladeira do Pinheiro», que já fez viagens ao céu levando vários anjos como guarda de honra...

A «mãe» Maria
na Ladeira do Pinheiro

A Maria da Conceição tem uma fama que corre mundo desde o dia em que fez saber que era «tu-cá-tu-lá» com o Espírito Santo (como revela um dos seus biógrafos, Pierre Gouraud). Tudo começou, em Abril de 1960, quando uma imagem de Cristo lhe lançou o primeiro sinal, com um aceno da cabeça. Seguiram-se os encontros com o Espírito Santo, as viagens ao céu, a sua ida «à presença de Deus que se encontrava num grande trono, onde o Pai Eterno se apresentava com barbas muito crescidas, tendo à direita Nosso Senhor Jesus Cristo e à esquerda a Virgem Santíssima Nossa Senhora e S. José» - de acordo com os relatos dos biógrafos da «Santa da Ladeira do Pinheiro».
Como personagem central de um sem-número de ocorrências reveladoras de que a Maria da Conceição faz parte do rol dos «escolhidos» ou «eleitos» para o desempenho de uma «missão celestial», a Ladeira do Pinheiro, a três dezenas e meio de quilómetros de Fátima e a meio caminho entre Torres Novas e Entroncamento, começou a integrar-se nos roteiros da crendice. Nos primeiros domingos de cada mês está programada a grande peregrinação ao «santuário» que ali se ergue por acção de graças da «santa», cuja fama se estendeu para além-fronteiras, certo como é que muitos dos devotos são provenientes do estrangeiro.
A «santa», a «mãe», a «irmã» (é assim que padres portugueses, espanhois, franceses e canadianos da Igreja Ortodoxa e os «apóstolos» se lhe referem) ali está à vista, qual sobrenatural tangível, para a todos receber, bem como para dirigir a cerimónia religiosa que se realiza na igreja edificada nos terrenos ocupados pela «mística», nos quais também são visíveis estátuas ou lápidas evocativas de «milagres» atribuidos a Maria da Conceição.
É certo que esta, após o «25 de Abril», já se sentou no banco dos réus, mas o tribunal não deu como provado que a ré fizesse «qualquer tipo de tratamento aos doentes», pois limitava-se a «incutir-lhes a fé em Deus». A mesmo sorte não teve durante o regime anterior, dado que ao ser também julgada, embora a ilibassem da acusação de prática ilegal e Medicina, condenaram-na pelo «crime de forma continuada no abuso de funções e jurisdições eclesiásticas» previsto a punido pela lei. O «santuário» seria mais tarde encerrado ao culto durante dois anos e reaberto em Maio de 1974.
Tudo não passa, porém, de acidentes de percurso que em nada afectam a determinação da «santa» em prosseguior com a sua missão na Terra...


«Santinha» de tropeço
- Um caso exemplar

Lá para os lados de Arouca, exactamente na freguesia de Tropeço, ganhou raízes um outro «santuário» com referência de destaque na rota da crendice em Portugal. A semente foi lançada à terra, em finais de 1975, através do anúncio do «milagre» de que era beneficiária uma criança, Maria Rosalina, que passara a viver sem ter necessidade de se alimentar!

Segundo alguns padres, num documento que elaboraram para denunciar os factos anómalos que se desenrolavam, a jovem teria apresentado sinais de eplipsia e sua mãe, convencida de que ela estava possuída pela alma de um antigo pároco da freguesia, teria levado a Rosalina à consulta de bruxas. Pouco depois, a jovem começou a entrar em êxtase e a ser visitada por Nossa Senhora, com quem passou a ter conversas...

( onde é que já li isto????)


Criadas, assim, condições para anunciar ao mundo a existência, em Tropeço, de uma nova «santa», tanto bastou para que legiões de crentes no «sobrenatural tangível» descobrissem novo local de peregrinação. Inicialmente, em qualquer dia mas, actualmente, apenas nas manhãs de sábado e domingo, a aldeia perdida nuns montados de Arouca, tornou-se pouco de encontro de gentes oriundas das mais diversas regiões do país e do estrangeiro. Homens e mulheres que se debruçam sobre a Rosalina, deitada na cama e com um crucifixo entre as mãos, a fim de lhe ciciarem pedidos a troco de ofertas em dinheiro.

( novamente a sensação de deja vue???)

Quando a fama do «santuário» já corria mundo, as autoridades ainda tentaram pôr cobro ao insólito acontecimento e, para o efeito, o Ministério Público moveu uma acção com vista a que a Maria Rosalina fosse retirada da tulela da mãe sobre quem recaiam suspeitas de ser e responsável pelo que se passava. Só que o juiz sentenciou que a jovem «é bem cuidada na sua enfermidade pela mãe» e que não se provou que «os pais ou a menor de algum modo exijam ou tão-só solicitem dinheiro aos visitantes», pelo que «mau grado o estado de religiosidade da menor e da mãe» não se motrava adequada para a Rosalina a sua separação dos pais. Determinou, no entanto, o magistrado que a menor «não poderá ser visitada por pessoas com as quais não mantém quaisquer tipos de relações», cabendo à GNR a fiscalização do cumprimento desta medida.

Tal decisão nunca foi acatada e a própria mãe da Rosalina declaraou peremptoriamente que sua filha não deixaria de receber quem a procurasse nos dias e horários estabelecidos. Quando, em 13 de Março de 1982, a Maria Rosalina completou 18 anos de idade, logo sua mãe anunciou: «Ela, agora, é livre e pode receber quem quiser, ainda que seja um milhão!»

...E assim, de facto, continua a acontecer com a Maria Rosalina a motivar a peregrinação dos seus crentes aos sábados e domingos, pela manhãzinha...

...E a obra nasce

Um outro «santuário» nasceu há mais tempo em Vila Cova à Coelheira, Vila Nova de Paiva. Foi em 28 de Junho de 1939 quando Maria Ferreira Saraiva, a «Saraiveta», então com 10 anos de idade, e Benjamim dos Santos (14 anos) vigiavam cabras no monte da Lovagueira. Subitamente, «apareceu-lhes» Nossa Senhora a encarregá-los da missão de construirem uma capela naquele mesmo lugar.

(onde é que já ouvi isto???)

E, assim sucedeu, pois quando um(a) «vidente» sonha a obra nasce... Entretanto, como é da tradição, aquele monte serviu de cenário à «dança do sol» e a «chuva de flores» resultante de fenómenos «sobrenaturais», para que todo o mundo se convencesse de que «aquilo era coisa séria».

( pOis , mais uma repetição..)

Embora a hierarquia da Igreja Católica viesse a terreiro para se demarcar de tais acontecimentos, a verdade é que capela ergueu-se e não mais deixou de ser ponto e encontro de devotos.

( Onde é que já ouvi isto?)

O bispo de Lamego ainda chegou a proclamar que à Maria e ao Benjamim faltavam «dotes e qualidades indispensáveis para se poder dar algum crédito ao que dizem», mas os «pagadores de promessas», especialmente no dia 28 de cada mês, jamais deixaram de para ali peregrinar.
É mais um ponto de encontro de quem procura remédios para qualquer mal...








Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 31 de January de 2005 00:02

OS CRENTES SONHAM...
E OS «SANTUÁRIOS» NASCEM

Jornal de Notícias


"A crendice popular é uma «morada aberta» aos exploradores das fragilidades exibidas por qualquer cidadão que, em momento de desespero, nomeadamente em casos de doença, recorre ao que quer que seja na ânsia de pôr por ponto final ao seu sofrimento. Essa é uma realidade visível em qualquer lugar onde se realizam concentrações de pessoas atraídas pela palavra dos «profetas» que por aí pululam ou por «santos» e «santinhas» que povoam o imaginário colectivo... "


Corpos incorruptos
- O outro lado do negócio

Negócio rendoso é, também, o que vem prorcionando o aparecimento de corpos incorruptos. Sempre que, num cemitério, se procede a uma exumação e surge um cadáver mais ou menos intacto, apesar de enterrado há dezenas de anos, não falta quem pretenda ver nesse facto algo de milagroso, com «cheiro de santidade». E, desde logo, se geram movimentos populares com vista à criação de mais um santuário ao serviço do «povo sofredor».
O caso mais significativo acontece em Arcozelo, Vila Nova de Gaia, com «Santa Maria Adelaide», em honra de quem ali se ergueu uma capela por onde diariamente passam (e deixam esmolas) os crentes.
Trata-se de um corpo incorrupto posto a descoberto em 1915 e «canonizada» pela crendice popular. Segundo o seu biógrafo, a Maria Adelaide auxiliava muita gente pobre, gostava de crianças, reconciliava lares desavindos e «tinha umas mãos divinas para fazer rendas e fabricar doces», conseguindo assim dinheiro para as suas despesas e para auxiliar gente pobre. E tanto bastou para uma nova «santa» nascer e se tornar boa fonte de receitas. Curiosamente, as verbas ali amealhadas e outros valores, como ofertas em ouro, são administradas pela respectiva Junta de Freguesia que, assim, vê alargada a sua capacidade de avançar com obras de melhoramento de que a comunidade local se torna beneficiária. O que levou o antigo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, ao criticar o sucedido, a comentar: «Ou bem que as autarquias se atribuem fins cultuais, designadamente do culto católico, o que é anticonstitucional, colide frontalmente com a legislação da Igreja e detona contra o sentido civilizacional do nosso tempo; ou as mesmas autarquias, em troca decerto de meros interesses materiais, se ocupam em cultivar a sua anticultura da forma mais crassa socialmente e mais ofensiva dos valores religiosos.»

No entanto a «Santa Maria Adelaide» é, apenas, um exemplo, a que outros se poderão juntar, como são os casos do «Santo de Beire», da «Princezinha da Calçada», em Arreigada (Paços de Ferreira), da Margarida Dias Torres, em Vilela, da Cristina de Bragança, na Póvoa de Lanhoso, da «Santa de Anreade», em Resende (à qual, entretanto, foi posto cobro).

Quase sempre, a entronização de corpos incorruptos como «santos» começa por originar diferendos com as autoridades, gerando-se, até, confrontos com força policiais. Só que como «poderes mais altos se levantam» a vontade dos crentes acaba por se impor e mais um «santuário» passar a figurar no «roteiro dos milagres»...


Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 31 de January de 2005 00:04

"Visões e aparições

Como insondáveis são os caminhos da crendice tudo pode acontecer no «universo do sobrenatural»!
Por mais inacreditáveis que sejam as histórias, há sempre quem se mostre receptivo às «mensagens do Além» de que se fazem eco alguns «escolhidos». O «Salve Raínha», alcunha por que se tornou conhecido Manuel Francisco de Oliveira, era pastor e, um dia, sonhou (exactamente, sonhou...) que lhe aparecera «Santa Maria Justa» num sítio chamado Abelheira, Escariz. Como o pobre homem, que era pastor, tinha seis dedos em cada mão e pés, os populares, supersticiosos, consideravam tal facto estranho (daí, o alcunha com que o «baptizaram») e tudo contribuiu pra que fosse eleito à categoria de «vidente».

Divulgada a «boa nova» prontamente passaram a afluir ao local muitos populares que ontribuiram com dinheiro para que no penhasco da «aparição» de erguesse uma cruz. A Igreja Católica interveio, então, chamando a atenção para que no hagiológio não consta qualquer «Maria Justa» mas os fiéis não só fizeram «ouvidos moucos» a tal observação como. ainda, desembolsaram as verbas suficientes para a construção de uma capela que, em Abelheira, em honra daquela «santa».

A guerra que se instalou entre a parte da população e as autoridades civis e religiosa chegou a originar processos no tribunal e a hierarquia de Igreja Católica não se furtou, mesmo, a desmembrar aquela freguesia através de um interdito, mais tarde levantado. A benção da capela, em 1931, não evitou que a Abelheira fosse alvo de novo interdito, em 1943, mas depois, finalmente, «fez-se paz»...

Também em paz continuam a realizar-se, mensalmente, as peregrinações em honra da «Santa Leiteira», em Vergada, Argoncilhe, concelho da Feira. O ponto de encontro dos devotos é a capela erguida em honra da senhora Guilhermina que, no dia 25, não se sabe de que mês, no ano de 1934, quando fazia a distribuição de leite, ao abrigar-se da chuva debaixa dum sobreiro, «viu» Nossa Senhora. O «milagre» mobilizou os crentes e mais uma capela «nasceu»... Consequentemente, a «visão» da «Santa Leiteira» passou a ser assinalada, mensalmente, por uma peregrinação naquele dia, com saída do cemitério onde repousam os restos mortais da Guilhermina e chegada ao pequeno templo. Um percurso que contempla a passagem das tradicionais estações do Calvário...

... E, como é natural, em todas estas manifestações de fé, marcam presença alguns «miraculados» ou respectivos porta-vozes e representantes!

Contudo, neste maravilhoso mundo também sucedem factos susceptíveis de abalarem a boa fé do ingénuo cidadão. Recorde-se o que se verificou, em Rio Tinto, com aquela jovens imobilizada numa cama devido a alegada paralisia e que quiseram atribuir poderes de «santa». Cansada de desempenhar o papel que lhe tinham atribuido, decidiu fazer a si mesmo um «milagre» e pôs-se a andar... O que provocou não pouco desespero entre quem colhia beneficios da existência desse «santuário»... "

Pois, pois, são os milagres.....




Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 01 de February de 2005 02:04

Confirma-se o que digo.
Passou-se a dizer às pessoas que não o diabo não existe, que é tudo é doença explicavel pelas modernas "pseudo" ciencias, enfim....
Conclusão, as pessoas vão em busca dessas mesinhas e videntes, porque algumas mentes mais esclarecidas nas Igrejas deixaram de acreditar. Passaram a ser exploradas tantas pessoas simples e humildes.
Sempre procurei ouvir e ajudar e distinguir o que realmente é para médicos - SÉRIOS - e o que eu posso ajudar a resolver. E confesso que só me lembro de aconselhar uma unica pessoa a um medico meu amigo e de confiança.
É que o mal existe mesmo, e muita gente é mesmo atormentada por muita coisa ruim.

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de February de 2005 05:42

Há Padre com formação que são capazes de discernir o que é uma dúvida exsitencial, uma dúvida de Fé ou um momemnto em que as pessoas precisam de poaio espiritual de situações me que pessoas têm de facto graves problemas psiquiátricos.
SE uma pessoa se dirige a um padre porque "ouve a voz de deus " ou "do demónio", porque "está possuído por espíritos ou pelo diabo " ou se diz que é a "reencarnação de cristo na terra", ou se tem "visões divinas" , ou se diz que "tem uma missão para anunciar", , ou emso se acredita delirantemente "estar grávida do espírito santo "( este foi o delírio místico mais interessante com que contactei), se o Padre for uma pessoa consciente e bem formada ( e, neste momento, a maioria dos padres é-o), tem a serenidade de encaminhar essas pessoas para os serviços de psiquiatria.

A doença mental é uma doença e não um problema espiritual - Seria a mesma coisa que considerar que a diabetes ou o cancro ou a doença coronária são "problemas espirituais "
Não quer dizer que os pxdres não possam dar apoio espiritual a pessoas com doenças mentais ou outras, mas obviamente que não têm capacidade para tratar ou curar as doenças ou eliminar os seus sintomas...
È verdade que muitas pessoas com quadros psicóticos graves, quando são internadas, já recorreu a espíritas, bruxas e seitas, já form a"benzidas" a algumas já perderam muito dinheiro nas mãos de charlatões...... mas lá cabam por ir parar, felizmente pra elas.

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de February de 2005 05:54

Aliás, as pessoas que lerem este forum e que têm ou conhecem alguém que tenha este tipo de sintomas, não tenham receio de procurar ( ou encaminhar as pessoas com esses sintomas ) para uma consulta de Psiquiatria. Assim como não há exorcismos nem bruxarias que curem a SIDsa, ou cancro ou um enfarte de miocárdio, não há exorcismos que curem uma doença psicótica ... ( já se for uma histeria, é capaz de resultar...)

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 02 de February de 2005 01:05

Ora bem....
È por isso que na formação académica de um candidato a Sacerdote, existe uma cadeira de psicologia que ajuda e formar o candidato no discernimento

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de February de 2005 04:00

Eu sei.

Re: Charlatanices (pseudo-)religiosas...
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 13 de May de 2006 18:15

As pessoas com problemas, facilmente se deixam levar ...
Infelizmente, sempre foi assim.
Em quem devemos acreditar?!



Jeremias 17,5-10
Citação:
5Isto diz o SENHOR:
Maldito aquele que confia no homem
e conta somente com a força humana,
afastando o seu coração do SENHOR
.
6Assemelha-se ao cardo do deserto;
mesmo que lhe venha algum bem, não o sente,
pois habita na secura do deserto,
numa terra salobra,
onde ninguém mora.
7Bendito o homem que confia no SENHOR,
que tem no SENHOR a sua esperança.

8*É como a árvore plantada perto da água,
a qual estende as raízes para a corrente;
não teme quando vem o calor,
e a sua folhagem fica sempre verdejante.
Não a inquieta a seca de um ano
e não deixará de dar fruto.
9Nada mais enganador que o coração,
tantas vezes perverso:
quem o pode conhecer?

10Eu, o SENHOR, penetro os corações
e sondo as entranhas,
a fim de recompensar
cada um pela sua conduta
e pelos frutos das suas acções.

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.



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