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Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de January de 2005 18:01

Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Por FREI BENTO DOMINGUES, O.P.
Domingo, 16 de Janeiro de 2005 , Público

Mas em vez de ceder a perigosos esquematismos impostos por este espaço, julgo preferível dar a palavra ao próprio K. Rahner acerca da forma como lidava com os dogmas e posições do magistério eclesiástico em questões que levaram muitos católicos militantes a abandonar a Igreja. Não só em Portugal.

"Uma identificação última com a essência fundamental da Igreja não significa, de modo nenhum, que estejamos de acordo com todas e cada uma das coisas que se fazem na Igreja. Nem com tudo o que a hierarquia ou o Papa realizam, nem mesmo com todas e cada uma das coisas que o ensino oficial da Igreja apresenta.

"O autêntico dogma da Igreja constitui algo que me obriga absolutamente. Como cristão e como teólogo, com certa ansiedade de espírito e coração, devo perguntar-me - com não pouca frequência - qual é o verdadeiro sentido de uma afirmação que o magistério da Igreja mantém como dogma, para lhe dar o meu assentimento de modo honesto e tranquilo.

"Ao longo da minha vida nunca senti que isso fosse impossível. Em relação a esses dogmas, dei-me conta, claramente, que só podem ser bem entendidos quando se torna patente o seu sentido na linha da abertura ao mistério de Deus, sabendo, por outro lado, que foram formulados em condicionamentos históricos determinados. Esses dogmas encontram-se inevitavelmente numa espécie de amálgama que, de facto, não pertence ao conteúdo da declaração dogmática e que pode mesmo levar a que esse conteúdo seja mal interpretado. Isto acontece também porque esses dogmas estão formulados como regulações linguísticas que, para serem fiéis à realidade a que aludem, não deveriam permanecer sempre iguais, nem com as mesmas palavras com que foram formulados.


"As coisas são diferentes quando se trata deste ou daquele ensino mantido pelo magistério como oficial, apresentado como vinculante, mesmo que não tenha sido 'definido'. Julgo que, por exemplo, nem a argumentação básica nem a autoridade de ensino da Igreja a que, de facto, se recorre oferecem um fundamento convincente e obrigatório para aceitar a discutida doutrina de Paulo VI na 'Humanas Vitae'. O mesmo se diga acerca da declaração feita pela Congregação da Doutrina da Fé que pretende excluir, por princípio, a ordenação de mulheres, como algo a aplicar em todos os tempos e culturas" (cf. "Scriften" XIV, 1980).


Re: Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de January de 2005 21:47

O que o Rahner escreveu está obviamente correcto.

Aliás parece-me totalmente absurdo que toda a gente concorde que o texto bíblico tem de ser interpretado e contextualizado e que alguns considerem que tal não ocorre com os dogmas, que teriam de ser interpretados literalmente, sem interpretação ou contextualização.

Para além do facto que entendo que o importante é o dogma, ou seja a ideia essencial nele contida, e não aquele conjunto de palavras em particular, as quais podem ser elas próprias reformuladas se outras palavras puderem ser utilizadas com maior vantagem para apresentar o mesmo dogma.

Mas apesar de ter sido o Rahner a escrever aquelas palavras, elas não constituem um dogma e estão abertas à discussão.

Por último, quanto mais vou lendo, maior é a minha convicção que se os católicos militantes que abandonaram a Igreja, segundo as palavras de Frei Bento Domingues, em vez de votarem com os pés, tivessem utilizado a cabeça e estudado um pouco de teologia, havia desde logo duas vantagens:
- eles estavam melhores;
- nós estávamos melhores.

João (JMA)

Re: Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 21 de January de 2005 09:01

Os dogmas católicos servem bem para o exercício da retórica e da basófia, não para o exercício da fé. O essencial da fé está nos dez Mandamentos, nas bem-aventuranças e no mandamento novo e o único dogma essencial é aquele que faz da Igreja testemunha da Ressurreição. Há muito a fazer para que a Fé se cumpra no dia a dia e na história, mas nos dogmas há muito de incongruência intelectual, infantilidade e presunção. São mais o membro tinhoso que urge podar, que o fermento de aprumo, dignidade e comprensão na fé. São o princípio de uma obediência sem inteligência e sem amor.
Quando forem parar ao lixo será o dia 1 da Igreja que escuta o que o Espírito tem para dizer às Igrejas. Na melhor das hipóteses vejo o conjunto dos dogmas como folclore religioso ou na pior das hipóteses uma tentativa de encarcerar Deus nas catacumbas do Vaticano.l

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Re: Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 21 de January de 2005 09:26

Que horror, Albino!

Mas que afirmações mais dogmáticas e sem fundamento! E viva o preconceito!

Qualquer dia passarei por este tópico.

Alef

Re: Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 31 de January de 2005 10:27

Caro Alef,
É possivel que exagere, mas gosto de dizer aquilo em que vou pensando, embora nem tudo o que se pensa deva ser dito ( como é de bom tom afirmar-se).
Penso ainda que os dogmas católicos constituem um obstáculo intransponível à unidade dos cristãos. Que a Igreja Católica actualize a doutrina admito-o como desejável. Por exemplo as formulações sintéticas das obras de misericórdia, os dons do Espírito Santo, o pensamento sobre a Eucaristia e a estrutura das comunidades de crentes, a estrutura da própria Igreja. Mas a Fé não... A Fé vem de Deus pela boca dos Profetas e de Jesus Cristo. Jesus Cristo nunca disse que Pedro era infalível (basta ler o final do Evangelho de S. João para comprender o realismo das preocupações do Mestre) e querer impor aos cristãos a crença de que a Virgem Maria está no Céu com o mesmo corpo com que viveu na Terra é de pasmar (da Fé há sempre testemunhos credíveis; e a física e a biologia do Céu não são certamente os mesmos que na Terra). Deus vai-se revelando através de modelos que se vão universalizando. É a universalidade do apelo à santidade que as bem-aventuranças tão bem documentam... É a universalidade da adopção filial em Deus que Jesus Cristo nos trouxe, é a esperança da vida imortal e da ressurreição. Às vezes penso que os dogmas acabam em nos fazer pensar que Jesus Cristo era ateu (será que há cristãos ateus?).

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Re: Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 01 de February de 2005 22:11

Ao contrário do que dizes, Albino, os dogmas são absolutamente necessários.

Os dogmas são afirmações de Fé ensinadas pela Igreja como Revelação de Deus, consequentemente têm como resultado a união dos cristãos à volta destas verdades reveladas. Nunca a desunião.

Não são de modo algum infantis, ou incongruentes e é um completo disparate aceitar um dogma sem o tentar compreender. Essa atitude é que será infantil, não o dogma.

Como escreve Rahner "dei-me conta, claramente, que só podem ser bem entendidos quando se torna patente o seu sentido na linha da abertura ao mistério de Deus". Têm de ser lidos, percebidos e contextualizados.

Referes que "São o princípio de uma obediência sem inteligência e sem amor". Ora, sem uma e outro, não os consegues entender.

Outra coisa é apanhares uma frase desgarrada, tirada de um contexto e dizeres Eis o dogma. Isso é que será disparate. E isso é que gera confusões.

João (JMA)

Re: Como Lidar com Os Dogmas Católicos
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 02 de February de 2005 23:38

JMA,

Concordo contigo: os dogmas são absolutamente necessários. Todavia, convém saber exactamente quais aqueles que foram forma proclamados como dogmas e aqueles que se pensa que são dogmas, mas não o são.

Luis



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