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Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: trento (IP registado)
Data: 13 de January de 2005 15:15

Uma questão que sempre me fez alguma espécie, é esta relativamente aos espíritos e afins. Sempre tive alguma dificuldade em interpretar teológicamente e mesmo na minha vida pessoal estas questões?
Certo dia desta semana um colega meu, cujo filho tinha problemas gástricos, foi a uma curandeira que com umas "rezas" (finalizando-a com um pai-nosso e com uma avé-maria) resolveu o problema que o filho dele tinha e até ficou melhor, se calhar interpreto eu coincidência, mas que me deixa a pensar este tipo de questões deixa.
Por vezes nem os médicos conseguem curar certas e determinadas situações que depois estas pessoas os conseguem resolver. No entanto este tipo de curandeiras(os) nem os considero de "bruxas" porque sinceramente nem invocam os mortos, nem os espíritos, nem algo do género, pelo que pude depreender da conversa que tive com esse colega, mas ouve-se tanta coisa sobre espíritismo.

De seguida transcrevo dois excertos bíblicos que de certa maneira e por coincidência ou não (dado que estive a falar com o meu colega esta semana), foram leituras dos evangelhos desta semana (terça e quarta feira).

Como podemos e devemos nós cristãos interpretar teologicamente estas coisas?


Evangelho segundo S. Marcos 1,21-28.

Entraram em Cafarnaúm. Chegado o sábado, veio à sinagoga e começou a ensinar. E maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. Na sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a gritar: «Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de Deus.» Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande grito. Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» E a sua fama logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.


Evangelho segundo S. Marcos 1,29-39.

Saindo da sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João. A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. Aproximando-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, e a cidade inteira estava reunida junto à porta. Curou muitos enfermos atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não deixava falar os demónios, porque sabiam quem Ele era. De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.» Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.

«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 13 de January de 2005 17:11

Trento


Esta questão, chegou na hora H.

Uma família Portuguesa, telefonou-me a semana passada, se os podia ajudar...Pediram-me para falar com o senhor bispo desta diocese a respeito de exorcismo. Pois tem um filho doente. Os medicos não encontram mal algum no rapaz. Só que não pode trabalhar, sente-se mal, com dores no estômago, garganta e cheio de aflições. Frequentou a universidade, desistiu, frequentou o seminário em Vancouver, desistiu e não pode trabalhar...
Assim foi, falei com o sr. bispo, disse-lhe tudo o que a mãe me disse para dizer. O senhor bispo, já tem alguém em contacto com o jovem rapaz!
Este rapaz pediu ajuda a um padre, não quis saber do assunto. O que eu já vi é: há padres que acreditam e outros, que não acreditam, assim como outras pessoas!
Acho que precisamos ver, para querer....
Em bruxaria, não acredito. Acho que um católico, nem deve acreditar nisso. Exorcismo, não estava muito dentro deste assunto...mas como, os bispos actuam, creio ser verdade!!!
Ficarei dentro do assunto deste rapaz, depois vos direi!!!Gostava de assistir ao exorcismo...

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 19 de January de 2005 00:59

Para que este tópico não "morra" esquecido, aqui vão umas leves considerações, ao correr das teclas...

Este é um daqueles temas que se presta a grandes "serões", muitas histórias mais ou menos atemorizadoras, mas pouco ou nada de "substancioso" quanto a esclarecer as nossas dúvidas... Talvez com a excepção do P. Óscar Quevedo, fundador do «CLAP», Centro Latino-Americano de Parapsicologia (vale a pena ler os artigos que estão on-line), não me lembro de encontrar alguém da área teológica que se sinta à vontade a falar destes temas tão incómodos na teologia cristã e católica como são os espíritos, os exorcismos ou o diabo. Excluo, propositadamente, certos "filo-demoníacos", muitos deles meros charlatães, com fins vários.

Embora não partilhe de alguns elementos mais "radicais" do P. Óscar Quevedo, parece-me que a sua linha é, em geral, bastante segura. Muito do seu trabalho tem sido o de desmascarar muita manobra oportunista (sobretudo espiritista ou espírita), que se aproveita da fé supersticiosa de muita gente. Desenvolveu também, ele e o CLAP, muita investigação científica que permitiu mostrar que muitos dos ditos fenómenos com "espíritos", não deixam de ser naturais e relativamente frequentes; mesmo sendo "paranormais", nada têm a ver com supostos espíritos. Um caso bastante comum mas relativamente simples é o das chamadas "casas assombradas". O CLAP, que está também presente em Portugal, tem resolvido muitos desses casos, sem necessidade de exorcismos (conheci um desses casos).

Naturalmente tenho poucas certezas acerca de tema tão "obscuro", mas posso apontar alguns "postulados":

- os espíritos dos mortos não andam por aí, a interferir com a vida dos vivos; os mortos estão em Deus e não andam "errantes";

- os muitos relatos de "aparições" de mortos têm outras explicações que não a literalidade do que narram (quem ler os livros do P. Quevedo encontrará relatos muito curiosos);

- as experiências espíritas são (quase) sempre "truque", mesmo que inconscientes (porque a mente também nos passa rasteiras);

- mais do que preocuparmo-nos com os espíritos e o(s) demónio(s), de que (quase) nada sabemos, é importante centrarmo-nos naquilo que é essencial no Cristianismo: Deus ama-nos e o seu amor impele-nos a fazer o mesmo. Deus-Amor é Quem tem a última palavra sobre a nossa vida, não os supostos espíritos ou os demónios. Parafraseando o que já disse a um interlocutor noutros tempos: "deixemos os espíritos em paz" e centremo-nos no essencial.

Quanto ao exorcismo, vale a pena reforçar o que se vai discutindo noutro tópico: o grande exorcismo de que dispomos é a celebração do Sacramento da Reconciliação.

Ah, mas perguntamo-nos: e então, que dizer dos espíritos (legiões!) que os evangelhos dizem que Jesus expulsou? (Ai, que é desta que sou excomungado! ;-)). Um bom livro de Cristologia (por exemplo, o de Walter Kasper, Jesus the Christ) será suficiente para ver que estes textos não são propriamente relatos jornalísticos e muito menos relatórios médicos, mas textos de fé, catequeses. Ora, a mensagem principal de fé que ali está é a de Jesus veio para libertar do poder do mal e que o Seu poder vence o mundo das trevas. E esta é a grande mensagem, válida para nós, hoje. Se as chamadas "possessões" eram apenas epilepsia ou verdadeiras possessões diabólicas, isso é relativamente secundário para a compreensão da missão e pessoa de Jesus.

Espero que não venham mais dogmas correlativos ;-)

>:D

Alef

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de January de 2005 01:50

Da CID 10 - Diagnóstico e classificação de alguma doenças mentais.

Alguns diagnósticos a la carte, ,para explicar fenómenos de "possessão demoníaca":


F44.3 Estados de transe e de possessão

Transtornos caracterizados por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito.

Exclui:

esquizofrenia (F20.-)

intoxicação por uma substância psicoativa (F10-F19 com quarto caracteres comum .0)

síndrome pós-traumática (F07.2)

transtorno(s):

· orgânico da personalidade (F07.0)

· psicóticos agudos e transitórios (F23.-)


F44.5 Convulsões dissociativas

Os movimentos observados no curso das convulsões dissociativas podem se assemelhar de perto àquelas observadas no curso das crises epiléticas; mas a mordedura de língua, os ferimentos por queda e a incontinência de urina são raros contudo; além disto, a consciência está preservada ou substituída por um estado de estupor ou transe.


Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de January de 2005 04:41

Alef


Um dia, ouvi dizer isto de uma senhora idosa, que já partiu:
Tudo o que tem nome, existe!!! E quem se vê em aflições, experimenta tudo. O que querem é salvar um familiar...
Porque as pessoas se tentam suicidar? As pessoas devem cair num desânimo muito grande, penso! Eu já salvei uma pessoa...e já ajudei várias...A vida para muita gente é complicada.
Como dizes Alef, rezar, rezar andar sempre a bem com Deus.

Alef, não te esqueças, reza por mim e pelos meus:)

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: VS (IP registado)
Data: 27 de January de 2005 14:08

Caros Amigos

Jesus Cristo explicou no Evangelho Segundo S. João, que o que nasce do Espirito é Espirito e o que nasce da carne é carne, anunciando inequivocamente a existência do mundo Espiritual e a nossa natureza dual de Espirito + corpo + corpo intermédio (ligação entre corpo fisico e a alma ou Espirito). No Concilio do ano 553 DC, o poder politico de Roma, levou a Igreja resolveu acabar com a ideia da reencarnação administrativamente. Com efeito irritava os poderosos sem escrupulos a ideia de poderem ter de renascer como vitimas de senhores como eles.

Para se esclarecerem sobre este assunto recomendo:

O Livro dos Espiritos de Alan kardec

Podem fazer o download gratuito da WEB em vários sites Espiritas

BEM HAJAM
Vitor Santos







Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 27 de January de 2005 17:38

Caro Vítor:

Não é verdade o que afirmas. Nunca a Reencarnação foi uma crença dos cristãos. Nem podia ser. Já explicarei porquê.

A tua forma de argumentar, dizendo que a Igreja aceitava a crença na Reencarnação até 553, é a mesma que usam outras pessoas para dizer que antes do Concílio de Niceia os cristãos não acreditavam na Santíssima Trindade (falso!) ou que os sete sacramentos foram inventados pelo Concílio de Trento (falso!). Os concílios não inventam nada "ex nihilo", colocam “balizas” de ortodoxia naquilo que se torna problemático (pelo menos assim aconteceu na maior parte dos Concílios).

Por que razão digo que não acreditavam na Reencarnação? Porque a crença na Reencarnação é incompatível com a noção de Ressurreição. Ressurreição e Reencarnação implicam dois modelos antropológicos completamente opostos.

[Dei uma vista de olhos por vários "sites" espíritas e achei vergonhosa a forma como "confundem" as duas noções, como se fossem a mesma coisa...]

Basta pensar na ideia de identidade pessoal. No Cristianismo cada pessoa é única, nasce, cresce, morre e ressuscitará, não apenas como “espírito” ou como “alma”, mas na sua unidade de ser corporal-espiritual. É sempre única para Deus, que estabelece uma relação pessoal com ela.

Na Bíblia não há separação corpo-alma, ao modo espírita. O ser humano é um todo. Esse todo alma-corpo continuará único na Ressurreição. Não saltitamos de corpo em corpo... As noções de “corpo” e “alma” não significam na Bíblia o mesmo que significavam para os pitagóricos, ou para os platónicos, ou para os maniqueus, ou para os seguidores de outras escolas, correntes e religiões orientais.

Na Bíblia, quando se fala de "alma" entende-se o homem todo enquanto ser espiritual, em relação com Deus; quando se fala de "corpo" entende-se o homem todo enquanto ser dependente e mortal. Mas a identidade pessoal está associada a uma unidade.

O modelo reencarnacionista é completamente diferente. Possivelmente tu conhe-lo melhor do que eu, mas sei o suficiente para ver que é incompatível com o núcleo do Cristianismo. Apenas pergunto: onde está, no reencarnacionismo, a noção de identidade pessoal, central na Bíblia (Deus chama a cada um pelo seu nome, etc., etc...)?

Ora, Kardec pretende fazer a quadratura do círculo. Não é possível compatibilizar a ressurreição com a reencarnação.

De resto, cito-te apenas Hebreus 9:27: «[...] o homem está destinado a morrer uma só vez e, depois disso, enfrenta o juízo».

Como estou com pouco tempo, remeto-te para dois “links”:

- «Os textos bíblicos provam a reencarnação como diz Allan Kardec?» - lê-o devagar e com atenção.

- «Reencarnação» - trata-se de um fórum luterano. Indico este “link” por ter algumas respostas concretas ao “Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Li há uns anos um interessante livro de Jean Vernette, durante muitos anos secretário do Episcopado Francês para as questões de Seitas e Novos Movimentos Religiosos e uma autoridade na matéria (faleceu em 2002): Reencarnação, Ressurreição (inicialmente publicado pelo Círculo de Leitores, talvez em 1995 ou 96).

Bom proveito!

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 27/01/2005 17:51 por Alef.

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: VS (IP registado)
Data: 28 de January de 2005 20:51

Olá amigo Alef

Em primeiro lugar, ao falar de Biblia, julgo que é importante fazer uma distinção: O Velho Testamento e o Novo Testamento.

Na minha óptica o Velho Testamento serve essencialmente para contextualizar o Novo Testamento. As palavras de Cristo, são, para mim, o caminho seguro. É o Novo Testamento a parte da Biblia que é mais relevante.

Não sei que sites Espiritas visitou. Tratando-se de sites de organizações Federadas na Federação Portuguesa de Espiritismo, não compreendo o que possa ter de vergonhoso o facto de acreditar na reencarnação. É a resposta para a Justiça Divina. Ao nascermos todos Espiritos simples e ignorantes, com as mesmas oportunidades, vamos evoluindo de encarnação em encarnação, ao mesmo tempo que contribuimos para o progresso fisico do Universo. O grau de evolução moral , e consequentemente o grau de felicidade, de cada um depende do seu mérito. Mais justo que isto não consigo conceber. A felicidade referida refere-se à felicidade trazida pela evolução para a Santidade, não pelo gozo das coisas mundanas.

Se a vida fisica se limitasse a uma única oportunidade, que grande injustiça seria. Uns nasciam em berço de ouro com tudo, outros nasceriam uns desgraçados. Após a morte fisica as pessoas desapareciam até que um dia seriam reconstituidas por Deus para o julgamento final. Alguns nem acesso à Bibia têm, coitados. Seriam julgados de quê? De ignorância? Deus é BOM e JUSTO. A INTELIGÊNCIA SUPREMA. A JUSTIÇA DE DEUS É A JUSTIÇA DE UM PAI PERFEITO, É INFALIVEL, MAS NÃO É CRUEL NEM OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE.

Nós não temos várias vidas. Temos uma só vida enquanto Espiritos, mas muitos corpos fisicos. A cada vida corresponde uma espécie de amnésia sobre as encarnações anteriores. Mantemos sempre a nossa individualidade, enquanto espiritos. Se um homem passar por um estado de amnésia, não passa, por isso, a ter um carácter diferente. Assim também acontece connosco quando reencarnamos. A vida é um campo de trabalho e simultaneamente uma escola.

Por fim gostava de separar o trigo do joio. Efectivamente há muita gente a dizer que é Espirita (tal como outros se dizem astrólogos, etc.), que não o é. A palavra Espiritismo foi inventada por Alan Kardec. Trata-se de uma filosofia, que nada tem a haver com rituais nem com os curandeiros ou bruxos que para aí andam a explorar o povo. O Atendimento numa Associação Espirita é gratuito e visa esclarecer as pessoas e não conduzi-las a rituais estranhos.

Em Portugal, embora a ditadura tenha obrigado o movimento Espirita a ser clandestino até Abril de 1974, muitos homens e mulheres de grande credibilidade foram os fundadores do Movimento, designadamente os seguintes:

O dr. António Lobo Vilela, (matemático e escritor), Maria O' Neill (da Academia de Ciências), doutora Amélia Cardia (médica e escritora), doutor Alberto Zagalo Fernandes (ex-presidente da Associação Académica de Lisboa), professor doutor Adolfo Sena (da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), conselheiro dr. João José da Silva (presidente do Supremo Tribunal de Justiça), Pedro Cardia (jornalista), dr. Leonardo Coimbra (prof. da Universidade do Porto), etc.

BEM HAJAM
Vitor Santos

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 28 de January de 2005 21:21


O atendimento numa Associação Espirita é gratuito.

Mas podem deixar o que querem? Certo?


Posso saber em Portugal a direcção em que se podem dirigir? Conheço uma familia que precisa de ajuda...


Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 29 de January de 2005 02:08

Este é um tema importante e ainda bem que há dois lados a defenderem bem as suas ideias.

Eu não acredito em espíritos... ou melhor:

1. não acredito que após a morte, a nossa alma ande por aí de um lado para o outro a assustar ou a tentar comunicar com quem quer que seja... nisto sou muito claro: não acredito que alguém tenha tido seriamente qualquer contacto com qualquer outra 'dimensão'... perdoem-me... sou homem de pouca fé ;-);

2. não acredito na reencarnação, basicamente por aquilo que o Alex disse. E, apesar do que disseste Victor, acerca de encontrares nas palavras de Cristo o caminho seguro, não mostras depois onde é que Cristo fala da reencarnação, e tenho pena disso. Onde me baseio eu para dizer isso? Sem fazer longas explicações, digo no entanto que desde o início, o cristianismo ortodoxo nunca aceitou as teorias platónicas da metempsicose nem admitiu de perto nem de longe qualquer migração de almas ou qualquer purificação progressiva das almas à medida das suas várias encarnações: os cristãos nunca acreditaram na reencarnação, nem sequer os autores mais influenciados pelas teorias pitagóricas ou platónicas como um Clemente de Alexandria ou um Agostinho de Hipona defenderam de perto o que tu dizes... Cristo, que é plenamente Homem, não é a reencarnação de algo, mas a encarnação única de Deus, agora feito homem... pelo menos a Bíblia nunca o apresenta deste modo nem os seus discípulos mais próximos o entenderam assim; a sua Ressurreição, essa sim centro da fé dos primeiros cristãos, aponta o caminho único da nossa vida: por isso os primeiros cristãos acreditaram sempre serem chamados um dia a ressuscitar, como mostra Agostinho, em corpo (o que quer que este corpo seja) e alma, que é aquilo que forma o homem completo; sendo assim, não há individualidade da alma sem corpo, nem pré-existência, nem individualidade; o corpo não é um mero instrumento para a purificação das almas ou carcaça para os cristãos, mas faz parte da unidade antropológica do homem... uma concepção diferente é gnóstica e nunca foi defendida pela ortodoxia cristã... a reencarnação é uma teoria simpática, admito-o... mas a mim parece-me sem sustentação bíblica e sem sustentação nos Padres da Igreja.

3. Finalmente, não consigo compreender esta ideia de consultar os espíritos ou de recorrer a espíritos para resolver os problemas da terra... por favor, Ana!!!! Isso só mostra como a catequese dos cristãos deixa ainda hoje tanto a desejar... por que razão um cristãos há-de contactar um espirito ou um especialista em espíritos? E a oração? e a confiança em Deus? E a absoluta certeza de que Ele está sempre connosco? Meu Deus!!

Abraço fraterno!

Miguel

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 29 de January de 2005 04:32

Miguel

Eu nem acredito, nem desacredito!...E há padres que acreditam e outros que não... Há padres, um deles eu conheço-o que já serviu de exorcista...
Se algum padre tiver um caso deste alguma vez, me chame, gostaria de assistir:) Ai vejo se acredito ou não! No Canadá, cada diocese tem um exorcista.
Eu telefonei ao bispo desta diocese, sobre um caso que aquí se pensa que há e o sr. bispo imediatamente mandou um padre a casa dessa pessoa!

Venham mais opiniões:) O padre João Luis, não deve acreditar ainda não se pronunciou...lol



Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: VS (IP registado)
Data: 29 de January de 2005 20:41

Olá Ana

As Associações Espiritas crediveis são associações de pessoas que acreditam no Espiritismo, tal como foi definido por Kardec. Essas Associações sobrevivem com as quotas e donativos dos seus sócios. Não necessitam nem querem levar dinheiro pelo atendimento, por duas razões essenciais:

1) Porque o interesse material descredibiliza o Espiritismo (talvez por isso o progresso do Espiritismo seja lento);

2) Porque, acreditando na existência do Mundo Espiritual e na sua relação com o mundo material, acreditam que os Espiritos ajudam nas actividades. Interessa receber boas influências. Não é simpático aos Espiritos incorporeos moralmente mais Evoluidos servir de instrumento para sustentar negócios.
Caso as associações Espiritas se tornem negócios, as influências Espirituais seriam apenas de Espiritos menos evoluidos e ignorantes (que evoluirão, certamente, com a velocidade que o seu mérito permite, mas que, por enquanto, ainda estão muito atrasados), que podem contribuir para confundir as pessoas e prejudicar a associação.

No meio das Associações, como em todo o lado, poderão existir pessoas que se dizem Espiritas e não o serem na prática. Mesmo querendo Ser Espirita na prática, ser Espirita não é sinónimo de ser perfeito. É querer ser perfeito no sentido Cristão (embora com as nossas limitações):

- Não fazer o mal;
- Fazer todo o bem possivel;

O Bem, para os Espiritas, é a vontade de Deus. O homem conduz-se bem quando faz tudo em vista e para o bem de todos. Deus só tem um peso e uma medida para todos. O que é bom para nós, é bom para os outros. O que é mau para nós é mau para os outros.

O atendimento Espirita não é nenhuma sessão mediúnica. É uma reunião com pessoas consideradas pela Associação com conhecimentos para o efeito. O Objectivo é esclarecer as pessoas que lá aparecem. Muitas pessoas chegam às associações queixando-se de serem objecto de obcessão por parte de Espiritos. Muitas dessas pessoas não estão sujeitas a obcessões nenhumas. São vitimas de depressão e de outras doenças do mesmo foro. Outras são supersticiosas. A pessoa que faz o atendimento esclarece que a atitude certa perante a obcessão é o perdão e a oração pelo obcessor. Esclarece também que há obcessões que vêm de pessoas encarnadas (vivas) e não de Espiritos desencarnados. Que a raiva e a revolta contra o obcessor são erradas. Fazem-nos mal é a nós próprios. Esclarece, sobretudo, que os Espiritos obcessores aproveitam as nossas imperfeições morais. Por isso, o verdadeiro remédio é o auto-conhecimento, para a auto-melhoria moral.

Olá rmcf

Quem se diz Católico, acredita na comunicação com o mundo Espiritual. Efectivamente os Evangelhos referem várias comunicações com Anjos (por exemplo os anuncios a José e a Maria sobre o Nascimento de Jesus Cristo). Os Anjos são os Espiritos que os Espiritas designam de Espiritos Superiores (Espiritos que já evoluiram ao ponto de já não precisarem de reencarnar). Quem não acredita na comunicação com o mundo Espiritual é Agnóstico ou Ateu. Não é coerente ser religioso e não acreditar na existência do Mundo Espiritual.

Jesus Cristo, no Evangelho Segundo S.João, disse:

"3 Diálogo com Nicodemos - 1*Entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, um chefe dos judeus. 2*Veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: «Rabi, nós sabemos que Tu vieste da parte de Deus, como Mestre, porque ninguém pode realizar os sinais portentosos que Tu fazes, se Deus não estiver com ele.» 3*Em resposta, Jesus declarou-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus.» 4Perguntou-lhe Nicodemos: «Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez, e nascer?»
5*Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. 6Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é espírito. 7Não te admires por Eu te ter dito: 'Vós tendes de nascer do Alto.' 8*O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.»"

É uma afirmação clara da reencarnação (Jesus explica a Nicodemos que o renascer não é o renascer da carne - voltar ao ventre da mãe, mas o renascer do Espirito noutro corpo) e da dualidade Espirito/ corpo - "Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espirito é Espirito".

Enfim, só não vê quem não quer ver.´Há poucas passagens dos Evangelhos tão claras como esta. Se não houvesse dualidade, aquando da nossa morte fisica morria também o nosso Espirito ou Alma, ou seja, nada sobrava, pois todos sabem que o corpo fisico se degrada e decompõe, como qualquer bocado de carne animal. Assim sendo, os Católicos defendem que não há vida da Alma após a morte. Para Deus, tudo é possivel, mas esta teoria não me parece nada convincente.

Os Espiritas não se servem dos Espiritos para resolverem os seus problemas terrenos. Se alguém o tentar poderá cair nas mãos de Espiritos gozões e ignorantes.

Os Espiritos sérios comunicam-se para falar das coisas do Espirito. A moral que defendem é a moral que Jesus Cristo defende.

entrevista Padre Quevedo no site:

[orbita.starmedia.com]


14. O que acontece depois que a pessoa morre?

Padre Quevedo- À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. São Paulo já dizia que não morremos, mas nos transformamos! À medida que vamos deixando o corpo físico, ressuscitamos num corpo espiritualizado. Durante a vida, vamos continuamente trocando nosso corpo. Os ossos demoram uns 6 anos pra se trocarem totalmente, o resto do corpo em seis meses se troca por completo. A alma é a mesma, mas com estruturas diferentes. O processo da morte demora 21 dias, mais ou menos. Quando se termina a morte, aí começa a eternidade, mas em nenhuma fração de segundo há um corpo sem alma ou alma sem corpo! Ressurreição sim, reencarnação não!

Depois de ler isto, digam-me:

- Os Espiritas dizem que nós somos constituidos por corpo fisico, Alma e um corpo intermédio a que chamam perispirito, através do qual a Alma actua sobre o corpo fisico. Quando desencarnamos mantêm-se o perispirito e a alma. Qual é a tão grande diferença, em termos substantivos, para o que diz o padre Quevedo, se trocarmos na resposta dele "corpo espiritualizado" por "perispirito"?
- Afinal, de acordo com o Padre Quevedo, há dualidade entre o corpo fisico e a alma. Pois a alma permanece e o corpo fisico degrada-se (acho que ninguém tem dúvidas disso...);
- Como é que o padre Quevedo sabe todos os pormenores da duração da morte, incluindo o tempo que leva a transformação, se não há possibilidade de comunicar com o Mundo Espiritual onde estará esse tal corpo espiritualizado? Será que o Padre Quevedo já morreu e ressuscitou alguma vez?

Tenho muita pena da Igreja Católica não estar um pouco mais avançada. Não só nos conceitos filosóficos, mas tb noutras matérias, como os preservativos. Ainda há dias vi um programa de TV que mostrava que os desgraçados de um País pobre da America Latina morrem com SIDA e têm montes de filhos, só porque os padres lhe disseram que não devem usar preservativos e pior: dizem á população que os preservativos não são seguros para prevenir a SIDA. Face ao problema da SIDA, dizer que não se deve usar preservativos é um crime contra a humanidade.

A igreja Católica, com tantas instituições a prestar bons serviços, com exemplos extraordinários como S.Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, que para mim foi a Católica mais evoluida do Séc. XX, não só pelo que disse, mas essencialmente pela forma exemplar com que aplicou a Doutrina de Cristo à sua vida, etc., podia ser uma força gigante contra o materialismo, mas, infelizmente, tem um discurso que repele as pessoas, pois apresenta Deus como Uma Entidade Cruel, ao dizer que existe o inferno e o Diabo, em vez de O Apresentar como o PAI NOSSO. UM PAI MARAVILHOSO QUE NOS AMA A TODOS E QUER O MELHOR PARA NÓS. UM PAI CUJA JUSTIÇA É INFALIVEL MAS NÃO CRUEL. TAL COMO UM PAI PERFEITO, DEUS NÃO SE OFENDE, POIS ESTÁ ACIMA DA OFENSA, QUE É UM DEFEITO HUMANO.

Alguém tem dúvidas que Deus é O CRIADOR? Se Houvesse diabo seria Deus que teria criado o diabo. Deus, Inteligência Suprema, Omnipotente, lá iria criar de propósito um monstro destinado à infelicidade eterna? Ou será que os Católicos admitem a possibilidade de Deus ter falhado ao criar o diabo? Deus falha?



BEM HAJAM
Vitor Santos

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 30 de January de 2005 14:18

Dois comentários apenas caro Victor:

1. Não sei, mas não me parece que em qualquer lugar da tradição cristã se diga que os anjos são espíritos já evoluídos... de resto, muito haveria a dizer sobre a angeologia, que é um hoje um tópico praticamente abandonado pela reflexão teológica...

2. Acreditar que existe um mundo 'espiritual', uma vida em Deus, não é sinónimo de acreditar em espíritos que passeiam em busca de comunicação...

3. Não me parece verdade que a passagem de Nicodemos refira a reencarnação: a conversa parece ser antes de mais uma metáfora do baptismo, pelo qual o crente morre para a sua vida passada e renasce para uma nova vida... esse é um dos símbolos mais importantes do baptismo e desde o início, com a imersão nos baptistérios cruciformes era esse o significado...
estamos, naturalmente a falar de imagens e de metáforas para definir a conversão, a mudança de vida, a descoberta de Deus, o renascer através da Água e do Espírito Santo (que não é um "espírito evoluído"...) que, à semelhança do que aconteceu com Cristo, um cristão acredita que desce sobre o baptizado...

4. Quando Nicodemos pergunta sobre se um velho pode voltar ao seio da mãe, estamos perante uma pergunta retórica muito típica da literatura antiga e que encontra naturalmente o seu espelho na composição dos Evangelhos; certamente, encontra também correspondência na própria incompreensão que os discípulos de Cristo sentiram em relação à sua mensagem. É comum no Evangelho (e não só, reforço, visto tratar-se de uma técnica retórico própria do diálogo... basta ler Platão, para ver esta técnica de forma perfeita) este tipo de pergunta de total incompreensão (e.g. 'É agora que vais restaurar o reino dos Céus?', etc) que sugere a Cristo a explicação em seguida...

5. Jesus é claro: quem nascer da água e do Espírito (alusão ao Baptismo...) é que entra no Reino dos Céus...
a) que eu saiba nenhum bebé nasce da água, a menos que se suponham aqui as águas que envolvem o bebé na barriga da mãe, o que me parece um sentido completamente improvável para "hydor"...
b) o Espírito aqui referido em grego é "pneuma" o que se refere no Novo Testamento ao Espírito Santo (ao vento como seu metáfora/manifestação), que os Cristãos acreditam ser uma das pessoas da Trindade e não o espírito de algum mortal... o espírito como tu o entendes como parte espiritual de um corpo, ou até como alma diz-se em grego 'psychê' e é evidente que não é disso que se está aqui a falar... concordo que a tradução portuguesa pode gerar equívocos como o teu... mas parece-me que o grego não admite essa confusão...

6- Sendo assim, a dualidade entre carne e Espírito que aqui se encontra parece-me estar explicada pelo próprio grego: a carne (sôma) remete para o mundo puramente humano, como se, antes do Baptismo, não fôssemos senão carne: antes do Baptismo o nosso nascimento é puramente 'carnal' no sentido mais físico do termo, quando o bebé nasce da mãe; sem o Baptismo, viveríamos recolhidos e encerrados na nossa condição puramente humana como medida de nós próprios, e em nada diferiríamos de facto dos animais. Com o Baptismo efectua-se um nascimento para as coisas de Deus, uma espécie de renascimento onde o Espírito Santo desce sobre cada um dos baptizados. Não tem nada a ver, pois, com a dualidade corpo-alma (sôma-psychê), mas mundo apenas humano/terreno, à nossa dimensão (sôma) e o Pneuma, o Espírito de Deus que oferece à nossa vida terrena uma meta e um sentido divinos...

7- Um desabafo: hoje em dia acha-se que aprender hebraico, grego ou latim é uma coisa menor sem qualquer importância. Os próprios seminaristas ou noviços acham desnecessário: não há missa em latim; os textos que interessam estão traduzidos... Pois é... e depois, de pessoas que deviam ter responsabilidades, vêem-se incompreensões ou desentendimentos...

ABraço fraterno

Miguel


Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: VS (IP registado)
Data: 30 de January de 2005 20:30

Olá Miguel

De pouco adianta continuar a discutir este tema. As nossas visões do Mundo Espiritual são demasiado diferentes. Para além disso, você quer à força alterar as palavras que estão no Novo Testamento, o que é o mesmo que dizer que, para si, os tradutores das Biblias em português estavam errados. Nesse caso acho que deveria fazer uma carta para o Vaticano a dizer para alterarem as traduções das Biblias em Português, pois induzem as pessoas em erro. Isto não me parece um problema de menor importância, para a Igreja Catolica fechar os olhos ao assunto. Pertenci vários anos a grupos de jovens católicos e nunca ouvi dizer que as traduções correntes da Biblia em português estão erradas.

Mais grave ainda: O excerto do discurso de Jesus a Nicodemos que coloquei numa mensagem anterior foi retirado da Biblia que está acessivel através do site Paróquias.org. Deve avisar com urgência os responsáveis por este site.

Mas, caro Miguel, eu imagino Deus e Jesus Cristo como Entidades com uma Inteligência e Bondade infinitamente acima da nossa. Pela sua interpretação Deus resumia no ritual do baptismo o critério para atribuir alma aos homens. Entre um homem bom (como Jesus disse, os homens bons são aqueles que não fazem o mal e fazem o bem, ou seja aqueles que fazem/ querem para os outros aquilo que querem para si e que não fazem/ querem para os outros aquilo que também não querem para si) não católico (ou mesmo ateu) e um homem baptizado cruel, sem escrupulos, Deus escolheria o baptizado? Não lhe parece que isso seria uma injustiça? Parece-lhe que o Deus que Jesus Cristo fala, a que chama o PAI NOSSO, é injusto? Parece-lhe que Deus teria como critério a futilidade de um ritual humano como o baptismo, dependente da tradição cultural das pessoas, em vez da elevação moral? Isso não será ver Deus à semelhança dos homens, em vez do oposto?

Eu não consigo ver Deus assim. Para mim Deus é a Inteligência Suprema. A Causa Primeira do Todas as Coisas, que nos ama (Jesus Cristo disse para lhe chamarmos PAI NOSSO, não foi por acaso, decerto). O PAI NOSSO não se ofende, porque está acima da ofensa (a ofensa é coisa dos homens). O PAI NOSSO é BOM E JUSTO.

Se Deus fosse como você diz que é eu preferia não ser imortal. Preferia ser um animal sem alma. É triste para mim que alguém tenha uma imagem de Deus tão limitadinha. Mas essa é a minha opinião. Admito que outras pessoas vejam as coisas de outra forma, não se ofenda, pois estou a expressar o que sinceramente sinto.


BEM HAJA
Vitor Santos

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 30 de January de 2005 23:28

Caríssimo Vítor,

Não me ofendes nada... porque bem vejo que não percebeste o que eu quis dizer... eu não disse que a tradução da Bíblia em português está errada: mas tem sempre ambiguidades que a língua de chegada traduz, interpreta e ainda aumenta com as suas próprias particularidades de língua; e naturalmente poderia sempre ser melhorada a tradução. De outro modo haveria apenas uma única tradução, quando, só católicas, existem várias e todas diferentes nas escolhas lexicais e por vezes nos sentidos semânticos. Nem por isso erradas... mas isso é um problema de semântica e de linguagem...

De qualquer modo, acho muito interessante Vítor que na tua última mensagem não tenhas esgrimido um único argumento que se baseasse em outra coisa que não a sua opinião... fico com pena...

Já agora a tua interpretação de Deus e de Cristo como Entidades tem muito que se lhe diga: não entendo o que significa neste caso Entidade e não sei o que significa o plural aqui utilizado...

Entretanto, também vim para me retratar de um pormenor (é o que dá citar de cor). Naturalmente a oposição em S. João não é entre "soma" e "pneuma", mas entre "sarx" e "pneuma", o que mostra ainda melhor que não estamos a falar de 'espíritos'/almas (cujo contrário semântico poderia ser "soma" - corpo), mas dos que vivem agarrados apenas à sua condição humana (segundo a carne) e não se abrem ao Espírito Santo ('Pneuma')...

Abraço fraterno

Miguel

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: VS (IP registado)
Data: 31 de January de 2005 22:16

Olá Miguel

Tu disseste:
"De qualquer modo, acho muito interessante Vítor que na tua última mensagem não tenhas esgrimido um único argumento que se baseasse em outra coisa que não a sua opinião... fico com pena... "

Eu respondo:

- A Inteligência, Bondade e Justiça de Deus é uma opinião minha? Pensas de forma diversa?

- A Inteligência e a Bondade de Jesus Cristo é uma opinião minha? Pensas de forma diversa?

- Os homens bons são aqueles que não fazem o mal e fazem o bem, ou seja aqueles que fazem/ querem para os outros aquilo que querem para si e que não fazem/ querem para os outros aquilo que também não querem para si. isto é uma opinião minha? Discordas?

Em relação à Biblia, não concordo contigo. A tradução que tenho em casa confere com a tradução que se obtém através deste site. Já começa a ser coincidência demais. Duas traduções diferentes a dizer o mesmo... Em relação à Biblia em Hebraico, como dizes, cada tradutor tem a sua interpretação. Quem garante que a tua interpretação é a correcta? Quem me garante que és melhor tradutor que os outros?

Em relação ao facto de eu ver Deus e Jesus Cristo com Entidades distintas não vale a pena sequer iniciar a discussão. Para qualquer coisa que se diga podes ir buscar uma palavra em Hebraico, Grego, Latim, ou lá o que for, para dizeres que a tradução do Novo Testamento se interpreta de forma diferentte daquilo que está lá escrito em português.

Na realidade, amigo Miguel, esta discussão não vai a lado nenhum. Fica com a "bicicleta", na tua visão da vida, que eu fico com a "campainha", na minha visão. Espero que ambos tenhamos a capacidade de ter em vista pelo menos um objectivo comum: Fazer o bem e não fazer o mal, aplicando a doutrina de Cristo na nossa vida, lutando, assim, positivamente, contra o materialismo (no sentido de crença que nada mais existe para além do mundo material) e nos tornarmos melhores a nós próprios e a contribuirmos para tornar este planeta melhor. Já será um consenso muito positivo. O Mundo está a precisar de consensos e não de divergências.

BEM HAJAS
Vitor Santos

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 02 de February de 2005 20:04

Caro Fernando,

Nem tudo o que existe neste mundo, e a forma como ele funciona, é conhecido pela Ciência, e a medicina convencional é apenas uma pequena parte da Ciência. Pelo método científico que utiliza, nos últimos anos tem-me deixado um pouco frustado e céptico. Principalmente, desde que há cerca de quatro anos consultei um médico de medicina chinesa para resolver um pequeno problema de saúde que a medicina "ocidental" não me conseguia resolver.

Depois, temos a sabedoria pessoal que, embora nem sempre consiga ser validada empiricamente, tem resolvido diversos problemas de saúde ao longo dos anos. Já para não falar da componente psicológica do ser humano.

Para terminar, é necessário salvaguardar que nem todo o que o homem conhece, sabe e acredita, consegue ser explicado ou demonstrado.

Luis

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 02 de February de 2005 20:56

Gostei da explicação do Alef e do Miguel.

Sem querer melindrar ninguém, nem ir contra o movimento interreligioso, tenho de dizer que a ideia dos espíritos andarem aí a reencarnar me parece cómica.

Quando reencarnam têm uma amnésia e não se lembram das vidas anteriores. Quando depois se lembram de quem foram têm a tendência de ter sido sempre grandes personagens do passado.

Lamentavelmente não produzem nada tão grande como nas "suas" vidas anteriores.

A respeito dos espíritos concordo muito com o Pe Quevedo.

Haveria menos confusões com os espíritos se as catequeses fossem de melhor qualidade.

E ver reencarnação na Bíblia, quando uma das essências do Cristianismo é considerar a pessoa humana original, única e irrepetível criada por Deus?

João (JMA)

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: VS (IP registado)
Data: 04 de February de 2005 18:04

Olá João

Se é para mim que falas, não me melindras, pois estou, de boa fé, a apresentar o meu ponto de vista. Só me melindraria se estivesse convencido que estava a mentir.

Iniciei a minha busca na Igreja Católica, através de um grande homem, já desencarnado, o Padre João Cabeçadas, da Paróquia de S.Pedro e S.João do Estoril. Pertenci a movimentos de jovens. Enfim, procurei a resposta às minhas dúvidas no seio da Igreja Católica. Infelizmente as respostas não vinham e acabei por abandonar o movimento religioso. Mais tarde li e reli o Novo Testamento. Essa visão de Jesus Cristo, sobretudo aquela que consegui pereceber através do Evangelho Segundo S.João, embora a interpretação dos Evangelhos seja dificil, e a visão de Deus que Jesus Cristo transmitia, não me parecia coerente com o catecismo Católico. Curiosamente foi um livro católico que condenava o Espiritismo, que me desvendou a importãncia dessa Doutrina e me fez descobrir o Livro dos Espiritos de Alan Kardec. Ao ler esse livro, constatei aquelas respostas que há muitos anos eu procurava, estavam lá. Quando eu falo sobre as minhas convicções, não falo sobre o que diz o Padre Quevedo ou este ou aquele. Leio e tiro conclusões por mim próprio.

Jesus nunca disse a ninguém que era Deus. Jesus falava no PAI. A Oração que ele nos ensinou, o Pai Nosso, leva-me a crer que ele se referia ao mesmo PAI. Jesus apresentou-se-nos como um Irmão Maior, não como Deus. Este problema não me parece de grande gravidade, na medida em que a diferença de evolução Espiritual entre Jesus Cristo e o homem comum é tão grande, que, à nossa escala, considerá-lo Deus não será assim um erro muito grosseiro. Contudo, julgar que Deus, A Causa Primeira da Criação do Universo, se poderia limitar à encarnação num corpo humano, é uma visão que reduz inegávelmente Deus e que amplia estupidamente a nossa importância de seres humanos, habitantes desta pequena bola a que chamamos terra. Num universo tão grande, há grande probabilidade cientifica de apenas de estarmos num dos muitos milhões e milhões de planetas habitados. Quem somos nós, para ter o previlégio de ter Deus encarnado no nosso mundo? Como é possivel ter uma visão tão mesquinha de Deus, que nos possa passar sequer pela cabeça que o Criador, na Sua Grandeza, se viria encarnar num corpo humano, nascido do ventre de uma mulher humana? Esta ideia é uma ideia tão atrasada como a ideia de que o sol é que gira à volta da terra e não o oposto. O homem quer ter muita importância e afoga-se no próprio orgulho e vaidade.

Jesus, ao ressuscitar, veio demonstrar que a morte não nos vence, conforme diz o vosso muito citado Padre Quevedo. Inquirido sobre o que se passava depois da morte ele soube-o explicar com pormenor. Vão ver com os vossos próprios olhos a entrevista que ele deu:

[orbita.starmedia.com]

Citação de uma resposta do Padre Quevedo no site acima indicado:

"14. O que acontece depois que a pessoa morre?

Padre Quevedo- À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. São Paulo já dizia que não morremos, mas nos transformamos! À medida que vamos deixando o corpo físico, ressuscitamos num corpo espiritualizado. Durante a vida, vamos continuamente trocando nosso corpo. Os ossos demoram uns 6 anos pra se trocarem totalmente, o resto do corpo em seis meses se troca por completo. A alma é a mesma, mas com estruturas diferentes. O processo da morte demora 21 dias, mais ou menos. Quando se termina a morte, aí começa a eternidade, mas em nenhuma fração de segundo há um corpo sem alma ou alma sem corpo! Ressurreição sim, reencarnação não!"

Se lermos esta resposta, verificamos:

1) Que o Padre Quevedo admite que há dualidade corpo fisico - alma. Com efeito ele refere que a Alma se junta a um Corpo Espiritualizado. Esse corpo espiritualizado não é nosso corpo fisico, pois esse todos sabemos que se vai degradar após a morte (se alguém pensar que assim não é, convido-o a visitar a morgue de um hospital ou o levantamento dos ossos num cemitério, nada como ver para crer...). A diferença fundamental entre o padre Quevedo e os Espiritas, aqui, é que os Espiritas acreditam que, enquanto seres encarnados aqui na terra (ou noutro planeta), nós somos constituidos Por Alma (ou Espirito), Corpo Espiritualizado (chamado pelos Espiritas de Perispirito) e Corpo fisico. No momento da morte do Corpo fisico há uma modificação do Perispirito, mas continuamos a ser Alma+Perispirito. Trata-se de uma questão de pormenor, a divergência entre o Sr. Padre e os Espiritas, a este nivel, se chamarmos Corpo espiritualizado ao Perispirito ou vice-versa.

2) A divergência profunda não é a dualidade corpo alma, mas a crença na possibilidade de comunicação das Almas desencarnadas com pessoas deste mundo e a possibilidade de voltar a encarnar num mundo fisico.
Dá que pensar, se não há comunicação com o Mundo Espiritual, quem explicou ao Padre Quevedo como era o processo da morte, pois os instrumentos cientificos não detectam as transformações de que ele fala (se alguém souber como se detectam agradeço que o expliquem). Não conheço na Biblia qualquer descrição de pormenor sobre isto. Será que o padre Quevedo já ressuscitou? Se ele ressucitou reencarnação=ressureição? Como é?

O sentido do ridiculo citado na sua frase seguinte, deveria ser estendido também ao Padre Quevedo:

"Sem querer melindrar ninguém, nem ir contra o movimento interreligioso, tenho de dizer que a ideia dos espíritos andarem aí a reencarnar me parece cómica."

- Com efeito não só há Almas do além, com os seus corpos Espiritualizados (o Padre Quevedo não especifica por onde andam), como o nosso próprio corpo se vai transformar noutro corpo quando começa a chegar perto do fim da vida. Os idosos vêm os seus ossos a serem renovados antes da morte. isto é uma boa e uma má novidade para as pessoas que sofrem de reumatismo e problemas ósseos. Por um lado vão ficar com novos ossos, isso é bom, por outro lado vão morrer. Isto vem em todas as revistas cientificas, eu é que sou um distraido. Peço desculpa, por nunca ter ouvido relatos médicos desta transformação do nosso corpo no fim da vida. Também dá jeito aos advogados esta informação, pois quando detectarem que os ossos dos seus clientes estão a renovar-se sabem que mais ou menos seis anos depois têm de ter o testamento feito (não me levem a mal ironia, é só para reforçar o que quero dizer).

Há também um lapso na sua frase a seguir citada:

"Quando reencarnam têm uma amnésia e não se lembram das vidas anteriores. Quando depois se lembram de quem foram têm a tendência de ter sido sempre grandes personagens do passado."

Estas pessoas de que fala não são Espiritas. Os Espiritas são pessoas como as outras e não se lembram de quem foram, nas vidas anteriores. Nem é conveniente (suponha o desgosto que eu teria se tivesse sido um Inquisidor da Santa Igreja...). As pessoas citadas são casos clinicos. Você confunde os hospitais psiquiátricos com as Associações Espiritas. Isto é ignorância profunda amigo. Não fale sem saber, nem pelo que os outros lhe dizem: Veja e leia com os seus olhos e depois decida. Pense por si próprio. Nós não precisamos de ninguém para pensar pela nossa cabeça.

Em relação à tua questão:

"E ver reencarnação na Bíblia, quando uma das essências do Cristianismo é considerar a pessoa humana original, única e irrepetível criada por Deus?"

- A doutrina Espirita considera o homem original e irrepetivel, no que se refere à Alma ou Espirito. Os Espiritos foram criados por Deus. Não entendo qual é a diferença.

Em conclusão, caro amigo:

- Eu conheço a Igreja Católica de há muitos anos.

- Ficou claro para mim que tu não conheces suficientemente o Espiritismo. Para ti esta doutrina é aquilo que te disseram que é. Aconselho-te a ler o Livro dos Espiritos, a insvestigar e a falar depois, pela tua cabeça, com conhecimento de causa.

Para mim, em Espiritualidade não há corporativismo, nem interesses materiais. Não preciso de defender nada a não ser aquilo em que acredito, pois não tenho compromissos com nenhuma Igreja, nenhuma Associação Espirita, templo Budista ou com qualquer organização. O que me conduz é a minha fé ou convicção e o meu raciocinio. Não consigo encontrar superioridade Espiritual num Papa que se afirma contra os preservativos. Isto é empurrar as pessoas para o aborto e para a SIDA. Eu não conheço/ reconheço chefes Espirituais nenhum, a não ser Deus, Jesus Cristo e todos aqueles Espiritos que ascenderam de forma merecida, como S.Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcultá e muitos outros, e que, por isso, se encontram a um nivel muito superior. A esses eu até agradeço que me comandem. Aos outros que estão no Vaticano rodeados de riqueza, enquanto há cá fora pobreza por tanto lado, não reconheço qualquer superioridade moral para serem meus chefes, nem sequer fazem lembrar em nada nenhum desses seres superiores que eu admiro. São politicos como quaiquer outros. Os lambe botas, alguns económicamente dependentes coitados, tem de dizer Amen, Amen, aos seus lideres religiosos. A esse nivel, felizmente, eu sou um homem livre.

BEM HAJAS
Vitor Santos

Re: Como vemos a questão dos espíritos?
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 04 de February de 2005 23:59

Estranho usar como autoridade a opinião de um padre obscuro e desconhecido....
Tenho pouco tempo agora, mas eu li esse livro do Kardec, e perdoe-me, se o esclareceu a mim deu-me uma tremenda vontade de rir.
Os Padres da Igreja dos primeiros seculos, responderam aos gnosticos e muitas das ideias kardecianas não sao novas, mas muito antigas.
Com tempo direi mais sobre o assunto.

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