Um tópico partilhavel entre os dois "Fora":

Como está a relação dos Jovens com a Igreja, a proósito do EE de Taizé, das JMJ e do trabalho concreto nos grupos e movimentos.

A Igreja ( nós todos) e as suas estruturas estão a conseguir passar a mensagem ou não? De que forma estas iniciativas ( e outras de menor dimensão) podem contribuir para que os jovens portugueses deixem o evangelho iluminar a sua vida?

Nota: (falo de jovens referindo-me à camada da população entre os 17 e os 30 anos)



Toze

Tozé


Pelo Canadá e falo na minha igreja, está muito mal...na minha igreja é só velhos.

Os jovens, a maioria ninguém vai às igrejas e outros vão a igrejas Canadianas...

Muitos padres, não se interessam, nem fazem esforço para trabalhar com os jovens. Alguns, dizem a missa e pouco mais sabem...
Tivemos aquí um padre que tinha a igreja cheia: Velhos, jovens, crianças, mas padres assim, são raros...Este Bom Padre, Comemora hoje 30 Anos de Sacerdócio, mas hoje é Superior.
Rezem por ele!

Só cerca de 1000 portugueses participarão, vindos de fora das dioceses de acolhimento, no Encontro Europeu de Lisboa... Alguma coisa não funcionou, ou a mensagem não passou ... ou será que já não há jovens verdadeiramente empenhados? Capases de trocar uma festa de passagem de ano vulgar por algo mais marcante?

Os jovens, ou não têm interesse ou não têm dinheiro para as viagens!!!

O que será?

De facto muito me espanta a aparente fraca adesão dos jovens Portugueses ao encontro Taize.

De qualquer modo estou certo que virão das dioceses Portuguesas bem mais de 1000 jovens. Penso que à ultima hora com todo o entusiasmo à volta do acontecimento muitos mais milhares se juntarão (apostaria em pelo menos 10.000).

Mas claro que se esperava mais não só de Portugal mas também de fora. Recordo-me que quando se começou a falar do acontecimento se falou em 100.000 pessoas. Depois as espectativas começaram a diminuir. 60.000, 40.000 e agora já ouvi falar em 30.000.

Algo deve ter corrido mal.

Uma coisa é certa, da parte que me toca estou com muita vontade de conhecer o fenomeno Taize. Vom com certeza participar em pelo menos duas das orações marcadas para a FIL.

Pedro B

Não posso falar por outras dioceses cuja realidade desconheço, falo apenas da minha dado estar directamente envolvido nesta acção.
Aqui não foi insucesso nenhum, dado estarem as paroquias de acolhimento a trabalhar arduamente quer no acolhimento de jovens, quer nos encontros na Fil e na propria Paroquia.
Quer queiramos quer não, com o alargamento europeu, Portugal cada vez mais fica na periferia da Eurpa. Os Lituanos que vem ao encontro saem da Lituania dia 23, isto é, passam o Natal na camioneta. Isto desmotiva os menos fans de Taizé.
Depois, Taizé é um marco para muita gente, mas não para a maioria dos Cristãos. Há muita gente que nunca ouviu falar da Comunidade de Taizé em Portugal - o que não é pecado nenhum diga-se de passagem.
Se os jovens portugueses não aderiram, não tenho resposta. Cada caso é um caso, e seria errado estar a atribuir culpas a quem quer que seja.
Na minha paróquia, tudo se mexe por causa do encontro. Acolhemos 100 jovens Europeus, todos os grupos de Jovens e Escuteiros estão mobilizados para o acolhimento dia 28, vamos montar uma grande tenda com uma torre com uma faixa a dar as boas vindas, no Centro Paroquial temos Chá, café, chocolate, sandes e bolos à espera dos Jovens. As equipas para a oração da manhã e preparação da Igreja já estão a trablhar, e para alem dos Jovens, temos já outras 100 pessoas para a passagem do Ano.
Só tenho de dar graças a Deus pela paroquia que tenho, pelo entusiasmo dos meus jovens e catequistas, que meteram mãos à obra e tem sido incansaveis.
Não posso estimar quantas pessoas vão à oração, porque dada a proximidade, não compraram passes nem senhas de refeição.
É o que posso dizer sobre o tema.

Parabéns, padre João Luis...

Sendo eu um jovem de uma das Dioceses de fora, resolvi dar aqui o meu contributo para o tópico.

O contacto mais próximo que tive com Taizé foi numa conferência a que assisti por um dos irmãos na minha universidade.

Em princípio não estou a pensar ir ao encontro. A razão? Estudo em Lisboa e estou tão cansado daquilo que só quero é gozar o tempo que possa na minha vila. Por muito que o encontro me possa parecer cativante (bem como tudo o que diz respeito a Taizé), acho nunca pensei em trocar este pouco tempo de férias na minha terra pelo encontro.

Até lá posso mudar de ideias. Aliás, agora que li este tópico pensei em falar com o pessoal daqui, pode ser que até nos organizemos para ir lá.

Parabéns a todos os leigos, famílias e jovens que abnegadamente se organizaram para acolher este Encontro! Esrão de Parabéns!

Quando me refiro ao número de 1000 jovens portugueses inscritos, quero precisar que este número se refere às dioceses além das 3 dioceses de acolhimento (Lisboa, Setúbel e Santarém) onde efectivamente há uma grande dinâmica e paritipação, natural dado o maior envolvimento, como é evidente pelo testemunho do nosso Pe JL.

Agora se é verdade que há muita gente em Portugal que nunca ouvu falar de Taizée que isso não é nenhum pecado, mas tb é verdade que muitas estruturas da Igreja e de muitos movimentos não se empenharam (ou se abriram) o suficiente para permitir que a informação circulasse, nem, em muitos casos, souberam aproveitar a disponibilidade de muitos jovens que conhecem Taizé para partilhar a sua experiência. Preferiram continuar a funcionar em circuito fechado, como habitualmente.

Quanto ao Rui B, só digo uma coisa... não voltas a ter uma oportunidade destas em Portugal... e tens muito tempo para descansar a seguir. Se não aproveitares a oportunidade, és tu que perdes

TZM

Já agora vejam este testemunho da Finlândia ( são mais de 5000km)

«Um pequeno grupo de jovens da Finlândia está a prepara-se para participar no Encontro em Lisboa. Os diferentes encontros de preparação que temos tido têm corrido muito bem. Preparámos material com informação que recolhemos do site de Taizé, a Carta de Taizé em finlandês, informação sobre o que é Taizé, um mini-dicionário de finlandês – português, o itinerário da viagem, etc. No dia 3 tivemos um encontro com alguns dos membros do grupo em Helsínquia, onde reflectimos sobre a pergunta: ‘Porque queremos participar nesta Peregrinação de Confiança?’ No fim-de-semana, alguns de nós foram a Ylöjärvi: estavam cerca de 60 jovens da paróquia que vieram ouvir-nos. Rezámos juntos, mostrámos algumas fotografias, diapositivos, vídeo, etc. Partilhámos muito das nossas experiências tanto de Taizé como do Encontro do último ano em Hamburgo. Cantámos imensos cânticos juntos e partilhámos um lanche... O nosso grupo é simpático, vivaço e cheio de alegria. Já aprendemos algumas palavras em português... Temos muito para agradecer a Deus!»

São testemunhos destes que nos enchem de alegria. Tanto faz serem 10.000 ou 100.000, não retira um milimetro ao interesse e singularidade do acontecimento.

Pedro B

Cá estaremos para os acolher como tão bem sabemos. A festa será grande, porque um Menino nos foi dado e para nós nasceu.
Sabendo que os Lituanos não vão ter festa de natal, estou a preparar no Centro Paroquial uma grande festa no dia em que chegam, para que possam ter uma festa de Natal em grande.
Concordo com o António José Monteiro, que as estruturas da Igreja Portuguesa não se mobilizaram. O porquê, não sei, mas o que posso afirmar é que ficam a perder muito com isso. Vão perder uma experiencia unica de comunhão e de verdade que é a Igreja de Cristo.

Parece-me difícil que alguém consiga fazer uma previsão de quantos jovens irão estar presentes, se é possível estar presente sem se inscrever. Dou um exemplo.

Eu tenciono estar presente no encontro. Moro na zona de Lisboa pelo que não tive que me inscrever. Como é que a organização consegue contar comigo (e outros casos semelhantes) na altura das previsões?

Existem ainda outro aspecto de "organização" a ter em conta. Não do Encontro em si, mas das Paróquias. Quantas Paróquias da nossa diocese têm Plano Pastoral? Quantas delas previram no início do ano uma actividade específica para acompanhar e participar no Encontro Europeu de Lisboa?

Luis Gonzaga

Tens toda a razão Luís...

Reforço que a minha preocupação é com o resto do País... Portugal não é só Lisboa! Em Coimbra haverá cerca de 180 inscritos, o que até não é mau se considerarmos que no ano de 2004 mais de 100 jovens de Coimbra foram a Taizé em duas peregrinações uma em Fevereiro e outra no verão... Mas só nos Escuteiros há mais de 500 jovens com idade para participar, isto sem falar noutros movimentos.

Disponibilizámo-nos à PJ e ao grupos interessado para uma visita informativa e fizemos algumas (uma meia dúzia). De todas resultou uma meia dúzia de participantes. Foi eficaz, mas tivemos muito poucos convites para a disponibilidade que tinhamos... podiamos ter feito muito mais, se nos abrissem as portas.

A Equipa da PJ tb fez algumas visitas, com resultados eficazes, mas não conseguimos uma articulação consequente, em parte porque não há hábitos de trabalhar em rede.

De qq modo acho que houve alguns erros técnicos cometidos pela Pastoral Juvenil nacional, naturalmente com a melhor das intenções, mas que tiveram consequências na mobilização:

O primeiro erro foi a adopção de um prazo de inscrições desadequado para os portugueses (31 de Outubro) que foi desmobilizador para os menos sensibilizados para Taizé e que não permitiu a programação de iniciativas de divulgação para Novembro, com alguma dimensão e preparação, como era intenção de alguns de nós, tendo-se posteriormente verificado que os prazos foram alargados, mas tarde de mais para programar essas iniciativas.

O segundo foi um processo de inscrição centralizado e burocrático, exigindo o envio de dinheiro à cabeça, (não havia inicialmente inscrições via net e pagamento por NIB), o que desmotivou muita gente. Um Russo podia inscrever-se pela Net e um português tinha que ir preencher um impresso em quadriplicado à sede da PJ diocesana...

Quem costuma organizar as viagens para os EE de Taizé noutros paises sabe que a maioria das pessoas só paga no fim de Novembro e princípio de Dezembro, quando recebe o 13º mês. Será que esta experiência foi tida em conta pelos responsáveis do DNPJ? Falei com vários amigos que costumam organizar, em diversas dioceses, a participação nos EE e nenhum foi ouvido...

Agora a verdade é que se esta falta de participação do resto do País nos entristece, a verdade é que este encontro vai ser uma marca muito importante para todos os que participarem ou o observarem via comunicação social. Já está a ser... de repente para o comum cidadão revela-se que há cristãos que, com simplicidade e abertura, rezam, acolhem, reflectem juntos, esquecendo divisões e barreiras, sem proselitismo mas acompanhando o percurso até Jesus Cristo de cada um. Talvez isto incomode alguma igreja mais acomodada, mais centrada na devoçãozinha beata que na construção da paz e na atenção aos irmõs, mas ainda bem...


Quem sabe se para o ano não seremos milhares no encontro europeu de seja lá onde for...


Ana e Tozé

(uma citação para nos animar)

Contra a espiral da melancolia

Foi bom ter passado algum tempo no mosteiro de Taizé montado em Lisboa: os trabalhos, a oração, os belíssimos cantos dos monges, uma refeição austera, um silêncio criador, um diálogo sereno. E os jovens voluntários, de variadíssimos países, no trabalho discreto de separar textos, preparar esquemas, contactar países e famílias, informar sobre mapas, programas, antecipar uma infinidade de pormenores que vão permitir a cerca de 40 000 jovens viver Taizé em Portugal, nos seus espaços significativos do passado e do futuro. Uma pacificante experiência de fraternidade, partilha, oração e paz.

Faz bem, no fervilhar de palavras que se sucedem à dissolução do Parlamento e demissão do Governo, ter disponibilidade para ouvir e proclamar gestos de estímulo.
(A esperança dos profetas nunca foi proclamada em momentos confortáveis). Não podemos passar sem sinais de um outro universo para além do que nos toca e por vezes sufoca o quotidiano. Com os necessários descontos que sempre se dá ao palavreado eleitoral, não se pode subvalorizar este momento, mas entendê-lo dentro de um conjunto de sintomas que porventura na política concreta tiveram a sua explosão mais visível. Os Bispos portugueses, em nota recente, sugerem que os problemas do país “não se resumem à presente crise política. Esta é talvez o seu efeito e um dos seus sintomas”.

O Natal,conjugado com outros sinais, convida-nos a ultrapassar as armadilhas do fatalismo e do desânimo e olhar o país com um reacen-dimento de entusiasmo como o que veio ao de cima no passado Verão com um acontecimento desportivo de alcance, mas claramente insuficiente para oferecer a Portugal as últimas razões de estima.
A presença de Taizé é uma afirmação de juventude, a recusa da “espiral da melancolia e da passividade”, a confiança nas novas gerações. Isso já se tem feito sentir na preparação deste encontro.

A comunidade vinda de França está impressionada com os jovens e as famílias portuguesas pela forma sábia e generosa como acolhem esta proposta. Nem um dos peregrinos da Europa irá dormir num salão ou num pavilhão de recurso. Todos ficam em famílias, com uma nota de deslumbrante disponibilidade dos mais pobres.

Pulido Valente diz que Portugal tem muitas desgraças e poucos Eças para as contar. Acho o contrário. Faltam narradores do maravilhoso que acontece entre nós.

António Rego

Caros,

Acá no Brasil a situação é um pouco diferente.

Até os anos noventa, quando a teologia da libertação inspirava diretamente a ação da Igreja (hoje, digamos, a dialética das coisas, para usar o termo deles, faz com que ela seja mais sutil) havia enorme movimento juvenil, alcunhado Pastoral da Juventude (PJ). Eu mesmo participei quando mais jovem. Houve inclusive uma campanha da fraternidade com o tema, em 1992 (Juventude de Fraternidade).

Com a perda de influência direta da tl, esse ramo da juventude (digamos, mais politizado, preocupado mais com questões sociais) murchou. De modo que hoje praticamente não existe, ou, se existe, com força exígüa.

Todavia, ainda hoje, as Igrejas estão repletas de jovens. Hoje cresce a influência neopentecostal no Brasil (Há inclusive três canais de TV de boa audiência inspirados nesse ramo: Rede Vida, TV Canção Nova e TV Século XXI) e arregimenta grande número de jovens. Não vejo, infelizmente, maior aprofundamento doutrinário e catequético. Todavia, ao menos o jovem está lá.

O que falta? Creio que falta uma linguagem própria para o jovem na Igreja. Não digo a utilização sem medida dos meios de mídia (que podem ter, claro, sua utilidade), mas de uma postura PARA o jovem: desafios, propostas de transformação, chamado claro à conversão...

È interessante verificar que os jovesn no Brasil aderiram em massa á Teologia da libertação, à uma ideia de uma Igreja libertária, uma Igreja próxima dos pobres e que a ideia de fraternidade mobilizou esses jovens...

Hoje, segundo o José, o que arrasta os jovens para as igrejas no Brasil são, pelos, vistos, certas formas de religiosidade baseadas na catarse de emoções, cantiguinhas e ritmo de samba. Não é isso que seja mau em si mesmo - a catarse pode ser positiva e as pessoas podem sentir conforto emocional nesse tipo de práticas..,

Mas, não será uma forma de alienação?

Catolicapraticante,

Pois é. Aí em Portugal, as formas religiosas baseadas no pentecostalismo têm muita força? Eu estava pensando em abrir um tópico sobre isso, mas não sei se seria oportuno.

JC

Caro José Carlos,

Neste fórum, todos os tópicos são oportunos :-)

Luis