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Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de December de 2004 17:39

Afinal, quem pretende "mudar a doutrina da igreja" são os fundamentalistas islâmicos, ops, kero dizer,fundamentalistas katólicos.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 15 de December de 2004 18:24

Cara Católica Praticante

Sinceramente ou não entendeste nada ou parece que não sabes ler português.

Vou repetir o que dis o CATECISMO DA IGREJA CATOLICA

2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (cf. Gn 19,1-29; Rm 1,24-27; 1 Cor 6,9-10; 1 Tm 1,10), a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados» (Persona humana 8). São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.

2358 Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

2359 As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.


Como podes ler é o Catecismo que fala em "PROPENSÃO OBJECTIVAMENTE DESORDENADA",

Não se trata de fundamentalismo mas d edoutrina.

Pedro B

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de December de 2004 21:00


Aqui vai então pequena lição de português.

1) A Igreja não exige que os homossexuais devam "corrigir" a sua orientação sexual.
SE assim fosse, a igreja definiria que as pessoas homossexuais deveriam forçosamente "mudar " sua orientação sexual passar a ter condutas sexuais "ordenadas" i. é , hetero.

Não bastaria auto-castrarem-se e deixarem de ter qualquer conduta sexual, teriam mesmo de se "converter" e passar a seguir os "planos de Deus", que se circunscrevem segundo a Doutrina oficial da igreja católica, apenas às relações heterossexuais com finalidade procriativa no contexto do casamento.

Nesta linha de "conversão" ou "Correcção de desordens", algumas seitas fundamentalistas cristãs, sobretudo nos EUA, criaram verdadeiros "programas religiosos" de pseudo-curas da Homossexualidade.
Misturavam o fanatismo religioso cristão, com técnicas de terapia comportamental, técnicas aversivas, incluindo choques eléctricos, psicofármacos e técnicas de "lavagem cerebral".
Alguns desses grupos vieram a a público fazer publicidade da sua espantosa descoberta - tinham finalmente encontrado a cura para a Homossexualidade e os pecadores poderiam ser todos redimidos!
Mas os "convertidos" ( alguns dos quais , depois da "cura" até casaram e tiveram filhos e estavam mesmo "corrigidos", tudo com imensa publicidade, como convém) passado algum tempo vieram a público denunciar os "métodos de cura" dessas seitas e afirmar que a sua orientação sexual não tinha mesmo mudado .

2) Retomando a metáfora do Cinismo ou da hipocrisia, a doutrina católica e sobretudo a vivência cristã exige a correcção dessas "condutas desordenadas", devendo as pessoas cristãs ter um comportamento verdadeiro e sincero, ou seja, uma conduta contrária a essa "propensão desordenada".

3) Ora, relativamente à doutrina católica oficial sobre a homossexualidade, em nenhum momento do catecismo de apela à "correcção" dessa propensão. Em nenhum momento se apela a que os homossexuais passem a ter comportamentos heterossexuais, "ordenados".

Portanto, a Igreja Católica aceita que a orientação sexual não é passível de correcção.


Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de December de 2004 21:07

Mas não aceita que a sexualidade humana não possa existir sem ter como finalidade a procriação. Qualquer que seja a orientação sexual dos seus protagonistas.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de December de 2004 21:19

Por isso determina que a única conduta permitida para os homossexuais é a ausência de contactos sexuais .
Precisamente a mesma proibição que deve ser aplicada aos heterossexuais, solteiros, viúvos, divorciados, padres e casais heterossexuais que não queiram ter filhos.

Será que todos católicos cumprem estas normas da igreja sobre condutas sexuais?

Serão os homossexuais uma excepção à regra, neste domínios?

Serão eles "especialmente pecadores?"

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 17 de December de 2004 11:16

Cara Catolica Praticante

Claro que muitos heterosexuais são também pecadores. Claro que não basta ser heterosexual.

Mas afinal fico mais descançado ao concluir que concordas que a propensão dos homosexuais é objectivamente desordenada. Ou estarei enganado?

Pedro B

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de December de 2004 17:55

Continuas enganado.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de December de 2004 15:27

Sobre esta questão, uma interessante entrevista na "Pública" este Domingo.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de December de 2004 15:32

"P - Esquecendo o seu episódio "hare krishna", era um adolescente católico praticante. E agora considera-se um católico não-praticante. Diz, em "Amar Não Acaba", que não entendia, e continua a não entender, porque é que a homossexualidade é ofensiva aos olhos de Deus. Foi por isso que deixou de ser católico praticante?

R - Sim, porque não se pode praticar o catolicismo e a homossexualidade ao mesmo tempo. Claro que há pessoas que o fazem, tenho amigos que o fazem e eles lá sabem e o padre não tem que ver com isso... a não ser que a pessoa passe o dia no confessionário. Para mim ser praticante é comungar, no fundo participar dos sacramentos, o que não significa que de vez em quando não vá à missa. Mas senti que é mais coerente não ser praticante.

P - Sente que a Igreja Católica o deixa de fora, o exclui como crente?

R - Não sinto isso activamente. De todos os padres com quem tenho conversado, nunca senti rejeição, antes pelo contrário, uma abertura, uma compreensão enorme. Mas sempre com aquela ideia de que o caminho a almejar é o da castidade. Ou seja, não há problema em ser-se homosessxual desde que se pratique a castidade. Mas não é assim que vejo as coisas. Não sinto necessidade de viver como um monje. Não vivo como um monje.

P - Ou seja, quando se trata de tentar encontrar um espaço para conciliar a vivência sexual e a sua crença, esse espaço não existe. Não há forma de poder viver a crença em comunidade.

R - Não. Mas também não vejo isso de uma forma dramática. É uma questão de opção. Tenho optado desde os 19 anos por ter uma relação. E isso tem-se proporcionado até hoje. No dia em que deixe de ter uma relação, talvez possa equacionar a possibilidade... Não sei. Mesmo se esse dia chegasse, acho que teria alguma dificuldade. Mas podia sobrepôr-se a necessidade da prática religiosa, a pessoa sentir um chamamento interior tão grande...

P - Aí seria um abdicar.

R - Sim. A prática da comunhão, para mim, não é só uma hóstia. Quando eu era católico praticante, ir à missa, comungar era de facto uma coisa para o lado de lá do misticismo. Fortíssima.

P - Por isso lhe pergunto. Há sempre algo de mutilação aí.

R - Sim, sim. Claro que esse lado me faz falta.

P - Acredita que será possível a igreja vir a encarar a homossexualidade de outra forma?

R - Não sei. Um padre meu amigo a quem eu disse: "Bem talvez daqui a 200 anos...", respondeu: "Ai não, Frederico, 50 anos vai chegar." Ele está convencido de que para as pessoas da geração seguinte haverá uma abertura muito maior. É impossível de prever. "

In Pública, 19 de Dezembro

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 20 de December de 2004 09:50

Claro que estou enganado

Não concordas que exista na homosexualidade uma propensão objectivamente desordenada.

Não concordas com o que o Catecismo da Igreja declara a esse respeito.



Pedro B


Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de December de 2004 09:58

Tu é que não. porque consideras que a homossexualidade, enquanto orientação é um pecado. E, claramente , não é essa a orientação da Doutrina oficial da igreja.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de December de 2004 09:59

Por isso estás enganado.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 20 de December de 2004 10:18

Cara Catolica Praticante

As tuas intervenções sempre se pautaram pela coragem de afirmares o que pensas e defendes, mas aqui, parece-me, estás a fugir à questão.

No Catecismo estabelece-se que existe na homosexualidade uma "propensão objectivamente desordenada"

Não fujas à questão e esclarece-me. Concordas ou não que exista uma na homosexualidade uma "propensão objectivamente desordenada"


Pedro B

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 20 de December de 2004 10:40

Devo confessar a minha incompreensão do próprio termo propensão... depois não percebo o que define a objectividade do desordenamento... nem me parece que a homossexualidade seja apenas uma propensão... nem julgo que seja propriamente objectivo dizer-se que entra no regime do desordenado... A psicologia hoje em dia não o diz... Depois, o que é que significa desordenado no Cristianismo? E ordenado? Não compreendo e não concordo...
Volto à minha: mesmo partindo do princípio de que estamos perante algo desordenado, já que não é pecado esse 'desordenamento', por que se hão-de considerar pecaminosas as relações entre essas pessoas?

ABraço e Feliz Natal!

Miguel

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 23 de December de 2004 10:51

Caro Miguel

Parabens pela coragem de afirmares o que pensas, mesmo que contrario ao Catecismo.

Já terei de lamentar que a Catolica Praticante tenha recusado o meu desafio de nos esclarecer se concorda ou não que exista na homosexualidade uma propensão objectivamente desordenada?

Enfim, lá saberá porque não quer responder claramente. Temos de respeitar a sua opção.


Pedro B

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de December de 2004 10:55

Já te respondi claramente. A repetição para mim é inútil. Relê os posts ( onde se incluem ciatções do catecismo e documenstos da igreja) desde o início..

Se tiveres dificuldade em compreender qualquer conceito, diz qual que eu te explicarei pacientemente.

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 23 de December de 2004 17:26

Cara Católica Praticante

Provavelmente sou um bocado básico mas da leitura das tuas mensagens fico com a sensação, se calhar injusta, que foges a questão. Divagas sobre sobre conceitos e acabas por não ser directa.

A pergunta é mais simples e directa do que qualquer uma de qualquer referendo ou projecto de tal.

Concorda ou não que exista na homosexualidade uma propensão objectivamente desordenada?

Se concordas deves responder Sim

Se não concordas deves responder Não


É simples nem é preciso dobrar o boletim

Pedro B

Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 25 de January de 2005 18:36

Aleluia

A Catolicapraticante finalmente respondeu à questão que tinha ficado em aberto a 23 de Dezembro.

Infelizmente para ela a nossa amiga Catolicapraticante não concorda que haja na homosexualidade uma propensão objectivamente desordenada.

Ficamos também a perceber que a homosexualidade é assim como os olhos verdes. Tal como uns têm olhos castanhos e outros verdes, há os homosexuais e os homosexuais (e agora parece que também há metrosexuais)(Devem ser os olhos azuis).


Pedro B


Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Joaquim José Galvao (IP registado)
Data: 08 de February de 2005 21:05

A família e a vida: os desafios nas conferências internacionais
Por Michel Schooyans

Congresso Europeu dos Movimentos pela Vida,
7-9 Abril 2000

As recentes conferências da ONU atacaram frontalmente a realidade da instituição familiar tradicional. Por ocasião de múltiplas reuniões organizadas desde 1995, e mesmo antes, pela ONU e as suas agências (FNUAP, OMS, BM, PNUD, etc.) ficou claro o papel nefasto que desempenham esta organização e seus satélites face à família.
Com este fim, diversos recursos são utilizados, e são largamente divulgados pela TV. Examinaremos alguns destes: atribuição de um sentido equívoco à palavra família; o “desfraldar” da ideologia do género [“gender”]; a erupção de “novos direitos”. Concluiremos mostrando que o papel lamentável da ONU, nestas matérias, explica-se afinal, pelo agnosticismo totalitário que a inspira.

Os sentidos equívocos da palavra família
O artº 16 da Declaração Mundial dos Direitos do Homem de 1948 diz: “A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção da sociedade e do Estado”. A génese deste artigo não deixa dúvidas sobre o significado que os redactores e os signatários da Declaração entendiam dar à palavra “família” . Este artigo refere-se, sem dúvida nenhuma, à família tradicional, heterossexual e monogâmica. É o que confirma e ilustra a exegese dos outros artigos da Declaração referentes à família .

De uma família à outra?
Sobretudo depois da Conferência de Pequim (1995), a ONU esforça-se por empregar a palavra família para designar todo o tipo de uniões consensuais: uniões homossexuais, lésbicas, “famílias” refeitas, “famílias” monoparentais masculinas ou femininas, até chegarem as uniões pedófilas (já enaltecidas por alguns) ou mesmo incestuosas. Estamos em presença de um desvio do sentido da palavra família. A palavra família é doravante equívoca; os seus significados flutuam ao sabor das conveniências e dos interesses em causa. Segundo esta nova linguagem, a palavra família é um conceito “polissémico”, que nos conduz a realidades “polimórficas”.

Uma antropologia individualista
Estes múltiplos significados que se decidiu atribuir á palavra família são a consequência directa duma antropologia estritamente individualista, apoiada pelo clima neo-liberal ambiental. Dando o seu aval a esta antropologia, a ONU armadilha a instituição familiar tradicional, natural e anterior a toda a organização jurídica. Esta instituição é, de facto, o lugar onde as pessoas se comprometem a construir juntos uma comunidade nova, estável, e aberta à vida. A família é lugar de solidariedade, de interdependência consentida, de fidelidade. A ONU ao reivindicar que seja reservado o mesmo estatuto a um par de homossexuais e à família, ela ratifica os quereres individuais dos membros do par homossexual. Mas estes membros não convocam, de todo, à existência uma realidade social nova; não instituem uma família; não têm nenhuma possibilidade de transmitir, eles, a vida. Eles conciliam-se sobre um pacto saído de um consenso por definição sempre renegociável.

Por aí, a ONU dá o seu aval aos Estados que já iniciaram o processo de extenuar a instituição familiar lisonjeando a liberdade desenfreada dos indivíduos. Como todas as uniões devem ser colocadas ao mesmo nível, a lei tem de conceder aos diversos tipos de uniões as mesmas prerrogativas jurídicas que são reconhecidas à família tradicional. Foi, por exemplo, o que fez o PACS ( pacto civil de solidariedade) aprovada em 13 de Outubro de 1999 pela Assembleia Nacional em França.
A família tradicional, heterossexual e monogâmica, é enfraquecida pelo facto de a ONU a reduzir a um modelo entre outros de união puramente contratual. Com efeito, o casamento que funda a família é reduzido a ser apenas um contrato privado entre indivíduos. Este contrato, faz-se, desfaz-se e refaz-se ao sabor partes contraentes. Em suma, o casamento é totalmente privatizado. A realidade do casamento como instituição natural desaparece. Em consequência, a família saída do casamento deixa de ser uma realidade social distinta dos indivíduos que a formam. Pois, segundo a actual ONU, a família só procede de um contrato privado passado entre indivíduos, a sua própria existência está sujeita à duração desse mesmo contracto. A sua estabilidade e a sua duração estão hipotecadas. Quanto às crianças, se as houver, elas perderão esta família - precária desde a sua origem - logo que as partes contraentes considerarem ter interesse em renunciar ao seu contracto.

Sem insistir, aqui, neste ponto, notemos que no rasto, a ONU ao precarizar os laços familiares contribui para reforçar os riscos de exclusão já multiplicados pela impotência dos Estados face às situações de precariedade.

Todavia, inspirando-se também no estructuralismo, a ideologia do género considera ainda que cada cultura produz as suas regras de conduta. A cultura tradicional deve ser ultrapassada - garantem - “porque ela oprime a mulher”. As mulheres devem encabeçar uma nova revolução cultural, e esta produzirá novas regras de conduta. A sombra de Mao acabou de passar. Esta nova cultura considera que os diferentes papéis entre os sexos não tem nenhum fundamento natural; apareceram numa certa época da história e chegou o momento de desaparecerem, porque este episódio da odisseia humana está revoluto. A era do Peixe (hichtus), a da era cristã, acabou; entrámos na”New Age”.

Na realidade - asseguram os ideólogos do género - as diferenças de papéis entre o homem e a mulher são puramente histórico ou cultural: elas são produto de uma cultura em vias de extinção. O sentimento maternal nasceu no sec.XVIIIº, mas a nova cultura “desmaternalizará” a mulher. Esta nova cultura deverá abolir todas as distinções, bafientos anacrónicos da idade da “opressão da mulher pelo homem” e lembranças insustentáveis do tempo das desigualdades entre eles.
Desde logo, a heterossexualidade, tal como ela se exprimia tradicionalmente na família, é privada do estatuto específico de que gozava na cultura tradicional. A intermutabilidade dos sexos deve ser inscrita na lei. Segue-se que uma vez que os papéis ligados às diferenças genitais são condenados, palavras como, por ex., casamento, maternidade ou paternidade deixam de ter qualquer. Sinal marcante da força desta ideologia: a palavra maternidade é praticamente varrida do documento final da Conferência de Pequim (1995).

Quando a ética expulsa a moral

Aqui, a heterossexualidade e a monogamia aparecem de novo como um caso de prática sexual a par de outros casos e em pé de igualdade com estes: homossexualidade, lesbianismo, bissexualidade, travestismo, uniões consensuais [uniões de facto] diversas, etc. As regras de conduta da cultura dita antiga devem ser abolidas. A lei deve negar toda a importância às diferenças genitais. As normas da moral tradicional familiar devem ser enterradas. O direito à liberdade sexual dos indivíduos deve ser proclamado; ele não deve ser objecto de nenhum constrangimento, de nenhuma limitação. A antropologia individualista convoca uma ética residual que só pode ser utilitarista e hedonista. Ela prescinde de qualquer responsabilidade perante os outros. Mais precisamente, segundo esta ética um indivíduo só responde pelos seus actos perante si próprio. A ética individualista só pode ser uma ética do “senhor” na melhor tradição do mestre hengeliano.

A influência deplorável da ideologia do género sobre a família não deve ser subestimada e voltaremos a ela a propósito dos “novos direitos” de Homem. A ONU serve-se da ideologia do género como de uma alavanca, não só para submeter a família a uma contestação radical, mas também para expô-la a uma vontade declarada de destruição. Nesta ideologia conjugam-se os fermentos perversos do fatalismo violento que se encontram no marxismo e no individualismo não menos violento do neo-liberalismo. Com efeito, a linha divisória entre a luta de classes e a selecção, natural ou artificial, do mais forte, é ténue. Esta ideologia foi adoptada pela maior parte das Esta ideologia foi adoptada pela maior parte das agências da ONU e por inumeráveis ONG’s. Graças a estas cumplicidades cruzadas, ela estende as suas ramificações por todo o lado, incluindo a UE, que aceitou cegamente esta forma de colonização ideológica.

Agnosticismo totalitário

Já sabemos o lugar dado às reivindicações individuais, as mais aberrantes, na retórica dos “novos direitos”. Ora estes não se limitam a pôr em perigo a família tradicional. Caso a ideologia do género e os “novos direitos” do homem continuarem a sua devastação, eles destruirão todo o tecido social. E é este o maior perigo em que a ONU coloca actualmente a comunidade humana.

Relativismo agnóstico
Na raiz de todos os problemas que temos vindo a examinar, descobrimos a origem última de onde procedem as divagações da ONU. Esta origem, é o relativismo integral, o agnosticismo de princípio. É o coração do problema, e o Papa João Paulo II felizmente discorreu sobre ele numa das suas mais marcantes encíclicas, Veritatis Splendor (1993). Os homens não seriam capazes de descobrir a verdade, de discernir o bem do mal, e de praticar a justiça. A ONU abandonou o realismo que havia inspirado os seus documentos fundadores: Carta de S. Francisco (1945) e a Declaração universal dos Direitos do Homem (1948). É em nome do realismo que a célebre Declaração condena os totalitarismos de então e pretende impedir o seu ressurgimento. Realismo significa, aqui, que esse prestigioso documento, que alguns gostariam de fazer passar por uma peça de museu, se inclina diante da realidade do homem e diante da igual dignidade de todos e de cada um. Desde que um ser humano existe, ele merece ser reconhecido como sujeito de direitos inalienáveis e imprescritíveis. Esses direitos não lhe são outorgados pela sociedade; cabe à sociedade, reconhecê-los, tomá-los em consideração, protegê-los e promovê-los. O primeiro desses direitos é o direito à vida, chamada a desabrochar na família. Todo o Direito ocidental, civil e penal, tem por objecto último o respeito do homem e da família, a que o grande Cícero já chamava pusilla res publica.

A partir da nossa análise da família, chegamos assim à conclusão que se está a preparar uma ONU intolerante, obscurantista e tirânica. Uma ONU que já criou um Tribunal Penal Internacional que, para além de outras missões, terá especialmente a atribuição de reprimir o dissentimento. Um novo dever impõe-se à solicitude policial: vigiar para garantir a protecção do Pensamento Único. Ai dos que continuarem a proteger a família tradicional, ou ainda a contestar o aborto ou os “direitos reprodutivos”! Eles correm o risco, de num futuro próximo, virem a ser acusados de crime contra os “novos direitos” do homem. A perseguição está às nossas portas: pessoas e instituições ideologicamente incorrectas serão brevemente citados perante os tribunais da nova inquisição por quererem defender a vida e a família! Em contrapartida, os “defensores” desses “novos direitos” merecerão uma protecção jurídica especial e o seu zelo será recompensado.
A soberania sob controlo

Finalmente, para que a família deixe de ser a célula base da sociedade, será preciso forçar (em inglês enforce) os Estados a adaptarem as suas legislações aos “novos direitos” do homem. Para tal, recorrer-se-á a instrumentos jurídicos ou diplomáticos, como as convenções. Estas, uma vez ratificadas, adquirirão força de lei nos países signatários. O Protocolo facultativo da Convenção sobre a eliminação das discriminações relativas à mulher, actualmente aberta à ratificação, vai nesse mesmo sentido. O consentimento - por ocasião, o voto - dos Estados hesitantes será, se necessário, comprado, por exemplo através do reembolso das despesas de viagem. Quanto aos Estados refractários, eles serão sujeitos às pressões habituais, à chantagem e às ajudas condicionadas.

*


Re: SErá a Orientação sexual um pecado?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de February de 2005 23:04

Este longo texto aqui deixado às 21:05 merece ser lido e ponderado. Não lhe faltam exageros e alguns tópicos importantes. Ficam-me algumas perguntas:

- para combater exageros, é preciso cometer outros exageros, apenas de sinal contrário?

- não enferma também este texto de alguns preconceitos que violam o espírito da Declaração dos Direitos do Homem e, ultimamente, pouco evangélicos?

- Poderia este texto ser inteiramente subscrito por uma mulher de cultura média?

- E falando de Direitos Humanos, por que razão a Santa Sé não assinou a Convenção Europeia dos Direitos do Homem? Não "sei" e gostaria de saber...

Alef

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