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A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 15 de November de 2004 22:41

No ano de 2004, mais de 40 anos passados após o Concilio Vaticano II, é com tristeza que constato, que o mesmo ainda não chegou a tantos cantos do mundo nomeadamente a Portugal.
Nos anos do Concilio, falava-se que era chegada o tempo dos Leigos. A percepção da Igreja como Povo de Deus, da qual fazem parte Leigos e Sacerdotes, trazia uma feliz novidade para uma Igreja clericalizada e clericalista. Os documentos emanados do Concilio, nomeadamente a Constituíção Lumen Gentium faziam vislumbrar um tempo novo de Evangelização, de anuncio, um deixar de lado o olhar ad intra ecclesia, e um olhar para o mundo levando-lhes a Boa Nova de Cristo.
Quarenta e um anos passados, verificamos que uma grande parte dos nossos leigos tem como preocupação essencial da sua vida, o quanto os padres ganham, o quanto pagam de impostos, as tarefas que fazem etc.
Serão assim os padres tão importantes para se passar o tempo a olhar para eles?
Penso que não.
Penso que é chegada a hora da Igreja como Povo de Deus - como comunidade que congrega todos os Baptizados - deixar de olhar para o seu umbigo, e empenhar-se a sério na transformação do mundo. Denunciando as injustiças, arregaçando as mangas e ir ao encontro do seu próximo, do orfão da viuva, do necessitado.
A Igreja em que acredito é uma Igreja que está próxima do outro, do Pobre acima de tudo.
Não posso falar de outras dioceses, cujos dinamismos não conheço, e porque não gosto de falar levianamente do que não sei. Mas falo da minha diocese. Dos seus Centros Pastorais nascidos nas paróquias, pela mão de leigos e padres que sentiram e sentem que não podem ficar indiferentes aos apelos dos pobres e dos que mais sofrem. Dos centros de acolhimento de sem abrigos. De tantos Jovens que na Noite de Natal em vez de ficarem nas suas casas, estão a servir Ceias de Natal aos sem abrigo da cidade.
É preciso levar Cristo para fora das Igrejas, levá-Lo às ruas onde Ele ainda é desconhecido.
Na ultima campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome, estiveram envolvidos mais de 400 jovens desta diocese, sinal de que estão atentos ao que tem fome.
Recuso uma visão clericalista da Igreja, em que só os padres contam, que passa a vida a olhar para os seus defeitos e quem os traz, em vez de olhar para fora de si onde importa realmente agir.
Há tanta gente à espera......
E nós importamo-nos com isso?
Graças a Deus por na minha Diocese, os leigos não serem assim. Graças a Deus por tantos leigos empenhados em serem luz do mundo e sal da terra. Graças a Deus pela generosidade dos leigos que aqui dão a vida pelo anuncio salvador de Cristo, com obras, e por isso com uma fé viva.
Seria efectivamente mais proveitoso para o Anuncio do Reino de Deus, que nos desinstalassemos e fossemos ao encontro do outro. Tal qual ele é, como Deus o vê, com amor e caridade.
As vezes penso que se os Apóstolos vivessem hoje na terra, como seria a evangelização??? Reuniões, esquemas, analizes sociologicas, respeitos humanos pelas culturas e religiões de cada um. estatisticas, impostos, leis, e no fim........ ficava cada um na sua casa.
Graças a Deus pelo sangue dos Martires que segundo Tertuliano foi semente de Cristãos.
Acho que está na hora da Igreja portuguesa acordar, e pôr-se a caminho. Como outrora com os Discipulos de Emaús, Cristo caminha connosco e parte para nós o pão. Resta corrermos nós a anunciá-lo.

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de November de 2004 23:14

Caro Pe. João Luis,

Deve concordar que generalizar comportamentos dos leigos é tão perigoso e arriscado como generalizar atitudes dos padres. Ao contrário do Pe. João Luis, tenho a certeza que não é uma «grande parte dos nossos leigos tem como preocupação essencial da sua vida, o quanto os padres ganham, o quanto pagam de impostos, as tarefas que fazem etc.». Basta ver este fórum (e este não serve de representatividade da comunidade de leigos) para ver que isso acontece apenas numa pequena minoria.

Também lhe devo dizer que o primeiro passo da Evangelização não é a acusação dos defeitos dos leigos, ou, correremos o risco de estes responderem com as faltas dos padres e teremos uma longa discussão, mas que em nada contribuirá para a Evangelização.

Sobre os documentos do Concílio, nem vou tão longe ao pegar nas grandes constituições. Pego apenas num simples e pequeno decreto - Apostolicam Actuositatem. Pergunto-lhe em quantas paróquias da sua diocese o apostolado dos leigos é promovido e apoiado conforme é indicado neste decreto?

Um abraço,
Luis Gonzaga

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 15 de November de 2004 23:37

Caro Luis
O que eu quiz diser foi essencialmente isso que disseste, deixarmos de olhar para os defeitos de cada um e olhar em frente. Seguir o pedido de Jesus posto na boca do Santo Padre - Duc in Altum - Fazei-vos ao largo.
Uma das heranças de Dom Manuel Martins nesta diocese, foi precisamente o entusiasmar a Igreja diocesana na promoção do Apostolado dos Leigos. Foi um trabalho duro e dificil, em tempos dificeis. Foi ele a voz que se levantou a quando da fome e desemprego na peninsula de Setubal nos anos 80.
Os centros paroquiais e sociais que existem em quase todas as paróquias como resposta á opção da Igreja pelos pobre é disso sinal. E não foram feitos por padres. Foram feitos por todos. Quantos leigos trabalham ali arduamente, depois de sairem dos seus empregos para por em pé estas estruturas de caridade?
Quantas Igrejas tem sido construídas com o empenho de leigos, e sem apoios de lado nenhum?
Dobro-me perante os leigos verdadeiramente empenhados da minha diocese - não conheço a realidade de outras de modo a falar delas, mas certamente que os há tão bons ou melhores - que mostram que vale apena dar a vida por Cristo.
Por isso, numa diocese que tinha 3/4 seminaristas no seu inicio, hoje temos 17 rapazes no Seminário, sinal que os Jovens ouvem os apelos de Cristo e as suas comunidades lhes mostram que vale a pena arriscar para o seguir.
As instituições que temos de Apoio a Sero-positivos, de Luta contra o flagelo da Droga, as Creches, os Centros de Dia, os Apoios domiciliários não existiriam se fossem apenas ideias lindas dos senhores priores e não houvessem leigos que se apaixonassem pela sua missão no mundo e se comprometessem.
Certamente que há quem não seja assim, padres que não sejam assim, e por consequencia leigos adormecidos. Felizmente que na minha diocese, é uma minoria.
Espero francamente que nas outras o mesmo se passe. E era precisamente isto que queria debater. Como é nas outras. Que faço eu na minha Igreja neste sentido de viver a minha missão de Baptizado.

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 16 de November de 2004 23:05

A Igreja do século XXI estará ligada ao que já se sabe desde há muito tempo:
- Que o amor, nas sua múltiplas expressões, é a maior de todas as virtudes e, em última instância, é a razão da Fé e da Esperança. Os padres dedicar-se-ão à Igreja como espaço real da sua vocação e os leigos abraçarão o mundo no mesmo amplexo.
Olharemos a Fé como caminho para o futuro que queremos e não tanto como adesão a um conjunto de dogmas que poderão tornar-se letra morta e espaço espiritual de isolacionismo.
E faremos da vontade de Deus revelada em Jesus Cristo parte integrante do nosso dia a dia.
E porque não, no sec XXI , uma Igreja identificada com o Grande Conselho dos discípulos de Cristo pelo vínculo da Caridade Universal?

*=?.0

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 05:32


Pe. João Luis

Deixarmos de olhar os defeitos dos outros e olharmos em frente! Eu gosto que me digam os meus defeitos, por vezes não nos apercebemos que temos certos defeitos, é sempre bom alguém amigo avisar-nos!!!
Vão falando do D. Manuel da Silva Martins, que eu gosto muito dele:) Será que ele passe por este Fórum? Simpatizo muito com esse homem e com o padre Dâmaso, que fala na Rádio Renascença. Vocês já viram a fé desses homens?

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 09:43

Discordo que o 2º Concílio do Vaticano ainda não tenha chegado a Portugal. Nomeadamente no que se refere ao clericalismo. É que as atitudes clericalistas ainda existentes, quer por parte dos sacerdotes quer por parte dos leigos, já são há vários anos apontadas a dedo e condenados por sacerdotes e leigos.

Um dos sintomas dessa mentalidade clericalista é querer ver os sacerdotes como perfeitos e estar à espera da primeira falha para lhes cair em cima. É que os sacerdotes cometem faltas como todos os restantes baptizados. A diferença está que, pela sua preparação, pelo seu hábito de introspecção ("exame de consciência"), pela sua espiritualidade têm habitualmente uma maior consciência das suas falhas.

Torna-se necessária uma Evangelização no interior dos territórios já considerados como evangelizado. Desfazer equívocos, aproximar da Igreja os muitos baptizados que se foram afastando, sem recriminações.

Aqueles que hoje se consideram em Igreja devem proceder como o pai do filho pródigo: ir a correr para junto do filho que se afastara e trazê-lo consigo para dentro da casa. Casa que é de todos mesmo dos filhos pródigos. Que têm exactamente o mesmo direito de aí estar como aqueles que lá sempre estiveram.


João (JMA)

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 20:15

Caro Pe. João Luis,

Mesmo assim, penso que ainda se pode fazer muito mais pelo Apostolado dos Leigos. Por exemplo, criar condições para que, aqueles que assim o desejarem, possam fazer Evangelização a tempo inteiro. Pois como diz «Quantos leigos trabalham ali arduamente, depois de sairem dos seus empregos para por em pé estas estruturas de caridade?», agora imagine se eles se pudessem dedicar a tempo inteiro a criar essas estruturas de caridade, quanto mais obras não poderiam criar, em muito menos tempo...

Luis

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 22:35

Concordo inteiramente com esta ideia, que aliás já é posta em prática na Alemanha com os chamados Agentes Pastorais.
A questão fundamental é como pagar a esta gente?
Os ofertórios são reduzidos, temos igrejas para conservar e restaurar sem apoios governamentais, como fazer isto?
Muita genta fala da Igreja como se fosse detentora de grandes riquezas, é pena serem essas ditas riquezas objectos artisticos. Irei vender as imagens antigas que tenho para pagar ordenados????
Eu à porta da minha Igreja tenho as contas da paróquia, para que as pessoas saibam de onde vem o dinheiro e para onde ele vai, para que tenham noção que o que contribuem nem sempre é o necessário para manter a Igreja e pagar aos seus funcionários. Mas nem sempre as pessoas pensam nisso, poem uma moedita, mas a partilha fraterna ainda é escassa.
Mas concordo inteiramente......

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 22:57

Talvez tenhamos que ver como se faz na Alemanha, e fazer cá de modo semelhante.
Se não estou em erro, na Alemanha, cada pessoa diz à entidade empregadora qual é a sua Religião e para a qual vai descontar o seu imposto. Por exemplo, em Portugal dizemos apenas o nosso estado civil, e o número de dependentes. No caso alemão, para além desses dados, dizem também a Igreja a que pertencem.

O estado colecta uma parte do rendimento como se de um imposto se tratasse, e, posteriormente, entrega-o à respectiva Igreja. Se alguém conhecer a realidade alemã, corrija-me se for caso disso.

Por esse motivo, sou a favor do Dízimo, ou de algo semelhante. Infelizmente, a Evangelização necessita de recursos, e se não formos generosos, não existirão meios para a fazer. Penso que a Igreja por si não tem rendimentos por si própria, e vive da generosidade dos seus crentes. Por esse motivo, se não formos generosos, pouco ou nada podemos fazer.

Mas o Pe. João Luis menciona um aspecto importante: as riquezas artísticas das nossas Igrejas. Se compararmos as nossas Igrejas com as Igrejas protestantes (sobretudo do norte da Europa) vimos que as Igrejas católicas são muito mais bonitas, e mais ricas em termos de obras de arte, mas depois, falta-nos o dinheiro para a Evangelização. Em contrapartida, os nossos irmãos protestantes (e eu também) preferem Igrejas mais simples, mas se calhar por isso, levam alguns séculos de avanço no estudo Bíblico comparativamente a nós católicos.

Quando em Portugal, nos preparamos para construir duas basílicas (em Fátima e em Lisboa) talvez seja altura de pensarmos nisto.

Luis

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 17 de November de 2004 23:18

Pois......

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 18 de November de 2004 03:58

Luis

Não sei como é na Alemanha. Mas no Canadá parte dos impostos, não vão para a igreja católica, mas sim para as escolas católicas ou públicas, para o ensino. No Canadá as igrejas, quem as suporta é o povo. As igrejas portuguesas são tão bonitas, muitos canadianos visitam Portugal, pelos monumentos, igrejas, etc.
Eu acho que 1 Euro por semana, não faz falta a ninguém e ajuda um pouco...aqui quase todos dão $5:00 dólares. E há familias na nossa igreja que dão por ano mais de $1.000:00 dólares, mas esse dinheiro pode ser metido no IRS. A igreja regista o dinheiro que cada um dá todas as semanas, ao fim do ano, têm o recibo. Claro, que cada paroquiano registado na igreja, tem envelopes para todo o ano...
Luis, faz aí uma excursão e venham até ao Canadá, venham passear :))) Padres e bipos vêm cá muitos, a Tuna Académica do Minho também já cá esteve, artistas Portugueses também. Politicos Portugueses, também passam por aí, mas desses pouco precisamos. Pois, eles não nos ajudam em nada!

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 18 de November de 2004 08:17

Ana,

É melhor eu não ir ao Canadá ou não resisto à terrível tentação de emigrar de vez :-)

Luis

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 18 de November de 2004 10:19

Amigos

Dá-me a sensação que muitas vezes se doura o de fora e se empobrece o nosso!
Não precisamos de ir para o Canadá nem para a Alemanha! Aqui as coisas podem não estar tão evoluídas mas também não estão tão mal.
Todas as ofertas que faço para a igreja (excluindo as do ofertório) posso declará-las no IRS.
E no IRS também posso dedicar parte do imposto liquidado para a igreja (ou outras instituições). Será que ninguém reparou no quadro 9 do anexo H?
Pois chama-se "Consignação de 0,5% do imposto liquidado (lei nº 16/2001 de 22 de Junho)". As entidades beneficiárias podem ser:
- Instituições religiosas - at. 32º, nº 4
- Instituições Particulares de Solidariedade Social ou Pessoas Colectivas de Utilidade Pública - art. 32º, nº 6

Cassima

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 18 de November de 2004 15:15

Luis


Gostavas de emigrar?

Que pena não seres padre!...arranjava-te já para poderes emigrar:) Vinhas com passaporte de turista e tudo...
Alem disso, dirigi-te à embaixada canadiana em Lisboa, poderá ser que consigas algo. Depende do que faças aí....podem precisar de ti aquí! lol

Temos dois padres Brasileiros que querem vir para aquí, mas o povo está teimoso que quer um padre Português. Aquí manda o povo:)

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 18:43

Como será a igreja do Século XXI?

Ao reflectir sobre esta questão, fiquei com a percepção que a igreja do Século XXI, cujas tendências estão já delineadas se aproxima muito da igreja dos primeiros tempos do cristianismo…

Em primeiro lugar a Igreja será cada vez mais uma IGREJA de LEIGOS, onde os leigos estarão presentes activa e autonomamente nas actividades religiosas e sacramentais, tendo os padres uma função restrita e residual. Os LEIGOS serão - a força motriz da igreja, mesmo nos aspectos de construção doutrinária e ideológica. "O modelo de uma igreja dos padres, clerical, vai acabar por desaparecer mais cedo ou mais tarde, para dar origem a uma igreja de homens e de mulheres cristãs, empenhados na vivência do Cristianismo".

Depois, a Igreja do Século XXI será uma IGREJA de MULHERES. A feminização da igreja, sobretudo a partir da segunda metade do século XX é um fenómeno global incontestável. Este facto está directamente relacionado com as transformações demográficas da modernidade, que permitiram o aumento da longevidade das mulheres, ultrapassados que foram os índices de mortalidade relacionados com a gravidez e o parto. O desenvolvimento científico, em particular na área da saúde, a melhoria global das condições de vida, e sobretudo a utilização em massa dos contraceptivos eficazes, teve como principal impacto uma drástica redução da mortalidade feminina sobretudo nos "anos reprodutivos". Precisamente nos países desenvolvidos onde a religião cristã é hegemónica e onde, por questões sociológicas e culturais as mulheres estão mais presentes no quotidiano da Igreja. Por isso mesmo houve um aumento da presença "numérica " de mulheres na vida das Igrejas locais.
Mas não apenas em Números. Progressivamente, as Mulheres começaram a laicizar a Igreja, numa transformação silenciosa mas nem por isso menos evidente – desenvolvendo todo um conjunto de tarefas e actividades, nomeadamente sacramentais que até ao século XX lhes eram completamente interditas em função do seu Género.
Na Igreja do Século XXI , já não haverá Sacramentos ou procedimentos rituais que as Mulheres estejam proibidas de fazer e o exercício do sacerdócio por Mulheres será uma realidade banal.

A Igreja do Século XXI, será um IGREJA INCLUSIVA, uma Igreja de acolhimento e serviço. Ou seja, uma Igreja que não lance estigmas rotuladores sobre quem são ou não os eleitos ou quem tem ou não direito à salvação. Será uma Igreja que acolherá TODOS, independentemente do seu estatuto social ou conjugal, da sua etnia ou das orientações sexuais, tal como na Igreja primitiva. 1COR 12,13 "Pois todos fomos baptizados num só Espírito para sermos um só corpo, quer sejamos judeus ou gregos, quer escravos ou livres. E todos bebemos de um só Espírito. "

Por último, uma marca diferenciadora da Igreja do Século XXI será a utilização intensiva e inevitável das tecnologias da informação e dos recursos da inovação científica. A Ciência, que a Igreja tão tragicamente hostilizou no decurso da sua história será uma condição de sobrevivência da Igreja e da sua mensagem. Não deixa de ser paradoxal.

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 22:14

Onde é que eu já ouvi isto? :o) (riso condescendente mas compassivo...)

...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 22:46

Cara Católica Praticante

Uma Igreja de mulheres (mas na Igreja primitiva as mulheres tinham acesso ao Sacerdócio?, Mas Jesus Cristo escolheu mulheres para seus Apóstolos?


Uma Igreja Inclusiva (que chavão) Cabem todos independentemente da Orientação Sexual (Mas a homosexualidade não é um pecado?)

Só falta o aborto então e o aborto? Quando é que a Igreja dá esse passo de modernidade. A livre escolha da mulher. O sagrado direito a escolher a decidir.

Será que esse passo será só para o Século XXII?

Pedro B

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 22:49

Tens toda a razão Cassima.
É agora necessário divulgar tal situação.
Já temos mais um quadro a preencher no próximo IRS.

João (JMA)

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 27 de November de 2004 00:40


Pedro B:

Obrigado pela tua simplicidade perante o ridículo.


...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: A Igreja do Sec. XXI
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 27 de November de 2004 03:15

Fiz aquela questão a perguntar-me a mim, mas querendo também inquirir à catolicapraticante sobre as fontes que prometem tal futuro devastador para a Igreja. A que se devem estas ideias? É delas que o Evangelho realmente trata?

Descrevo algumas circunstâncias que nos possam fazer pensar assim. Ao olhar-se muito para os outros, os que se intitulam não-crentes ou não-cristãos, tendemos a esvaziar a Igreja da sua missão, quero dizer: considerando mais importante o "estar bem", ao justificar-se a renúncia de Deus, aceitando uma alternativa moral à lei de Deus como o humanismo secular e liberal, uma série de "direitos humanos" (que nunca são para todos, porque não considera que todos são "humanos", faltando a divindade da semelhança com Deus sempre presente em cada um e a graça para amar assim a todos), silenciando a pregação do Evangelho -- "camuflando" a falta da audácia do anúncio com o ênfase na pregação das obras (S. Francisco também chorava pelas ruas ao ver que "o Amor não é amado")... Não se adora nem louva tanto os dons da graça de Deus, mas aclama-se em grande entretenimento o "gosto" que há no ser "amigo" do outro. A quem isto não pareça desordenado, intercedamos para que Nosso Senhor Jesus Cristo possa ser por eles (e por todos) mais amado.

Por que saliento isto? Devido à forma como o Pe. João Luís introduziu e continuou o tópico, equacionando praticamente todo o apostolado dos leigos com a acção caritativa, apesar de claramente focada no amor a Cristo (conheço e admiro em particular na sua diocese o apoio a toxicodependentes, que, diga-se, trata-se de problema essencialmente espiritual, de sentido). Portanto, coloco estas reflexões sem contudo pretender contradizê-lo em nada do que disse (aliás, não podia estar mais de acordo quanto aos bloqueios que representam os respeitos humanos e as burocracias e estudos sem testemunho), mas para ajudar a completar outras necessidades, provavelmente as mais essenciais: a falta de equilíbrio na Paz de Cristo, do desenvolvimento concreto, interior, da relação com Deus, da conversão à Redenção realizada por Jesus Cristo (oração e devoção pessoal, formação bíblica, teológica e litúrgica, etc.) do qual temos como frutos, por exemplo, esta "militância" desfasada da realidade do ser da Igreja -- sem perceber de todo a sua finalidade --, de que dá testemunho a catolicapraticante, ou o Albino Soares com ideias como um tal de «Grande Conselho dos discípulos de Cristo».

Depois, colocou-se aqui uma questão que considero bastante pertinente, a da aplicação do dinheiro na arte ou na assistência aos pobres. Acredito que ambas edificam grandemente a Igreja... e que haverá dinheiro para tudo, pois tanto a arte como os pobres, sempre os teremos e precisaremos alimentar! Desaprovo bastante certas igrejas recentes (e também alguma da nossa arte já antiga), pois tantas vezes muito pouco se aproveita para essa edificação espiritual, como lugar de referência da comunidade para o louvor a Deus, sendo também resultado da sua vida de piedade (mesmo nas formas mais simples), onde as pedras e cores do templo manifesto num lugar reflectem permanentemente as cores da Fé das pedras vivas que somos nós (e os cânticos e odores...). As nossas igrejas da Baixa-Chiado em Lisboa, uma situação actual, tratar-se-á de dinheiro mal gasto o que é usado na sua restauração? Parece-me que não, e lá temos também muitos pobres à porta, a quem, se vierem por bem, não é recusada a entrada, haja caridade.

Por outro lado, falando de protestantismo: mais importante que o estudo bíblico, é a própria vivência da liturgia e da perseverança no caminho da verdadeira fidelidade a Cristo na comunhão da Igreja. O que se constrói -- incluindo a arte -- como resultado dessa vivência do Reino de Deus sobre a terra, edifica muito mais a caridade na sociedade do que, por exemplo, uma grande corrente popular protestante, a da história dramática do resgate de uma vida de pecado, criando grandes cisões entre o amor ao próximo, à confiança e à esperança sobre a terra, e a exaltação da vida no mundo que há-de vir, em que só o céu conta (nem sempre considerado como comunhão com Deus mas como "paraíso" de prazeres), que conduzem a facções sectárias e aos milenarismos. Não estou a dizer que o foco na conversão dos pecadores não é o essencial acima de tudo: digo sim que os católicos são chamados a fazê-lo com maior piedade, tratando-se da catolicidade do Cristianismo, não na aceitação individual da Redenção do Senhor Jesus, mas consequentemente na Sagrada Comunhão, na intercessão dos membros do Corpo de Cristo, nos seus ministérios, na reparação de todo o desamor no mundo, etc...

Quanto a tudo aquilo que cada um de nós fazemos e deixamos de fazer nas nossas vidas concretas, podemos sempre partilhar aqui mais e melhores trabalhos pela extensão do Reino de Cristo, apesar das normais relutâncias em partilhar coisas mais pessoais num fórum como este acessível a todos, mas que me parece ser o propósito deste tópico, procuremos que não se desvirtue.

...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

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