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Re: Vaticano descontente com gestão de Fátima ameaça controlar santuário
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 17:22


As que souberes, João, e a mais não és obrigado!

O meu latim resume-se, pouco mais ou menos, às frases do Asterix! :))

Cassima


Re: Vaticano descontente com gestão de Fátima ameaça controlar santuário
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 17:58

Caro Pedro B,

"Roma locuta, causa finita" não se refere às questões de Fé em geral mas aos dogmas de Fé em particular.

Quanto ao que não é dogma de Fé, a "causa", por definição, não está "finita", mesmo que "Roma" se tenha pronunciado quanto a ela.

A expressão seria utilizada para dizer que sobre aquela matéria nada mais haveria a dizer, o que apenas acontece quando se proclama um dogma. E mais especificamente apenas sobre a questão central do dogma, admitindo que as palavras que suportam a ideia possam ser melhor formuladas no futuro.

Quanto aos dogmas de Fé, assim que proclamados (Roma locuta) a causa está finita.

Re: Vaticano descontente com gestão de Fátima ameaça controlar santuário
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 20:04

Escreveu o Pedro B:
"Quanto ao incidente em Paris, até teve a sua piada e passou-se de forma bastante civilizada."
Se calhar sou eu que não tenho grande sentido de humor, mas não vejo a piada de um alucinado a interromper quando tratamos de coisas sérias.
A parte civilizada foi a forma como a Igreja tratou o jovem. De uma forma cristã e exemplar. Ao contrário das atitudes extremistas do jovem.
Estão de parabéns os cristãos presentes na celebração que tal como Cristo terão dito: "Perdoa-lhe Pai porque ele não sabe o que faz."

Re: Vaticano descontente com gestão de Fátima ameaça controlar santuário
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 26 de November de 2004 22:09

Caro JMA


Claro que foi um "incidente" mas das imagens que vi tratou-se de um proptesto bastante civilizado. Sem berros, sem violencia sem grandes faltas de respeito.

Se comparado com as figuras que muitos católicos fazem por exemplos nas questões do aborto, até foi civilizado.

Claro que foi algo inesperado daí que tenha dado notícia.

Às vezes um dose de rebeldia faz falta para abanar as coisas.

Pedro B

Re: Vaticano descontente com gestão de Fátima ameaça controlar santuário
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 27 de November de 2004 14:27

Acho interessante verificar que os defensores os integrismo católico apelem á "rebeldia"...

Por acaso não me pareceu um protesto nada civilizado. Tratou-se de um jovem perturbado a vociferar insultos contra ao nosso Cardial Patriarca.
No rosto deste vi um sombra de doce tristeza que me comoveu. Ainda esboçou um gesto de aproximação para com o jovem , que lhe voltou as costas com agressividade.

Não, não se trata de rebeldia saudável.. .Trata-se de fundamentalismo religioso a grassar entre jovens perturbados e vulneráveis a certas formas de manipulação ideológica.

Fundamentalismo este que deve ser combatido com formação e Educação, entre outras medidas.

Re: Vaticano descontente com gestão de Fátima ameaça controlar santuário
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 22 de June de 2005 11:49

Ainda a propósito...

Alef


Citação:
OS LUGARES DO "DIVINO VISLUMBRE"

1. O título desta crónica foi roubado a uma meditação do filósofo Carlos H. do C. Silva feita no Congresso Internacional de Fátima, em 2003, organizado em torno de temáticas convergentes: o santuário e o sagrado; a idolatria e a fé; a crença e a descrença; passagem do confronto ao encontro das religiões; testemunhos de representantes de varias religiões -- hinduísmo, budismo, judaísmo, islamismo, Igreja Ortodoxa, Igreja Anglicana, Igreja Católica sobre o futuro dos santuários na sua relação com o sagrado.

Infelizmente, o que desse congresso passou para os meios de comunicação social foram apenas especulações sobre a transformação de Fátima num santuário interreligioso - e qual seria o mal? - prefigurado em dispositivos da nova basílica em construção e no acolhimento que algumas personalidades e grupos de outras religiões tiveram na Capelinha da Cova da Iria. Queixas de grupos integristas teriam provocado um alerta do cardeal Ratzinger. O patriarca de Lisboa sentiu-se obrigado, depois da eleição do Papa Bento XVI, a declarar que Fátima continuará católica.

As actas do congresso foram publicadas em 2004. Só acabei a sua leitura muito recentemente e não cabe neste espaço uma análise adequada do seu conteúdo, no geral, de grande qualidade. Gostava que elas tivessem incluído os debates que as comunicações suscitaram. Não simpatizo com a moda instalada de se fazerem congressos só para as actas das conferências.

As religiões não vivem sem santuários. O antropólogo José da Silva Lima, de forma muito sábia e límpida, numa agradecida homenagem a Michel Meslin, abriu os acessos à essência complexa do santuário, enquanto fenómeno religioso, através de um belo mapa de múltiplas alusões a espaços culturais, concluindo o seu percurso de modo sugestivo: "O santuário é, hoje, um lugar de convergência que se procura como quem mendiga a alma."

Jorge Coutinho dirá depois, com palavras de J. Le Goff, que os santuários, sinais de Deus, são hoje "clarões na noite" da descrença e "oásis no deserto" da devastação espiritual.

Carlos H. do C. Silva, numa conferência orquestrada por 263 longas citações, discutiu a facilitação da tese do "sagrado e profano" tipificada por Mircea Éliade com grande argúcia. Numa longa e labiríntica peregrinação metafórica viu o santuário como recorte de um espaço de bênção e transformação interior, limiar do "céu na terra", rasgão de infinito no tempo e na psicologia habitual que permite o vislumbre do eterno.

Guiou-se pela sugestiva epígrafe de T. de Chardin, colhida no formoso livro O Meio Divino: "(...) o ponto único onde pode nascer, para cada homem, a cada a momento, o Meio Divino, não é um lugar fixo do Universo. É um centro móvel que nós devemos seguir, como os magos seguiram a sua estrela."

No plano cristão, cada um de nós está chamado a ser templo do Espírito Santo e Deus, a casa de todos. Os santuários cristãos ou servem para nos ajudar a fazer e a alimentar essa descoberta, ou tornam-se lugares de perversão. Não posso esquecer que algumas festas e romarias do Alto Minho terminavam, quase sempre, em sangrentas lutas entre aldeias e grupos rivais. Não eram vislumbre do divino, eram espectáculos de sangrentas vinganças.

As actas deste congresso apontam, no entanto, para o seu misterioso tema: O Presente do Homem - O Futuro de Deus (1).

2. Noutro registo de escrita e com outros objectivos académicos, Pedro Pereira empreendeu "um estudo antropológico das peregrinações a pé a Fátima" e por razões de método - "de observação participante" - caminhou com os peregrinos do Porto até Fátima. O autor tem razão: é estranho que um fenómeno social desta envergadura tenha interessado tão pouco os cientistas sociais. Fátima atrai peregrinos. Não seduz investigadores. O autor abriu a razão às emoções dos caminhos da peregrinação. (2)

3. Ainda no âmbito dos locais sagrados e das peregrinações, Paulo Mendes Pinto e Francisco Moura publicaram uma obra para visitar santuários de todos os continentes. (3)
A elaboração deste belo reportório de locais sagrados da humanidade, parte da convicção de que o turismo religioso não pode prescindir do contributo da história das religiões. Está concebido para ser usado como suporte na escolha e realização de viagens, com um acervo de materiais, dados e explicações credíveis e atractivos.

4. Loas a Maria (canções populares de louvor a Nossa Senhora) investigadas, com rigor académico interdisciplinar, por Lucília José Justino -- professora universitária que faz parte do coro de mulheres Cramol dedicado à música tradicional --, merece tornar-se um livro de cabeceira para quem deseja descobrir e redescobrir a bela poesia popular mariana portuguesa. (4)

Não é, de forma nenhuma, um livro devoto. Mas é guiado pelo espírito da epígrafe escolhida de Émile Durkheim: "Assim, quem quer que seja que não traga ao estudo da religião uma espécie de sentimento religioso não pode falar dela. Seria como um cego a falar de cores."

Por causa deste começo de Verão - tempo de festas, romarias e peregrinações, de itinerários da fé ou de nostalgia e desejo do sagrado - foram reunidas estas variadas sugestões de leitura.

(1) O Presente do Homem e o Futuro de Deus, Congresso Internacional de Fátima. 2004. (2) Pedro Pereira, Peregrinos, Piaget, 2003; (3) Paulo Mendes Pinto, Itinerários de Fé, Mediatexto, 2005; (4) Lucília José Justino, Loas a Maria. Religiosidade popular em Portugal, Colibri, 2004.

Frei Bento Domingues, O.P.
«Público», 2005-06-19

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