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Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 14 de August de 2004 01:35


A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS SÃO IMPRESCINDÍVEIS, COMPATÍVEIS E COMPLEMENTARES,
TANTO PARA PREMIAR COMO PARA CASTIGAR, NO TEMPO E NA ETERNIDADE – I



(Primeira Parte)

Tragicamente, há uma heresia "egoístico-sentimental" na actual Igreja Católica (principalmente), baseada na sacrílega crença de que "Deus é SÓ AMOR" (!?), avesso portanto à Justiça (no mínimo), e, consequentemente, não propenso à devida punição (ou retribuição…), mormente quanto ao castigo eterno (ou Inferno), por mais graves que sejam as iniquidades e por mais obstinados que sejam os pecadores!...

Tal heresia não admite qualquer castigo divino, porque, segundo essa mesma crença, "não pode haver culpa humana alguma que seja passível de punição austera, e sobretudo de castigo eterno, pelo próprio Deus, como infinitamente Bondoso e Misericordioso que é" – independentemente (é claro) de também Ele mesmo ser (ou poder ser, segundo admitirão outros menos extremistas…) "infinitamente Justo, Perfeito, Sábio e Santo", conforme consta na Bíblia e ensina a mesma Igreja…

Mais ainda: Essa mesma heresia crê e justifica a salvação universal de toda a humanidade (independentemente dos seus pecados ou virtudes), mormente pela mera presença no homem de um princípio divino irrevogável – o facto de ter sido feito à "imagem e semelhança de Deus"; assim como, alegam outros, pela pretensa redenção/salvação universal e automática de Cristo, sem quaisquer limites nem condições –, pelo que, sobretudo por isso, Deus seria incapaz de castigar e, muito menos, de condenar o homem a penas eternas...

O homem seria assim uma criatura quase Divina – com dons e direitos semelhantes a Deus! –, como pretenderiam os teólogos Maurice Zundel e Teilhard de Chardin, por exemplo!
Só pelo simples facto de ser concebido, o homem já estaria salvo!...

Para essa crença absurda e egocêntrica, soberba e sacrílega, que já tanto grassa nos meios católicos – inclusivamente entre muitos membros do clero! –, o Inferno não tem qualquer cabimento, e muito menos o Demónio, no que geralmente já nem acreditam, apesar de serem Dogmas de Fé!...

Um Deus punidor seria, para essa "sacrílega gnose progressista", um Deus tirano e absurdo, por mais Sábio, Poderoso, Perfeito e Santo que fosse!
Para tais "cristãos e católicos modernistas", toda a "Justiça" Divina teria de consistir, ou de redundar, em perdão incondicional, e em nada mais que perdão total, independentemente da gravidade dos pecados cometidos!...

Um Deus vingador, ou justiceiro, é para os progressistas e hedonistas actuais algo inconcebível e retrógrado!
Entretanto, está na Sagrada Escritura que Deus é "Vingador" (Jer 51, 56).
Está escrito também: "A Mim pertence a vingança" (Deut 32, 35).

Esses hereges não compreendem a maldade profunda do pecado!
Eles desconhecem, ou não querem reconhecer, que a Misericórdia de Deus persegue continuamente o pecador para salvá-lo, e que o iníquo só cai no Inferno por vontade própria, ao recusar, com advertência e dureza de coração, a imensa Misericórdia de um Deus que morreu na Cruz para salvá-lo, mediante o necessário e sincero arrependimento...

Só cai no Inferno quem detesta o Amor de Deus infinitamente Compassivo e Justo.
Só precipita-se livremente no Inferno (mesmo se já não acredita nele), quem despreza o Sacrifício da Cruz e o Sangue de Cristo amorosamente derramado, pela salvação de toda a humanidade...

Esses hereges hedonistas não compreendem a verdadeira Justiça de Deus, porque desconhecem, ou não aceitam, egoísta e rebeldemente, o que é realmente a Misericórdia Divina...
Eles não entendem que não há, jamais, perfeita Misericórdia sem Justiça, assim como não há perfeita Justiça sem Misericórdia...

(Continua)


Respeitosa e solicitamente,

José Avlis


Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 15 de August de 2004 11:18

Nota: Relembro que as participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.

Citação:
CRISTO REVELA QUEM É DEUS
Deus é amor 1 Jo 4, 8.16


Cristo, e só Ele, no-lo diz: pelo seu próprio ser e não apenas com as suas palavras.

O amor não é um atributo de Deus, entre outros atributos; antes, todos os atributos ed Deus são atributos do amor. É indubitável que esta afirmação não se justifica em todo o rigor senão na meditação do mistério trinitário. Mas, então, aparece como a última aproximação daquela plenitude de ser que os filósofos presentem.

Deus não é amor como é justiça, santidade, luz, poder. O amor é que é santo, justo, omnipotente. Deus não é o Todo-poderoso que ama, como se o amor temperasse, ou mesmo orientasse, a sua potência; Ele é o Amor, cuja potência infinita conduz sempre mais avante, no impulso criador, até à morte («não há maior amor do que dar a vida pelos amigos» - Jo 15, 13 e ao perdão, suprema gratuidade.

Quando se sai da esfera do amor e se introduzem imaginativamente em Deus elementos estranhos ao amor (que se foram buscar, na maior parte dos casos, às hierarquias humanas ou à ordem jurídica); quando se pensa que o amor é qualquer coisa em Deus, ou um aspecto de Deus, e não Deus mesmo, «constrói-se» uma divindade. Semelhante «idolatria» sobrevive no coração dos cristão, e sob a máscara de fé, precisamente quando esta não é nem suficientemente forte nem suficientemente pura para criticar os conceitos e imagens que se multiplicam à sua sombra.

Fonte: Síntese da Fé Católica, François Varillon, S.J., Editorial A.O., Braga, páginas 23 e 24.

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 15 de August de 2004 23:47

Talvez seja pecado meu, que deva confessar rapidamente, mas não há paciencia para aturar as coisas deste senhor Avlis. Que concepção tão triste da Igreja e de Deus....
Confesso que a Igreja de Crsito da qual sou Padre não tem nada a ver com a deste Senhor, graças a Deus!!!!
Começo a entender porquê tanta gente abandona as Igrejas. Com pesssoas assim, ou tem uma fé fortissima ou desistem!

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo - II
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 16 de August de 2004 06:40


A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS SÃO IMPRESCINDÍVEIS, COMPATÍVEIS E COMPLEMENTARES,
TANTO PARA PREMIAR COMO PARA CASTIGAR, NO TEMPO E NA ETERNIDADE – II



(Segunda Parte)

A Justiça humana é a virtude pela qual damos a cada um aquilo a que tem direito ("quicumque suo tribuere").
Segundo a teologia, a Justiça é uma Virtude Cardeal, tão elevada e tão perfeita que a Sagrada Escritura chama de Justo aquele que é Santo, e vice-versa; demonstrando assim que quem é realmente Justo possui, ao menos em grau razoável, todas as virtudes principais, nomeadamente as Teologais e as Cardeais.
Como sabemos, toda a Virtude cardeal está no meio de dois vícios opostos.

Assim, é a virtude da Temperança que nos faz amar e querer moderadamente todo o bem, mesmo o bem material.
A Temperança é o ponto de equilíbrio entre dois vícios contrários: Um por excesso de amor a um bem (embora útil e legítimo); outro por carência de amor a esse mesmo bem.

Por exemplo: O bem do paladar pode ser buscado com excesso irracional, e então temos o vício da gula; ou por carência de desejo (desde que não patológica), como a indolência ou apatia, o que também é irracional, pois despreza assim um bem dado por Deus, visando a correcta alimentação humana.

A virtude que controla a paz e a harmonia (vs. irritação ou nervosismo), é a Fortaleza (de espírito).
Quando um bem é desejado pela alma, e um obstáculo se opõe a que utilizemos esse bem, a nossa sensatez e prudência reagem para afastar aquilo que se opõe à posse desse bem.
Se reagimos por excesso, com raiva ou impaciência, cometemos o pecado da ira. Se não reagimos, também pecamos por negligência ou preguiça.
(Cf. S. Tomás, Suma Teológica II, Q. 158, A. 8).

A virtude da Fortaleza faz-nos reagir racionalmente contra tudo o que se opõe à legítima posse de um bem.
Ela leva-nos a enfrentar perigos e dores na luta pelo bem.
Se exageramos o perigo e a dor, com falso temor, e por isso mesmo desistimos de alcançar o necessário bem, pecamos por cobardia.
Se, por outro lado, enfrentamos o perigo, sem ponderar devidamente as suas consequências negativas, pecamos por insensatez.

Por isso mesmo, pode haver uma "ira" santa, como a de Cristo ao punir os vendilhões do Templo.
A ira positiva, segundo São Tomás, é efeito de um desgosto por uma injustiça recebida ou constatada.
Tal ira compõe-se então de uma tristeza e do consequente desejo de reparar legitimamente uma injustiça.
Cristo, enquanto Homem, podia sentir desgosto e ira por certos comportamentos iníquos, com o subjacente desejo de vingar tais injustiças.

Quando a ira não é fundada, nem controlada pela razão, ela é pecaminosa.
Mas quando a "ira" tem fundamento na razão e é controlada, visando restabelecer legalmente a Justiça, ela chama-se Zelo (solicitude).

E foi esse sentimento piedoso que teve Cristo, quando se irou, com santo zelo, para expulsar os vendilhões do Templo, a fim de vingar/reparar a Honra de Deus ofendida.
Daí o rezar-se no Salmo IV: "Irai-vos, mas não queirais pecar" (Sl IV, 5).
(Cf. S. Tomás, Suma Teológica III, Q. 15, A. 9, 'Se Cristo teve ira').


A terceira virtude cardeal é a Prudência.
Contra ela também podemos pecar por excesso, e então cairemos na insolência, na violação, ou no excesso de zelo.

E se nada fazemos, por falta de prudência, então cairemos nos pecados da imprudência, no desleixo ou laxismo.
A Prudência faz-nos ordenar e acautelar devidamente os meios adequados para atingirmos um bem positivo, ou evitarmos qualquer mal.

A Justiça, sendo uma das quatro Virtudes cardeais, é como que a síntese das restantes três: Prudência, Fortaleza e Temperança.
Como sabemos, a Justiça consiste em dar a cada um o que lhe é devido; ou a deixar de dar, se é indevido.
Enfim, a Justiça é aquela virtude, por excelência, que nos ensina e permite fazer tudo na devida "conta, peso e medida", tal como nos ensina a Palavra de Deus.

Contra a virtude cardeal da Justiça podemos também cometer pecados por excesso, como a usurpação, a calúnia, a crueldade ou a violência.
E por defeito, ou omissão da Justiça, cometeremos outros pecados, tais como: a pusilanimidade, a tibieza, a corrupção, a anarquia e a miséria.
(Cf. S. Tomás, Suma Teológica II, Q. 157, A. 2, ad 4).

(Continua)


Respeitosa e solicitamente,

José Avlis


Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 24 de August de 2004 22:27

Estou plenamente de acordo com o Luís. E com o teólogo que ele cita, François Varillon (de quem estou a reler parcialmente Alegria de Crer e de Viver).

Cristo veio trazer uma Boa Nova e por ela morreu: se tivesse vindo dizer que Deus era terrível, vingador, à imagem dos soberanos de então, teria sido acolhido pelos saduceus - ainda chegaria a sumo sacerdote! Ou a rei de Israel!

Mas hoje não existiria cristianismo.

A imagem do deus vingador só existe na mitologia.

Nas férias li um livro precisamente com aquela imagem de deus: chama-se "Odisseia" e foi escrita por Homero (?) no séc VIII Antes de Cristo.
[off topic: recomendo a leitura. Foi traduzido do original grego em verso não rimado, por Frederico Lourenço - Livros Cotovia]

E esse "deus" chamava-se Zeus.



João (JMA)

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: Aristarco (IP registado)
Data: 25 de August de 2004 02:09

E Jesus é mesmo rei de Israel (cf. Jo 1, 49)

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 26 de August de 2004 00:14

Assim disse Natanael.



João (JMA)

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: Anita (IP registado)
Data: 26 de August de 2004 10:19

Durante anos, sobretudo na minha infância, também me fizeram crer que Deus castigava quando não fazíamos o que Ele mandava.
Muitas vezes, os adultos caem no erro de, quando não lhes agrada um determinado comportamento numa criança (e que, às vezes, é necessário ao seu desenvolvimento - por exemplo, uma birra, que deve ser encarada como algo de essencial ao seu desenvolvimento psíquico) dizem logo:"Olha que Jesus está a ver-te! Não faças isso, não faças aquilo..."
Há crianças e crianças, e temos de ter cuidado na imagem que damos de Deus.
Eu cresci com mais medo que amor a Deus. Ele estava em toda a parte e, se eu fizesse qualquer coisa que desagradasse aos meus pais, à minha catequista, etc, de alguma forma eu seria castigada...
Daqui a vivermos para agradar aos demais para ter o seu amor, vai um pequeno passo.
Aprendemos que o amor é condicional, em vez de incondicional. Tentamos fazer de tudo para não falharmos e correspondermos às expectativas daqueles que mais amamos.
Acredito que são essas falsas imagens que temos de Deus (um ser que apenas nos ama se cumprirmos determinados requisitos) que fazem com que tanta gente desista d'Ele.



Anna e Sara

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: Anita (IP registado)
Data: 26 de August de 2004 16:01

Penso que o Avlis nunca terá reflectido sobre a parábola do Filho Pródigo...



Anna e Sara

Re: Misericórdia e Justiça, vs Prémio e Castigo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 27 de August de 2004 00:44

Anita,

Tocaste num problema muito importante: a catequese.

Precisamente um dos problemas da Igreja é a da falta de evangelização de hoje, derivada de catequeses absurdas de ontem.

Muita gente se afastou da Igreja por considerar incompreensível as ideias que lhes tinham ficado da catequese.

Que de si era incipiente, insuficiente e absurda.

O Deus que muita gente aqui apresenta é uma recriação mitológica que foi feita - absurdo dos absurdos - nas catequeses católicas de há umas dezenas de anos.

Fruto de uma "hierarquia" da Igreja entrincheirada contra tudo e contra todos, a negar a ciência, balofa e bafienta, que já nada podia criar.

Apesar de ter acabado com o Concílio Segundo do Vaticano este "tipo de catolicismo" demorará a encontrar a verdade: é que é mais fácil fazer uma novena a um santinho ou comprar uma vela de um metro para queimar em Fátima do que agir como cristão por um só dia.

É que um "Deus" à imagem dos homens compra-se com um comerciozito qualquer - velas, novenas, missas; o Deus de Cristo exige uma vida em função dos outros, é muito mais difícil.

Mas o Deus que nos foi revelado por Cristo é que faz todo o sentido. Com esse todos concordam. Mesmo aqueles que se afastaram da Igreja.

Se a Bíblia não for lida à luz da Revelação de Cristo, se Deus não for visto como Pai, arriscamo-nos a entrar no campo da mitologia.



João (JMA)



Desculpe, não tem permissão para escrever ou responder neste fórum.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.