No tópico "Fundamentalismos religiosos" referi o caso dos ataques suicidas por motivos religiosos. A Ana escreveu então uma mensagem sobre casos recentes de suicídios (fora do contexto do fanatismo religioso). Lembrei-me então de abrir este novo tópico sobre o suicídio, tema que creio que nunca foi abordado aqui.

Parece-me que de uma forma ou de outra já todos tivemos contacto com esta realidade de alguém próximo ter cometido ou tentado suicídio. Em vários países o suicídio está entre as primeiras causas de morte entre os adolescentes e jovens. É um problema que nos toca e choca profundamente, ao nível estritamente religioso e também a outros níveis. Camus escreveu que «Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio». Aparentemente o suicídio é a vitória do do absurdo sobre o sentido da vida. Mas há também quem diga que o suicídio é precisamente o último grito em favor do sentido da vida; uma vida sem sentido não vale a pena ser vivida.

É uma realidade meio-tabu entre nós, creio eu. Não nos sentimos à vontade a falar do assunto. Os familiares e amigos de um suicida sentem-se muitas vezes numa encruzilhada de sentimentos de culpa (muitos sentem-se assassinos), revolta, desalento e derrota. Que fizemos para que tal acontecesse? Como pudemos deixar que acontecesse? Etc... E as famílias sentem-se frequentemente estigmatizadas para sempre com esta “mancha”. Normalmente não há muita dificuldade em dizer, por exemplo, que um filho morreu de acidente rodoviário, mas evita-se falar da morte de um filho que se suicidou. Entre os adolescentes não é raro que um suicídio tenha um efeito epidémico. Um suicídio pode “induzir” a outros. Alguns adolescentes vêem o suicídio de um colega como um acto de coragem.

A minha experiência, também indelevelmente marcada por esta realidade em alguém bastante próximo, mostra-me a dura realidade de esbarrar com uma espécie de precipício enigmático diante do qual sobram as palavras e o silêncio é tão necessário quanto terrível. Talvez queiram aqui deixar alguma reflexão ou partilha.

Do ponto de vista da pastoral da Igreja, é importante ressaltar uma mudança de perspectiva. Até há relativamente poucos anos as pessoas suicidas não tinham direito a funeral católico, ao contrário do que é a prática corrente de hoje em dia. Em parte porque se reconhece que uma pessoa que se suicida não o faz como um acto totalmente livre... Afinal, o nosso instinto mais "básico" é o da conservação da vida.

Entretanto, deixo aqui alguns "links" que poderão ser úteis...

- [www.suicideinfo.org] (sintomas);

- [www.virtualpsy.org] (o suicídio no adolescente);

- [www.admd.pt] (se não abrir, tente aqui) (prevenir o suicídio);

- [www.telefone-amizade.pt] (mitos e factos do suicídio);

- [www.encuentra.com] (A Igreja e a abordagem do suicídio).

Alef

Alef e demais foristas:

Este assunto toca-me particularmente, porque há vários casos de suicídio na minha família.
O meu bisavô paterno (pai do meu avô paterno) suicidou-se. O meu avô paterno suicidou-se. O meu pai tentou suicidar-se. E eu, quando tinha 16 anos, pensei em suicidar-me...
Há uma linha "suicida" na minha família, mas isso não me dificulta abordar este assunto. Antes pelo contrário.
O suicídio surge, porque há uma espiral de violência contra nós, perpretada por nós próprios.
Não há palavras que cheguem para descrever o sofrimento e a aflição de um suicida.
Por medo, por vergonha, por desconfiança, não falamos sobre o que vai dentro de nós. As palavras que ficam por dizer tornam-se um veneno. Um veneno que nos tolhe o entendimento, a razão, a vontade...e, se estamos "mortos" por dentro, queremos também morrer fisicamente, pois o embate entre a nossa morte interior e a nossa vida orgânica, é um suplício acima das nossas forças...é então que decidimos acabar com tudo...
Eu não o fiz. Pensei, mas não o fiz. Houve a mão amiga do meu irmão que me ajudou a superar e a identificar toda a dor de uma adolescência mal vivida e reprimida.
Hoje, por muito abatida que esteja, aprendo a confiar nos outros e a desabafar, ainda que coisas perfeitamente absurdas. É isso que me tem livrado de atentar novamente contra mim mesma.
O dom da vida é o maior bem, o mais precioso.
Estar apenas com os órgãos a funcionar, de nada vale. A verdadeira vida, vive-se sobretudo dentro de nós, dentro dos nossos corações.


Um abraço

Anna e Sara



Anna e Sara

Anna e Sara

Ja salvei 2 pessoas do suicidio. Muitas vezes ha pessoas, que precisam de desabafar, precisam de ajuda e por vezes nao os compreendemos.
Uma jovem mae, queria suicidar-se...Apenas lhe disse, tens uma menina tao bonita e queres deixa-la no mundo sem Mae? Isso foi o suficiente para ela realizar, que nao o devia fazer...a partir dai comecou a desafabar os seus problemas.
Anna e Sara, confia no teu irmao ou em outra amiga, nao tenhas vergonha conta, desabafa e nao cometas suicidio. Toda a gente tem problemas, e preciso e resolve-los. Saber o caminho por onde sair, sem ser o suicidio. Se for preciso, consulta um psicologo. Os servicos Sociais por vezes tem Psicologos gratuitos para quem nao possa pagar.

A vida e linda!!! E preciso saber viver!!!



Rita

A realidade do suicidio é desafiadora, mas não me parece um problema tão dificil de ser resolvida (não querendo minimizar a questão). Acompanhei algumas noticias de suicidios entre jovens na Europa, já que no Brasil esta realidade não é tão freqüente, e chequei a alumas conclusões - embora não tenha certeza delas, são mais um palpite- que meparecem aproximarem-se de uma certa verdade:

1) A questão da "velocidade em que o mundo gira", no sentido de que as informações, principalmente em países mais desenvolvidos, é impressionante, isso causa:

1.1) Ao mesmo tempo uma elevação intelectual e a uma degradação moral, visto que não se separa o que é transitório do que é perene;

1.2) Uma falta de perspectivas, já que nada que podemos criar, ou que permeie esse nosso mundo de "simulacros"pode ser eterno, de forma que, daquia a bem pouco esbarraremos na falta de opção, que será problema maior ainda;

1.3) Uma falta de meta que não seja tão fulgas como as que temos hoje, e que teremos de uma forma muito mais veloz no futuro;

2) A exclusão que ocorre em diversas classes por causa do TER, que é priorizado em detrimento do SER;

3). A soliodão que se impõe, já que os outros só se preocupam com seu próprio eu e sEUs "bens" (coisificando a familia e a sociedade);

4) A dificuldade de fazer um salto para a transcendencia, que é tão necessário ao homem, já que o homem é um ser que se transcende.

5) A ausencia de uma religiosidade sincera e verdadeira que dá ao omem um sentido de esperança.

Assim analisei, muito superficialmente a questão prática do suicidio, mas ante de ser uma página escrita, é uma página que se abre, para uma reflexão prática sobre o assunto.

Fabiano


A falta do apoio da familia que esta ausente e dos amigos. Todos gostamos de atencao! Alguns, nao sabem pedir ajuda e sentem-se desprezados e abandonados. Dai vao ao suicidio. Outros os problemas da vida que nao conseguem resolve-los de outra maneira!

Conheco um senhor que andava no jogo, tinha pedido dinheiro aos bancos, nao sabia como sair desse vicio, meteu-se dentro do carro, dentro de uma garagem para se suicidar, mas alguem ainda foi a tempo de o salvar.... Aqui muita gente suicida-se, com os carros a trabalhar com a garagem fechada. Aconteceu isso, tambem aqui com uma jovem mae tambem da zona do Fundao.
E uma outra senhora dos Acores que o fez, acompanhada de dois filhos..... Foi um horror, ao ver mae e 2 criancas tudo no mesmo funeral.



Rita

Anna:

Muito obrigado pelo teu testemunho!

Alef

Sim, mas continuo dizendo que o problema é mais existencial que prático. O "nada" de que falei não é um nada metafisico, no sentido de ausencia de ser, mas no sentido de ausencia da própria pessoa, já que se perde por não ter mais a capacidade de distinguir entre uma coisa e outra visto qu existem tantas. Nada mais a atrai, nem o que é do momento.

Vejamos a moda, as drogas e o sexo, por exemplo, cada vez estão mais evoluidos, o que é moda hoje está superado amanhã, e o que se supera amanhã se super-superará depois de amanhã. Assim com as drogas, hajavista que existem drogas cada vez mais fortes, e com o sexo desenfreado, pois hoje procurasse cada vez mais parceiras (os).

Chegará um momento de colapso?

Uma ditadura da parte animal sobre a Espiritual no homem, uma ditadura do Ego centrado em si, um fechamento em si mesmo, um não a DEUS e a
toda SUA criação... uma queda no abismo. O sol brilha todo dia sobre os justos e os ímpios, porém os primeiros permitem , abrem as portas, os sentidos , e recebem o pão nosso de cada dia.... o alimento do Espírito e não apenas do corpo ditador eterno insatisfeito....
Deus nos fez para Ele e não para o falso Eu.
E nos deu o poder de escolha... nos deu seu Filho... se revelou a nós e ainda ficamos cegos, surdos, mudos.... e alguns permitem serem governados pelos inimigos da vida e caem no abismo.
É uma dor voltada para si, não um sofrimento que gera aproximação, talvez redenção...
Peçamos que o Deus sofredor em sua misericórdia saberá segurar essas almas no colo e acalentá-las e consolá-las...



Cris