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Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Déjà-vu (IP registado)
Data: 11 de June de 2004 01:35


Quando falo de "paradoxo" refiro-me à pretensa "comunhão plena" a nível do "ecumenismo", e não de "primado", ou não é esse o tema deste tópico?...
Aliás, a nível de "primado" também, pois jamais os protestantes, nem sequer os ortodoxos radicais, jamais aceitarão o primado do Papa.


Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 11 de June de 2004 01:48

será que as possibilidades do ecumenismo não passam, por um lado, pela eliminação de um certo autoritarismo e imagem excessivamente hierarquizada ou centralizada que provém do Vaticano (e que, em termos de história do cristianismo é relativamente recente, e nada "tradicional", ao contrário do que alguns pretendem fazer querer), e por outro pela adopção de um sistema semelhante do que liga as Igrejas católicas orientais à Igreja latina, reconhecendo as espoecificidades pastorais e legais de cada um?

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Déjà-vu (IP registado)
Data: 11 de June de 2004 01:58


Chamas "autoritarismo" à suprema e única autoridade legítima do sucessor de Pedro, em conformidade plena com a instituição do próprio fundador Jesus Cristo?!
Jamais haverá "ecumenismo" com cedência do essencial na Igreja católica, apostólica e romana, ou esta deixaria de sê-lo automaticamente!


Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 11 de June de 2004 02:07

Não encontro no Evangelho nem na tradição do primeiro milénio qualquer referência clara (isto é, não mais do que declarações de intenções sem efectividade prática) à questões como 'suprema autoridade' de Pedro... ou "única autoridade de Pedro", para que se possa falar de uma qualquer "instituição [do papado] do próprio fundador Jesus Cristo. É por isso que tenho as minhas dúvidas se a 'autoridade hierárquica do papa à qual todos os bispos e católcios estão submetidos' é assim tão fundamental (se é que isso que o pr+óprio papa defende, o que julgo que não é). Recordo apenas que os Bispos não são meros funcionários ou executantes das ordens do papa e que o conceito ou centralidade que hoje se confere ao papa é recente na Igreja. Claro que há raízes no 1º milénio, mas a sério só surge no 2º milénio, e mesmo assim com altos e baixos ao longo dos séculos...

Ceder no que afirmei acima, não me parece, como católico, ceder no fundamental (que é Jesus Cristo, não esquecer).

Abraço

Miguel

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 11 de June de 2004 14:59

Lamento desapontar o Miguel mas tal não é bem assim. NO primeiro Milénio as tensões já se faziam sentir. São Cipriano de Cartago reclama muitas vezes de Roma prentender impor soluções.
A uma vez mais insisto que a questão do Primado poe-se na forma como ele é exercido. Para os ortodoxos, o primado não rejeitado, aceitam a primasia da Igreja de Roma. Recusam sim a Jurisdição Universal do Papa.
QUe este seja o primeiro em honra está conforme. Como exerce é que tem levantado muitas questões. Grande parte delas nem sequer são de cariz doutrinal. Primeiro a recusa derivava do facto de ser constantinopla a nova capital do Imperio com o Imperador. Ainda hoje esta mentalidade é visivel nalguns meios ortodoxos.
Depois no sec VIII quando Focio foi patriarca de Constantinopla - quando lhes interessou - os monges de São João de Studion em constantinopla reccorrem à autoridade do Papa para retirar de lá o Patriarca com quem estavam em conflito aberto. Nas relações entre as duas igrejas, o Papa a partir do sec V era uma espécie de arbitro quando não tinham ninguem do seu lado, porque quando tinham rapidamente mudavam de opinião.
A Jurisdição Universal começa a por-se a partir de 436 com a queda de Roma e atinge o seu expoente mais tarde no sec XI com Inocencio III mas, as raizes estão no I milénio

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 11 de June de 2004 15:54

Caro padre João Luís, lamento mas não discordamos assim tanto: eu não digo que não haja raízes no 1º milénio (foi essa a expressão que utilizei), mas tal não significa que essas fossem muito mais do que aquilo que diz: um ´primado de honra', um 'primado de prestígio'. O problema tem mais a ver com o 'como' foi exercida essa primazia. Porque, de facto, no primeiro milénio, os próprios argumentos acerca da superioridade do bispo de Roma não me parecem mais 'doutrinais' do que os do patriarca de Constantinopla para defender uma completa colegialidade entre os bispos ou mesmo a sua superioridade, ao admitir a possibilidade da transferência da sede petrina para Constantinopla, com a transferência de capital para o Bósforo.
A questão do 'mudar de opinião' dos cristãos de Constantinopla ao sabor dos interesses conjunturais não é obviamente critério para mostrar qualquer falta de seriedade das discussões entre Roma e Constantinopla no 1º milénio... Roma não foi propriamente um modelo de constância... nem de prestígio, e nem preciso de recordar os papas dos séculos IX-X. Por outro lado, na origem das divisões entre as duas 'metades' do cristianismo havia também razões doutrinais que dividiam as duas sedes e que não se explicam apenas por motivos conjunturais. Repito: é claro que desde cedo o bispo de Roma pretende assumir em si uma preponderância não apenas de prestígio mas também político-religiosa (e, se os escritos de Cirpiano me parecem no mínimo discutíveis acerca da defesa da primazia de Pedro, vejam-se Leão Magno, Gelásio, Gregório Magno, para dar alguns nomes fundamentais; já agora, recordo que no 1º Concílio Ecuménico o papa pouco foi tido ou achado). Contudo, ela nunca se impôs de forma permanente, foi mesmo recusada continuamente no Mediterrâneo oriental pelos bispos cuja sucessão legitimamente remontaria também aos Apóstolos, bem como no Ocidente, de que os as dioceses e as liturgias hispânicas, gálicas e bretãs são exemplo flagrante... o papa não teve, durante grande parte do 1º milénio, qualquer autoridade de facto).

Duas precisões: 476 embora constitua marco para a queda o Imp. Romano no Ocidente não significou nada em termos políticos naquela época e tem sido abandonado para marcar qualquer diferenciação, mesmo em termos religiosos, para dar origem a uma qualquer defesa da Jurisdição Universal do Papa; Inocêncio III, papa fundamental na defesa da autoridade de Roma, é do século XIII.

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 14 de June de 2004 14:52

Caro Padre João

Admito que a expressão "sujeitas a Roma" possa ser mal entendida.

No entanto a questão poderá ser posta da seguinte forma.

Os Bispos Diocesanos devem ou não devem obediência ao Papa?

Pedro B

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 14 de June de 2004 15:36

Os bispos diocesanos estão em comunhão com o papa. Mais nada. Ô bispo diocesano não deve obediencia ao papa, como o padre a deve ao Bispo. A palavra chave é comunhão com o papa, a unica obediencia é o estar em comunhão. Quando começa a deixar de estar, o papa deve agir.

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Fabiano/Brasil (IP registado)
Data: 15 de June de 2004 18:58

Creio que só haverá de fato ecumenismo se houver um ecumenismo prático, ou seja, fazermos todo bem que pudermos fazer juntos, independente de credo confissão, de forma que se perdemos o diálogo pela falta de fraternidade cabe a todos restaurar pelo amor em seus mais variados níveis.

Para haver ecumenismo deve haver conversão.

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Fabiano/Brasil (IP registado)
Data: 16 de June de 2004 19:38

Eis um bom exemplo do que acabo de dizer, publicado pelo ZENIT:

"Católicos e anglicanos unem-se contra a lei de educação em Hong Kong
Bispo católico Joseph Zen denuncia que marginaliza a Igreja

HONG KONG, terça-feira, 15 de junho de 2004 (ZENIT.org).- A Igreja Católica e a Anglicana uniram forças para protestar contra a lei sobre educação proposta pelo Parlamento de Hong Kong --«Education Bill 2002»--, denunciando que a norma comprometeria o sistema de educação livre e multicultural.

Dom Joseph Zen Ze-Kiun, bispo de Hong Kong, opôs-se firmemente a esta lei (Cf. Zenit, 25 de maio de 2004) que, invocando o princípio de «democratização» da escola, priva os responsáveis pelos centros escolares do direito de decidir princípios e conteúdos, recolhe «AsiaNews».

Junto à Igreja Anglicana, o prelado, que acusa o governo de querer erradicar o papel da Igreja na educação escolar, pôs em andamento uma campanha de denúncia da lei em alguns jornais de Hong Kong, entre eles «Apple Daily», «Oriental Daily», «Sing Tao Daily», «Hong Kong Ecominic Times», «Ming Pao» e «Wen Wei Pao».

As mudanças propostas são tão «revolucionárias» que Dom Zen acusou também a nova lei de ser contrária à «Basic Law», uma espécie de Constituição de Hong Kong --ratificada por Pequim--, em vigor desde o fim da dominação britânica, segundo a qual durante 50 anos não se podem modificar as estruturas sociais básicas do território.

As escolas, institutos e colégios universitários que a diocese de Hong Kong dirige em todo o território --mais de trezentos-- estão reconhecidos como da mais alta qualidade. De fato, as personalidades mais conhecidas no meio cultural, político e econômico se formaram em escolas católicas."

Re: ECUMENISMO: Solução ou Ilusão?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 04 de July de 2004 18:37

Mais um sinal de esperança...

Alef

Papa Convidado pelo Patriarca Ortodoxo


Igreja Católica e ortodoxia reaproximam-se e relançam comissão mista

O patriarca ecuménico (ortodoxo) de Constantinopla, Bartolomeu I, convidou o Papa João Paulo II a visitar a sede do patriarcado em Istambul, em Novembro próximo. O convite, anunciado no final de uma estadia de vários dias no Vaticano, foi feito durante o encontro que o próprio Bartolomeu teve com o Papa, terça-feira passada. Ao mesmo tempo, os dois líderes decidiram relançar "o mais rápido" possível os trabalhos da comissão mista teológica entre as duas igrejas.

A presença de Bartolomeu no Vaticano acaba por ser mais um passo importante no relançamento do diálogo entre a Santa Sé e a ortodoxia. O patriarca participou, com João Paulo II, na celebração litúrgica do dia de São Pedro e São Paulo, patronos do Papa católico - o bispo de Roma é considerado pelos católicos como o sucessor de Pedro. Durante o encontro, João Paulo II exprimiu ao patriarca o seu "cordial reconhecimento".

A 30 de Novembro, são os ortodoxos que celebram de modo especial a memória de Santo André. De acordo com a tradição, terá sido este apóstolo a fundar a primeira comunidade de cristãos em Constantinopla, à volta do ano 36. "Tenho a impressão que o Papa poderá vir para a festa de Santo André", afirmou, citado pela AFP, o patriarca ortodoxo, a quem pareceu que João Paulo II ficou "muito contente com o convite".

A concretizar-se, esta seria a segunda vez que o Papa Wojtyla, se deslocaria ao patriarcado de Constantinopla - a primeira foi em Novembro de 1979, um ano depois de ter sido eleito, faz em Outubro 26 anos. Mas o seu interlocutor, nessa altura, foi o patriarca Dimitrios, entretanto já falecido.

Entre 1979 e a actualidade, as relações entre o Vaticano e os ortodoxos esfriaram. As zangas deram-se essencialmente com os russos, mas as suas consequências atingiram a ortodoxia de um modo geral. Por isso, e apesar de pequenos gestos de aproximação nos últimos anos, a viagem de Wojtyla a Istambul nesta altura seria, apesar dos seus 84 anos e da debilitada saúde, uma ocasião para relançar pontes.

A visita do patriarca esta semana ao Vaticano permitiu, segundo o Papa, "mostrar aos fiéis a vontade de progresso em direcção à unidade entre católicos e ortodoxos", conforme se lê num comunicado da Santa Sé, anteontem divulgado. "Há uma grande necessidade de sinais de comunhão", acrescentou João Paulo II, segundo o documento, que regista também a assinatura de uma declaração comum afirmando a vontade mútua de colaborar.

Uma primeira concretização dessa vontade é o relançamento da comissão mista que, de acordo com a declaração assinada por ambos, foi "criada com tanta esperança", mas "marcou passo nestes últimos anos".

Como balanço da sua presença em Roma, Bartolomeu I, que já estivera com o Papa Wojtyla em 1995 e 2002, afirmou entretanto que este tinha sido o encontro "mais frutuoso, mais humano e mais verdadeiro", que decorreu num clima cordial.

A declaração felicita-se pela "colaboração crescente entre católicos e ortodoxos" fala da necessidade de ultrapassar "pelo amor a praga do terrorismo" e apela a "restituir ao continente europeu a consciência das suas raízes cristãs e a construir um verdadeiro diálogo com o islão".

A.M.
«Público», Domingo, 04 de Julho de 2004
[jornal.publico.pt]

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