Quando cheguei à minha paróquia à 2 anos senti de imediato o problema da extrema dificuldade com que algumas pessoas viviam, e necessidade de criar um programa alimentar de apoio. Ao fim de um ano tinha 40 pessoas inscritas. Hoje damos apoio alimentar a 140 e o número está longe de parar de aumentar. Com o Apoio da Junta de Freguesia e da Santa Casa da Misericórdia estendemos o âmbito deste programa ao apoio domiciliário procurando manter os idosos e outros no seu meio, nas suas casas, levando-lhes o necessário. Contamos com muita ajuda, nomeadamente com o Banco Alimentar contra a fome. Na ultima campanha de recolha, os adolescentes da catequese foram integrados no problema como forma de os fazer sentir as necessidades dos mais pobres da sua comunidade, e aqueles que quiseram com a anuencia dos pais, estiveram num Hipermercado a fazer a recolha.
Os jovens vieram desolados pela forma como algumas pessoas os tratavam, pela falta de solidariedade com que algumas "consumidores" os tratavam quando davam os sacos.
Gostava de ouvir as vossas opiniões.

Padre:

Infelizmente, com a falência das instituições nesse campo, com a hipocrisia dos que se dizem defensores dos mais fracos, as pessoas são naturalmente desconfiadas e são tentadas a meterem no mesmo saco os bons e os maus...
Eu também já andei a pedir nos Hipermercados, Supermercados, etc...e também levava com comentários...socorro! Mas temos de ter paciência...não podemos obrigar ninguém a contribuir...que é que havemos de fazer? Este é o sintoma dos tempos que correm...

A desconfiança impera, padre! Para mal dos pecados de todos....


Anna e Sara

Pe. Luis

Louvo as pessoas, que pedem a uns e dao a outros...!!!

Tivemos aqui um padre maravilhoso, Brasileiro, Rev. Pe. Antonio Tapparello. No dia de Accao de Gracas, que aqui se comemora em Outubro, ele pedia ao povo, que quem quisesse que levasse comidas enlatadas para ajudar os mais pobres. Era o ofertorio desse dia. Acumulava muitos alimentos...
Ele entao, primeiro dava aos Portugueses, aqueles a quem ele via que tinham faltas. Gracas a Deus, sao muito poucos. Depois o resto entregava-o no banco alimentar Canadiano.
Quando ha festas nas escolas, os professores pedem para o banco alimentar e levam para as escolas, Pais e alunos.
Nos hippers ha uma caixa que diz, "banco alimentar"...nao ha la ninguem, so da quem quer...

Eu sugeria tambem, que no aeroporto de Lisboa, tivessem uma caixa de uma instutuicao qualquer. ...e muitos ai deixariam os trocos...!!!

Taliban....tambem podes corrigir os meus erros...mas nao corrijas por falta de acentos...visto que o meu tecaldo esta desfigurado:)


Ana

Instituicao...teclado:)

Este assunto interessa-me.

Na minha Paróquia, também temos alguns problemas a nível social... Os que o Pe Luís tem na dele e mais alguns, relacionados com comportamentos de risco nas faixas etárias mais jovens... famílias monoparentais... etc...

Desde há cinco anos que foi criado o Centro Comunitário Paroquial... Começou modestamente, com apoio do Banco Alimentar e com a criação de um ATL para crianças que ficavam na rua no período de tempo entre a hora de saída da escola e a hora de chegada dos seus pais... Crianças que ficavam sem almoço... Até às 19h... Entregues a si próprias... a partir dos 6 anos...

Escusado será dizer que os apoios sempre foram poucos ou nenhuns... E rapidamente decidimos que estava na altura de nos arrojarmos mais... de avançarmos para o Apoio Domiciliário, a idosos e acamados que não tinham autonomia suficiente para se alimentarem, lavarem... Com uma cantina comunitária, farmácia comunitária, centro de dia para Idosos... Creche, sala de estudo, alfabetização para adultos... E os tais jovens com comportamentos de risco...

Tarefa difícil... Que se conseguiu fazer arrancar com um projecto de parcerias que reuniu esforços de várias entidades da freguesia: centro de saúde, grupos culturais e desportivos, paróquia, segurança social, junta de freguesia, câmara municipal, etc... O projecto nasceu com apoios para 2 anos do Alto Comissariado Contra a Pobreza.

Foram dois anos de grandes conquistas... Com muito trabalho e um brilhozinho nos olhos que nos fez acreditar ser possível.

Eu fui responsável pela equipa que lançou o espaço dedicado a esses mais jovens... lutando sempre para vencer as barreiras que o conflito de gerações entre os colaboradores do centro e os jovens nos impunham... É incrível como toda a gente tem capacidade para criticar destrutivamente o comportamento de um miúdo que não tem mãe, ou que tem uma mãe que se prostitui; mas ninguém tem capacidade (ou disponibilidade) para tolerar esse comportamento em prol de um trabalho que alguém está a tentar fazer... As pessoas do Centro não percebiam estes jovens... não perceberam que eles não são como os idosos ou como as crianças - dão muito mais luta. E por isso, como não os conseguiam formatar, foram-nos excluindo. E, depois de ter dado muitos frutos, o espaço acabou. E muitos desses miúdos, vejo-os agora com pulseiras electrónicas, vejo-os a consumir drogas...

Já participei em inúmeras discussões a vários níveis acerca destes jovens... até com pessoas formadas na área social... e encontrei muito poucos com a atitude correcta para os ajudar. Para os ajudar, temos de acreditar que é possível. E temos de lutar todos os dias COM eles e POR eles. Eles são os reis da rua. Fazem as suas próprias regras... É ingénuo pensarmos (como normalmente vejo) que qualquer coisinha que façamos os vá apaixonar. Nada os apaixona mais do que o seu núcleo. O seu gang. As suas regras. E quem não souber isto, nunca chega a lado nenhum.

O nosso Centro começou com muito gás e felizmente continua, nas áreas que elegeu (crianças e idosos), mas penso que perdeu o carácter comunitário... Isso tem muito a ver com a Direcção... Ou tem esta atitude de co-responsabilização de todos os que estão à volta ou, fechando-se sobre si, sobre as suas decisões, está fadada a levar as coisas sem o apoio e simpatia da comunidade.

A Igreja detém grande parte da responsabilidade social no Mundo. E assume-a e faz um bom trabalho...

A minha pergunta é: Até que ponto não temos de ser diferentes de uma instituição do Estado? Até que ponto não tem de se notar na nossa atitude, na nossa paixão, na nossa resistência à contrariedade, no virarmo-nos para aqueles a quem todos já voltaram as costas, que somos de Cristo?

Hugo

E de padres e de gente assim que eu gosto...que lutam pela pobreza!...

E nao por padres ou por pessoas que so olhem pelos seus interesses! Dinheiro e mais dinheiro...

Parabens para o Pe. Luis e para o Hugo...que Deus fique com voces!

Tambem gosto de dar, quem venha a minha porta pedir, nunca vai sem nada...mesmo quando visito Portugal gosto de ajudar...

No ano passado junto ao contentor do lixo no meu predio...estendi 3 sacos do lixo preto e ai deixei roupas de cama e loicas, para quem precisasse, nao pus no lixo. Quando foi as 5:00 horas da manha, as coisas ja tinham desaparecido, o carro do lixo ainda nao tinha passado. Fiquei radiante de contente...porque o que pus a li e alguem aproveitou. Contei isto a uma senhora a quem ja dei roupas tambem. Ela disse, quando tiver alguma coisa, de a mim ou as minhas filhas.

Alguns deitam tudo ao lixo...o que por vezes faz falta a muitos...nao se lembram dos que necessitam...
Ainda bem que ha padres bondosos!!! Continuem...

Fico feliz da tua partilha Hugo, pois dá-me força para continuar a sonhar. O meu proximo objectivo era criar um centro comunitário para os jovens se encontrarem, poderem falar, jogar, ter livros e musica... coisa que numa paróquia rural há pouco.
O que mais falta me faz é massa humana, gente boa, excepcional, mas percebem do campo e pouco mais.
O objectivo é cativar casais novos, pais de miudos da catequese. Vamos ver o que se consegue.
Isto sim, tira-me o sono, saber que há quem passe necessidade. Saber que os miudos da minha paróquia não tem as mesmas condições dos da cidade, que não vão ter as mesmas possibilidades dos outros, e por isso terão menos sucesso na vida. È contra essa injustiça que procuro lutar.
Se o senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem.

Vamos todos a ajudar os pobres...quem da aos pobres, empresta a Deus.

Que achas, taliban? Costumas dar para o Banco Alimentar? Faz-te falta uma lata de comida?

Sempre foi assim: os meninos da cidade sempre podem ter mais regalias.

Vivendo num meio grande, numa cidade, e sempre melhor em todos os sentidos.

Mariana:

Não partilho desse pensamento.
Por muittas regalias que tenham, se não tiverem força de vontade, os miúdos da cidade até ficam mais prejudicados em termos de conseguirem ter algum sucesso.
É verdade que há mais possibilidades que num meio rural, mas também há mais distracções, mais degradação social que os pode levar por maus caminhos, inclusivamente ao abandono escolar.
E quantas vezes não vejo miúdos de zonas rurais a vingarem?
Mais do que a oportunidade, o sucesso depende mais da força de vontade de cada um.

Anna e Sara

Padre João,
Um conselho. Convide pessoas que acreditem.
Muitas vezes, as pessoas não se mostram muito entusiasmadas e acabam por aceitar porque o Padre insistiu muito e não querem dizer que não. Para uma coisa como esta, essas pessoas não servem. Os jovens são exigentes... Tem de ser alguém que compre o projecto. Que tenha o "tal" brilhozinho nos olhos...

Hugo

...para trabalhar com pessoas...
...para trabalhar na área social...

... É preciso ter VOCAÇÃO!


Hugo

Isso e verdade Hugo, muitos aceitam por num dizerem nao ao padre! Mas nao devia ser assim...e preciso dizer sim ou nao, na hora certa!

Porque as pessoas tem vergonha de dizer nao ao padre? Isso, nao sera hipocresia?

Respondam todos...

Augusto,
Não me parece que seja hipocrisia. Felizmente há pessoas que ainda têm a noção do que é uma comunidade e que ainda se sentem chamados a dar resposta às necessidades dessa comunidade.

Muitas vezes, as pessoas não conseguem dizer que não por isso. Porque estão disponíveis para doar muito de si... Só que, às vezes, a pessoa que faz o convite não acha que a pessoa gostaria e teria aptidão para determinada função, e a própria pessoa não se sente muito motivada para isso... Acontece. E é normal que a pessoa não se sinta à-vontade para recusar. Mas não é uma questão de hipocrisia.

Hugo

Dois anúncios pertinentes. O Banco Alimentar Contra a Fome terá ajudado em 2004 cerca de 200.000 pessoas. Estarão envolvidas nesta próxima campanha mais de 11.000 pessoas.
Alef

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Citação:

CAMPANHA DO BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME
7 e 8 de Maio

Os Bancos Alimentares Contra a Fome voltam no próximo fim-de-semana (7 e 8 de Maio) a recolher alimentos em 527 estabelecimentos comerciais localizados nas zonas de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Aveiro, Abrantes, S. Miguel, Setúbal, Cova da Beira e Leiria-Fátima.

A campanha do próximo fim-de-semana constitui uma nova oportunidade de expressão da solidariedade generosa com que os portugueses acolhem desde há 13 anos estas operações de recolha de alimentos.

As carências alimentares com que se debatem muitos portugueses é um fenómeno típico das grandes aglomerações urbanas e tem tendência a agravar-se em períodos de abrandamento da actividade económica, como são os que se vivem actualmente. Estas carências podem ser eficazmente minoradas com o contributo individual - por pequeno que seja - de cada um de nós. Só é preciso combater a indiferença, pois todos juntos podemos representar muito.

[Ler todo o artigo na página do «Banco Alimentar Contra a Fome»].

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...E um caso concreto, pedindo colaboração:

Citação:

Campanha do Banco Alimentar no Continente do Centro Vasco da Gama

No próximo fim-de-semana de 7 e 8 de Maio vai haver mais uma Campanha do Banco Alimentar.

Como já vem sendo hábito, as Comunidades ACI vão estar no Continente do Centro Vasco da Gama e, desta vez, vou ser eu uma das responsáveis.

Como o supermercado é grande vamos precisar ao todo de cerca de 100 voluntários.

O Sábado vai estar repartido em 4 turnos (das 9h-13h; das 13h-17h; das 17h-21h e das 21h-24h) e o Domingo em apenas 1 turno que já está assegurado por um grupo de jovens da Paróquia dos Olivais.

Peço que quem estiver interessado em ajudar me diga qual o turno preferido, preenchendo a ficha de inscrição e enviando-a até ao fim desta semana.

Se se lembrarem de mais alguém será sempre bem-vindo!

Desde já agradeço em nome da equipa responsável,

Catarina Gião

Contactos:

Catarina Gião: catarina.giao@clix.pt
Lenonor Queiroz e Mello: lqueirozemelo@agriciencia.com (918331369)

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Aquí nos hipers há sempre uma caixa onde podem depositar géneros alimentícios. E não precisa de ninguém para estar junto. Como é feito aí?

Quando essa caixa está cheia, então chamam o banco alimentar e levam os enlatados...também nas igrejas, há sempre uma caixa e aí depositam enlatados. O padre de cada igreja, primeiro destribuie pelos seus paroquianos mais carenciados e o resto devolve ao Banco alimentar...
Quem usa o banco alimentar? Os pobres? Aquí até os estudantes que vêm de outras partes para estudar. E aí?

Aqui há campanhas de recolha de produtos alimentares, de longa duração, que vão directamente para o Banco Alimentar. Este distribui-os por instituições de solidariedade social.