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No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 22:31

No final deste ano em Lisboa


Dez, vinte, trinta horas de viagem ou até mais? Quem não hesitaria perante uma tal aventura? O que propõem os portugueses para justificar um esforço tão grande?
Vendo no mapa onde é Lisboa, na extremidade ocidental do continente europeu e não longe do ponto mais a sul, somos levados a lançar mais longe o nosso olhar e, esforçando a imaginação, podemos ver esta cidade, não como o ponto mais afastado, mas como o ponto de partida: que Europa é esta que aqui começa? Qual a face que apresenta aos que a abordam por este lado? E depois, como que numa segunda etapa, encontramo-nos a ver Lisboa como o ponto a partir do qual o oceano se abre: mais a sul, mais a oeste, mais ao norte, só encontramos o mar e o convite para se partir à descoberta. No momento em que a Europa se alarga nas suas instituições, como não havemos de nos interrogar sobre o seu lugar e sobre a face que mostra aos povos dos outros continentes?

Na sua história, os portugueses foram os primeiros a ousar pôr-se a caminho através dos oceanos para descobrir novos itinerários. Partiram sem saber o que os esperava, com o desejo de reduzir as distâncias, de descobrir como a terra era feita, de estabelecer contactos, por vezes comerciais, por vezes culturais e religiosos, por vezes conquistadores, através de toda a terra, da África à China, passando pela América. É o início do mundo moderno com essa aspiração à universalidade: Que ninguém permaneça estrangeiro, excluído!

Hoje, convidam-nos a juntarmo-nos a eles, a ousarmos pôr-nos a caminho pelas estradas da Europa, bem conhecidas mas que podem ser redescobertas. Aqueles que se reunirão em Lisboa poderão, por sua vez, viver a aventura de melhor compreender o nosso mundo. Nessa altura já não é a geografia que temos de descobrir, mas sim as transformações culturais e o relacionamento entre os povos. Se assim não for, como se poderá construir a confiança? Já não há que arriscar caminhos novos através dos oceanos, só com a ajuda da bússola, mas sim caminhos de compreensão para com os que são hoje confrontados, em todo o mundo, com a exclusão, a violência, a luta para conseguir reduzir a pobreza.

Os portugueses também souberam transmitir através dos continentes a alegria do Evangelho, alargar a comunhão que a Igreja representa até aos povos da África, da América e da Ásia. Inspirar-nos-ão e acompanhar-nos-ão na procura da peregrinação de confiança através da terra, para que muitos descubram em Lisboa como ser testemunhas da comunhão em Cristo e da abertura aos outros, também na sua terra.

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 22:32

Semente de uma nova partilha

Foi o Cardeal-Patriarca de Lisboa quem primeiro anunciou o encontro do final do ano numa carta dirigida à sua diocese:

«Será mais uma etapa de uma longa ‘peregrinação da confiança através do mundo’, que tem posto em diálogo de comunhão muitos milhares de jovens de toda a Europa, nas principais cidades europeias. Num mundo ameaçado pela violência e que procura a luz que dará sentido novo ao seu futuro, é importante que sejam os jovens a fazerem-se peregrinos da esperança. Eles vêm para rezar com quem quiser rezar com eles, para partilhar a alegria com quem quiser abrir o coração à riqueza dos outros, tantas vezes expressa na sua diferença. Eles querem ser semente de uma nova convivência entre os povos da terra. Como princípio inspirador destes encontros, está a certeza de fé que a oração é uma força que fecunda a história e de que só haverá uma sociedade mais justa e fraterna se todos se comprometerem generosamente na sua construção.

(…) Jovens de Lisboa! Acolhei os jovens, vossos irmãos, vindos de toda a Europa, partilhai com eles a esperança, rompei com o cerco da indiferença, descobri um ideal, sede testemunhas da alegria.»

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 22:32

Muitos sorrisos dirão: bem-vindos!

Reagindo a este anúncio, António Marujo, jornalista, casado, pai de dois filhos, escreve:

«O encontro europeu do fim do ano em Lisboa está já a criar expectativas entre muitos cristãos portugueses. A sua realização na capital portuguesa constitui um desafio num país em transição: Portugal é predominantemente católico mas nos últimos anos abriu-se à diferença; o país modernizou-se, com a integração na União Europeia, mas tem ainda graves problemas sociais; e passou de ‘exportador’ de emigrantes nos anos 60 a pátria de acolhimento de muitos imigrantes – africanos, brasileiros, europeus de Leste...

A realização do encontro em Lisboa pode ser um momento forte de interpelação aos cristãos portugueses. No âmbito pastoral, eles estão entre as vivências mais tradicionais da religiosidade, da catequese, da liturgia, da caridade, e o ensaio de novas expressões da fé em pequenos grupos de cristãos ou nas paróquias. Há quem se junte para rezar, para reflectir sobre o modo de ser cristão, hoje, numa sociedade com tantos desafios, ou para intervir em problemas concretos do país como testemunho da fé em Jesus.

O país vive uma crise de confiança, depois de alguns anos de euforia. O desemprego aumenta – são mais de 400 mil pessoas (quatro por cento da população) – a fome e a pobreza extrema ainda não foram debeladas (há pelo menos 200 mil pessoas que só comem, todos os dias, com a ajuda de instituições de solidariedade), a educação e a ciência não são ainda factores decisivos de desenvolvimento. Portugal foi capaz de realizar a Expo 98, vai organizar em Junho o Europeu de Futebol, mas perdeu confiança em si mesmo. Trinta anos depois da ‘Revolução dos Cravos’, que restaurou a democracia, o país está melhor, mas com muito por fazer.

Um dos aspectos positivos é a capacidade de acolher e integrar os imigrantes que chegam – das antigas colónias de África, do Brasil, da Ucrânia e de outros países do Leste Europeu. Esta pode ser uma interpelação do encontro de Lisboa à Europa: é importante reconhecer e aprofundar o valor do outro – venha ele de lugares, culturas ou credos diferentes.

Esta etapa da peregrinação de confiança traz consigo uma esperança: que cada participante encontre, no seu íntimo, a alegria que brota de Jesus Ressuscitado. Em Lisboa, haverá muitos sorrisos a desejar-vos as boas-vindas.»

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 22:33


Paróquias vivas

Francisco, de uma paróquia de Oeiras, nos arredores de Lisboa:

«O bispo de Lisboa convida este ano os cristãos da sua diocese a interrogarem-se sobre a forma de anunciar a ‘boa nova’ num contexto urbano, onde o ritmo de vida se acelerou muito. A paróquia permanece uma realidade presente na vida das pessoas, o território das juntas de freguesia corresponde exactamente ao da paróquia. Mas, aquando do último recenseamento, embora 86% da população de Lisboa se tenha declarado católica, só 10% afirmaram ter uma prática dominical regular. A fé começa a ser vivida cada vez mais como uma opção pessoal, feita em toda a liberdade, e cada vez menos como um condicionamento social.

As comunidades são talvez mais pequenas em número, mas conservam-se vivas. Os jovens estão presentes na vida da Igreja. Em quase todas as paróquias há grupos de partilha e de oração. Os jovens aceitam responsabilidades a nível da catequese das crianças, da animação litúrgica, da acção caritativa. No final dos anos 80, porque alguns grupos se sentiam isolados, o serviço de dinamização da pastoral juvenil da diocese começou a assegurar uma formação contínua de animadores. Ao longo de nove encontros de fim-de-semana, repartidos por três anos, a Igreja propõe-lhes avançar por um percurso que, mais do que ensinar a animar, os ajuda a desenvolver os seus dons humanos e espirituais. O encontro europeu permitirá, entre outras coisas, que os diversos grupos paroquiais, de jovens e menos jovens, que por vezes nem se conhecem bem, possam trabalhar em conjunto… e às paróquias que se possam abrir e ir ao encontro das pessoas do bairro para anunciar a ‘boa nova’ que consiste em ter a oportunidade de ter na sua sala 2 m2 para pôr à disposição de um jovem, desconhecido mas 100% simpático.»

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 22:34

Descobrir a beleza da comunhão

Manuel:

«Sou de uma pequena cidade do interior de Portugal. Na minha terra, ao contrário de outras regiões do país, há muito poucos jovens presentes na paróquia. Todos, ou quase todos, são baptizados e a maioria frequentou os primeiros anos de catequese, contudo são poucos os que são Crismados e raros os que vão à igreja mais do que três ou quatro vezes por ano. Neste contexto, o que nos poderá trazer um encontro europeu em Lisboa? Provavelmente os frutos ultrapassarão tudo o que agora possamos esperar…

Se os jovens se afastam da Igreja não é por serem contra o que lá se vive. Muitos dizem: ‘Não sinto nada, por que razão lá hei-de ir?’; ‘É sempre a mesma coisa, aborreço-me!’; ‘Quando lá vou, passo o tempo a olhar para o relógio… é mais honesto não ir.’… Mas muitos sentir-se-ão atraídos por um encontro que se propõe reunir dezenas de milhares de jovens, de muitas nacionalidades, mesmo ao pé de nossas casas. Alguns irão a Lisboa por simples curiosidade: ‘Será possível que tantos jovens renunciem às suas férias de fim de ano para viverem cinco dias de oração e partilha?’ Outros ficarão interessados em conhecer jovens que estão disponíveis para viajar vários dias de autocarro para virem partilhar a sua fé. Outros hão-de querer certamente partilhar a sua visão do mundo actual, com muitos pontos de esperança mas também muitas perguntas sem resposta. Muitos virão impulsionados pelo desejo de uma oração acolhedora, sóbria e sem formalismos, simples e profunda, alegre e serena, comum e pessoal. Procuramos a felicidade. Um encontro europeu pode ajudar-nos a compreender que a felicidade é possível com muito pouco: um coração aberto aos outros e a Deus pode encher-nos de alegria!

A partir do fim do Verão, começaremos a preparar iniciativas práticas visando a preparação da viagem a Lisboa. Um acontecimento tão cativante e concreto ajudar-nos-á com certeza a alargar as fronteiras do nosso pequeno grupo de jovens da paróquia. Poderemos também convidar muita gente a partilhar a oração que regularmente animamos, em comunhão com tantos jovens que, através de toda a Europa, se preparam para ir a Lisboa. Poderemos organizar pequenas actividades para arranjar algum dinheiro: para que ninguém deixe de ir a Lisboa por razões materiais! E isso será tão fácil este ano…

Se um encontro europeu nos permite descobrir a beleza da comunhão e da fraternidade, isso leva-nos a ter iniciativas muito concretas e simples na nossa terra. E a preparação poderia tornar-se desde já uma antecipação do encontro… Talvez pudéssemos tentar visitar pessoas que sofrem por causa da solidão? Na nossa terra há tantas pessoas idosas que vivem sozinhas e que gostariam de ter alguém que as escutasse… Talvez também pudéssemos retomar um antigo projecto e enviar material escolar para países lusófonos que precisam tanto disso: S. Tomé, Timor, Moçambique… E já temos muitas outras ideias que precisam de amadurecer durante o Verão.


Fonte: Site de Taizé

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 17 de May de 2004 22:36

Tomei a liberdade de colocar este Post, talvez de uma forma pouco ortodoxa (o Luís que me desculpe) mas talvez seja a altura de complementarmos os três testemunhos já expressos: Como vai ser para nós acolher? Que podemos partilhar?

Tozé

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: Ana Amorim (IP registado)
Data: 18 de May de 2004 09:41

Olá a todos!

Infelizmente, não pude ir a nenhum dos encontros informativos sobre o Encontro Europeu, mas pedi que me fosse dada a informação necessária, a pessoas que foram a esses encontros.
De qualquer das formas, já tinha conversado sobre este tema com o meu marido (o Paulo, Tozé, lembras-te em Taizé em 1998 o "Go to bed"?ehehe), e decidimos participar no Encontro. Pertencer à organização vai ser um pouco complicado e acolher alguém...isso está, pelo menos, em estudo, vamos ver...
Eu sou franca quando digo que gostaria de acolher um peregrino, pelo menos um, pois a minha casa não é grande e, depois, com a bebé...


Anna e Sara

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 18 de May de 2004 22:58

Tozé,

Fizeste bem ter aberto este tópico. O Encontro Europeu que vai decorrer em Dezembro em Lisboa é um dos pontos altos da Igreja em Portugal durante os próximos tempos. Será decerto um grande catalizador para o encontro da Nova Evangelização de 2005. Por esse motivo, é bom que nos lembremos, tudo façamos para que seja um sucesso e participemos da melhor forma possível.

Luis

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 19 de May de 2004 13:37

Pois. mas pelos vistos ninguêm está muito interessado... será que só somos capazes de discutir, em vez de construir?

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 19 de May de 2004 19:43

Estás enganado com o interesse, Tózé.
Conto lá estar.

João (JMA)

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 21 de May de 2004 12:02

Contigo já contava, João... Como estão as coisas pela tua paróquia? Já há informação, já se começou a preparar o acolhimento? Será que há jovens que vão a Taizé este verão?

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 21 de May de 2004 13:22

Sabes, sou um caso de multi-paroquialidade.

Moro numa, onde nunca vou. Excepto à escola de leigos que aí se realiza.
Durante a semana, quando calha, frequento a da minha mãe;
No sábado é a dos escuteiros;
Ao domingo é a de opção.
E há ainda o Convento da Luz, onde se discute a "Fides et Ratio".

De modo que vou tentar saber na(s) minha(s) paróquia(s) o que se está a organizar.

João (JMA)

Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 21 de May de 2004 15:42

Isso é que diversidade ;)


Re: No fim do Ano, em Lisboa
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 22 de May de 2004 00:52

Uma diversidade que me tem sido muito proveitosa: cada uma destas comunidades tem características próprias que me dão uma visão mais global da Igreja, pelo menos na minha cidade.

Assim como cada um dos sacerdotes acentua mais determinadas características cristãs. E vivem a sua missão de formas diferentes. Pessoas extraordinárias, todas diferentes, a partilharem connosco um mesmo caminho na Fé e a fazerem os possíveis (e impossíveis) por nos guiar.

João (JMA)



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