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O «poder» da calúnia
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 25 de September de 2008 01:29

O tema da calúnia é um clássico(*) e no tempo dos «mass media» é incontornável. Acabo de me dar conta de um caso que me deixou verdadeiramente chocado, que merece ser meditado. Cito a notícia, tirada do «Sol»:

Citação:
Sol / Lusa
Por 25 mil euros
Colaborador da mãe do menino azul confessa que a difamou


Um antigo colaborador da mãe do ‘menino azul’, que a acusou de vigarices com fundos recebidos para o filho, confessa que a difamou por 25 mil euros. Helena Silva não lhe perdoa e diz que o falso testemunho quase a matou

A vida da mãe desta criança - que sofre das doenças raras Síndrome de Alagille e Tetratologia de Fallot - mudou completamente no dia 31 de Março deste ano, quando foi primeira página do jornal 24 Horas por ser «acusada de vigarice».

O jornal escrevia que uma empresa de limpezas, que doou dinheiro para os tratamentos do filho, tinha colocado Helena Silva em tribunal por esta «não provar que o dinheiro que recebeu» tinha sido empregue na doença do filho.

A notícia incluía o depoimento de um ex-colaborador da mãe do chamado «menino azul» que a acusava de ser «uma mulher capaz de grandes vigarices».

Paulo Leal acusou Helena Silva de não gastar os fundos que recebeu nos medicamentos do filho e de esconder o verdadeiro valor dos subsídios que recebia.

Chegou mesmo a acusá-la de nunca ter viajado para os Estados Unidos, país onde Helena Silva disse ter estado com o filho internado.

Questionada pelo jornal, Helena Silva disse na altura que não tinha provas das despesas com o filho nem provas da viagem aos Estados Unidos porque Paulo Leal as tinha roubado.

Hoje, Paulo Leal confessou à Agência Lusa que todas as acusações que proferiu contra a mãe do ‘menino azul’ foram «falsas» e que visaram «denegrir» a sua imagem a pedido de uma empresa de limpezas que tem um litígio com Helena Silva e que lhe terá alegadamente pago 25 mil euros pelas acusações.

Paulo Leal, que gozava de uma saída precária durante o cumprimento de uma pena de prisão de dez meses por ter passado um cheque sem cobertura quando, em Março último, proferiu as acusações contra Helena Silva, contou que foi «fraco» e que agiu «por dinheiro».

Diz que recebeu 25 mil euros em troca de documentos que tirou à mãe do ‘menino azul’ para esta não os poder apresentar e defender-se das acusações de não empregar os subsídios em cuidados clínicos.

Roubou-lhe ainda o passaporte, pois era a única prova de que tinha estado nos Estados Unidos, prosseguiu.
Paulo Leal afirma-se «arrependido» e diz que prefere ir novamente preso do que viver com «o peso na consciência» de ter estragado a vida «à melhor mãe que Portugal tem».

«Pensei várias vezes em suicidar-me. Prefiro morrer a ter de viver com o remorso de fazer isto ao Emanuel», disse.

Questionado sobre as repercussões de acusar uma empresa de lhe pagar para prestar falsas declarações e ainda roubar documentos, Paulo Leal não tem dúvidas: «Se eu não tive medo de mentir e estragar a vida ao Emanuel, também não tenho medo de dizer a verdade».

Helena Silva recebeu a notícia de que o seu detractor confessou o crime com um choro profundo. «Ele vendeu-me», disse hoje à Lusa.

Segundo contou, as acusações reproduzidas na primeira página de um jornal estragaram-lhe a vida. «O povo tentou matar-me. Cuspiram-me na cara. Rasgaram-me os cheques do correio e fiquei sem dinheiro para comer. O Emanuel só comeu com a ajuda de vizinhos».

A mãe do ‘menino azul’ conta que ninguém quis saber se as acusações eram verdade ou mentira. «Ninguém se preocupou com o meu filho, que ia tendo um ataque do coração, quando fui perseguida e pensei que me matavam», disse.

Helena Silva não entende as razões de Paulo Leal, em quem confiava e passava documentos para este digitalizar.

«Era uma pessoa de confiança, que me ajudava a organizar exposições e a ter os documentos em ordem», disse.

A mãe do ‘menino azul’ garante que nunca usou indevidamente um único cêntimo recebido para o Emanuel e afirma que é hoje uma «outra mulher», «sem força para tirar os olhos do chão».

Diz que confiou em Paulo Leal «como se confia num irmão». «Estava sozinha [é natural dos Açores] e não conhecia ninguém» em Famalicão, onde reside.

Sobre o arrependimento de Paulo Leal, assegura que não lhe perdoará. Ele diz que não quer o perdão de Helena Silva, mas sim «tirar um peso na consciência» que não o deixa andar em frente.

«Faço isto [a confissão] em nome do resto de dignidade que me resta», frisou.

O Emanuel está, entretanto, melhor de saúde. «Está grande e forte e quase sem sinais da doença», disse a mãe do «menino azul».

A criança, hoje com 12 anos, sofre de Síndrome de Alagille e Tetratologia de Fallot, doenças que afectam o coração e o fígado e que causam um tom de pele azul.

Lusa / SOL


Ora bem, tudo isto foi publicado como «exclusivo», no dia 31 de Março, em duas páginas inteiras, no jornal «24 horas», com o título: «Tribunal julga burla do Menino Azul», com fotos, «provas», «testemunhos». Essas páginas ainda estão disponíveis na Internet: aqui e aqui.

E, ao que parece, por confissão de um sujeito, é tudo MENTIRA. Como se repõe a honra e dignidade da parte ofendida? Como se comporta um jornal (dizer jornal significa profissionais de jornalismo) diante de um desastre destes? Irá a senhora ter duas páginas de desmentido? E, mesmo que o tivesse, serviria de muito?

Alef


_____
(*) Nota: por falar em tema clássico, lembram-se, certamente, desta história, tirada dali:


Citação:
AS PENAS DA GALINHA

Conta a história que uma senhora, certo dia, foi confessar-se e disse ao sacerdote que tinha difamado uma pessoa, mas estava arrependida de todas as difamações e calúnias. Queria o perdão de Deus e a penitência.

O padre disse à senhora:

– Você receberá o perdão, mas vou lhe dar uma penitência. Vá para casa, tome uma galinha, mate-a, tire as penas e coloque-as num saco, e depois traga as penas aqui para mim.

A senhora cumpriu a penitência: foi para casa, matou a galinha, tirou as penas e levou-as ao padre. E o padre disse:

– Você até agora cumpriu uma parte da penitência. Agora, gostaria que cumprisse a segunda parte. Vá à montanha mais alta que encontrar perto da cidade, e jogue as penas para o ar. Depois que o vento levar as penas para os quatro cantos da cidade, deve ter a paciência de recolhê-las, uma a uma.

A mulher, espantada com a penitência que o padre estava lhe dando, disse:

– Isso é impossível. Não conseguirei recolher todas as penas que o vento levar pelos quatro cantos da cidade.

O padre disse para a mulher:

– Minha senhora, assim são as calúnias e difamações. Quando você calunia uma pessoa, a calúnia se espalha por todos os cantos. E assim como é impossível recolher as penas, também é impossível recolher a propagação da maledicência e restaurar o bom nome de uma pessoa, quando alguém a difamou.

Dom Itamr Vian.
Bebendo nas Fontes do Povo.
Paulus editora, 1997.

Re: O «poder» da calúnia
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 25 de September de 2008 12:04

O «24 horas» agora apresenta-se como vítima da «fonte» (ver nota de Pedro Tadeu) e «lava as mãos» (ver nota de Sofia Cação) com uma impassibilidade cínica.

Mau, demasiado mau!

Incrivelmente, o «24 horas» diz-se vítima da sua fonte, Paulo Leal, que terá usado o jornal e os seus jornalistas para difamar alguém... Que o jornal não aceita ser usado como instrumento para a prática de um crime. Mas um jornal deixa-se levar com esta facilidade, dando à notícia a bombástica etiqueta de «Exclusivo»? Declaração de incompetência? Inacreditável...

O cinismo da nota de Sofia Cação, co-autora da peça de 31 de Março, é revoltante. Mera auto-justificação, sem um mínimo «mea culpa», sem uma mínima palavra de atenção a quem foi terrivelmente injustiçado.

Nisto fica patente o velho truque com que ambos os autores citados se defendem: «Nós sabemos de uma acusação bombástica; agora tem de provar que a acusação é falsa». Ou, de outra forma: é culpado, até prova em contrário. Assim se inverte a lógica da justiça e do bom senso. Infelizmente, isto vende.

Em breve, escreverei um protesto por «e-mail» a Sofia Cação. Sugiro que outros o façam. O seu contacto é público, como se vê nas páginas da peça de 31 de Março: ana.s.cacao@24horas.com.pt.

Alef

Re: O «poder» da calúnia
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 25 de September de 2008 14:44

Fica a duvida se ele mentiu antes ou mente agora.

Já agora li esse conto como sendo um episodio da vida de S. Filipe Neri.



Editado 1 vezes. Última edição em 25/09/2008 15:06 por camilo.

Re: O «poder» da calúnia
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 25 de September de 2008 20:58

O jornalismo anda pelas ruas da amargura. Vergonhoso.
Sendo verdade ou mentira é sempre mau - não há um esboço para verificar a veracidade das acusações. Se a pobre não tinha como provar a inocência é porque é culpada e toca de chutar tudo para a frente em letras garrafais.
Mas são estas porcarias embrutecedores, estupidificantes que mais vendem. Essa multidão cheia de mazelas, incapaz de resolver as suas questões, alegra-se com a desgraça alheia... dá asco.

Essa jornalista(?!?!) ainda tem a lata de terminar com esta bela frase:

Citação:
É engraçado como o senhor Paulo Leal parece ter várias consciências. E, pelos vistos, nenhuma que lhe pese

Ela pelos vistos nem uma tem. Deviam tê-la avisado que cuspir contra o vento tem custos.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.



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