Não, não é um topico sobre o governo e a remodelação governamental.
Apenas um comentario a um pequeno episodio blogosferico:

[acausafoimodificada.blogs.sapo.pt]

[img]http://www.epi.org/webfeatures/snapshots/archive/2008/0116/20080116snap750.gif[/img]

[www.medicalnewstoday.com]

[fic.wharton.upenn.edu]

A blogoesfera está recheada de "despecialistas" (não especialistas) . Neste caso tambem sou um deles. Não é a minha area mas até aqui eu sei, a diferença maior está na educação e não nos rendimentos. Claro que há fortes correlações entre uma e outra daí os resultados observados. Nos ultimos anos as camadas mais cultas aprenderam melhor que determinados comportamentos abreviam a vida.

Estive a ler o artigo do medicalnewstoday.


www.medicalnewstoday.com:

Citação:

Adriana Lleras-Muney -- an assistant professor at Princeton University who, as a Columbia University graduate student in 1999, conducted the first study to determine whether education is an indicator of life span -- said that individuals with less education might have shorter life spans because they have less ability to plan for the future and delay gratification.

É importante ter comportamentos que não prejudiquem a saúde, mas afirmar que "individuals with less education might have shorter life spans because they have less ability to plan for the future"??!!
Alguém se esqueceu de dizer isso à minha avó, analfabeta, e que morreu com 98 anos. E dizer que as pessoas com menos educação têm menos capacidade de planear o futuro, parece-me idiota. Um agricultor, pobre, com pouca terra, ou mesmo rendeiro, tem de saber planear o futuro, porque toda a sua actividade é feita com vista a um rendimento que se obtém longe no tempo. Tem de saber planear a sementeira, o tratamento ao longo do tempo até o fruto do seu trabalho poder ser recolhido. Não sabe planear??!!


www.medicalnewstoday.com:

Citação:

He added, "Giving people more Social Security income, or less for that matter, will not really affect people's health. It is a good thing to do for other reasons but not for health."

Pois! A gente sabe, ter dinheiro não é importante em questões de saúde! Toda a gente pode ir a qualquer bom médico ou usufruir atempadamente de bons cuidados de saúde mesmo sendo pobre, com pouco dinheiro!!



Editado 1 vezes. Última edição em 30/01/2008 10:32 por Cassima.

Os estudos, varios estudos alias, indicam claramente que tem mais influencia a educação que o nivel de rendimentos.
Talvez porque na saude mais vale prevenir que remediar. Talvez por outras razões, um facto é que mesmo nos USA aonde devido à organização dos cuidados medicos o nivel economico terá muito provavelmente mais influencia que em Portugal, o nivel de instrução tem maior influencia que o nivel economico.
Há excepções, claro, afinal de contas a mulher mais velha de sempre, com documentação comprovada, a francesa Jeanne Calment fumou até depois do 110 anos de vida.

Lembro-me de uns anos atrás, qdo outro instituto americano afirmou que comida dietética fazia bem à saúde. Houve um aumento enorme do consumo desse tipo de alimento e muitos pequenas lojas cresceram sustentadas por esse novo mercado.

Passaram-se apenas alguns anos, outro grupo de pesquisadores americanos "descobriu" que comida dietética aumentava a taxa de incidência de câncer, e depois disso a procura pelos dietéticos diminuiu de forma vertiginosa, levando muitas lojas desses produtos à falência.

Hoje, tanto uma como outra desses "descobertas" são praticamente ignoradas em favor de uma posição mais equilibrada acerca desses assuntos.

Resumindo: Não é preciso ser nenhum gênio, nem nenhum adepto de teorias da conspiração, para perceber que a grande maioria dessas "pesquisas" são movidas por interesses mercadológicos ou ideológicos. Cada grupo é capaz de apresentar estatísticas para referendar quase qualquer coisa que quiser, ou mesmo fornecer alguma interpretação mais ao seu gosto para dados estatísticos apresentados por outro grupo defensor de uma tese contrária.

Enquanto basta alguém acenar com o adjetivo "científico" para fazer a massa engolir inteiro o anzol (e de um pescador descuidado ainda levam a vara e a mão), um grupo menor é capaz de manter-se equilibrado e praticar algum tipo de discerniment . É cada bobagem que apresentam com o selo de "científico" que chega a ser algo assustador. Coitados dos estatísticos! Se apropriaram de tal modo do ferramental deles que parece mais sério um jogo de búzios. Tanto que se formou o ditado:

Existem três tipos de mentiras: as sutis, as descaradas, e as estatísticas.

e isso que tem a ver com o assunto? Além de ser um manifesto de desconfiança generico, atirado para o ar de forma generica.
Quanto aos estatisticos, estudos e sondagens acho que devias ser mais cauteloso antes de dar sentenças. Mas pronto, há sempre um diletante a considerar-se mais conhecedor que os referees das revistas cientificas. Todo o conhecimento tem uma margem de erro, a sociologia não é excepção mas daí a enviar a cabeça na areia e ignorar tudo o que se vai investigando e percebendo numa area do saber à conta de equivocas (ainda por cima de outra area) não é certamente a melhor atitude.



Editado 1 vezes. Última edição em 18/02/2008 08:11 por camilo.

Camilo, é lógico que a informação tem muita influência na saúde. Pode-se ensinar as pessoas a evitar comportamentos que podem levar a doenças, ensinar-lhes pequenos gestos que terão bastante impacto. Por isso é que achei uma ideia louvável as telenovelas brasileiras (pelo menos antes, que agora não tenho visto) incluirem pequenas cenas onde uma ou mais personagens explicavam, de uma forma que muita gente entenderia, como fazer para evitar certas doenças (lembro-me de um caso a explicar a importância de ter as garrafas viradas para baixo por cauda do mosquito do dengue).

Mas como vês, normalmente a educação anda associada aos rendimentos. E quando se chega à situação em que que há uma doença, lá vem outra vez o dinheiro a proporcionar diferentes tipos de atendimento e tratamento e dar muito mais hipóteses de recuperação.

Por isso não consigo acreditar que o a educação tem mais influência que o nível de rendimentos. Para mais sendo eu do interior e poder comparar os serviços de saúde de lá e cá.

Cassima



Editado 1 vezes. Última edição em 18/02/2008 13:33 por Cassima.

Cassima, já li varios estudos cientificos sobre isso (só as conclusões que não é a minha area e o tempo não dá para mais). Há uma unanimidade, influi mais a educação que o nivel de rendimentos. Pode-me parecer dificil mas eu confio que quem os tenha feito seja inteligente e tenha sabido faze-los. Claro que o nivel de rendimentos influencia, claro que estão correlacionados (embora me pareça que a correlação seja ao contrario do que disseste, a instrução normalmente vem antes dos rendimentos, pelo menos nas sociedades mais desenvolvidas deve ser assim). No entanto os investigadores normalmente sabem separar razoavelmente as diversas influencias embora nem sempre isso seja facil.
Separando os diferentes factores vemos que a educação influencia mais que o nivel de rendimentos. Claro que o nivel de rendimentos ajuda mas a instrução ajuda mais.
Olha, o casamento tambem ajuda e não é pouco. Ver a página 87 de:
[www.lib.ncsu.edu]