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ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 19 de September de 2007 16:37

Mudanças na ortografia da Lingua Portuguesa a partir de
2008 MUDANÇAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A PARTIR DE
JANEIRO 2008


A partir de Janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor
Leste - terão a ortografia unificada.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação,
no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e
certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

Resumo da ópera - o que muda na ortografia em 2008:

- As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".
- Mudam-se as normas para o uso do hífen - Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito
perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos". - O trema desaparece completamente. Estará correto escrever
"linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de
lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação
de "k", "w" e "y".

- O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára"
(verbo) de "para" (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi"
de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e
"jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia. - Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção" e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo. Também em Portugal elimina-se o "h" em palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil:
"úmido".

- Portugal mantém o acento agudo no "e" e no "o" tônicos que
antecedem
"m" ou "n", enquanto o Brasil continua a usar acento circunflexo
nessas
palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno,
bónus/bônus.


*Fontes: Revista Isto É, Folha de São Paulo e Agência Lusa



Editado 1 vezes. Última edição em 19/09/2007 19:04 por Alef.

ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 19 de September de 2007 19:04

-- moved topic --

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 19 de September de 2007 19:44

Recuso-me a escrever húmido sem o h.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 20 de September de 2007 04:27

É que sem "h" fica menos húmido;-)

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 20 de September de 2007 09:40

Para esclarecer dúvidas sobre o Acordo Ortográfico, nada melhor que o Ciberdúvidas.

Vejam esta resposta dada pelo consultor D´Silvas Filho em 18/05/2007, de título "Acordo ortográfico de 1990 em 2007"

Cassima

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 20 de September de 2007 19:54

Tudo muito bonito... mas não me convencem.
Os argumentos a favor da simplificação soam-me a lógica da batata.
Querem simplificar e uniformizar... ora muito bem, vamos fazer como os miúdos na net e sms. Abaixo o "qu", viva o k!
E o x é tão bonito. :P

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de September de 2007 13:57

acho muito bem, aonde já se viu?
quem pensaria em escrever pharmacia sem ph!

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: lopessergio (IP registado)
Data: 22 de September de 2007 02:07

Ola a todos

La vem a velha historia do cagado e do cágado...

Cumprimentos


Sérgio Lopes

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: (IP registado)
Data: 27 de September de 2007 18:37

Por acaso acho pharmácia bem mais bonito que farmácia. :)
E nem tenho metido quase nada o bedelho no ressurgir da missa tridentina porque até teria curiosidade de ir a uma. (isto embora ache criticáveis os fantasmas que alguns tentam ressuscitar)

Que querem dizer exactamente com isto?

- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos"

Passa a ser à vontade do freguês? A la carte? :P

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 29 de September de 2007 01:21

Citação:
Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos"

Isto significa que os brasileiros terão de mudar, e não nós, porque já fazemos isto.
Era giro mudarem a mania brasileira de colocar acento grave fora do sítio, como "a casa" ser "à casa" [sem o à ser determinativo].


Sinceramente, incomoda-me mudar. É, invariavelmente, uma cedência que Portugal faz. Portugal, com a chachada da CPLP, perdeu a sua soberania linguística [bem à moda antiga, com aquele acento].

De resto, vejamos: facto [pt] e fato [br]. Fato, para nós, é um terno, pare eles. Como ficamos???

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 02 de October de 2007 19:06

Eu ficarei a espera de mais noticias:-)

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 03 de October de 2007 22:31

Linguista acusa Portugal de ter «medo estúpido» do Brasil


Um dos mais conceituados linguistas portugueses, Malaca Casteleiro, acusou hoje Portugal de estar a entravar o acordo ortográfico com os países lusófonos por um «medo estúpido» do domínio do Brasil.
O linguista, que tem participado nas tentativas de acordo da unificação ortográfica nos países de língua oficial portuguesa, fala mesmo num «sisma» entre Portugal e Brasil que «se arrasta há mais de um século e que prejudica a difusão da língua portuguesa».

«É maior do que a guerra dos cem anos», ironizou, à margem do VI Congresso da Lusofonia, que começou hoje em Bragança, e que tem como tema central o acordo ortográfico e a variante brasileira da língua portuguesa.

Segundo o linguista português, o Brasil - o maior falante da língua portuguesa - «tem muita vontade de implementar o acordo e Portugal não diz nada»

«Eu creio que há aqui um medo estúpido de que o Brasil, através da ortografia, reconquiste os países africanos de língua portuguesa e os leve para o seu lado, o que é completamente descabido e mau para a língua portuguesa», afirmou.

Malaca Casteleiro entende que Portugal está a desperdiçar um potencial de quase duzentos milhões de falantes para a difusão da língua portuguesa no mundo, através de um país que, além do elevado número de habitantes, «tem uma literatura potentíssima, é um potentado económico e tem uma capacidade de difusão cultural magnífica».

Em vez do «receio deste domínio», o linguista entende que Portugal devia aproveitar esta potencialidade e implementar, de uma vez por todas, um projecto de que há muito se fala no seio da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa).

O projecto, de acordo com Malaca Casteleiro, consiste no intercâmbio de alunos e professores, conferências e outras iniciativas culturais, um programa algo semelhante ao europeu Erasmus, mas que ainda não foi avante por «falta de recursos financeiros».

Malaca Casteleiro lembrou que Portugal ainda não ratificou a mais recente decisão sobre a escrita comum da língua, que permitiria a entrada em vigor do acordo ortográfico com apenas a ratificação de três países.

Apenas o Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificaram essa norma.

O impasse mantém-se e arrastou-se por todo o século XX, conforme recordou o linguista, lembrando que desde a reforma ortográfica da implantação da República, em 1911 que Portugal e Brasil tentam um acordo.

Depois de várias tentativas em 1931, 1943, 1945, 1973 e 1986 para a convenção ortográfica Luso-Brasileira, em 1990 foi negociado e aprovado por todos os países de língua portuguesa, a nível político, um acordo que só foi ratificado pelos respectivos parlamentos de Portugal, Brasil e Cabo Verde.

Em 2004, foi proposta uma norma que permitia que a entrada em vigor, desde que ratificado por apenas três países, mas a referida norma ainda não foi aprovada por Portugal, tendo apenas o aval do Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

«Falta de vontade política» é também o que entende o linguista brasileiro Evanildo Bechara, outro dos convidados do Congresso da Lusofonia em Bragança.

Apesar de tudo, Bechara não acredita que «haja uma desvinculação da variante brasileira do português, que a futurologia prevê para o século XXI».

Esta possibilidade foi levantada no congresso e surpreendeu o especialista porque - diz «não é essa a visão do brasileiro».

Acredita e defende uma unificação ortográfica da língua, em que cada país falante mantenha as suas variantes.

Chegou o momento, disse, «de Portugal e o Brasil se sentarem numa mesa e discutirem um futuro comum da língua portuguesa».

Sustentou ainda que o português «só não corre riscos perante a globalização se os países se consciencializarem da sua importância».

«Cada país continuará com os seus particularismos linguísticos, mas na hora de escrever, escreverão de uma só maneira, como acontece com o francês, o espanhol ou o árabe», frisou.

Diário Digital / Lusa, 03-10-2007 15:12:00

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 03 de October de 2007 23:17

Acho sempre muita piada a estes argumentos.
Numa coisa está ele certo, trata-se de uma questão política e a posição dele é política pura tal como os argumentos utilizados.
Dão os exemplos do árabe, do francês e do espanhol. Interessante o inglês ser a língua mais usada internacionalmente e não ter um acordo deste tipo.
Estou mesmo a ver os britânicos a aceitar que o monstro populacional norte-americano a ditar as regras ortográficas da língua inglesa em pleno território de sua majestade. É o aceitas!
Mas claro que o tuga acha sempre muito chique tudo o q venha do brasiu. E se for um "intelectual" ainda mais se baba.

Já n basta babarmos como tudo o que venha de lá, desde música, a moda, a comida, a férias, a escrita, independente da qualidade. Já não basta os nossos políticos quererem transformar, economicamente e socialmente, Portugal no Brasil europeu. Já não basta o nosso calão estar minado de expressões brasileiras. Já não basta até na religião abrir em cada esquina mais uma "loja" gerida por um bispo brasileiro e sua fidelíssima esposa bispa iluminada. E agora ainda temos de escrever igual?!?! Só porque eles são mais que nós?!

Não, não e não. Tenho direito à minha recusa política de me tornar na colónia europeia do Brasil.

O firefox que é brasileiro, meu amigo do peito e até gosta destes assuntos decerto entende a minha posição.

Fox, por este andar vamos copiar também o vosso sistema educativo!
Diz lá que não dá medo.... hehehehe

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 05 de October de 2007 01:38

Lena, com o novo acordo, passa a escrever rssrssrss em vez de eheheh [estou a brincar].

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 05 de October de 2007 20:40

Um acordo ortográfico não é necessariamente uma colonização. Há coisas que nos pode custar mudar (moeda ou regras ortográficas, por exemplo) mas parece-me que a unificação era positiva.

pontosvista

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 07 de October de 2007 01:40

E porque não passar-se a aceitar as duas ortografias, sem mexer no que está quieto?

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 20 de October de 2007 18:08

Eu acho que devia haver uma certa mudanca de acordo com os dois paises e com as duas linguas. Eu concordo que o portugues fosse todo igual, tanto no Brasil, como no resto do mundo onde se fala o portugues.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 08 de April de 2008 15:58

Acordo Ortográfico: Opositores têm «comportamentos autistas»

O professor universitário Carlos Reis classificou como «comportamentos autistas» os daqueles que se opõem ao Acordo Ortográfico, numa conferência internacional e audição parlamentar sobre o tema, realizada na Assembleia da República.

«Um acordo (...) é um encontro de vontades, fundado no reconhecimento da dignidade das partes, sem preconceitos, complexos ou reservas mentais, [que] implica disposição para o diálogo e para a abertura, não o fechamento em comportamentos autistas», defendeu o catedrático de Literatura Portuguesa.

Salientando que, «ao contrário do que tem sido dito, o Acordo Ortográfico é uma das questões mais debatidas dos últimos 20 anos», Carlos Reis frisou que «um acordo implica também o pragmatismo que leva a que se concorde no que é possível concordar, sem prejuízo de diferenças que não põem em causa o essencial da concordância».

«Se um acordo incide na ortografia - insistiu - então, reconheça-se que ele visa aquele domínio linguístico que é mais convencional e susceptível de reajustamentos rapidamente incorporados pelo uso e sobretudo pelas crianças, que são os falantes do futuro«.

[diariodigital.sapo.pt]

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Jorge Gomes (IP registado)
Data: 10 de April de 2008 20:25

E aí, esse cara é mané mêmo, eu não to pra falar brasileiro não.

Re: ISTO É VERDADE? [Acordo Ortográfico]
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 02 de May de 2008 15:35

Vasco de Graça Moura opõe-se ao Acordo e têm-me feito sentido as razões que apresenta. Já tinha uma natural renitência ao acordo que se consolidou com os artigos que tenho lido (não apenas dele e não apenas contra).

Cassima






Do DN de 4.ª-feira.


BABEL E OUTRAS CONFUSÕES


Vasco Graça Moura
escritor
O disposto no Acordo Ortográfico, quanto às grafias facultativas, "reintroduz no sistema ortográfico português a situação babélica a que 1911 veio pôr cobro" (Ivo Castro e Inês Duarte, A Demanda da Ortografia Portuguesa, p. 34).

Escrevem os mesmos autores que, se este liberalismo ortográfico "constituirá um problema para falantes nativos do português, a situação é ainda mais grave para falantes que aprendam o português como língua segunda. E essa é a situação em que muitas crianças e adultos dos novos países de expressão oficial portuguesa aprendem o português".

Por outro lado, explicam que "na variedade europeia do português actua um processo fonológico sensível à posição do acento, que altera o timbre das vogais não acentuadas".

Demonstram que a tendência do a e do e abertos é a de mudarem para fechados e a do e e do o fechados é a de mudarem para muito fechados na derivação: exs. caça/caçada; festa/festejar; cesto/cesteiro; cola/colar; boca/bocarra.

Este processo não actua sobre um conjunto de excepções, entre elas as dos vocábulos que apresentam uma consoante etimológica que nem sempre se pronuncia.

"No caso do português europeu, a presença de uma consoante etimológica constitui, portanto, de um modo geral, uma instrução que indica que se está perante um caso excepcional em que o timbre da vogal não é alterado" (ibid., p. 35).

Isto é, não segue aquela tendência geral. De outro modo, leríamos com e fechado anti-setico, defetivo, dialetal, espetral, ceticismo, impercetível, recetação, recetáculo...

Disto resulta evidente a essencialidade das consoantes "mudas" para o timbre das vogais em Portugal e nos PALOP, mesmo que algumas palavras de uso mais corrente já tenham adquirido uma pronúncia que as dispensaria, uma vez que, não obstante isso poder acontecer nalguns casos, é impossível elaborar uma regra geral que os especifique com segurança.

Tais consoantes são a "forma de indicar a abertura dessas vogais" (C. Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática..., 9.ª ed., p. 74). Ninguém diz, e muito menos os defensores do Acordo, como assegurá-la se não for assim...

Há ainda as vantagens de se manter uma ortografia próxima da matriz românica e de se evitar a profusão das palavras homógrafas, que aumentam as ambiguidades do texto escrito.

O Acordo de 1945 já elimina as consoantes c e p nos casos em que são invariavelmente mudas nas pronúncias portuguesa e brasileira (adjuncto, adstricto, aqueducto, absorpção, esculptor...)

Mas, segundo aí se dispõe, elas conservam-se:

a) quando são invariavelmente proferidas;

b) quando são proferidas só em Portugal ou só no Brasil ou quando oscilam entre a prolação e o emudecimento;

c) após as vogais a, e ou o, quando não seja invariável o seu valor fonético e ocorram a seu favor outras razões, tais a tradição ortográfica, a similaridade do português com as demais línguas românicas, e ainda quando influem no timbre das referidas vogais;

(acepção, adopção, abjecção, acção, arquitectura, circunspecção, contrafacção, projectar, retroactivo...)

d) quando, embora mudos, devam harmonizar-se com formas afins (abjecto/ / abjecção, carácter / caracteres / didáctico / /didactismo, insecto / insecticida...).

Todos estes casos correspondem pois a outras tantas e importantes razões para a manutenção das consoantes referidas.

Aos defensores do Acordo não interessam questões culturais, como a da ligação à matriz românica, nem questões de homogeneidade gráfica entre palavras afins. Colocam-se numa perspectiva diferente. E entendem que, não sendo o c ou o p pronunciados, eles se tornaram sempre dispensáveis.

Isto significa que consideram o timbre das vogais referidas já estabilizado, quando em inúmeros casos não está. E saúdam o caos de Babel como um progresso...

É a altura de recordar a análise da CNALP: "É evidente que, de imediato, e nesta área estrita da grafia consonântica e do apoio que presta à recuperação de um supra-sistema vocálico comum, o português europeu seria de longe o mais sacrificado na coerência fonológica interna, na inter-compreensão e na facilidade de aprendizagem por povos estranhos à comunidade lusofalante" (Boletim da CNALP, 1989, p. 123).

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