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bebés prematuros - por anna
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 02 de December de 2008 09:23

Testemunho deixado no tópico bebés prematuros - polemica no Reino Unido

Escrito por: anna
Data: 27 de Novembro de 2008 11:27

Bom dia.

Não posso deixar de responder a esta mensagem. Há quase 5 anos atrás tive um parto trigemelar (gravidez natural) às 22 semanas de gestação. Os meus filhos foram colocados em incubadoras, ventilados e ligados a toda a espécie de tubos que lhes permitissem sobreviver e terminar o seu desenvolvimento fora do útero. Infelizmente, dois acabaram por falecer com 24 e 48 horas de vida, com graves hemorragias cerebrais e hepáticas. No entanto, um deles lutou pela vida e é hoje considerado pelos médicos que o assistiram um verdadeiro milagre.

O D. esteve 6 meses e 10 dias internado. Teve muitas complicações (doença das membranas hialinas, enterocolite necrusante - 8 perfurações no intestino e intestino "colado" -, paragem renal, cirrose, anemia crónica, 2 pneumonias, retinopatia grau V, hemorragia intraventrivcular cerebral grau III/IV, hematoma subdural intracraniano) e fez 5 cirurgias - 3 aos intestinos e 2 à vista. Os médicos estimaram as suas hipóteses de sobrevivência em menos de 5%, e chegaram mesmo a dizer que só não desligavam as máquinas que o mantinham vivo porque isso era contra a sua ética. O prognóstico era muito reservado: o D. podia, se sobrevivesse, nunca vir a andar, falar, ter capacidade para aprender, ouvir ou ver, e o mais provável era nunca poder vir a alimentar-se, devido aos problemas de intestinos, e falecer por fraqueza quando o soro deixasse de ser suficiente.

Na minha vila, as pessoas comentavam a história do D. e davam palpites. Uma senhora chegou a abordar a minha mãe e dizer-lhe que mais valia o meu filho morrer, porque era bem melhor uma pena morta que uma pena viva.

Aos 6 meses e 10 dias o D. teve alta finalmente. Sem problemas de audição. A beber um leite especial. Começou a andar aos 2 anos e 4 meses. Adora música e consegue reproduzir melodias e ritmos na perfeição. É um menino muito inteligente, que hoje come de tudo, apesar de eu ter cuidado e evitar os fritos e as gorduras. Anda numa creche de ensino regular e apesar de ainda não conseguir dizer frases muito compridas, consegue expressar-se e fazer-se entender muito bem. Cego das duas vistas, conseguiu, com o passar do tempo, melhorar de um dos olhinhos, e neste momento já distingue as cores e algumas formas, apesar de ter de vir a aprender braille. Reabsorveu a hemorragia cerebral. No próximo mês, o meu pequeno grande herói faz 5 anos... sofreu muito, mas está vivo e é feliz. Tem deficiência, mas sente como todas as pessoas e tem direito à vida como todos.

Obstinação terapêutica ou não... o que dizer? É função dos médicos curar as pessoas e permitir-lhes viver de forma a que cumpram a sua missão. O meu D. mostrou uma força incrível para vencer todo o sofrimento por que passou e os médicos fizeram o que estava ao seu alcance. Se tivessem deixado o meu filho morrer, ele não estaria hoje feliz, a desenvolver-se, a fazer de cada dia mais uma vitória, a encher-me de orgulho e de felicidade; eu nunca teria visto o seu sorriso, escutado a sua primeira palavra, etc. Abandonar um bebé - ou outra pessoa à morte é negligência ou homicídio!

Posso estar a ser subjectiva porque passei por esta situação, mas a verdade é que, se por um lado, muitos médicos se aproveitam destas situações para "estudar", outros fazem-no porque acreditam que é esse o seu papel e, embora eu tenha tido alguns problemas com os hospitais - nem tudo foram rosas -, fi-lo sempre que achava que estavam a não acreditar, a deixar de apostar no D, porque eu acreditei sempre, rezei sempre. Tive o apoio enorme e importantíssimo do capelão da igreja do hospital onde esteve o D. Baptizei-o nos Cuidados Intensivos quando ele esteve pior (depois disso começou a melhorar) e, como não foi possível aplicar os óleos do baptismo, voltei a baptizá-lo na igreja do hospital, com o mesmo sacerdote, quando o meu filho completou 1 ano de idade.

Entreguei o meu filho nas mãos de DEus e pedi-Lhe que fizesse o melhor por ele. Se esse melhor fosse o meu filho partir, aceitaria essa desição. Mas, se fosse para sobreviver, então que DEus o tomasse nos SEus braços e o enchesse de força e luz. Acredito que Ele me escutou. Sei que me escutou.

Compreendo que existem várias opiniões porque de facto os bebés sofrem muito, muitos acabam por não resistir - assisti a muitas situações nesses 6 meses -, e é difícil para as famílias, para os amigos... mas queria deixar aqui este testemunho, pois talvez ajude a compreender a situação vendo-a do lado de quem passou por ela.

A história do D. está, entre outros textos, em www.heavenlighthoughts.blogspot.com



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