Eu entendo que o sexo pode ser uma necessidade na mesma medida em que é uma necessidade amar e ser amado.

As ideias que tenho quanto a este assunto são mais intuitivas que realmente fruto de alguma construção mental ética.

Antes de mais, acho que não é porque a Igreja o diz que o sexo passa a ser uma coisa boa ou má, trivial ou muito íntima. Se se vai partir desse princípio, então vamos navegar ao sabor do momento (curiosamente, nisto, a Igreja parece ir sendo nalguns aspectos levada pelo espírito dos tempos, com um atraso de umas décadas). Acho que a atitude de cristãos sérios deve ser não uma de beatice (que acaba mais por repugnar que atrair) mas de reflexão. E o pensamento de fundo - não os aspectos acidentais - da Igreja sobre o assunto, aí sim, é fundamental.

Entendo que dizer que o sexo serve apenas para a procriação é um disparate. Muito antes disso, tem de existir uma base afectiva consistente da qual o sexo seja uma consequência, e na qual o sexo sirva para aprofundar afectos, de uma forma positiva para as duas pessoas envolvidas. Depois desta permissa, entendo (embora discorde, mas para o caso tanto faz) que se diga que uma relação sexual deve estar sempre biologicamente aberta à criação de nova vida.

Começando do início, acho que como cristãos temos de querer o melhor para nós mesmos, e para as outras pessoas. Uma relação sexual gera laços entre as pessoas envolvidas, e é preciso maturidade emocional e maturidade da relação entre as duas pessoas para saber lidar com esses laços. Só assim poderão as pessoas envolvidas crescer uma com a outra, como deve ser. Caso não exista essa maturidade, é como pedir a crianças que lidem com problemas de adultos: é-lhes prejudicial.

A abstinência, em si, não tem valor nenhum. Querer dar uma medalha a um jovem por ser abstinente parece-me desvario beato, perder de vista o essencial. A abstinência deve ser consequência de uma atitude responsável perante o sexo. De facto, este fica esvaziado de sentido se for banalizado.

Mas se há quem esteja interessado em fazer pedagogia do sexo, penso que seria melhor começar por aprofundar os lados positivos do mesmo. É que as crianças aprendem mais por exemplo que pelas palavras, e se o sexo é encarado como algo a que se diz "não-não" e não é apresentado como algo positivo vivido no dia a dia de uma forma responsável, como se espera que os nossos jovens aprendam? Só pela retórica?



Editado 1 vezes. Última edição em 24/10/2006 14:17 por Zé.

Olha que sou bem novo e ponho a hipóstese de ser padre, pelo que ponderei muito bem a questão do celibato. Engraçado que cheguei às mesmas conclusões que o Rui...

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Estou completamente de acordo com o Zé, que diz coisas muitíssimo importantes.

O celibato não é uma abstinência mas uma vivência diferente da sexualidade, abdicando da genitalidade porque abdicando do compromisso com uma pessoa em particular.

pontosvista

De acordo.
Gostava de trocar e-mails com quem pratique abertamente a abstinência sexual.
Quero recolher uma série de testemunhos, o mais diferente possíveis para uma reportagem.

Quem estiver à vontade para se ver retratado/a, por favor comunique para:
luis.leal.miranda@gmail.com

Espero que este meu atrevimento seja bem aceite e tolerado.
Obrigado pelas respostas,

Manuel Leal

Manuel

Vais pagar bem?:) Os bons modelos ganham bem...

Não ofereço dinheiro.
Garanto um tratamento educado e justo, apenas.

Manuel

Manuel, se quiser fazer uma reportagem sobre jovens que se querem entregar ao sacerdócio...

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.