Olá

De há pouco tempo para cá comecei a reparar, na paróquia que frequento habitualmente no seguinte: depois da consagração após o padre ter dito "Mistério da Fé", enquanto toda a gente se levanta, os acólitos, catequistas e os miúdos da catequese permanecem ajoelhados.

É uma nova moda ou houve alterações ao protocolo de como estar na missa?

Obrigada

Cassima

Oi Cassima,

No rito tradicional, depois de proclamar o mistério, era comum guardar um momento de silêncio para meditar e em sinal de respeito. Provavelmente os da sua paróquia fizeram algum curso ou retiro de aprofundamento sobre espiritualidade e liturgia. Essa sempre foi a recomendação da Igreja, recordando aquela passagem "todo joelho se dobre na presença de Cristo".

Parece que o ato de ficar em pé é que foi moda e aos poucos tenho visto cada vez mais e em muitos lugares as pessoas novamente se ajoelhando e permanecendo assim por um tempo maior. Lembra da tentativa de dialogar com a modernidade depois do Vaticano II? Uma das famosas críticas contra a religião era que a existência de Deus necessariamente resultava no rebaixamento do homem. Isso é puro nonsense, mas... Pela influência de teólogo liberais, sob o pretexto de responder essa crítica, o ato de ajoelhar foi sendo paulatinamente substituído pelo ato de ficar em pé, com a justificativa (não declarada) de que o ato de ajoelhar poderia ser interpretado como algo "indigno" da "grandeza" do homem (??), e que o ato de ficar em pé tb era rico de significado, denotanto tanto respeito quanto prontidão. Evidentemente isso não veio como determinação da Igreja, foi algo que começou a ser colocado em prática (aqui) por influência de teólogos da libertação. Até onde sei, a Igreja não disse nada contra pq o ato de ajoelhar não era algo imposto e, inclusive, ela o desobrigava para as pessoas que tivessem problemas de saúde que dificultavam o ajoelhar.

Depois, pelo cuidado que os papas João Paulo II e Bento XVI tiveram com a liturgia, a proposta de Bento XVI para renovação contínua e orgânica da liturgia para fortalecer sua ação na vida católica, e saindo de moda a telogia da libertação, a tendência é cada vez mais a Igreja ir retornando para a liturgia comum. A atitude de Bento XVI sempre foi muito pastoral, na liturgia ele não impôs nada, mas acreditava ensinar através do exemplo. Isso aos poucos vai dando bons resultados sem escandalizar ninguém.

PS: não tenho referência para isso, é uma explicação informal.

Fica com Deus.



Editado 2 vezes. Última edição em 22/01/2014 21:24 por firefox.

Olá firefox

No caso de que falo, as pessoas ajoelham durante a consagração (claro que continua a haver bastantes de pé, a começar com os escuteiros que fazem lembrar os soldados em sentido). Só que, enquanto o povo normal que ajoelhou se levanta após o padre dizer "Mistério da Fé", os outros que falei continuam ajoelhados mais um pouco (não me recordo qual é expressão do padre que os faz levantar).

"Lembra da tentativa de dialogar com a modernidade depois do Vaticano II?" Não. :)

Eu não me recordo da missa velha, mas cresci com pessoas que a viveram e, inclusive, mantenho um ou dois gestos que herdei deles e que não vejo o pessoal mais novo a fazer. São eles o ajoelhar logo logo depois do "Santo" e o bater no peito na oração "Senhor eu não sou digna". E não me lembro de que esse prolongar do estar de joelhos fizesse parte dos hábitos dessas pessoas. Por isso é que estranhei...

Talvez um dia questione uma catequista sobre o assunto...

bjs

Cassima

O falecido bispo de aveiro D. Antonio Marcelino pregava que os fieis deveriam manter-se de pé durante a consagração se esse fosse o gesto praticado pela maioria. na minha paróquia toda a gente recebe a consagração de pé não se ajoelha. Penso que ambas são respeitosas à sua maneira. Creio que os apóstolos receberam a consagração da última ceia de Cristo sentados à mesa. Há alturas em que me apetece ajoelhar outras em que me apetece estar de pé. Se a primeira demonstra servidão a segunda prontidão para servir.

Neste momento parece-me que uniformizar é bastante difícil. Pseudo-mistérios é que não... A Lei de Deus é perfeita,é luz, é a sabedoria dos simples, é amor, e portanto nada tem a ver com obscuridades ou obscurantismos. Se há obscuridade temos a obrigação de desconfiar.

-#^R

Eu ajoelho-me sempre na consagração, assim as condições o permitam. Não me importa que seja o único no meio de 1 milhão. Se é assim que acho que devo fazer de modo a adorar a Deus, faço.

Passa tudo um bocado pela educação cristã que as pessoas tiveram.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

E vc está correto "É proibido ajoelhar-se durante a consagração?"

Olá firefox

Quando estou a ler um documento que às tantas diz coisas como: "ou se faz parte da protestantização da fé católica, com a comunhão em pé e na mão, diminuição dos símbolos sacros na Santa Missa (como o latim, o canto gregoriano etc.)", abandono-o logo... Não posso levar a sério quem não a sério escreve...

Parafraseando o que essa pessoa disse no início da frase é melhor indicares um documento oficial.

Abraço

Cassima

Olá s7v7n

Também eu, por norma, ajoelho sempre (e já destoei numa ocasião por ter sido eu a única pessoa a fazê-lo).

Concretamente no caso que abordei não está em questão as pessoas ajoelharem. Como disse, umas ajoelham, outras não. A maioria ajoelha e até os escuteiros passaram a fazê-lo.

A questão está no momento em que se levantam: imediatamente antes do Pai-Nosso.

Abraço

Cassima



Editado 1 vezes. Última edição em 21/07/2014 10:47 por Cassima.

Citação:

Cassima
Parafraseando o que essa pessoa disse no início da frase é melhor indicares um documento oficial.

Devo supor pelo comentário que não leu o texto escrito com o devido cuidado, nem ouviu a explanação do padre. Tudo bem, farei um resumo:

O momento da consagração eucarística é o mais solene, o mais importante da vida do cristão. Ele faz memória, ou seja, traz para o presente, o sacrifício de Jesus. A imolação do Cordeiro. A Nova Aliança. A remissão dos pecados. (...)
Por que, então, surge a tendência entre os liturgistas de que não é necessário mais ajoelhar-se no momento da consagração eucarística? (...)
Assim, é preciso analisar se essa nova tendência provém de algum documento oficial ou se faz parte da protestantização da fé católica (...)
culminando na transformação do sacrifício incruento de Nosso Senhor Jesus Cristo numa simples partilha, deixando de crer na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.

Quanto do documento oficial, ele foi indicado oralmente na explanação que talvez não ouviu. Trata-se do Missal Romano, instrução 43, que foi lida e comentada: [www.clerus.org]

MISSAL ROMANO
43. Os fiéis (...) ajoelhem-se durante da consagração, a não ser que, por motivo de saúde ou falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam.
Contudo, aqueles que não se ajoelham na consagração, façam inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração.(...)
Onde for costume o povo permanecer de joelhos do fim da aclamação do Santo até ao final da Oração eucarística e antes da Comunhão quando o sacerdote diz Eis o Cordeiro de Deus, é louvável que ele seja mantido.

O referido padre não tem problema com relação ao Vaticano II, se o que te assustou foi a referência ao latim e ao gregoriano. Ele é mestre em direito canônico e apaixonado por liturgia.

Olá firefox

Não, não ouvi o senhor. Só li, até àquele parágrafo.

Ele até pode não ter nada contra o Vaticano II, mas não é a ideia que passa ao associar aquelas 4 acções concretas (faltaria analisar o que viria no etc.) à protestantização da fé católica.

Lá porque as pessoas gostam de comungar na mão, de pé e querem usar a língua materna na missa e cantar sem ser gregoriano significa que estão a deturpar a fé católica?

É isto, tão somente...

Abraço

Cassima



Editado 1 vezes. Última edição em 22/07/2014 11:52 por Cassima.

Olá Cassima.

Entendo. Se quiser esclarecer a dúvida, sugiro que veja o vídeo. Prefiro sempre o vídeo e foi pensando nele que colei o link, pq nele é o próprio padre que fala. Os textos são assinados pela equipe que cuida do site. Vc tem todo direito de não gostar da posição daquele padre, certamente não estará sozinha, muitos gostam e muitos não gostam. Contudo, algo muito elogiável nele é a clareza nas posições que defende - ele sempre deixa muito claro o que é da opinião pessoal dele e o que vem do magistério da igreja, e qdo é este caso ele sempre indica as fontes.

Comunhão na mão foi tema de outro vídeo no qual, por acaso, o padre manifestou sua preferência pessoal pela comunhão na boca e de joelhos, e apresentou argumentos nessa direção. Contudo, defendeu o direito dos fiéis de poderem escolher o modo de receber a comunhão, de pé ou de joelhos, na mão ou na boca, com base nas instruções 160-161 do Missal Romano (MS). Nesse tema ele elogiou abertamente a postura pastoral do então papa Bento XVI, que defendia a comunhão na boca e de joelhos, mas o fazia através do exemplo e não de decretos. A postura dele sobre o latim e o gregoriano (MS 41) foi semelhante.

Fica com Deus.



Editado 1 vezes. Última edição em 22/07/2014 18:43 por firefox.

Este tipo de questões faz-me sempre lembrar:
Fazei "isto" em memória de mim; "isto" refere-se a quê?

-#^R

A fração lembra o "Big Bang" e a partilha lembra-nos que o universo é holográfico. Fração e partilha lembram-nos Jesus Cristo, aquele que é a nossa referência de sentido e propósito para a vida.