Já vou adiantando que o contexto da frase do papa foi completamente deturpado. Outra vez (!) para variar. Não sei como ainda existe católico que acredita nessa imprensa de manchetes sensacionalistas, e ainda dão corda.
Para quem quiser ler a entrevista completa do papa, fonte da notícia, ver
pope interview. Recomendo muito a leitura.
O sentido resumido da frase do papa foi que a doutrina da igreja é correta e não vai mudar, mas é preciso caridade para ensiná-la. O ensinamento moral da igreja deve ser ministrado mais como remédio para curar doentes do que como acusação para condenar criminosos. O cristão impulsionado pela caridade deve agir mais como médico cuidadoso que quer o bem do doente do que como procurador que quer a condenação do réu. Quem ler a entrevista vai logo notar que o papa está falando diretamente para os católicos engajados nas missões da igreja. Isso é importante porque ajuda a entender o que ele está dizendo. O papa não está considerando que quem o ouve é alguém não católico e isso explica em grande parte a incapacidade quase total da mídia para entender o significado das suas palavras.
O que o papa está propondo é um "novo jeito" de agir - mudar o olhar, olhar com os olhos de Jesus. No contexto da entrevista ele deixou claro que nem o cristão legalista (que condena o homossexual) e nem o cristão frouxo (que diz que está tudo bem e não tem nada errado) agem com misericórdia. Acho que ele diz que nós deveríamos "falar menos" sobre certos assuntos (isso é muito diferente de deixar de falar) porque o processo de "cura" é pessoal e cabe ao Espírito Santo. O exemplo é inspirado no bom samaritano.
Assim, apesar de entender a posição do papa, se é que a entendi, não consigo ainda avaliar o alcance todo dela:
Por um lado, fico pensando que o papa está sendo muito ingênuo de considerar que todos que o ouvem têm boa vontade. Quando penso assim, lembro que os "verdadeiros obsecados" são os membros dos grupos de militância gayzista e pró-aborto, dentre outros, que concentram todos os esforços para atacar a igreja. Esses com certeza vão tentar capitalizar a fala do papa a seu favor, e o efeito pode ser desmotivador para quem luta a favor da vida. Esse momento vai exigir perseverança e purificação daqueles católicos engajados nessas causas. Vejo cruzes no horizonte.
Por outro lado, não sinto que "a igreja" esteja obcecada com nada. Talvez alguns de seus membros estejam, talvez a fala do papa seja para esses, embora acho que algo semelhante poderia ser dito sobre quase todos os assuntos, se considerarmos que são mais de 1 bilhão de fiéis.
Não tenho dúvida que os temas citados têm aparecido mais na mídia apenas pq existem grupos interessados nessa propaganda. Existe um processo de engenharia social em andamento contra a cristandade e alguns membros da igreja estão reagindo contra, aliás como deveria mesmo ser (e deveria ser muito mais).
É natural que a igreja apareça se posicionando contra essa pauta, é bom que seja assim. É bom deixar de lado essa covardia e parar de tentar bancar o bom moço politicamente correto. A primeira vista ficou parecendo que o papa tentou ser político, mas pensando bem, não acho que o papa seja tão ingênuo assim. Ele está falando para católicos ou para galinhas mortas? Ele não disse nada que o próprio Jesus não poderia ter dito ele mesmo. Talvez o papa tenha sido mais corajoso do que nós, se temos tanto medo das cruzes. O papa não disse para parar de lutar, já se esqueceram que ele mesmo participou da marcha pela vida e abençoou os manifestantes pró-vida? Ele está propondo um outro jeito de lutar.
Paz e Bem
Editado 4 vezes. Última edição em 21/09/2013 00:39 por firefox.