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Ano da Fé
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 22 de January de 2013 08:01

O que é a Fé?
A fé é a força de vontade com que investimos no futuro em que acreditamos.

E para ajudar à discussão: [www.montesiao.pro.br]

Continuemos...

Onde se centra a Fé nas dimensões do espaço/tempo e consciência?
A Fé centra-se na pessoa, digamos no em si mesmo de cada um, de modo que tem sentido que cada um diga:
Antes de tudo eu sou...
Sim, a realidade existe porque eu existo (isto quer dizer que a realidade é quântica...).

Depois de mim estão aqueles que me rodeiam e,

excêntrico a toda a realidade, está o sem limite da minha existência... Aqui poderei encontra Deus.

Devemos discutir Deus?
Não... Podemos fazê-lo, no entanto, segundo as escrituras Deus é categórico:
"Eu sou aquele que sou"...O que devemos discutir é a nossa responsabilidade face aos mandamentos da Lei de Deus, a nossa Liberdade face aos nossos semelhantes e a nossa Ressurreição em Jesus Cristo...
Avancemos... Escutemos...

-#^R

Re: Ano da Fé
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 28 de January de 2013 04:42

A cantata 106 de Johann Sebastian Bach começa com a frase: "Gottes Zeit ist die allerbest Zeit" (trad: "O tempo de Deus é o melhor tempo"). Mas o que é o tempo em sentido uno, outra coisa que não o registo no calendário ou o suceder dos segundos?
O tempo de Deus talvez seja a viagem que Deus faz ao nosso coração e o tempo da Fé poderá ser a viagem ao passado para melhor compreendermos a nossa identidade, a viagem ao futuro para potenciarmos a nossa liberdade e a viagem no presente para assumirmos as obrigações inerentes à nossa condição.
O tempo da Fé é o tempo zero, donde partimos rumo ao infinitamento passado e rumo ao infinitamente futuro. O zero está sempre na exatidão da nossa atitude.
Avancemos...Escutemos...

-#^R

Re: Ano da Fé
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 03 de February de 2013 13:31

Bom dia.

Citação:
Fratal
A fé é a força de vontade com que investimos no futuro em que acreditamos.

Não se pode reduzir o conceito de fé a essa definição. Se assim for, torna-se um evento meramente subjetivo, transitório e efémero.

Por outro lado, Deus é objeto de investimento? Devo investir em Deus?

Citação:
Fratal
A Fé centra-se na pessoa

Ora aqui está o mero subjetivismo da experiência de fé. Não será mais adequado falar-se numa fé centrada numa Pessoa?

É que essa abordagem da fé permite produzir aquele evento denunciado por inumeros pensadores, de uma fé que mais não é do que uma produção dos meus medos, inseguranças, um mecanismo de compensação, uma fé à minha maneira e medida.

Essa fé é, segundo as suas palavras, uma fé solipsista, voltada sobre o eu, quando ela tende a ser um movimento para fora, uma doação, uma entrega incondicionada a um Outro que me precede e me procede.

Citação:
Fratal
Sim, a realidade existe porque eu existo

Na verdade, a realidade existe independentemente de si ou de mim. Daí que ela possa ser discutida. Só se discute o que existe.
Essa afirmação lembra a filosofia de Nietzche, em que este autor afirmava que não há factos, mas apenas interpretações.
Mas eu não sei como há interpretação sem um facto que, independente de mim, preceda essa interpretação...

Citação:
Fratal
excêntrico a toda a realidade, está o sem limite da minha existência

A existência está também para lá da realidade?
Repare que não estou a implicar consigo, mas aepnas a tentar interpretar o que escreve.

Mas vejamos: a sua existência é essencialmente ilimitada, ou está vocacionada para o ilimitado? É que são coisas bem distintas.

Citação:
Fratal
Devemos discutir Deus?
Não...

Pessoalmente gosto de discutir Deus, e devo discutir Deus. Isto por duas razões.
Uma, a de que há que não creia em Deus, a outra, a de que eu mesmo devo colocar em crise as minhas bases racionais, para estar eu mesmo em condições de afinar e melhorar a defesa da causa de Deus.

Citação:
Fratal
Podemos fazê-lo, no entanto, segundo as escrituras Deus é categórico:
"Eu sou aquele que sou"...

A questão da existência de Deus, e sua racionalização, não é objeto proprio da S. Escritura, mas sim da teologia filosófica.

Será que vislumbro aqui fideismo, isto é, uma fé que prescinde da razão filosófica?
Se assim for, discordo.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ano da Fé
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 03 de February de 2013 18:06

A fé, na minha opinião, é a adesão da inteligência, da vontade, do coração e de todas as faculdades do meu ser a Deus e às verdades por Ele divinamente reveladas; e, posteriormente, a fidelidade à vivência dessa fé.

Ou seja, fé é acreditar, confiar, e depois ser fiel àquilo em que se acredita. Ser coerente com o que se professa, é uma manifestação exterior de uma fé interior.

E, evidentemente, a meu ver, a fé não se centra na pessoa que a professa, e sim em Deus. A fé é uma virtude teologal.

P.S: Ressuscitem o forum!

Re: Ano da Fé
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 03 de February de 2013 22:19

Olá Miriam.

Bem respondido, como de costume.
Resta um aspecto, que pode levantar dúvida: esse "posteriormente" não será mais artificial, do que real, justamente para distinguir dois eventos que, na verdade, são indissociaveis?

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ano da Fé
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 04 de February de 2013 19:38

Quem está em causa somos nós e não Deus. Deus não precisa de anunciadores, anuncia-se a si mesmo e para tal basta abrir os olhos; os cegos lá terão a sua maneira de intuir Deus. O que realmente é tradicional é confundir Fé com ideologia. Claro que é inevitável, como em toda a expressividade humana, que na Fé tenhamos paradigmas, pessoas credíveis no seu testemunho e nas sua propostas, pessoas que congregam, dinamizam, vivificam. Em que há-de um cristão investir em concreto senão em dinâmicas de futuro e com futuro? Claro que no âmbito cristão ninguém vive a Fé sózinho, de qualquer modo antes sózinho do que enfileirado. No cristianismo a Fé vive-se em ágape.

-#^R



Editado 2 vezes. Última edição em 04/02/2013 19:39 por fratal.

Re: Ano da Fé
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 05 de February de 2013 02:17

Olá Rui. Há quanto tempo.... :))

Sim, tem toda a razão. São indissociáveis.

Quando coloquei posteriormente foi porque estava a pensar em que, primeiro a pessoa adquire os conhecimentos sobre a entidade em que crê, e só numa fase posterior se compromete em seguir aquilo em que decidiu acreditar...

Não sei se me faço compreender.

Por exemplo no nosso caso como cristãos: Primeiro conhecemos a Deus (através da Sua Palavra e da Revelação), depois amamo-Lo e seguidamente assumimos um compromisso com Ele de viver de acordo com aquilo que nos veio ensinar. Era nesse sentido, mas tem toda a razão: são totalmente indissociáveis. De outro modo, não teríamos fé...

Um abraço
=)

Re: Ano da Fé
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 05 de February de 2013 02:24

Olá Fratal,
creio compreender o que diz.

Só não tenho claro um aspeto da sua exposição: Deus não precisa de anunciadores?

Jesus deixou-nos claramente o ensinamento do Ide e levai a boa nova a toda a criatura... o que faz de nós, precisamente, embaixadores da Palavra, anunciadores da mensagem.

Deus anuncia-se a si mesmo, sim, nas maravilhas da Criação; nos seus sinais na nossa caminhada... Mas isso não nos retira responsabilidade no anúncio do crucificado/ressuscitado, do Evangelho.

Não esqueçamos que, numa experiência mística por exemplo (uma das formas como os cegos possivelmente veem a Deus), é verdade que o Senhor é quem vem ao encontro do homem e se faz anunciar. Mas não é menos verdade que homens têm a missão de anunciar a outros as boas novas.

No mais, estou totalmente de acordo consigo. Fé não é uma ideologia. E está intrinsecamente ligada ao amor. Aliás, as duas são virtudes teologais. O apóstolo diz que, se eu tiver toda a fé do mundo e não tiver amor... de nada me serve.

Um abraço em Cristo ;)

Re: Ano da Fé
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 05 de February de 2013 22:11

A Fé é indissociável do prodígio, da maravilha, do fantástico, do poder para curar, para nos darmos gratuitamente, para inovar e arriscar no melhor sentido, mas não apenas uma questão de obras, o que poderia levar a quantificações ridículas.
A fé é o desmedido de uma entrega que tem mais a ver com o futuro do que com o passado.
Por isso e muito bem dizemos. "Vem Senhor Jesus", "porque Tu és aquele que deve vir".

-#^R

Re: Ano da Fé
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 06 de February de 2013 13:23

Boa tarde.

Citação:
Fratal
A Fé é indissociável do prodígio, da maravilha, do fantástico

Na verdade, a fé é bastante dissociável do maravilhoso e do fantástico. Basta pensar no facto de que os grandes homens de fé passaram por terriveis provações de deserto em suas vidas...
Uma fé ainda apoiada em fantásticos e maravilhas, não está ainda madura.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Ano da Fé
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 10 de February de 2013 23:48

Não deixa de ser maravilhoso que alguém aguente firme através das mais devastadoras provações...
E que dizer dos credos?
Acho muito bem que sejam postos no capítulo das orações de fé, onde outros porão palavras como amor, liberdade e inovação...

-#^R

Re: Ano da Fé
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 11 de February de 2013 01:40

O Rui disse tudo o que eu queria dizer =)

Mas creio compreender a exposição do Fratal. Ele está num plano mais filosófico e abstrato.

Eu sou muito pragmática, o que por vezes me dificulta bastante na compreensão do lógica do «outro». Em todo o caso, todos deram aqui excelentes contribuições do conceito e da virtude da fé.

Um bem-haja a todos por ainda estarem no forum, que por tanto tempo foi «a nossa casa».

Re: Ano da Fé
Escrito por: fratal (IP registado)
Data: 26 de April de 2013 05:45

As imagens que chegam na Voz Portucalense das celebrações do Ano da Fé, nas diversas vigararias da diocese, são sempre de grandes assembleias. É isso: na fé cristã temos de ir pelas pessoas para que tudo faça sentido e faça sentido até ao momento de darmos ao ser humano um lugar junto de Deus e em Deus, no seu passado, no seu presente e no seu futuro. Penso mesmo que Jesus terá anunciado e testemunhado àcerca do ser humano, e no ser humano em seu devir o que hoje anunciamos e testemunhamos em Jesus.

-#^R



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