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Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 20:09

Citação:
A grande questão é: Dizer que JEsus APENAS VOLTOU a esse estado, de antes da encarnação, parece-me mais negar a RESSURREIÇÃO. Afinal, essa "doutrina" do Rui, apenas faz Jesus voltar aquilo que ELe já era, antes de encarnar!

E o que seria o Verbo antes de encarnar? Seria homem, ou não?
E em Deus há "antes" e "depois"?

Não sei se percebe a razão da pergunta. Mas, se os católicos perceberem, fico feliz então.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 20:18

O Verbo antes de encarnar era o filho de Deus que estava com Deus e era Deus e Deus é espírito.

Depois de encarnar o Verbo continua a ser o filho de Deus a estar com Deus e a ser Deus mas passa também a ser homem. Duas naturezas na mesma pessoa portanto.



Editado 1 vezes. Última edição em 26/12/2011 20:20 por Epafras.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 20:30

Citação:
Epafras
porque a matéria é considerada parte das aparências e não a substância

Citação:
Epafras
Na encarnação Cristo assumiu uma nova natureza: a natureza humana, E o corpo físico é uma característica dessa natureza humana

O físico é característica ou essência da pessoa humana?

Com efeito, voce diz:

Citação:
Natureza humana essa que Cristo teria perdido se tivesse ressuscitado espiritualmente sem o seu corpo humano,


Ou seja, voce, que defende o estado intermédio das almas, ao fim e ao cabo defende uma desumanização após a morte, para uma re-humanização na ressurreição, após o estado intermédio.

Citação:
O que eu disse foi uma resposta ao seu argumento de que por Cristo aparentemente ter atravessado paredes isso prova que era um espírito, coisa que de resto foi explicitamente desmentida pelo próprio Cristo

Talvez fosse útil ter em atenção o que entendiam os semitas por "espírito"...

Citação:
Só deseja boas festas a quem considera seu irmão? Ou só deseja o bem a quem considera seu irmão?

Claro que não. Por isso mesmo é que lhe desejei boas festas...

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 20:32

Citação:
Depois de encarnar o Verbo continua a ser o filho de Deus a estar com Deus e a ser Deus mas passa também a ser homem

Então houve mudança em Deus. É isso?

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 20:36

Citação:
Epafras
Fique lá com o Aristóteles e os gregos que eu fico com Jesus e os apóstolos

O facto de voce não querer saber da filosofia grega não resolve as questões colocadas acerca do Ser.

Revendo:

Citação:
Porque é que Parménides negava o devir e a contingencia à realidade? Porque, de facto o não-ser é inconcebivel. O ser não pode não ser. O que um ser é num momento é não-ser em relação ao que será depois. Divisivel em partes, uma parte é não-ser o que é a outra parte, e vive-versa.
Foi necessário esperar por Aristóteles para ele nos introduzir nas categorias do ser e nos libertar desta questão.

Em Deus não há partes a dividir, ainda que se tratasse de uma divisão infinita. O que seria uma parte, senão não-ser a outra? Deus é esseidade pura, absoluta, e simples. O não-ser não se concebe em Deus. É impredicável. Possuir o ser e ao mesmo tempo o não-ser é proprio e exclusivo das criaturas, em sua finitude.

Se Cristo ressuscitado possui, de modo imanente, um corpo físico, então este tem dimensões, dentro das quais uma parte é não-ser a outra parte.
Se tem corpo físico, então é sujeito de tempo, de modo que, e na linha de Aristóteles, muda o "quando" do ser.
Se tem corpo físico, então não possui a "pléroma", a plenitude do Ser.

Em Deus, absoluta Unidade, não há distenção - há O Ser, em modo intensivo, perene.

Daqui resulta evidente que não se pode predicar o físico na imanencia de Deus - é contraditório, e leva a firma que Deus É, e não é ao mesmo tempo, e sob o mesmo aspecto.


Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 20:56

Claro que em Deus há "antes" e "depois" em relação a uma realidade presente. Se não houvesse não era omnisciente. Apenas sabia as coisas porque estava presente numa realidade futura. Mas Deus sabe o futuro não porque está lá presente mas porque sabe todas as coisas.

Na verdade, se há uma realidade o passado e o futuro não existem. Apenas o presente existe na realidade e Deus está presente nessa realidade. Deus não pode estar presente na irrealidade.

Deus habita portanto uma realidade presente que é eterna, isto é, um tempo sem fim.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 21:08

Não houve mudança em Deus trino mas na pessoa do filho de Deus, que assumiu uma nova natureza que não tinha.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 21:30

Citação:
Claro que em Deus há "antes" e "depois" em relação a uma realidade presente. Se não houvesse não era omnisciente

Como??
Quer dizer que a onisciencia de Deus é em virtude de previsão?

Citação:
Apenas sabia as coisas porque estava presente numa realidade futura

Não. Está confuso.
Deus não é omnisciente porque esteja numa realidade que lhe seja futura, o que é aburdo, mas porque todo o tempo lhe é presente.

Citação:
Mas Deus sabe o futuro não porque está lá presente mas porque sabe todas as coisas.

Qual é, então, a razão de Deus saber todas as coisas?

Citação:
Na verdade, se há uma realidade o passado e o futuro não existem

Por isso mesmo, por Deus ser uma realidade, Una, é que nEle não há passado nem futuro, mas perene presente.

Citação:
Apenas o presente existe na realidade e Deus está presente nessa realidade

Exato.

Citação:
Deus não pode estar presente na irrealidade.

Pois não.
Só que voce está a formular um juizo em ordem temporal, humana, contingente, em situação de devir e porvir.

A irreralidade é para nós, que no tempo nos movemos, mas não para Deus, que está além do tempo, e abarca todo o tempo.

Com efeito, o tempo é próprio do contingente, mas não de Deus.
Ao afirmar distenção em Deus, afirma que há um "antes" em Deus, e um "depois". Mas o "antes" é não-ser o "depois". E isso, em Deus, é inconcebivel, porque Ele, esseidade pura, possui de modo intensivo o Ser, não havendo nele nada de privação, nem que seja a privação de não ser o que será, nem de não ser o que foi.

Não ser o que será é uma privação, exclusiva dos entes contingentes, que possuem o ser mas não são o ser, mas não de Deus que é puro Ser, pleno, sem nada a lhe ser acrescentado.

Daí que seja errado afirmar uma mutabilidade em Deus - não seria o que passou a ser, e o que teria passado a ser não era o que foi.

Ve como faz falta o Parménides?

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 21:38

Daqui decorre que admitir uma mutabilidade na natureza do Filho é errado.
Se se admitisse essa mutabilidade, não seria Deus, pois teria uma privação na Sua esseidade.

O Filho é Homem em eternidade intemporal, porque, nesse tempo do qual é Senhor, num momento desse NOSSO tempo, se fez homem.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: David_ (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 22:06

Citação:
Rui Vieira
Citação:
A grande questão é: Dizer que JEsus APENAS VOLTOU a esse estado, de antes da encarnação, parece-me mais negar a RESSURREIÇÃO. Afinal, essa "doutrina" do Rui, apenas faz Jesus voltar aquilo que ELe já era, antes de encarnar!

E o que seria o Verbo antes de encarnar? Seria homem, ou não?

JEsus não era uma abstração, sem noção de tempo, antes de encarnar. Ele é CRIADOR e todas as coisas vieram ao mundo por intermédio dEle!

João 1:1-2
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.


Antes de encarnar, JEsus Cristo já existia. E Ele possivelmente esteve com alguns dos personagens bíblicos do Antigo Testamento. Nesses "encontros" Ele estava num corpo físico!

A grande questão é: Se a ressurreição é esse processo que voce afirma que é, não haveria NECESSSIDADE de Ele, para ser humano como nós, ter vindo como veio. Era necessário tão somente ter assumido uma "forma humana". Isso era algo completamente possível, ou não?!

As Escrituras nos informam que o "Verbo se fez carne". Esta é a grande verdade bíblica, que voce parece querer negar: que a envarnação foi APENAS POR ALGUNS anos.


Citação:
E em Deus há "antes" e "depois"?

Antes de encarnar, o Jesus filho de MAria, que cansava, tinha fome e sede, não existia! Este só passou a existir após um ponto, no tempo!


A ressurreição carnal é uma doutrina bíblica. NEgar isso, é negar uma doutrina que vem sendo ensinada por muito tempo, pela igreja de Jesus!


Que o Senhor nos abençoe


David

_________________________________________________________________________________
"Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo." Salmo 9:2



Editado 1 vezes. Última edição em 26/12/2011 22:07 por David_.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 26 de December de 2011 22:15

pois, mas a carne de que fala a Biblia não é igual à carne do homem terreno.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 27 de December de 2011 17:36

Citação:
Rui Vieira
Como??
Quer dizer que a onisciencia de Deus é em virtude de previsão?

A omnisciência de Deus em relação às coisas futuras é em virtude da previsão. (Não só da previsão mas também porque as determina, as decreta como soberano que é do Universo mas isto já se relaciona também com a omnipotência de Deus).

Sendo a presciência um atributo de Deus, Ele sabe am antemão as coisas que acontecerão por si mesmo, não porque tem acesso a elas de "fora".

"Eleitos segundo a presciência de Deus Pai," (1 Ped 1:2)

"A este, que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos" (Actos 2:23)

Citação:
Rui Vieira
Não. Está confuso.
Deus não é omnisciente porque esteja numa realidade que lhe seja futura, o que é aburdo, mas porque todo o tempo lhe é presente.

Quem está confuso não sou eu.

Eu não disse que vc diz que Deus é omnisciente porque esteja numa realidade que lhe seja futura. Mas que o seria porque estava presente numa realidade futura o que é ligeiramente diferente. E na verdade quando diz que todo o tempo lhe é presente está também a dizer que a realidade futura lhe é presente, uma vez que a realidade futura também faz parte de todo o tempo.

Quanto à noção de "todo o tempo estar presente" é um oxímoro, uma contradição em seus próprios termos.

O tempo abstracto é um continuo que engloba tempo passado, tempo presente e tempo futuro, mas só o tempo presente é que pode estar presente no tempo abstracto, o tempo passado e o tempo futuro não podem estar presentes no tempo abstracto porque um já passou e o outro ainda não sobreveio. Por conseguinte, todo o tempo (passado, presente e futuro) nunca pode estar presente a Deus, porque todo o tempo não se pode sobrepor num presente uma vez que o passado, presente e futuro são mutuamente exclusivos.

Se todo o tempo estivesse presente a Deus seria como se Deus visse o passado, o presente e o futuro sobrepostos num presente. Seria como um filme em "pause" com imagens de tempos diferentes sobrepostas. Um absurdo portanto!

Vejo que vamos de heresia em heresia, passamos da ressurreição espiritual para a pré-existência de Jesus Cristo homem antes da encarnação. Quando se começa a fundamentar doutrinas com filosofia em vez de com as Escrituras, além de ser ocioso geralmente dá asneira.

É por isso que o Parménides não me faz falta nenhuma.



Editado 2 vezes. Última edição em 27/12/2011 17:39 por Epafras.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 27 de December de 2011 22:21

Talvez fosse útil começar pelo fim.

Citação:
É por isso que o Parménides não me faz falta nenhuma

É compreensivel que Parménides, bem como qualquer filosofia não lhe façam falta nenhuma.
Sabe porquê?

Citação:
Quando se começa a fundamentar doutrinas com filosofia em vez de com as Escrituras, além de ser ocioso geralmente dá asneira.

Porque voce é fideista.
Quer contrapor a razão com a Escritura, quando, na realidade, a sua abordagem da Escritura não possui nenhuma garantia de verdade.

Voce quer propor uma "teologia" irracional à inteligencia crente.
Que Parménides não lhe faça falta, é compreensivel.
Mas, o que faz mesmo falta é resolver a questão do não-ser em Deus, questão essa que voce deixou e deixa de lado, insistindo em teorias teológicas que redudam na negação de Deus, ao introduzir em Deus o porvir, que é característica exclusiva do contingente.

Vejamos porque é que a filosofia não lhe faz falta nenhuma.

Citação:
A omnisciência de Deus em relação às coisas futuras é em virtude da previsão

Então temos em Deus dois tipos de conhecimento: em previsão e no momento.

O problema surge, senhor Epafras, quando nos lembramos que um dos atributos de Deus, como Esseidade Pura, é que Ele é Simplicidade - ou seja, É um Ser não-composto.
Se fosse composto, não seria Deus, uma vez que cada um dos compostos não seria plenitude de ser, uma vez que seria nada-de-ser da outra parte composta.
Se nenhum dos compostos é Plenitude de ser, não se trata do Ser Necessário, de Deus.

Sabe porque é que o politeismo é irracional? Não basta responder com a Bíblia. É irracinal porque, diante de dois deuses, nenhum dos dois possui a plenitude da esseidade, uma vez que o que é um, não é o outro.

Mas o que tem isto a ver com o conhecimento em Deus, pergunta voce e os leitores?
É que, se Deus é Simplicidade, não-composto, então o Seu conhecimento É Ele mesmo, Deus.

Se Deus é Conhecimento puro, esse Conhecimento, que É Ele, é Pleno.
Se Deus é esseidade pura, plena, absoluta, nada se lhe podendo acrescentar, é aburdo, irracional, querer estabelecer em Deus uma progressão naquilo que Ele é - Conhecimento Pleno, tal como é absurdo querer compor esse Conhecimento, que É Ele, em conhecimento em momento, e conhecimento em previsão.

O que voce me diz, na parte citada, finalmente, é que Deus, que É Ser não-composto, É em acto, e É em previsão.
Se assim é, esse deus é contingente, porque não é - vai sendo, não possuindo ser em plenitude.
Se assim é, então Deus não é esse deus que voce imagina. Voce imaginou um deus antropomorfizado, ou seja, um idolo.

E sabe porquê?
Porque, como dizia Parménides, o Ser É, e o não-ser não é.

Citação:
(Não só da previsão mas também porque as determina, as decreta como soberano que é do Universo mas isto já se relaciona também com a omnipotência de Deus).

Lá está uma nova composição em Deus, o que não pode ser, como se viu.
O Conhecimento, que É Deus, é a Sua omnipotencia. A sua omnipotencia É Ele mesmo.

Citação:
Sendo a presciência um atributo de Deus, Ele sabe am antemão as coisas que acontecerão por si mesmo, não porque tem acesso a elas de "fora".

A ideia é aburda.
Como poderia conhecer "de fora", se tudo o que é, é na medida em que recebe o ser da sua Fonte, Deus, e de modo continuo?
Acerca da questão do Conhecimento, já foi respondido.

Citação:
Mas que o seria porque estava presente numa realidade futura o que é ligeiramente diferente. E na verdade quando diz que todo o tempo lhe é presente está também a dizer que a realidade futura lhe é presente, uma vez que a realidade futura também faz parte de todo o tempo.

Agora, como não consegue resolver a questão da distenção em Deus, por causa do coitado do Parménides, acaba por se contradizer: há pouco dizia que Deus prevê; agora já não prevê, pois o futuro Lhe é presente.

Citação:
Quanto à noção de "todo o tempo estar presente" é um oxímoro, uma contradição em seus próprios termos.

É uma contradição em seus próprios termos se for aplicado ao contingente, mas não quando aplicado ao Ser Necessário que, sendo Necessário, está fora do ambito da possibilidade, do devir e do porvir.

Citação:
O tempo abstracto é um continuo que engloba tempo passado, tempo presente e tempo futuro, mas só o tempo presente é que pode estar presente no tempo abstracto, o tempo passado e o tempo futuro não podem estar presentes no tempo abstracto porque um já passou e o outro ainda não sobreveio

Exato. E é isto que caracteriza o contingente - o não-ser o que foi, e não-ser o que será - ou seja, não possuir o ser de modo pleno, total, aboluto e intensivo.

Citação:
Por conseguinte, todo o tempo (passado, presente e futuro) nunca pode estar presente a Deus

Nova contradição, uma vez que acima disse que Deus estava presente a uma realidade futura.
Mas porque defende voce esta tese?
Vamos analisar, então.

Citação:
porque todo o tempo não se pode sobrepor num presente uma vez que o passado, presente e futuro são mutuamente exclusivos

É verdade. São mutuamente exculsivos, no ambito da contingencia.

Mas, ao afirmar a sua exclusão no Ser Necessário, então tem que enveredar por panteismo.
Mais. Ao afirmar a sua exclusão em Deus, nega, de modo formal e explicito a Sua infinta perfeição e plenitude de Ser, uma vez que afirma que há em Deus limitação.
E, segundo a sua tese, há em Deus limitação porque, como voce diz "o tempo abstracto é um continuo que engloba tempo passado, tempo presente e tempo futuro, mas só o tempo presente é que pode estar presente no tempo abstracto, o tempo passado e o tempo futuro não podem estar presentes no tempo abstracto porque um já passou e o outro ainda não sobreveio".

O Ser de Deus não pode ter NADA de não-ser.
Entende, ou quer que lhe faça um desenho?

Citação:
Se todo o tempo estivesse presente a Deus seria como se Deus visse o passado, o presente e o futuro sobrepostos num presente. Seria como um filme em "pause" com imagens de tempos diferentes sobrepostas. Um absurdo portanto!

O aburdo é voce querer antropomorfizar Deus, Lhe atribuir uma modalidade de visão sob a forma de devir.
De resto, o que foi dito acima responde a este comentário.

Citação:
Vejo que vamos de heresia em heresia

Vamos de heresia em heresia só porque voce acha que vamos, não é?
Já sei. Voce é inspirado para dar uma interpretação autentica da Revelação, é isso?

Citação:
pré-existência de Jesus Cristo homem antes da encarnação

O "antes" não se refere a Deus, nem se pode referir, como se viu acerca do Ser e nada de não-ser.
Mas, se quiser resolver a questão da mutabilidade em Deus, sinta-se à vontade para o fazer.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)



Editado 1 vezes. Última edição em 27/12/2011 22:22 por Rui Vieira.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 28 de December de 2011 15:29

É compreensível que Parménides lhe faça muita falta.
Sabe porquê?

porque você é racionalista (às vezes). Acredita na omnipotência e independência da razão humana em deterimento da supremacia da revelação divina como está expressa nas Escrituras.

Na verdade, quem contrapõe a razão com a Escritura é você, quando chama à fundamentação escritural teologia "irracional". Serão os seus arrazoados de filosofia grega, que nos deixa a todos gregos, a teologia "racional"?

Mas engana-se ao pensar que só quem filosofa pode ter um discurso racional. A actividade filosófica não tem o monopólio da razão.

Refuto o adjectivo de fideísta que me aplica porque não acredito que apenas pela fé se pode chegar ao conhecimento da verdade.

Quando digo fundamentar doutrinas com a Escritura não estou a pôr de parte a razão como um instrumento válido. Estou é a reconhecer a supremacia da revelação divina sobre a razão humana a qual é insuficiente para conhecer toda a verdade. A razão serve para analisar e compreender os dados e proposições da revelação. Ou acha que a leitura e exegese das Escrituras é uma atividade irracional?

Na verdade pode se ser fideísta apelando para o discurso filosófico como não sê-lo apelando para a Escritura. Mais até, o fideísmo não se dá nada bem com a atitude bereiana de confirmar todas as coisas pela Escritura.

Dois exemplos de fideísmo:

Acreditar que a hóstia consagrada se transubstancia no corpo e sangue de Jesus

A aceitação acrítica de dogmas proclamados ex cathedra

Além disso, os arrazoados filosóficos em geral e os seus em particular não dão nenhuma garantia de verdade ao contrário das Escrituras que contêm segura a certissimamente a verdade de Deus. Daí a vantagem epistémica :) que tem quem fundamenta a sua doutrina pela Escritura, a única regra infalível, sobre quem a fundamenta com arrazoados falíveis de filosofia humana.

A contradição que me atribui também a refuto.

Eu nunca disse ou defendi a tese que Deus estava presente a uma realidade futura.

O que disse foi que SE não havia "antes" e "depois" em Deus, que era a sua tese, então Deus estava presente numa realidade futura. Não que achasse que Deus estava presente numa realidade futura, antes pelo contrário.

Você ao dizer que todo o tempo está presente a Deus é que por consequência lógica defende que Deus tem a realidade futura presente, visto que a realidade futura faz parte de todo o tempo.

Antes de me atribuir adjectivos e contradições tente esforçar-se para pelo menos ver se são justos.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 29 de December de 2011 14:34

Outro exemplo de fideísmo:

Acreditar que Jesus Cristo ressuscitou desprezando toda argumentação racional e dados empíricos a favor e contra, como o possível achado das ossadas de Jesus.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 29 de December de 2011 15:42

Citação:
Epafras
Outro exemplo de fideísmo:
Acreditar que Jesus Cristo ressuscitou desprezando toda argumentação racional e dados empíricos a favor e contra, como o possível achado das ossadas de Jesus.

Esta tua afirmação refere-se, por exemplo, à minha posição?
Que é, para que conste, acreditar na ressurreição e ser para a minha fé indiferente uma eventual descoberta das ossadas de Jesus.

João (JMA)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 29 de December de 2011 15:56

A minha afirmação é de carácter geral.

Mas se acredita que Jesus ressuscitou apenas pela fé, sendo tudo o resto indiferente, isto é, sem valor para justificar ou impugnar essa crença, então também se refere à sua posição.



Editado 2 vezes. Última edição em 29/12/2011 16:00 por Epafras.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 29 de December de 2011 16:35

Fiquei esclarecido.

Mas a minha posição não é baseada apenas na fé.

Não creio que o corpo ressuscitado necessite dos ossos, pelo que encontrarem ou não os mesmos é indiferente.

Aliás, direi mesmo o contrário: não configuro que o corpo ressuscitado tenha uma componente material, por um lado porque a matéria será por definição sujeita a decomposição; por outro lado porque o ser composto de matéria exigiria, no meu entender, um local físico para os ressuscitados, dentro do espaço e do tempo.

Seria muito confuso para mim...

João (JMA)

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 29 de December de 2011 17:29

Mas toda a sua argumentação é baseada na fé, excepto que o corpo material é sujeito a decomposição. Mas é precisamente pelo corpo material morrer e ser sujeito a decomposição que a ressurreição acontece. Para que esse estado de morte e de decomposição não seja eterno e definitivo.

Vejamos o resto dos argumentos:

1) Que o corpo ressuscitado não necessita de ossos,
2) Que não tem uma componente material,
3) que precisa de um local físico,

Estes são três argumentos fideístas, porque baseados apenas na fé não levando em conta outras evidências. De facto, não são dados da razão, nem dados empíricos, nem dados da revelação [Apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho (Lucas 24:39)].

De modo que, não estou de acordo consigo, toda a sua posição se baseia apenas na fé, e não considera as objecções racionais, empíricas (nunca foram vistos corpos imateriais) e bíblicas a ela, sendo portanto uma posição fideísta.

Re: Mais um livro de polémica... e a questão que se me levantou...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 29 de December de 2011 18:23

O que é que o fazia deixar de crer na ressurreição? Existe alguma coisa que possa refutar a sua crença na ressurreição?

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