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Suicídio
Escrito por: Misericórdia (IP registado)
Data: 01 de August de 2011 15:57

Caríssimos,

A Misericórdia de Deus é verdadeiramente infinita! Este é o Seu maior atributo. É por isso que vos questiono a respeito deste tema peculiar - o SUICÍDIO -.

Li no site [www.catolicismo.com.br] uma resposta colocada por alguém que relata: "o Padre se recusou a rezar por sua alma. Eu e minha família ficamos extremamente chocados. Gostaria de saber se o senhor poderia me explicar a atitude do Padre. Se foi uma atitude isolada ou se é sempre assim. Podemos mandar rezar Missas em intenção da alma de meu cunhado..."

A resposta do Sr Cónego questionou-me... (não menos do que se questionava o autor da questão):"O suicídio é um pecado escandaloso, que atenta contra os direitos de Deus, supremo e único Senhor da vida e da morte. É um pecado que agride brutalmente o convívio familiar e social, privando os familiares e os amigos da presença de um ente querido, e muitas vezes de um sustentáculo material, afectivo e espiritual. É um pecado gravíssimo que precipita a alma directamente no inferno".
(Vejamos, Caríssimos, que a situação psicológica que leva uma pessoa ao suicídio é de tal maneira violenta que provavelmente esse acto é realizado sem liberdade e considerar o suicida como pecador manifesto e não como vítima duma depressão ou outra patologia que o atropelou parece-me verdadeiramente discutível... as avaliações das tentativas de suicídio já em si são complexas, e as causas do suicídio múltiplas, sendo que estou certa não poderem ser colocadas todas, ainda que assim fosse, numa mesma caixa _ e rotula-las).

Na opinião de um sacerdote que questionei esta citação não passa da opinião privada do articulista, que, não parece corresponder à Misericórdia de Deus, "nem mesmo com a vontade do Pai que enviou o seu Filho não para condenar o mundo, mas para o salvar".

1º Podem-me ser-me mais precisos quanto à aplicação dos cânones 1184/5 relativamente aos suicidas??
O suicídio é considerado pela IGREJA como pecador manifesto (conforme cânon 1184, ou a sua aplicação aos suicidas é a opinião deste cónego em particular?

2º O suicídio é tido pela IGREJA como um pecado gravíssimo que precipita a alma directamente no inferno??

3º Por que direito específico se regem os sacerdotes, de forma homogénea em relação ao tema, junto dos fieis?

Por fim um pedido!: Gostaria , e precisava para estudo mais profundo que me facultassem algumas referências bibliográficas sobre este tema, que denotassem a postura da IGREJA a este nível.

Grata,
Em Cristo,

Jesus, eu confio em Vós!

Re: Suicídio
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 03 de August de 2011 13:17

Boa tarde.

Citação:
C.I.C
2282. Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, sobretudo para os jovens, o suicídio assume ainda a gravidade do escândalo. A cooperação voluntária no suicídio é contrária à lei moral.
Perturbações psíquicas graves, a angústia ou o temor grave duma provação, dum sofrimento, da tortura, são circunstâncias que podem diminuir a responsabilidade do suicida.

2283. Não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida.


Depois do Concílio Vaticano II, atendendo ao aspecto da diminuição da liberdade do agente moral que atenta contra a sua vida, a igreja, em caso de doença, e habitualmente, não nega as exéquias a quem cometeu suicidio.

Ao contrário do que é dito em certos sitezinhos com cheiro a naftalina da sacristia, o suicidio não se enquadra na categoria de pecado manifesto, salvas as excecões dos que se suicidam afim de servir como exemplo e incentivar ao acto.

Cada situação terá que ser avaliada entre a Igreja e a familia do9 defunto.

Cumprimentos.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Suicídio
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 16 de August de 2011 09:10

A minha opinião é de que o suicídio é uma das causas (ou circunstâncias de morte) como como tantas outras, apenas isso.

*=?.0

Re: Suicídio
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 16 de August de 2011 15:01

Se eu decidir matá-lo, será apenas uma causa possivel da sua morte, como tantas outras...

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Suicídio
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 17 de August de 2011 12:50

Exactamente.
Só que a sociedade considera tal como ato reprovável e sujeito à pena correspondente.
No que diz respeito ao suicídio acontece que por razões psicológicas (em oposição às demais razões de natureza orgãnica), essa pessoa deixou de poder viver.
Parte do sentido da vida escapa-nos e é possível que nos momentos de desespero o reencontro com o transcendente ou alguém muito especial possam trazer nova força existencial a quem já só tem forças para pôr termo à vida.
Verdadeiros anti-suicidas precisam-se, já que esta é uma de muitas pragas com que nos deparamos.

*=?.0

Re: Suicídio
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 17 de August de 2011 21:39

A questão é então moral.

Essa ideia de se poder deixar de viver merece, meu amigo, uma abordagem mais atenta.
Como se deixa de poder viver? Quais são os critérios? Esses critérios estão fundados? Possuem razoabilidade, ou são meramente arbitrários?

Existe uma vida que não valha a pena viver, ou existe uma vida, que é um bem, aliás fundamental e FUNDANTE, que não me corre como eu queria?

Se a vida é o bem fundante de todos os outros bens, então ela não está sujeita a ser passivel de ser preterida por nenhum outro bem, pois nenhum lhe é superior.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Suicídio
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 22 de August de 2011 08:52

No fundo só conheço uma causa de morte e esta é a necessidade cósmica de que assim seja. Há uma lógica cósmica de renovação e de ressurreição das quais a intrigante morte faz parte.
Mas no momento de morrer é inútil discutir causas de morte e só uma questão se põe:
Teremos futuro?

*=?.0

Re: Suicídio
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 22 de August de 2011 12:06

Essa pergunta equivale a perguntar se temos sentido, já reparaste?

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Suicídio
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 26 de August de 2011 16:12

Bem,
a minha decisão relativamente ao suicídio foi a de não fazer juízos.

*=?.0

Re: Suicídio
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 26 de August de 2011 23:19

Sim mas uma questão que me parece pertinente. O suícidio decorre de uma perda de liberdade, algumas vezes essa perda de liberdade leva à depressão clinica. Ter mais ou menos liberdade é algo que o sujeito conquista e no final quando quase toda a liberdade está manietada, a não ser aquela que decorre da dignidade do individuo, adquirida à nascença o individuo não vê esperança onde a deveria ver: Deus. Por mais voltas que o homem laico dê à cabeça ter mais ou menos liberdade requer uma aproximação com o bem e a perfeição. Palavras que para os crentes é um Ser: Deus, mas para os não crentes é algo abstrato, mas compreensível pela inteligência humana.
Desta forma convém analisar a culpa de ter chegado a esse ponto, não aquela culpa que os outros vêem nele, mas aquela culpa que o individuo consegue ver em si próprio. Sem isso é dificil sair desse caminho.
A sociedade e os seus valores tem obviamente a sua quota de responsabilidade no suícidio, mas o individuo terá talvez (não sei não me cabe julgar já que Deus tudo sabe e tem tudo isso em ponderação)a parte maior.

Re: Suicídio
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 29 de August de 2011 18:26

Penso que o Rui já apontou o caminho, mas segue um aparte mesmo assim.

Albino, todos fazemos juízos sempre, e o "não fazer juízo" é também uma forma de.

Sobre a posição do referido cônego, citado no início do tópico, temos que ter paciência com ele também. Tanto o suicida quanto ele são alvo da misericórdia. Antigamente, quando não se tinha muito conhecimento dos muitos fatores que intervinham em um suicídio, exagerava-se na responsabilidade pessoal do suicida, porque antes se acreditava que a ação do suicida era toda ela livre e planejada. Provavelmente a aversão do cônego é fruto de uma visão oriunda dessa época. Contudo, hoje aceita-se que, na maioria dos casos, o suicida tem sua liberdade de escolha muito comprometida por uma série de fatores que costumam atuar para diminuir sua lucidez e forçar uma escolha desesperada e fatal.

A moral não se ocupa tanto em indagar sobre as responsabilidades pessoais dos suicidas, porque já é difícil o suficiente indagar sobre as responsabilidades de qualquer ser humano, com esses agindo em situações muito menos aleatórias do que no caso do suicídio.

Dentro do catolicismo, normalmente aceitamos a posição de Santo Tomás (Suma Teológica II-II, q.64), que baseia a imoralidade do suicídio em 3 motivos principais:

1) É um atentado contra a caridade - todo ser se ama naturalmente, e atentar contra a própria vida é contrário à inclinação natural e à caridade pela qual a pessoa deve amar-se a si mesma;

2) É um atentado contra a comunidade - todo homem é parte da comunidade, logo, o suicida atenta contra a comunidade;

3) É um atentado contra Deus - a vida é um dom dado ao homem por Deus, que é quem determina o momento do nascer e do morrer, portanto o suicida atenta contra o privilégio divino.

É claro que a igreja condena o ato mesmo do suicídio, mas não decorre daí que defende que todo suicida está sempre e irremediavelmente condenado ao inferno. O Rui já mostrou antes a passagem do catecismo onde essa questão é explicada. E isso para não falar de outras situações onde a vida é colocada em risco "livremente" (greve de fome, trabalhos arriscados etc).

[]s



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