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Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: católicoexigente (IP registado)
Data: 29 de November de 2010 20:25

Para vosso conhecimento, transcrevo a entrevista dada pelo Cardeal Bartolucci. Palavras sábias sobre a Missa:

Maestro, a recente publicação do Motu Proprio “Summorum Pontificum” trouxe um sopro de ar fresco no desolador panorama litúrgico que nos rodeia; também o senhor pode agora, portanto, celebrar a “Missa de sempre”.

Mas, para dizer a verdade, eu sempre a celebrei ininterruptamente, desde a minha ordenação… Por outro lado, teria dificuldade em celebrar a Missa no rito moderno, uma vez que nunca o fiz.

Nunca abolida, então?

São as palavras do Santo Padre, ainda que alguns finjam não entendê-las e mesmo que muitos no passado tenham sustentado o contrário.


Maestro, será necessário conceder aos difamadores da Missa antiga que ela não é “participada”…

Não digamos disparates! Conheci a participação dos tempos antigos tanto em Roma, na Basílica, como no mundo, como aqui abaixo no Mugello, nesta paróquia deste belo povo, um templo povoado de gente cheia de fé e piedade. O domingo, nas vésperas, o sacerdote poderia se limitar a entoar o “Deus in adiutorium meum intende” e logo pôr-se a dormir sobre o assento… os camponeses continuariam sozinhos e os chefes de família teriam pensado em entoar as antífonas.

Uma polêmica velada, Maestro, a respeito do atual estilo litúrgico?

Não sei se – ai de mim! – já estiveram num funeral: “aleluia”, aplausos, frases risonhas, alguém se pergunta se essa gente leu alguma vez o Evangelho; Nosso Senhor mesmo chorou sobre Lázaro e sua morte. Aqui, com este sentimentalismo insosso, não se respeita nem sequer a dor de uma mãe. Eu lhes havia mostrado como o povo assistia a uma Missa de defuntos, com que compunção e devoção se entoava aquele magnífico e tremendo “Dies Irae”.

A reforma não foi feita por gente consciente e doutrinariamente formada?

Desculpe-me, mas a reforma foi feita por gente árida, lhes repito, árida. E eu os conheci. Quanto à doutrina, o Cardeal Ferdinando Antonelli, de venerável memória, costumava dizer com freqüência: “como fazemos liturgistas que não conhecem a teologia?”

Estamos de acordo com o senhor, Monsenhor, mas é certo também que o povo não entendia…

Caríssimos amigos, leram alguma vez São Paulo: “não importa saber mais do que o necessário”, “é necessário amar o conhecimento ‘ad sobrietatem’”? Daqui a alguns anos se tentará entender a transubstanciação como se explica um teorema de matemática. Mas se nem sequer o sacerdote pode compreender até o fundo tal mistério!

Mas como se chegou, então, a esta distorção da liturgia?

Foi uma moda, todos falavam, todos “renovavam”, todos pontificavam, na esteira do sentimentalismo, de reformas. E as vozes que se levantavam em defesa da Tradição bimilenar da Igreja eram habilmente caladas. Inventou-se uma espécie de “liturgia do povo”… quando escutava estas frases me vinham à mente as palavras de meu professor do seminário que dizia: “a liturgia é do clero para o povo”, ela descende de Deus e não de baixo. Devo reconhecer, contudo, que aquele ar fétido se fez menos denso. As gerações de sacerdotes jovens são, talvez, melhores que as que as precederam, não têm os furores ideológicos dominados por um modernismo iconoclasta, estão cheios de bons sentimentos, mas lhes falta formação.

O que quer dizer, Maestro, com “lhes falta formação”?

Quero dizer que queremos os seminários! Falo daquelas estruturas que a sabedoria da Igreja elegantemente cinzelou durante os séculos. Não se dá conta da importância do seminário: uma liturgia vivida, os momentos do ano são vividos “socialmente” com os irmãos… o Advento, a Quaresma, as grandes festas que seguem a Páscoa. Tudo isso educa, e não se imagina quanto! Uma retórica tonta deu a imagem de que o seminário arruína o sacerdote, de que os seminaristas, afastados do mundo, permanecem fechados em si mesmos e distantes do povo. Todas fantasias para dissipar uma riqueza formativa plurissecular e para substituí-la depois com nada.

Retornando à crise da Igreja e ao fechamento de muitos seminários, o senhor é partidário de um retorno à continuidade da Tradição?

Olhe, defender o rito antigo não é ser do passado, mas ser “de sempre”. Veja, comete-se um erro quando a missa tradicional é chamada “Missa de São Pio V” ou “Tridentina”, como se fosse a Missa de uma época particular: é nossa Missa, a romana, é universal em todos os tempos e lugares, uma única língua desde a Oceania até o Ártico. Mas no que diz respeito à continuidade nos tempos, gostaria de lhes contar um episódio. Uma vez estávamos reunidos em companhia de um bispo, cujo nome não me lembro, numa pequena igreja de Mugello, e chegou a notícia da morte repentina de um irmão nosso, imediatamente propusemos celebrar uma missa, mas nos demos conta que só havia missais antigos. O bispo rechaçou categoricamente celebrar. Não o esquecerei nunca e reitero que a continuidade da liturgia implica que, salvo minúcias, se possa celebrar hoje com aquele velho missal empoeirado pego de uma estante e que há quatro séculos serviu a um predecessor meu em seu sacerdócio.

Monsenhor, se fala de uma “reforma da reforma” que deveria limar as deformações que vêm dos anos sessenta…

A questão é bastante complexa. Que o novo rito tenha deficiências é já uma evidência para todos e o Papa disse e escreveu várias vezes que deveria “olhar ao antigo”; contudo, Deus nos guarde da tentação das bagunças híbridas; a Liturgia, com o “L” maiúsculo, é a que vem dos séculos, ela é a referência, não se deve corrompê-la com compromissos “a Dio spiacenti e a l’inimici sui”. [que a Deus despraz e ao inimigo seu]

O que quer dizer, Maestro?

Tomemos como exemplo as inovações dos anos sessenta. Algumas “canções populares” beat e horríveis e tão em moda nas igrejas em 68, hoje já são fragmentos de arqueologia; quando se renuncia à perenidade da tradição para se afundar no tempo, se está condenado ao mudar das modas. Me vem à mente a Reforma da Semana Santa dos anos cinqüenta, feita com certa pressa sob um Pio XII já cansado. E bem, só alguns anos depois, sob o pontificado de João XXIII (quem, além do que se diga, em liturgia era de um tradicionalismo convencido e comovente), me chegou uma chamada de Mons. Dante, cerimoniário do Papa, que me pedia preparar a “Vexilla Regis” para a iminente celebração da Sexta-feira Santa. Respondi: “mas a aboliram”. No que me respondeu: “O papa quer”. Em poucas horas organizei as repetições de canto e, com grande alegria, cantamos de novo o que a Igreja havia cantado pelos séculos naquele dia. Tudo isso para dizer que, quando se fazem rasgos no tecido litúrgico, esses buracos são difíceis de cobrir e se vê! Em nossa liturgia plurissecular, devemos contemplá-la com veneração e recordar que, no afã de “melhorá-la”, corremos o risco de apenas lhe fazer danos.

Maestro, que papel teve a música neste processo?

Teve um rol importante por várias razões. O melindroso cecilianismo, ao qual certamente Perosi não foi alheio, introduziu com seus ares pegadiços um sentimentalismo romântico novo, que nada tinha a ver com aquela densidade eloqüente e sólida de Palestrina. Certas extravagâncias de Solesmes haviam cultivado um gregoriano sussurrado, fruto também daquela pseudo restauração medievalizante que tanta sorte teve no século XIX. Difundia a idéia da oportunidade de uma recuperação arqueológica, tanto na música como na liturgia, de um passado distante do qual nos separavam os assim chamados “séculos obscuros” do Concílio de Trento… Arqueologismo, em suma, que não tem nada a ver com a Tradição e que quer restaurar o que talvez nunca existiu. Um pouco como certas igrejas restauradas em estilo “pseudo-românico” por Viollet-le-Duc. Portanto, entre um arqueologismo que queria remeter-se ao passado apostólico, prescindindo dos séculos que nos separam deles, e um romantismo sentimental, que despreza a teologia e a doutrina numa exaltação do “estado de ânimo”, se preparou o terreno para aquela atitude de suficiência com relação ao que a Igreja e nossos Padres nos haviam transmitido.

O que quer dizer, Monsenhor, quando ataca Solesmes no âmbito musical?

Quero dizer que o canto gregoriano é modal, não tonal; é livre, não ritmado, não é “um, dois três, um dois três”; não se devia desprezar o modo de cantar de nossas catedrais para substituí-lo com um sussurro pseudo-monástico e afetado. Não se interpreta um canto do medievo com teorias de hoje, mas se o toma como chegou até nós; ademais, o gregoriano sabia ser também canto do povo, cantando com força nosso povo expressava sua fé. Isso Solesmes não entendeu, mas tudo isso seja dito reconhecendo o grande e sábio trabalho filológico que fez com o estudo dos manuscritos antigos.

Maestro, em que ponto estamos, então, da restauração da música sagrada e da liturgia?

Não nego que haja alguns sinais de recuperação. Contudo, vejo o persistir de uma cegueira, quase uma complacência por tudo que é vulgar, grosseiro, de mal gosto e inclusive doutrinariamente temerário… Não me peça, por favor, que dê um juízo sobre as “chitarrine” e sobre as “tarantelle” que ainda nos cantam durante o ofertório… O problema litúrgico é sério, não se deve escutar aquelas vozes que não amam a Igreja e que se lançam contra o Papa. E se se quer curar o enfermo, há de recordar que o médico piedoso faz a chaga purulenta…



Editado 1 vezes. Última edição em 29/11/2010 20:26 por católicoexigente.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 29 de November de 2010 21:04

Não fui a muitos funerais mas em nenhum q estivesse houve aleluias, aplausos e frases risonhas. Quando se quer falar mal tudo tem defeito.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 06 de December de 2010 14:44

Fico muito feliz que Bartolucci tenha chegado a cardeal. É excelente, de uma ortodoxia ímpar.

Entrevista maravilhosa

O blog Fratres in Unum é um dos melhores blogs para veicular notícias católicas da Tradição.
A quem interessar:
www.fratresinunum.com

A referência ao funeral, Lena, tem a ver com o santo Sacrifício da Missa.

Ele não está a dizer que viu isto ou aquilo em funerais, mas sim em todas as Missas - que, na sua essência, são sempre a renovação do Sacrifício do Calvário.



Editado 1 vezes. Última edição em 06/12/2010 14:55 por Miriam.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 06 de December de 2010 17:53

Liturgia romana do século II

Hipólito de Roma
A tradição apostólica


4. Quando se converter em bispo, que todos lhe ofereçam o beijo da paz, saudando-o porque ele se dignificou. Que os diáconos lhe apresentem a oblação e que ele, impondo as mãos sobre ela com todo o presbitério, diga, dando graças: "O Senhor seja convosco". E que todos digam: "E com o teu espírito". "Elevai os vossos corações". "Já os temos levantados para o Senhor". "Demos graças ao Senhor". "Este é digno e justo".

E que continue então assim:

Nós te damos graças, ó Deus, por teu Filho bem-amado, Jesus Cristo, que nos enviaste nestes últimos tempos como salvador, redentor e mensageiro de teu desígnio. Ele é o teu Verbo inseparável, por quem criaste tudo, o qual, em teu beneplácito, enviaste desde o céu no seio de uma virgem e, tendo sido concebido, encarnou e se manifestou como teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem.

Ele foi quem, cumprindo a tua vontade e adquirindo um povo santo, estendeu as mãos para livrar do sofrimento aqueles que têm confiança em ti.

Enquanto ele ofertava o seu sofrimento voluntário a fim de destruir a morte e quebrar as cadeias do diabo, para pisar com os seus pés o inferno, para conduzir os justos à luz, para fixar as regras da fé e manifestar a ressurreição, tomando o pão te agradecia, dizendo: "Tomai, comei, este é o meu corpo que parti por vós"; e do mesmo modo o cálice, dizendo: "Este é o meu sangue que foi derramado por vós. Quando fizerdes isto, fazei-o em minha memória."

Recordando, então, a sua morte e a sua ressurreição, nós te oferecemos este pão e este cálice, dando-te as graças por nos teres julgado dignos de estar perante ti e servir-te como sacerdotes.

E te pedimos que envies o teu Espírito Santo sobre a oblação da santa Igreja. Reunindo-os, dá a todos o direito de participar em teus santos mistérios para estar cheios do Espírito Santo, para a afirmação da sua fé na verdade, a fim de que te louvemos e glorifiquemos por teu Filho Jesus Cristo, que tem a tua glória e a tua honra com o Espírito Santo em tua santa Igreja, agora e pelos séculos. Amén.

21.

... Então será apresentada a oblação ao bispo e ele dará graças sobre o pão porque é o símbolo do corpo de Cristo; sobre o cálice de vinho misturado, porque é a imagem do sangue que foi derramado por todos os que crêem nele; sobre o leite e o mel misturados, indicando a promessa feita aos nossos pais, ao falar-lhes da terra onde abundam o leite e o mel, por cujo cumprimento Cristo deu a sua carne, da qual, como crianças pequenas, se alimentam os crentes; sobre a água apresentada na oferta para significar o banho, a fim de que a alma do homem obtenha os mesmos efeitos que o corpo.

Todas estas coisas o bispo as explicará aos que recebem a comunhão. Quando parte o pão, ao apresentar cada pedaço, dirá: "O pão do céu em Cristo Jesus" e o que recebe responderá: "Amén".

... se for necessário recordar alguma outra coisa, o bispo o dirá sob o [selo do] segredo aos que receberam a Eucaristia. Os infiéis não devem ter conhecimento de nada disto. Só poderão tê-lo depois de receber a Eucaristia. Esta é a pedra branca de que João disse: "Um nome novo está escrito aí, que ninguém o conheça à excepção daquele que receberá a pedra" [Apocalipse 2:17].

41.

O que estiver em sua casa, que ore e louve a Deus à hora terceira. O que nesse momento estiver noutro lado, que eleve uma oração a Deus em seu próprio coração, já que nessa hora foi visto Cristo atado ao madeiro. Também no Antigo Testamento, a Lei prescreveu oferecer e apresentar o pão da proposição à hora terceira, como símbolo do corpo e do sangue de Cristo: a imolação do irracional cordeiro é a representação do cordeiro perfeito. Sendo Cristo o Pastor, é também o maná que desceu do céu.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 21 de December de 2010 11:41

O que está em causa na história são as pessoas e não Deus e em primeiro plano a maneira como nos relacionamo; que seja cara a cara, como irmãos em Jesus Cristo. Deus está em toda a parte e não propriamente onde os clérigos indicam. É falso profetismo, que alguém diga: Deus está aqui ou ali. Se há um espaço para Deus, talvez seja na matriz de afectos que suporta a nossa existência. Cara a cara, com afecto, como Jesus e os Apóstolos.
Alquimia bacoca?:
Não.
Sentido para a vida?:
Sim.

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Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: católicoexigente (IP registado)
Data: 21 de December de 2010 15:48

Caro Albino,

Se para se ter um sentido para a vida tenho de afirmar o mesmo que tu. Então afirmo a alta voz que não tenho sentido para a vida. Reduzes as questões da fé a uma simples questão de "relacionamento de pessoas". Outra afirmação curiosa é que Deus está na "matiz de afectos".
É puro relativismo, já muitas vezes condenado. As questões de fé têm como centro o próprio Deus, e é por isso que a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição são tão importantes: tendo a sua origem no próprio Deus são a Regra da Fé.
Quanto àquilo que apelidas de "falso profetismo", deixa-me dizer-te, meu caro, que não é falso profetismo. Vejamos o que diz o Concílio Vaticano II:

Citação:
Concílio Vaticano II, Sacrosanctum concilium, n. 7:
Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas acções litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro - «O que se oferece agora pelo ministério sacerdotal é o mesmo que se ofereceu na Cruz» (20) -quer e sobretudo sob as espécies eucarísticas. Está presente com o seu dinamismo nos Sacramentos, de modo que, quando alguém baptiza, é o próprio Cristo que baptiza (21). Está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt. 18,20).

Mas uma vez, se isto é falso profetismo... não sei o que podemos dizer mais.

Parece que o teu problema é de fundo. Professas um relativismo que se reduz às emoções e aos sentimentos, que muda consoante a corrente e que embica para um poço sem fundo onde te perdes em divagações e em contra-divagações.

Tenhamos Fé Católica!

Cumprimentos,
católicoexigente

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 23 de December de 2010 10:02

Está escrito que o sábado (o domingo também) são para o Homem.
O que está em devir é a história humana e é nela que temos de investir.
Quanto ao relativismo, direi que o relativista sabe que Deus e a realidade não se confundem com a perspectiva que deles temos e por isso procura, interroga-se, e em procurando põe-se em caminho e dispõe-se a crescer.
Quanto aos absolutistas, até os há que nos pretendem convencer, em plena era das viagens espaciais, que a Terra é o centro do sistema solar.
Concerteza que Cristo está presente na Igreja, mas não nas paredes.
("No meio deles", como está escrito).
Saudações cordiais,

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Editado 1 vezes. Última edição em 23/12/2010 10:03 por Albino O M Soares.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: católicoexigente (IP registado)
Data: 23 de December de 2010 13:34

Se o Domingo é para o Homem, não há dúvida. Mas tem a sua origem em Deus: e ao sétimo dia descansou. Portanto, além de ser um dia de descanso, é um dia dedicado a Deus.
Claro que Deus não se confunde com a perspectiva, o Deus está além da perspectiva. Mas não é por acaso que Deus se fez carne, e habitou entre nós. Para mais, a Sua Palavra transmite-se na Escritura e na Tradição. Portanto, a Palavra de Deus é eminentemente tradição - transmissão - e temos de ser fiéis a não alterar o conteúdo dessa mesma fé. Dizer que isto se resume a uma perspectiva... parece-me um erro grave.
Quanto à presença de Cristo, não sei o que pretendes quando dizes que "não está nas paredes"?! O próprio Deus ordenou a construção do Templo, com especial menção da arca da aliança, onde estava presente.
Outro pormenor a ter em conta é que somos homens, e vivemos de realidades simbólicas. Em suma, Deus pode não "estar" na parede, mas a parede pode apontar para Deus, e portanto presentificar-se através da dimensão simbólica. Por outro lado, além da dimensão simbólica, temos o Deus mesmo. E esse, conforme indiquei através da citação do Concílio, está presente nas espécies eucarísticas. Portanto, podemos dizer, "Deus está ali", sem qualquer dúvida.

Abraço.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 23 de December de 2010 13:43

Olá.

Citação:
Albino
É falso profetismo, que alguém diga: Deus está aqui ou ali

Está correto.
"21Ninguém poderá afirmar: 'Ei-lo aqui' ou 'Ei-lo ali', pois o Reino de Deus está entre vós.»" (Lc 17,21).

Com efeito, se Deus é sumamente Livre, então não está, porque não pode estar, confinado, circusncrito, a formulas, ritos, pessoas.
Tenhamos Fé católica, sem dúvida, mas bem cientes das afirmações de Fé. Deus, o Numinoso, é "incoisificável".
Determinar onde Deus está, ou deixa de estar (embora não seja possivel deixar de estar, dado o concurso divino que conserva no ser todos os entes), ou determinar o grau intensivo/qualitativo da Sua presença onde nós, com a nossa visão miope, contingente, histórica, e por isso, em devir, achamos que não deve estar, é coisificar Deus, é construir um idolo.

É evidente que, por outro lado, não se pode reduzir Deus aos afectos: seria outra coisificação igual à anterior, por oposição de extremos.
Se Deus se confinasse aos afectos, e às experiências humanas de devir, então já não seria o Necessário, mas contingente. Desta sorte, teriamos que acabar citando Sartre: "O homem é uma paixão inútil"....
Mas não é inútil!!

A paixão, os sentimentos, os afectos, são uma componente do ser humano. E se a Fé é, para além da profissão de fórmulas (estas também objecto de progressiva explanação, entendimento), entrega do homem a Deus, entrega total, inclui também o afecto.
O acto de Fé é, de facto, uma realidade psicológico/afectiva e, por outro lado, uma mudança ontica no sugeito de crê. É uma experiência humana, feita por entes contingentes, em devir. E é uma experiência pessoalíssima.

Será que isto conduz ao relativismo? Não!
Para além do devir, da contingência, está a Verdade, para a qual o homem tende, e sobre a qual o homem pode falar, ainda que por analogia.
Mas Deus existe porque eu sinto algo?? A maçã existe porque eu tenho fome?? Obvio que não!
Mas existe um caminho, feito de capacidade perfectivel, sem relativismo, para essa verdade atingir e, nela estando, continuar a caminhar, porque dela só falamos por analogia, e a analogia desvanece-se diante do Mistério de Deus.

Por isso, se é errado confinar Deus aos afectos, errado é, também, confinar Deus às minhas noções da razão objectiva, nem que seja pelo facto de a minha compreensão dessas razões objectivas ser também ela um processo histórico.
Sobre uma única afirmação objectiva de Fé, hoje a vivo de uma forma, amanhã a vivo de outra, sem que, entretanto, se tenha alterado a afirmação em si... e sem que tenha esgotado a noção em si mesma... justamente porque a linguagem teológica torna razoável o que se crê, mas não esgota o Mistério.

Citação:
Quanto àquilo que apelidas de "falso profetismo", deixa-me dizer-te, meu caro, que não é falso profetismo. Vejamos o que diz o Concílio Vaticano II:

Citação:
Concílio Vaticano II, Sacrosanctum concilium, n. 7:
Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas acções litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro - «O que se oferece agora pelo ministério sacerdotal é o mesmo que se ofereceu na Cruz» (20) -quer e sobretudo sob as espécies eucarísticas. Está presente com o seu dinamismo nos Sacramentos, de modo que, quando alguém baptiza, é o próprio Cristo que baptiza (21). Está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt. 18,20).

Mas uma vez, se isto é falso profetismo... não sei o que podemos dizer mais.


É certo que a Fé Revelada nos diz, mais do que o "onde" está Deus, o "como" age Deus, estando presente, e o "para que" age Deus, em virtude da Sua vontade salvífica.
Aqui, tratando da Liturgia Católica, aponta-se a presença de Cristo, mais do que "pléroma" (Plenitude) de todo o Universo, aponta-se Cristo como Aquele que, por meio do Espírito, transignifica, transfinaliza, e transubstãncia os nossos ritos, simbolos, e espécies, de modo a cumprir a tal missão a que o nº 7 do citado texto fala: conduzir os homens à participação na vida trinitária.

Portanto, o texto conciliar não diz onde não está Deus... porque não pode dizer... melhor, é uma ideia impensável!

No fundo, parece-me que a vossa opinião é apenas aparentemente contrária.

Durante dos dias natalicios vou comentar a entrevista de S. Emnª cardeal Bartoluci...

Feliz Natal... "O verbo se fez Homem"... e por isso o Logos de Deus revelou o rosto do Pai também, e muito, na sua atitude afectiva!!

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 26 de December de 2010 12:58

"Os discípulos conheceram o Senhor Jesus na fracção do Pão"; num gesto tão simples, mas carregado de amor, emoção, sentido ético, estético e profético. Confrontemo-nos, ainda, com a ordem: " fazei isto em memória de mim".
A Eucaristia refere-se A a Jesus e ao seu projecto para os caminhos da Humanidade e não a uma parafrenália teatral ao gosto do absolutista. Porque esta confrontação entre relativistas e absolutistas é histórica e até já desencadeou guerras mundiais. Para o relativista a pessoa humana é uma singularidade em relação bi-direccional com o Criador, todos os outros e o Universo. O absolutista tem tendência confundir os outros com as marcas que neles deixa.
Avancemos.

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Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 04 de January de 2011 15:35

Conforme havia prometido, gostaria de comentar a entrevista de Sua Eminência Cardeal Bartoluci, pois creio que há afirmações de S. Emª que merecem um comentário, quiçá severo.

Por outro lado, advirto a turma ultra-conservadora de que, ao me acusarem de formular juizos sobre o que disse um cardeal, eu responderei que também os ultra-conservadores fazem o mesmo em relação aos textos de outros Cardeais, ditos "progressistas".

O entrevistador questiona Sua Eminência sobre a acusação de a Missa segundo o ritual antigo não ser participada. pelo que Sua Eminência responde que tal acusação é um "disparate":

Citação:
Maestro, será necessário conceder aos difamadores da Missa antiga que ela não é “participada”…
Não digamos disparates!

E, para justificar que se trata de um disparate, o que diz Sua Eminência??

Citação:
Conheci a participação dos tempos antigos tanto em Roma, na Basílica, como no mundo, como aqui abaixo no Mugello, nesta paróquia deste belo povo, um templo povoado de gente cheia de fé e piedade. O domingo, nas vésperas, o sacerdote poderia se limitar a entoar o “Deus in adiutorium meum intende” e logo pôr-se a dormir sobre o assento… os camponeses continuariam sozinhos e os chefes de família teriam pensado em entoar as antífonas.

Sua Eminência acha que a participação na Missa significa "um templo povoado de gente cheia de fé e piedade"...´
Será por isto que a acusação de "não-participação" é um disparate??
Ou será antes um disparate, pela imagem lúdica (e liturgicamente ilícita) de ver os chefes de familia entoarem as antifonas das Vesperas, enq7uanto o que preside dorme na cadeira (O domingo, nas vésperas, o sacerdote poderia se limitar a entoar o “Deus in adiutorium meum intende” e logo pôr-se a dormir sobre o assento… os camponeses continuariam sozinhos e os chefes de família teriam pensado em entoar as antífonas)??

Se a participação na Missa não se resume (e não) a ter um templo povoado de gente cheia de Fé e Piedade e se, por outro lado, o exemplo do presidente da celebração a dormir é ridiculo e descabido, então temos que concluir.

Que concluiremos?
Que a resposta que Sua eminência dá à acusação de "não-participação" no rito romano pré-concliar, é uma resposta "gratuita", pois o Cardeal não justifica porque é que se trata de um disparate semelhante acusação.

com efeito, Sua Eminência chama de "participação", aquilo que é, na verdade, "assistência".

Depois o entrevistador questiona Sua Eminência sobre a formação dos que participaram na Reforma Liturgica. E temos a resposta:

Citação:
Desculpe-me, mas a reforma foi feita por gente árida, lhes repito, árida. E eu os conheci. Quanto à doutrina, o Cardeal Ferdinando Antonelli, de venerável memória, costumava dizer com freqüência: “como fazemos liturgistas que não conhecem a teologia?”

Fico preocupado com S.S. Pio XII!! Como pode tão exigente Pontífice escolher para o episcopado sacerdotes mal formados??
Então Paulo VI também o era, pois foi o que promulgou a Reforma Liturgica...
De facto, quando se quer dizer mal, todos estão mal formados, menos a pessoa que diz mal...
A Constituição sobre a sagrada Liturgia foi votada com 2157 "placet", contra 4 "non placet"...
Então temos a quase totalidade do episcopado católico mal formado...
Então temos um Eminentíssimo Cardeal Bartoluci que sabe mais, e é mais bem formado que a esmagadora maioria dos Bispos do Urbe católico...
Conclusão? Não tem como ser levado a sério.
Sem mais comentários!

Depois, o entrevistador lança a questão do uso do latim, e do facto do povo não perceber.
E Sua Eminência responde:

Citação:
Caríssimos amigos, leram alguma vez São Paulo: “não importa saber mais do que o necessário”, “é necessário amar o conhecimento ‘ad sobrietatem’”?

Antes de mais, confesso que ignoro esta frase de S. Paulo. Talvez seja uma tradução errada de I Cor 4,6, ou uma glosa de algum códice antigo, uma vez que a frase "não ir além do que está escrito" é de exegese dificil.

Começo por comentar esta afirmação de Sua Eminência: "não importa saber mais do que o necessário"!

Tenho que perguntar, com muita simplicidade: o que é o conhecimento necessário? O "necessário" de Sua Eminência tem que ser o meu "necessário"? Não é a pessoa humana, por definição, um "nunca necessário o suficiente"? Não é a pessoa humana abertura ao mundo e para lá do mundo, justamente porque a sua necessidade vai para lá do mundo e do connhecimento?
Se assim é, como pode Sua Eminência delimitar um qualquer conhecimento necessário ao outro sugeito?
Não pode! E não pode porque o que define a pessoa é o não haver necessidade que a preencha de forma definitiva, plena, absoluta. O Necessário fundamental é Deus!

Mas fixemo-nos então no contexto não-filosófico do conhecimento, acerca do conhecer a lingua latina.
Para Sua Eminência, não é necessário conhecer o latim para participar na Missa (já que ele anteriormente diz que a Missa em latim é participada). Talvez baste para isso pronunciar o "Et cum Spirito tuo" ou o "habemus ad Dominum" ou o "dignum et iustum est"... sem saber o que se diz, ou a responder "Amen" (assim seja; assim creio; adiro ao que disseste) sem saber o que o presidente da celebração disse...
Assim, se eu ensinar um papagaio a responder em latim, e o levar para a Missa, tenho que concluir que o papagaio participou na Missa, pois respondeu como deve ser, sabendo apenas o necessário (embora nem saiba que sabe)!

Mas diz Sua Eminência que é necessário amar o conhecimento "ad sobrietatem"!
Frase estranha em que acha que sabe mais, e é mais bem formado do que os Bispos que participaram e votaram a Reforma da Liturgia!!
Mas, afinal, parece que o conhecimento "com sobriedade" é apenas para os leigos, pois parece que Sua Eminência os gosta de ver "burrinhos"!!

Que o conhecimento deva ser amado com sobriedade, é discutivel, sobretudo se se entender sobriedade com resignação. Ora, a busca do conhecimento e da sabedoria é uma máxima nos livros sapiênciais, em particular no Livro da sabedoria (Sab 7-8). "Amei-a mais que a saúde e a beleza e me propus tê-la como luz, pois o seu brilho não conhece ocaso. Com ela me vieram todos os bens, de suas mãos riqueza incalulável" (Sab 7,10-11). Qual seria a sobriedade do autor do Livro da Sabedoria??

Mas ainda dentro da resposta que Sua Emin~encia dá sobre a lingua latina, e seu desconhecimento por parte do povo, segue o cardeal nos seguintes modos:

Citação:
Daqui a alguns anos se tentará entender a transubstanciação como se explica um teorema de matemática. Mas se nem sequer o sacerdote pode compreender até o fundo tal mistério!

Eu francamente não entendo o que tem a ver o conhecimento da lingua latina, com a compreensão do Mistério da Transubstãnciação.
Puro sofisma, no qual se passa de uma compreensão intelectual (linguistica) possivel e necessária (latim), para uma compreensão teológica absoluta e não analógica, perfectivel, mas imposssivel (compreensão absoluta do Mistério da Transubstãnciação): é uma passagem ilicita. Não pode equiparar os dois modos de conhecimento.

Conclusão? Não respondeu de forma séria ao problema da lingua latina.

Prosseguindo o entrevistador com uma questão sobre a continuidade da Tradição Liturgica, Sua Eminência comenta o ritual romano extraordinário nos seguintes termos:

Citação:
defender o rito antigo não é ser do passado, mas ser “de sempre”. Veja, comete-se um erro quando a missa tradicional é chamada “Missa de São Pio V” ou “Tridentina”, como se fosse a Missa de uma época particular: é nossa Missa, a romana, é universal em todos os tempos e lugares,

O Concílio de Trento mandou proceder à revisão do Missal Romano (Sessão XXV, Encerrramento do Concílio). Em 1570 foi publicada a primeira edição do Missal tridentino, que iria regular a celebração da Missa durante 4 séculos.
Com efeito, o Missal manteve o modo de celebrar que já vinha desde o séc XIII.

Ora, segundo os peritos em história da Liturgia, a celebração "versus populorum", e´caracteristica que entra na Liturgia durante a época carolíngia, entre outras pequenas diferenças de pormenor.

É a partir do séc IV que se passa da improvisação para os formulários escritos. O canon romano (oração eucaristica I ) é elaborada já no séc V.

Se recuarmos à epoca do édito de Constantino, vemos, segundo os peritos, que o altar recebia, segundo os casos, diversas colocações. Aliás, a Missa no inicio do séc IV era bem diferente do rito romano "tridentino"...

E, se recuarmos aos sécs III, II ou I, vemos que a Liturgia é diferente em relação ao séc IV, e por diante.

Isto para dizer que não tem razão de ser a expressão de Sua Eminência, quando fala do ritual tridentino como sendo a "nossa Missa, a romana, (..) universal em todos os tempos e lugares".
Não foi o rito de todos os tempos, nem foi o rito de todos os lugares, uma vez que há tradições Liturgicas autênticas, diferentes (o que foi, aliás, previsto na Quo Primum Tempore, de S. Pio V).
O termo "Missa de sempre", aplicado ao rito, não tem razão de ser.
A Missa segundo o Missal de S. Pio V só se encontra, mais ou menos na integra, a partir do séc XIII.
Portanto, quere tranformar o Missal de S. Pio V em tradição bimilenar é uma ofensa à inteligência...
(agora me recordo de um tal "Omegastar" que dizia que o ritual de S. Pio V vinha desde os apóstolos...).

Depois, interrogado sobre supostas deformações vindas dos anos 60, responde Sua Eminência:

Citação:
Que o novo rito tenha deficiências é já uma evidência para todos

Talvez seja uma evidência para Sua Eminência, no seu conhecimento "ad sobrietatem"... mas não será uma evidência para todos!
Continua o cardeal:

Citação:
e o Papa disse e escreveu várias vezes que deveria “olhar ao antigo”

Exactamente, Eminência. O Papa nunca disse que o rito actual tenha deficiências; o que disse ( e concordo) é que se deve "olhar ao antigo".

Não tenho mais comentário a fazer.

Fiquem com Deus, e até um dia destes.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 04 de January de 2011 20:30

Rui,

Parabéns pela resposta clara e sóbria.

Fica com Deus e feliz ano novo.



Editado 1 vezes. Última edição em 04/01/2011 20:36 por firefox.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 05 de January de 2011 09:48

2157 "placet", contra 4 "non placet".
Dois mil cento e cinquenta e sete contra quatro (vou anotar no meu bloco de notas para não me esquecer).
Em Igreja é conveniente que as decisões sejam tomadas por consenso. Mas é impossível evitar as oposições. Jesus teve 11 a favor e 1 contra. O Papa precisa de 2/3 para ser eleito. Mas isto da renovação litúrgica é uma questão de Espírito. Quanto ao latim até pode circunstancialmente ser interessante. Na última missa em que estive o coro cantou um efusivo aleluia com texto em latim (Aleleluia! Benedicat vobis, Dominus qui fecit caelum et terra! Aleluia!): realmente muito cativante.
Mas se os tradicionalistas vissem um drama natalício representado no contexto da missa, como aconteceu neste caso, provavelmente iam entrar em desespero e rasgar as vestes.

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Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 05 de January de 2011 13:45

Citação:
Albino O M Soares
Mas se os tradicionalistas vissem um drama natalício representado no contexto da missa, como aconteceu neste caso, provavelmente iam entrar em desespero e rasgar as vestes.

Sou contra teatrinhos nas missas, sejam do tipo que for, coroações de Nossa Senhora (pasme!) ou o que for. Por que isso tem que ser enxertado dentro de uma missa? A qualidade dessas representações não garante o público depois da celebração? Ninguém é obrigado a assistir esses teatrinhos suspeitos e não é certo tentar transformá-los em preceito, ainda mais quando em 99.99% dos casos são coisa de qualidade duvidosa. Vale lembrar que essas coisas não tem nada a ver com a reforma litúrgica, visto que essas coisas não estão liturgicamente justificadas em rito nenhum.

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 05 de January de 2011 16:07

Citação:
Mas se os tradicionalistas vissem um drama natalício representado no contexto da missa, como aconteceu neste caso, provavelmente iam entrar em desespero e rasgar as vestes.

Substituir a leitura do Evangelho por teatros é uma aberração.
Uma aberração ao ponto de os legistas liturgos nem terem sequer pensado em proibir tal coisa... porque é ridiculo.

Se eu visse uma coisa dessas, certamenmte não entrava em desespero, mas abandonava a celebração, e fazia queixa ao Bispo, ou ao Secretariado nacional de Liturgia.
Na verdade, eu já embirro com o meu pároco pelo facto de ele omitir certas expressões, como "sacrificio", "Omnipotente", "Todo-Poderoso"...

Não sou Tradicionalista, nem progresista. Sou moderado, Mas comigo, as regras da Liturgia são para cumprir, porque essas regras são a linguagem da Igreja Católica.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 06 de January de 2011 08:20

Não se tratou de substituir o Evangelho. A missa decorreu segundo os cânones, acrescida da representação da história do Natal no contexto dos problemas do dia-a dia ( A história do Natal como motivo de esperança, quando nos confrontamos com tantos problemas).

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Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 06 de January de 2011 15:58

Moral a reter (mea culpa):
Não rotular as pessoas; usar argumentos ad causem non ad hominem.

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Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 07 de January de 2011 11:28

Então vamos ver os argumentos "ad causem"!

Citação:
A missa decorreu segundo os cânones

Não, não decorreu segundo as normas, porque foi:

Citação:
acrescida da representação da história do Natal no contexto dos problemas do dia-a dia

Com efeito, a explanação do sentido da Escritura, é específica da homilia.

Na Missa, existem duas mesas, para as quais deve ser apontada a nossa atenção, conforme o momento da celebração. Delas nos alimentamos, de forma inseparável: a Mesa da Palavra (ambão) e a mesa do Pão (Altar).

Quando o presidente da celebração proclama o Evangelho, é o próprio Cristo que é proclamado, Ele mesmo Evangelho, Boa-Noticia. Mais. É o proprio Cristo que nos fala, pois o Evalgelho goza de maior solenidade que as outras leituras (expressa no aleluia, no incenso e no facto de estarmos de pé, para escutar aquele que nos faz erguer, uma assembleia de ressuscitados).
Só o ministro ordenado pode proclamar o Evangelho, pois ele, em virtude do sacramento da Ordem, é o responsável por ele, e seu genuino anunciante, pois que age na Pessoa de Cristo-cabeça da Sua Igreja.

Numa proclamação do Evangelho, acompanhado de uma peça teatral, para onde estamos voltados, para onde o nosso espírito nos leva??

Na Liturgia da palavra, as atenções devem estar centradas no ambão.

Por esta ordem de ideias, qualquer dia temos uma peça teatral sobre a Ultima Ceia, enquanto o sacerdote consagra as espécies do Pão e do vinho....

Conclusão: peças de teatro no decorrer da Missa, são uma subsituição e adulteração (que nem verdadeira substituição é) da natureza da Liturgia Católica.

A Liturgia católica não é representação, nem recordação (noção pobre de "Memorial"), mas "eficácia", "actualização", "acção", de Cristo, com Cristo e em Cristo, para Cristo e, n,Ele e com Ele e por Ele, para Deus-Pai, no Espírito santo.

Em teologia sacramental e Liturgica, não há lugar para teatros. simplesmente não há... e, se houver, é abuso, falsificação, adulteração da natureza da Liturgia, travestismo liturgico.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 11 de January de 2011 12:32

Bem,
Sempre houve antigas e novas tradições, sem prejuizo de haver tradições que duram anos e outras que duram séculos.
"Nem sempre, nem nunca" talvez seja uma forma de abordagem realista.

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Re: Entrevista de Novo Cardeal
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 26 de September de 2011 11:18

Mas nunca é demais repetir que o sacramento universal da unidade do género humano em Jesus Cristo e segundo Jesus Cristo está assente em bases sólidas, simples e indestrutíveis e nunca num conjunto de jeitos, trejeitos, torsões, contorsões, angulações, tiques e garjarejos ao jeito de um ritual exo-endotérico.

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