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O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 22 de November de 2010 09:35

Vou aqui colocar o artigo que saiu no Público, pois não sei quantos dias estará disponível. O endereço é este.

Declarações inéditas na história da Igreja Católica
Papa Bento XVI admite uso do preservativo para travar a sida


Pela primeira vez na história um Papa admitiu a utilização do preservativo “para reduzir “em certos casos” os riscos de contaminação” do vírus da sida, segundo um livro de entrevistas que será lançado na terça-feira. Excertos foram publicados este sábado no jornal do Vaticano.

Não é uma revolução, mas uma porta entreaberta. Num livro-entrevista que será publicado terça-feira, o Papa Bento XVI mantém que não considera o preservativo "uma solução verdadeira e moral", mas admite a sua utilização em casos concretos: "Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana."

A afirmação do Papa surge no livro Luz do Mundo, uma entrevista ao jornalista alemão Peter Seewald, que será publicado na terça-feira em Itália e vários outros países. Dia 2 de Dezembro estara à venda em Portugal (ed. Lucerna/Principia).

No texto, o Papa acrescenta: "Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade."

Esta afirmação repete o que já outros responsáveis da Igreja - mesmo cardeais - tinham defendido como mal menor, mas nunca um Papa afirmara. Também a maior parte das instituições católicas que apoiam doentes infectados com o HIV-sida utilizam o preservativo, mesmo se não fazem dele a estratégia fundamental na luta contra a doença.

A viagem a África

Alguns excertos do livro foram publicados este sábado por L'Osservatore Romano, jornal do Vaticano. Sobre o preservativo, o Papa começa por referir a viagem aos Camarões e Angola, realizada no ano passado, quando Bento XVI defendeu, como diz o jornalista, que "a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da sida".

O Papa Ratzinger começa por responder: "A viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da sida, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito - uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros."

A Igreja no terreno

Bento XVI defende que a Igreja "é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas" e que é ela quem mais faz "porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida".

No avião para África, o Papa limitou-se à afirmação genérica: "A realidade mais eficiente, mais presente em primeira linha na luta contra a sida é precisamente a Igreja Católica, com os seus movimentos." Mas, na ocasião, o Papa não referiu quaisquer números: mais de 1200 projectos de instituições católicas de apoio a doentes de sida atingem pelo menos 4,5 milhões de pessoas; 3000 padres e freiras e 16 mil voluntários trabalham nessas instituições, que representam 25 por cento das que apoiam doentes de sida; nos países pobres, 60 por cento dos doentes são assistidos em instituições ligadas à Igreja.

Agora, no livro-entrevista, o Papa retoma a sua "verdadeira resposta": a Igreja "não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno". Bento XVI reafirma que não deu a sua opinião sobre o preservativo, mas afirmou apenas "- e foi isso que provocou um grande escândalo - que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos".

20.11.2010 - 17:51 Por António Marujo[i]
[/i]

João (JMA)

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 22 de November de 2010 14:42

Embora andem todos aos saltinhos, não acho que este texto seja um passo nem para frente nem para tras.
A aceitação ou não de o uso de um preservativo por uma prostituta não é uma questão moral mas antes demais uma questão de saúde pública. Questão moral será antes porque razão aquela mulher se prostitui ou porque razão há uma pessoa interessada em mercantilizar o sexo.

Por isso gostava de saber qual a pergunta a esta resposta:
"Mantém que não considera o preservativo "uma solução verdadeira e moral", mas admite a sua utilização em casos concretos: "Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana."

Há que acabar com uma vez por todas com este falsa questão moral que afasta cada vez mais pessoas da Igreja. A imoralidade da contracepção nunca pode residir nos meios mas simplesmente no sentido.

Estou pleanamente de acordo que a SIDA se vence com uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana. Enquanto se instrumentalizar o sexo e se banilizar o seu "ab"uso não preservativo que ajude a diminuir o contágio.

Acho que esta notícia é mais um daquelas coisas para entreter o povo.

Um verdadeiro passo seria aceitar o uso do preservativo dentro de relações saudáveis e estáveis.

Verdadeira notícia seria dizer que o Papa proibe o uso da pílula como forma de facilitismo e promover métodos combinados para diversos alturas da vida. [www.lady-comp.de]

Uma pequena revolução seria o Papa admitir que hoje em dia a hierarquia vive fechada numa ilusão de um mundo que não existe e que os fiéis cada vez estão se nas tintas para o que diz o padre, o bispo ou papa sobre a forma de viver a sua sexualidade.

Em comunhão

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 22 de November de 2010 14:57

Vaticano diz que palavras do papa Bento 16 pedem uma sexualidade responsável

21/11/2010 - 13h37 | da Folha Online [fonte]

DAS AGÊNCIAS DE NOTÌCIAS

O Vaticano assegurou neste domingo que as palavras do papa Bento 16 sobre o uso do preservativo, segundo ele justificável em "alguns casos", não são "uma mudança revolucionária", mas uma "visão compreensiva" para levar a humanidade "culturalmente muito pobre rumos ao exercício responsável da sexualidade".

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, deu um comunicado oficial pelo qual as manifestações de Bento 16 "não reformam ou mudam as doutrinas da Igreja, mas as reafirmam, na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade". Lombardi disse que o papa não justifica moralmente o exercício "desordenado" da sexualidade, mas considera que o uso de profilático para diminuir o risco de contágio da aids "é um primeiro ato de responsabilidade, um primeiro passo para uma sexualidade mais humana".

DECLARAÇÕES

No livro a ser lançado na terça-feira (23) na Alemanha e na Itália, o papa Bento 16, 83, afirma que o uso de preservativos é aceitável "em certos casos", especialmente para reduzir o risco de infecção do HIV, mas insiste que não é a "verdadeira" maneira para combater a Aids, já que para ele é necessária uma "humanização da sexualidade". O livro, que tem como título "Light of the World: The Pope, the Church and the Signs of the Times" (Luz do Mundo: O Papa, a Igreja e os Sinais do Tempo), é baseado em 20 horas de entrevistas conduzidas pelo jornalista alemão Peter Seewald. Alguns capítulos foram publicados neste domingo pelo jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano".

A declaração surpreendente, apesar de não questionar a proibição da camisinha na doutrina da Igreja, foi considerada um passo importante que muda a imagem ultraconservadora do pontífice alemão, segundo analistas. "O papa deu o passo em um momento maduro, que já era esperado por muitos teólogos e conferências episcopais", afirmou o vaticanista Luigi Accatoli do jornal "Corriere della Sera".

DEBATE

A inédita abertura do chefe da Igreja Católica ao uso do preservativo, rejeitado de todos os modos até o momento, abre o debate dentro da instituição sobre uma aceitação ou não do uso da camisinha como um "mal menor" para salvar vidas.

Com a abertura "clamorosa", como a qualificou à France Presse o vaticanista Marco Politi, o Papa "consente com cautela" o uso da camisinha 20 meses depois das reações negativas provocadas por uma declaração dada pelo pontífice na África, continente devastado pela Aids, de que o preservativo "agravava o problema".

Importantes nomes da Igreja, como os cardeais Carlo Maria Martini e o africano Peter Kodwo Appiah Turckson, já haviam se pronunciado publicamente a favor do uso da camisinha em casos específicos, como quando um dos membros do casal está contaminado.

"Desta vez parece que fala como pastor, com tom tolerante, mais que como chefe da Igreja. São declarações que não podia fazer de forma oficial", declarou à France Presse o analista Bruno Bartolini.

Para Politi, o papa percebeu que "demonizar" o preservativo era "insustentável do ponto de vista científico, teológico e moral", mas afirmou que seria melhor ter pronunciado estas palavras em um contexto eclesiástico e não por meio de uma entrevista.

Ao mesmo tempo, pessoas ligadas ao pontífice, tentaram minimizar o alcance da afirmação.

"A doutrina católica não muda, o uso do preservativo está proibido", afirmou Giovanni Maria Vian, editor do "L'Osservatore Romano".

"O sumo pontífice se refere a um ato de caridade e não à mudança da doutrina", destacou o escritor católico Vittorio Messori.


Mas para o diretor do programa Unaids, criado pela ONU para combater a propagação do vírus da Aids, a declaração é um "passo adiante". "É um passo adiante significativo e positivo do Vaticano", afirma em um comunicado o diretor executivo do Unaids, Michel Sidibé. "Este avanço reconhece que um comportamento sexual responsável e o uso do preservativo têm um papel importante na prevenção do HIV-Aids", completa a nota. Sidibé disse ainda que em 2009 teve conversas de longo alcance com representantes do Vaticano sobre a prevenção da Aids. "Juntos podemos construir um mundo sem novas infecções por Aids, sem discriminação e sem mortes como consequência da doença", destacou.


((( os grifos são meus)))

Nunca espera demais quem espera o bem da igreja.



Editado 1 vezes. Última edição em 22/11/2010 14:59 por firefox.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 22 de November de 2010 15:04

Citação:
Tilleul
Embora andem todos aos saltinhos, não acho que este texto seja um passo nem para frente nem para tras.

Bom dia Tilleul. Espero que esteja tudo bem contigo. Saudades da sua participação.
Ando um tanto otimista com a igreja, então não vejo razão para não comemorar ;)

Paz e Bem.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 22 de November de 2010 15:07

É um passo no bom sentido.

O mundo não é perfeito e a Igreja tem de arranjar respostas para este mundo.

Não tem utilidade se apenas "pregar no deserto", por muito boas intenções que tenha.

Tal como o firefox, estou contente...

João (JMA)

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 23 de November de 2010 14:23

Boas João,

Provavelmente... não provavelmente, estou de absolutamente cansado de esperar e ainda mais cansado de ver as contradições em que a nossa Igreja caiu e cai ainda hoje.

Estou cansado de ver a Igreja meter-se na política e confraternizar com os poderosos deste mundo e ignorar as necessidades das pessoas.

Olhando para o nosso país, para a nossa sociedade e para a nossa Igreja, este é o meu estado de espírito [www.youtube.com] e [www.youtube.com]

Graças a Deus que ainda há pessoas como vocês que têm esperança.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 24 de November de 2010 07:03

5º mandamento
as questões de saude publica e de saude pessoal são tambem questões morais

pois pelos vistos o estado de espirito do tilleul é simplista e demagogico, a julgar pelos videos de que aqui colocou aqui o link.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 24 de November de 2010 08:09

A uma pessoa que me perguntou que pensava eu sobre o assunto, respondi com uma frase que acabou por me parecer uma boa síntese:

«O Papa não disse propriamente uma novidade; a grande novidade é que o tenha dito».

Explicar isto levar-me-ia muito, muito tempo, coisa que não abunda. Mas tentando um pequeno esquema:

1. Não trouxe propriamente novidades de conteúdo, por duas razões:

a) Reafirmou aquilo que tem sido central no Magistério da Igreja: amor, matrimónio, fidelidade, castidade, abertura à vida. O que diz sobre o preservativo não se insere no âmbito do planeamento familiar;

b) Refere-se ao uso do preservativo no contexto da prevenção do contágio da SIDA (Aids). Depois de ter indicado positivamente o que é uma resposta moral ao problema e de dizer que o preservativo não é «a» solução, concede que nalgum caso haja justificação para o recurso ao preservativo, numa linha de justificação que se insere na teoria do «mal menor». O tema do mal menor não é nada fácil em teologia moral, mas foi tratado por eminentes autoridades na matéria, como é o caso de Santo Afonso Maria de Ligório. Neste contexto, o pensamento de Bento XVI poder-se-á resumir desta forma: «também no campo da sexualidade, se não é possível o melhor, então quanto menos mal, melhor». Pegando no exemplo que ele dá, o da prostituição, não se trata de justificar o primeiro mal (a prostituição), mas de considerar que quando não seja possível eliminar de raiz este primeiro mal, que ele não conduza ao segundo: a morte de outras pessoas, muitas delas «inocentes» (por exemplo, as esposas e filhos dos clientes de prostitutas). Ora, isto era já admitido mesmo por pessoas não propriamente tidas por «progres». Um exemplo é um livrito publicado pela Conferência Episcopal Espanhola, «100 preguntas sobre el SIDA», de 2002, onde se pode ler:

Citação:
98. Si a pesar de todo, los homosexuales mantienen relaciones sexuales, ¿no harían bien en usar preservativos para evitar riesgos adicionales de contagio del SIDA?
Toda relación sexual entre dos personas del mismo sexo es contraria a la virtud de la castidad. Esta calificación no se ve sustancialmente afectada por usar o no usar preservativo. Ahora bien, al pecado contra la castidad puede añadirse la connotación -nuevamente contraria a la moral- de provocar el riesgo de transmitir una enfermedad tan nociva como el SIDA, riesgo altamente probable en el coito anal cuando uno de los dos está infectado.
En estos casos, el uso del preservativo no convierte el acto siempre inmoral de la relación homosexual en bueno, pero disminuye la probabilidad de una ulterior consecuencia dañina y pecaminosa de un acto malo, a saber, el poner en serio peligro la salud o la vida del otro. Esta reducción, como ya se ha dicho, no es total, sino parcial.

É verdade, contudo, que o Papa não se fica por meras questões de «mal menor», porque mostra também uma clara intenção «positiva» e pastoral, ao sugerir que, em certos casos, o uso do preservativo poderá ser um primeiro passo no sentido da moralização ou da «humanização da sexualidade». Aos que se escandalizaram com esta expressão é preciso fazer notar que ela é perfeitamente correcta. A velha tradição tomista distingue «actos do homem» («actus hominis») e «actos humanos» («actus humanum»), sendo que há actos do homem que podem ser humanizados, «resgatados» e elevados. Uma sexualidade comercializada, que faz das pessoas meros objectos ou meros reprodutores, onde falta o afecto e o sentido «transcendente» (num sentido levinasiano), não é propriamente humana. Se uma pessoa com uma vida completamente desordenada neste campo perceber que tem que ser responsável e evitar o contágio de uma doença mortal a outras está já num caminho de resgate, porque ser responsável significa um degrau superior de humanização. Obviamente, aqui está-se ainda longe do desejável, mas há já um início de caminho. A partir daqui há «muito mais» a fazer.


2. A grande novidade é mesmo que o Papa tenha falado disto, intencionalmente, não se ficando apenas por «debitar» princípios gerais. Di-lo num registo coloquial, «pastoral», que ao menos precavido parece entrar em contradição com os princípios dos documentos oficiais ou mesmo com o que ele mesmo disse aquando da sua viagem a África, em 2009. Mas não é bem assim. Eu diria que de alguma forma com este gesto o Papa toca o problema que coloquei neste fórum com o título interrogativo «Moral católica esquizofrénica?». A falar disto, o Papa contribui para que se integrem as diferentes abordagens, com maior transparência. Muitos, ao dizerem que não houve novidade especial no que disse o Papa, sabiam (ou julgavam que sabiam) que os princípios enunciados lhes permitiam prever estas situações e actuar consoante. Mas, quantos e quantos se sentiram desautorizados a pensar sequer na existência de casos concretos? Recordemos estas palavras do discurso de João Paulo II à Conferência Internacional sobre a Sida, em Roma, em Novembro de 1998 (salvo erro):

Citação:
«Es moralmente ilícito propugnar una prevención del SIDA basada en medios y recursos que violan el sentido auténtico de la sexualidad, y que son un mero paliativo para un malestar profundo, en el que está en juego la responsabilidad de los individuos y de la sociedad. Y la recta razón no puede admitir que la fragilidad humana, en vez de ser motivo para empeñarse más, se traduzca en pretexto para una cesión que abra la vía a la degradación moral».
Quantos, conhecendo este texto (e outros), se sentiriam autorizados a dizer publicamente o que disse agora Bento XVI? Obviamente, vários arriscaram. E foram «riscados», rotulados de muitas coisas. Com isto não pretendo defender disparates alheios, que os tem havido a granel, mas de ver como é um estranho sintoma que quando o actual Papa falou muita gente se sentiu «engasgada».
Obviamente, não se caia num reducionismo que leve a ver imediatamente uma contradição entre estes dois textos. Bento XVI não defende uma prevenção da SIDA baseada no preservativo, mas admite-o quando os princípios gerais falham na sua execução, com o fim de evitar um mal maior.

Contudo, o Papa teve a coragem de descer ao concreto das situações mais difíceis com as quais muitas pessoas que trabalham no terreno se debatem. E isto é, ao que parece, inédito, pelo menos neste campo da moral sexual. E sobre este «facto inédito» já muito se escreveu e muito haverá a dizer, mas ficará para outra ocasião. Apenas uma achega «futurível»: fico com a impressão de que esta entrevista de Bento XVI terá um efeito análogo ao do Breve «Inter Catholicos Hispaniae» (1906). Enquanto os integristas da época diziam, em consonância com os «princípios» que a democracia era inaceitável e que, portanto, os católicos não deveriam votar, o Papa Pio X, com o Breve citado, tomou o partido dos que diziam que apesar de tudo, se deveriam votar nos menos maus, dando assim uma grande machadada no integrismo espanhol. De alguma forma aquele documento papal acabou por ser um «cavalo de Tróia»: com o tempo as pessoas esqueceram-se dos «princípios» que antes condenavam a democracia e a democracia tornou-se normal e aceitável para os católicos. Aqui pode acontecer algo análogo: muito embora as palavras do Papa não tenham carácter magisterial, reflectem a preocupação pastoral de uma grande parte da Igreja e significam a admissão ao mais alto nível (ainda que «privado») de que, sem negar os princípios, há casos concretos que exigem abordagens especiais, num sadio princípio da «epiqueia». E de repente muita gente ficou «aflita», especialmente os que temem que, abrindo-se uma nesga, tudo venha abaixo e não se saiba onde colocar os limites finais. A meu ver, isto mostra que há ainda muitíssimo caminho a fazer no campo da teologia moral.

3. De notar, de passagem, que se têm escrito barbaridades sem conta, à esquerda e à direita; são demasiados os que viram «revoluções». A todos, de todos os quadrantes, há que pedir serenidade e bastante oração. Estamos a passar por momentos delicados na História da Igreja e é necessário que acertemos nas nossas decisões, como pessoas individuais e como Igreja.

4. Para terminar, indico o texto do blogue do P. João António Teixeira: «Não terá havido revolução, mas houve alguma mudança (o Papa e o preservativo)». O texto termina com o seguinte parágrafo (destaques meus): «Encaremos, pois, esta intervenção papal com serenidade de ânimo e como uma demonstração de sensibilidade por tanto sofrimento derramado pelo mundo». Pois bem, um leitor escreveu esta incrível frase: «Esta sensibilidade pelo sofrimento alheio que compromete a doutrina ainda vai nos arrastar todos ao inferno». Mas que Cristianismo será este?! Felizmente, outro leitor esteve à altura: «Todos não. Apenas aqueles que são insensíveis ao Sofrimento Humano...».

Alef

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 24 de November de 2010 08:47

Não Camilo, longe de ser simplista e demagógico, o meu estado de espírito é de revolta e de extrema incerteza quanto ao futuro.

Simplismo é nós, católicos, continuarmos sufocados nesta moral esquizofrénica sem que a hierarquia compreenda que a contracepção não está no método mas antes na maneira que é utilizada.

Eu sou há vários anos apologista do método natural, por razões nada relacionadas com a moral.

Por isso basta de demagogia barata e vamos ser honestos, o método natural quando bem utilizado e com recurso às novas tecnologias pode ter um nível de eficácia a rondar os 99%. Por isso moralmente, qual é a diferença entre o uso deste método ou de um outro mecânico ou químico?

Mais, simplismo é nós católicos alegrarmo-nos que o Papa diga algo que é óbvio e todos considerem um passo. Ora bolas... andamosa brincar com a vida das pessoas ou quê? Será que não é tempo de aprender com os erros do passado e passar a acção? A Igreja deveria sempre seguir este linha de pensamento "Melhor é errar por tentar do que errar por omitir!"

Concordo com o Alef, isto mostra que há ainda muitíssimo caminho a fazer no campo da teologia moral.

Simplismo e demagogia é pensar que Deus nos condenará ao suplício eterno por usarmos um preservativo...

Por fim um comentário a esta frase "Encaremos, pois, esta intervenção papal com serenidade de ânimo e como uma demonstração de sensibilidade por tanto sofrimento derramado pelo mundo"

Eu pergunto que raio de Igreja é a nossa em que a cúria e a hierarquia demoraram e demorarão tanto a demonstrar uma caracetristica do evangélica, amor ao próximo?

Obrigado Alef pela tua habitual poderação e chamado a centrarmo-nos no essencial.

Em comunhão

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 24 de November de 2010 16:50

Não conheço nenhum objecto que por si mesmo seja intrinsecamente mau. O uso que lhe damos é que pode ou não ser mau. Mesmo uma arma quando usada em legítima defesa, pode ser uma coisa que moralmente se aceite. Por isso, não há que demonizar os preservativos, porque como qualquer coisa, deve se regular moralmente o seu uso, não induzir em completa abstinência.
Mas tenho que dizer que a solução da sida não passa só pelo uso do preservativo, mas por uma correcta educação sexual. E parece-me que passa muito mais pela segunda do que pela primeira e isso tem sido demonstrado pelos números em àfrica em que a situação relativamente às infecções parece ter estabilizado. Esperamos que comece a decrescer. E é nisso que o papa tem-se debatido.
Há que saber esperar. Eu confio na Igreja.
Rejeito o argumento de que vivemos no mundo em que vivemos, por isso temos que criar regras, para de certa forma regular o caos, para fazer dele um bocadinho menos caos. Não é essa a tarefa da Igreja. A tarefa da Igreja, é transformar o Mundo e não satisfazer-se com o possível, a não ser que o possível seja também morrer na cruz , para salvação de muitos.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 24 de November de 2010 18:11

Este livro já me estava a interessar mas depois disto de certeza que o vou comprar.

Em comunhão

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 24 de November de 2010 21:15

Citação:
vitor*
Não conheço nenhum objecto que por si mesmo seja intrinsecamente mau. O uso que lhe damos é que pode ou não ser mau. Mesmo uma arma quando usada em legítima defesa, pode ser uma coisa que moralmente se aceite. Por isso, não há que demonizar os preservativos, porque como qualquer coisa, deve se regular moralmente o seu uso, não induzir em completa abstinência.
Mas tenho que dizer que a solução da sida não passa só pelo uso do preservativo, mas por uma correcta educação sexual. E parece-me que passa muito mais pela segunda do que pela primeira e isso tem sido demonstrado pelos números em àfrica em que a situação relativamente às infecções parece ter estabilizado. Esperamos que comece a decrescer. E é nisso que o papa tem-se debatido.
Há que saber esperar. Eu confio na Igreja.
Rejeito o argumento de que vivemos no mundo em que vivemos, por isso temos que criar regras, para de certa forma regular o caos, para fazer dele um bocadinho menos caos. Não é essa a tarefa da Igreja. A tarefa da Igreja, é transformar o Mundo e não satisfazer-se com o possível, a não ser que o possível seja também morrer na cruz , para salvação de muitos.

Só para completar a ideia arrisco-me a dizer que se algo é desprovido de alguma bondade, não pode existir, porque todas as coisas são criadas por Deus, "Aquele que é" e que existe por si mesmo, mesmo aquelas que saem do artificio humano.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 25 de November de 2010 17:28

Muito interessante neste Pontificado é o facto de que este Papa não ter receio de mexer em situações complicadas para a Igreja, como as questões morais.

É alguém com as ideias muito bem arrumadas. Mesmo quando discordo dele, tenho de concordar que as suas posições são, no geral, muito bem fundamentadas.

E quando faz alguma coisa que parece mais disparatada, no fundo da questão encontro uma grande vontade de acolher mesmo aqueles que o negaram mais de três vezes.

As questões morais necessitam de uma resposta da Igreja, e seria muito importante se Bento XVI lhes dedicasse mais comunicações como esta.

João (JMA)

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de November de 2010 22:58

O blogue «Oblatus» publica no seu mais recente «post» a tradução de um interessante artigo publicado no «The Tablet», em 2004, que mostra como realmente o que o Papa disse recentemente era já um dado assumido por pessoas que estão longe de ser tidas por «progres».

O autor, Martin Rhonheimer, não é propriamente um «progre» do «Nós Somos Igreja», mas um sacerdote do «Opus Dei», Professor de Ética e Filosofia Política na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma. Deixo aqui uma cópia, porque vale a pena ler com calma:

Citação:
Martin Rhonheimer
A verdade sobre os preservativos

Martin Rhonheimer


Muitas pessoas estão convencidas de que uma pessoa soropositiva sexualmente ativa deveria usar preservativo a fim de proteger seu parceiro da infecção. O que quer que se pense sobre um estilo de vida promíscuo, sobre atos homossexuais ou prostituição, tal pessoa age, ao menos, com um senso de responsabilidade ao tentar evitar a transmissão de sua infecção para outras.

Considera-se comumente que a Igreja Católica não apoia tal visão. Conforme sugeriu recentemente um o programa Panorama da BBC, acredita-se que a Igreja ensine que os homossexuais sexualmente ativos e as prostitutas deveriam evitar o uso dos preservativos porque os preservativos são "intrinsecamente maus" (The Tablet, 26 de junho). Muitos católicos pensam o mesmo. Um deles é Hugh Henry, diretor de educação do Linacre Centre em Londres, que disse a Austen Ivereigh no Tablet da semana passada que o uso do preservativo, ainda que usado exclusivamente para evitar a infecção do próprio parceiro sexual "desrespeita a estrutura fértil que os atos conjugais devem ter, não podem constituir o recíproco e completo dom pessoal de si e, portanto, viola o Sexto Mandamento".

Mas este não é o ensinamento da Igreja Católica. Não existe ensinamento magisterial oficial seja sobre preservativos, pílulas anovulatórias ou diafragmas. Preservativos não podem ser intrinsecamente maus, somente os atos humanos podem sê-lo; preservativos não são atos humanos, mas coisas. O que a Igreja Católica ensinou claramente ser "intrinsecamente mau" é um tipo específico de ato humano, definido por Paulo VI em sua encíclica Humanae Vitae, e posteriormente incluído no nº 2370 do Catecismo da Igreja Católica como "qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação".

A contracepção, como um tipo específico de ato humano, inclui dois elementos: a vontade de praticar atos sexuais e a intenção de tornar a procriação impossível. Um ato contraceptivo, portanto, incorpora uma escolha contraceptiva. Como afirmei em um artigo no Linacre Quarterly em 1989, "uma escolha contraceptiva é a escolha de um ato que impede que os intercursos sexuais livremente consentidos, em que se preveem consequências procriativas, tenham tais consequências, e é uma escolha feita justamente por esta razão".

Por isto a contracepção, entendida como um ato humano qualificado como "intrinsecamente mau" ou desordenado não é determinado pelo que acontece no nível físico; não faz diferença se alguém impede que o intercurso sexual seja fértil tomando a pílula ou interrompendo-o de modo onanístico. A definição acima não distingue entre "fazer" ou "deixar de fazer", porque o coitus interruptus é um tipo de abstenção "ao menos parcial".

A definição de ato contraceptivo não se aplica, portanto, ao uso de contraceptivos para impedir possíveis consequências procriativas de uma violência sexual previsível; nesta circunstância a pessoa violentada não escolhe manter relações sexuais ou impedir uma possível consequência de seu próprio comportamento sexual, mas está simplesmente defendendo-se de uma agressão a seu próprio corpo e de suas indesejáveis consequências. Uma atleta que participa dos Jogos Olímpicos que toma uma pílula anovulatória para evitar a menstruação também não está fazendo "contracepção", porque não há intenção simultânea de praticar atos sexuais.

O ensinamento da Igreja Católica não diz respeito a preservativos ou aparatos físicos ou químicos similares, mas ao amor marital e ao significado essencialmente marital da sexualidade humana. O magistério afirma que, se pessoas casadas têm sérias razões para não ter filhos, elas devem modificar seu comportamento sexual pela abstenção, "ao menos periódica" dos atos sexuais. Para evitar destruir tanto o significado unitivo quanto o procriativo dos atos sexuais e, portanto, a plenitude da doação recíproca de si, elas não podem impedir que o ato sexual seja fértil praticando, ao mesmo tempo, o ato sexual.

Mas o que dizer das pessoas promíscuas, dos homossexuais sexualmente ativos e das prostitutas? O que a Igreja Católica lhes ensina é que simplesmente não deviam ser promíscuos, mas fiéis ao único parceiro sexual; que a prostituição é um comportamento que viola gravemente a dignidade humana, principalmente a dignidade da mulher e, portanto, não devia ser praticada; e que os homossexuais, como todas as outras pessoas, são filhos de Deus e amados por Ele como todos são, mas que eles deveriam viver me continência como toda e qualquer pessoa solteira.

Mas e se eles ignoram este ensinamento e correm o risco de contrair o HIV, deveriam eles usar preservativos para impedir a infecção? A norma moral que condena a contracepção como intrinsecamente má não se aplica a estes casos. Nem pode haver um ensinamento da Igreja sobre isto;é simplesmente um non-senso estabelecer normas morais para tipos de comportamento intrinsecamente imorais. Deveria a Igreja ensinar que um estuprador nunca deve usar preservativo porque ao fazer isto, além do pecado de violência sexual, ele estaria desrespeitando "o recíproco e completo dom pessoal de si e, portanto, viola o Sexto Mandamento"? Por certo que não.

O que devo dizer, como padre católico, a pessoas promíscuas ou homossexuais soropositivos que usam preservativos? Procurarei ajudá-los a viver uma vida sexual moral e bem ordenada. Mas eu não lhes direi que não usem preservativos. Simplesmente não falarei disto com eles e presumirei que se eles escolheram fazer sexo, manterão ao menos um senso de responsabilidade. Com tal atitude, respeito plenamente o ensinamento da Igreja Católica sobre contracepção.

Isto não é um apelo a "exceções" à norma que proíbe a contracepção. A norma sobre contracepção aplica-se sem exceção; a escolha contraceptiva é intrinsecamente má. Mas obviamente ela aplica-se somente aos atos contraceptivos, como definidos pela Humanae Vitae, os quais incorporam uma escolha contraceptiva. Nem todo ato em que é usado aparato "contraceptivo", de um ponto de vista puramente físico, é um ato contraceptivo de um ponto de vista moral, recaindo sob a norma ensinada pela Humanae Vitae.

Igualmente, um homem casado soropositivo e que usa o preservativo para proteger sua esposa da infecção não está agindo a fim de tornar a procriação impossível, mas para prevenir a infecção. Se a concepção é evitada, isto será um efeito colateral "inintencional" e, portanto, não determinará o significado moral da ação como um ato contraceptivo. Pode haver outras razões para advertir contra o uso do preservativo em tal caso, ou para aconselhar a total continência, mas não por causa do ensinamento da Igreja sobre contracepção, e sim por razões pastorais ou simplesmente prudenciais (o risco, por exemplo, de que o preservativo não funcione). Certamente este último argumento não se aplica a pessoas promíscuas, porque mesmo que os preservativos não funcionem sempre, seu uso ajudará a reduzir as más consequências de um comportamento moralmente mau.

Deter a epidemia mundial de AIDS não é uma questão sobre a moralidade do uso de preservativos, mas sobre como impedir efetivamente uma situação em que as pessoas provocam consequências desastrosas com seu comportamento sexual imoral. O Papa João Paulo II insistia repetidamente que a promoção do uso de preservativos não é uma solução para este problema porque para o Papa ele não resolve o problema moral da promiscuidade. Se, em geral, as campanhas que promovem os preservativos encorajam o comportamento de risco e tornam pior a pandemia de AIDS é uma questão de evidências estatísticas não facilmente disponíveis. Que reduzem as taxas de transmissão, a curto prazo, entre grupos altamente sujeitos à infecção, como prostitutas e homossexuais, é impossível negar. Se podem diminuir as taxas de infecção entre populações promíscuas "sexualmente liberadas" ou, pelo contrário, encorajar o comportamento de risco, depende de muitos fatores.

Em países africanos as campanhas antiaids baseadas no uso de preservativos são geralmente ineficazes, em parte, porque para um homem africano sua masculinidade se expressa fazendo um número maior de filhos possível. Para ele, os preservativos tornam o sexo uma atividade sem sentido. Esta é a razão pela qual - e isto é uma forte evidência em favor do argumento do Papa - o programa de Uganda está entre os poucos programas eficientes na África. Embora não exclua os preservativos, o programa ugandense encoraja uma mudança positiva no comportamento sexual (fidelidade e abstinência), à diferença das campanhas pelos preservativos, as quais contribuem para obscurecer ou mesmo destruir o significado do amor humano.

Campanhas para promover abstinência e fidelidade são definitiva e certamente o único remédio efetivo, a longo prazo, para combater a AIDS. Assim não há razão para que a Igreja considere as campanhas que promovem os preservativos como úteis para o futuro da sociedade humana. Mas também a Igreja não pode ensinar que as pessoas que mantêm estilos de vida imorais deveriam evitá-los.

Fonte: «The Tablet», 10 de julho de 2004

Tradução: OBLATVS


MARTIN RHONHEIMER, nasceu em 1950 (Zürich, Suíça), estudou História, Filosofia, Ciência Política e Teologia em Zürich e Roma. Tem Doutorado em Filosofia pela Universidade de Zürich. Em 1983 foi ordenado sacerdote católico (incardinado na Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei). É atualmente Professor de Ética e Filosofia Política na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma.

Alef

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 27 de November de 2010 21:47

Sinceramente não conhecia esse texto, mas é engraçado como tem nos primeiros parágrafos o mesmo tipo de reflexão que eu já tinha feito, relativamente ao "intrinsecamente mau". Acho que é por aí que se deve começar a tratar moralmente, o problema. Mesmo as pessoas não podem ser intrinsecamente más, pois qualquer pessoas que seja totalmente má, não pode existir, porque teria de estar completamente esvaziada de Deus, ou então essa pessoa é ao contrário de Deus, Aquele que não é, o que é um paradoxo.



Editado 1 vezes. Última edição em 27/11/2010 21:48 por vitor*.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 28 de November de 2010 08:47

A única coisa intrinsecamente má é na minha opinião a declaração "qualquer ação que, quer em previsão do ato conjugal, quer durante a sua realização, quer no desenrolar das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação".

Mas não liguem, há quem tenha fases beatas, eu ando numa fase anti-religião... está difícil de passar. Ando um bocado farta dos truques de linguagem, do que é que já não é mas parecia, mas depois já era. Essa estratégia escorregadia e anfíbia não é digna de quem pretende ser interlocutor, é coisa de político sem escrúpulos.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 29 de November de 2010 11:42

"Mas não liguem, há quem tenha fases beatas, eu ando numa fase anti-religião... está difícil de passar. Ando um bocado farta dos truques de linguagem, do que é que já não é mas parecia, mas depois já era. Essa estratégia escorregadia e anfíbia não é digna de quem pretende ser interlocutor, é coisa de político sem escrúpulos."

Não podia estar mais de acordo. Subscrevo na íntegra, assino em baixo e digo que foi a melhor e mais digna coisa que li hoje e neste fórum em muito tempo.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 29 de November de 2010 16:06

Estás de acordo, mas não devias. Os nossos contextos são antagónicos. Chegarmos a um ponto comum é mera coincidência.

A ti irrita-te o papa e quem o defende pois sentes-te traída. O papa a mim não me diz nada, irrita-me quem o defende qualquer que seja a asneira que dita, irritam-me os jogos de cintura a tentar por água na fervura. Há quem goste de viver na penumbra esquecendo que o dia e a noite são bem mais interessantes.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 29 de November de 2010 16:47

Estás a exagerar. Pode ser que o papa te incomode, talvez porque não seja o idiota (obviamente e sabes bem que não te estou a chamar idiota, longe disso), que diz as frases que todos gostamos de ouvir, que agradam a todos de forma a manter algo que nunca foi, nem será cristão: a paz podre. É natural que o que diz, cause escândalo em muitos, mas para mim isso não é sinal de que a igreja esteja em declínio, mas está bem viva, encarnada da pessoa de Cristo e que à imagem de Cristo, escandaliza os fariseus da nossa sociedade, que ainda assim podem ser curados.



Editado 1 vezes. Última edição em 29/11/2010 16:50 por vitor*.

Re: O Papa e a polémica do preservativo
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 29 de November de 2010 17:10

Olha que estamos bem perto uma da outra, acredita. Nunca tão perto. A menos que estejas a tornar-te católica, já que eu sou uma ex a caminho da descrença...

Não pela mera questão papal com os preservativos, que isso até seria ridículo, mas pelo muito profundo que está por detrás disso - tudo ao nível dos princípios e das "verdades" impingidas e que não passam de farsas e mentiras compradas por uns tantos idiotas como eu. Quando caem os alicerces, seja em que assunto for, podemos legitimamente questionar: porque caíram estes e não aqueles? Por que é que X era verdade ontem, hoje é mentira, e com Y não pode ocorrer o mesmo?

E, ainda que não queiramos, torna-se um ciclo vicioso: começas a questionar absolutamente tudo até nada restar das tuas estúpidas "certezas absolutas."

Nunca me senti tão próxima dos ateus, agnósticos e demais questionadores das "verdades" católicas "imutáveis".

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