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Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 12 de July de 2010 19:25

vale a pena, para quem não conhecer, e estiver interessado.


ART. 2 — SE É DEMONSTRÁVEL A EXISTÊNCIA DE DEUS.

O segundo discute-se assim — Parece que não é demonstrável a existência de Deus.
1. Pois, tal existência é artigo de fé. Ora, as coisas da fé não são demonstráveis, porque a demonstração dá a ciência, e a fé é própria do que não é aparente, como se vê no Apóstolo (Heb. 11,1). Logo, a existência de Deus não é demonstrável.

2. Demais — O termo médio da demonstração é a quididade. Ora, não podemos saber o que é Deus, como diz Damasceno. Logo, não lhe podemos demonstrar a existência.

3. Demais — Se se demonstrasse a existência de Deus, só poderia sê-lo pelos seus efeitos. Ora, sendo Deus infinito e estes, finitos, e não havendo proporção entre o finito e o infinito, os efeitos não lhe são proporcionados. E, como a causa se não pode demonstrar pelo efeito, que não lhe é proporcionado, conclui-se que não se pode demonstrar a existência de Deus.
Mas, em contrário, diz a Escritura (Rm. 1, 20): As coisas invisíveis de Deus se vêm depois da criação do mundo, consideradas pelas obras que foram feitas. Ora, isto não se daria, se a existência de Deus não se pudesse demonstrar pelas coisas feitas, pois o que primeiro se deve inteligir de um ser é se existe.

SOLUÇÃO. — Há duas espécies de demonstração. Uma, pela causa, pelo porquê das coisas, a qual se apóia simplesmente nas causas primeiras. Outra, pelo efeito, que é chamada a posteriori, embora se baseie no que é primeiro para nós; quando um efeito nos é mais manifesto que a sua causa, por ele chegamos ao conhecimento desta. Ora, podemos demonstrar a existência da causa própria de um efeito, sempre que este nos é mais conhecido que aquela; porque, dependendo os efeitos da causa, a existência deles supõe, necessariamente, a preexistência desta. Por onde, não nos sendo evidente, a existência de Deus é demonstrável pelos efeitos que conhecemos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A existência de Deus e outras noções semelhantes que, pela razão natural, podem ser conhecidas de Deus, não são artigos de fé, como diz a Escritura (Rm. 1,19), mas preâmbulos a eles; pois, como a fé pressupõe o conhecimento natural, a graça pressupõe a natureza, e a perfeição, o perfectível. Nada, entretanto, impede ser aquilo, que em si é demonstrável e cognoscível, aceito como crível por alguém que não compreende a demonstração.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Quando se demonstra a causa pelo efeito, é necessário empregar este em lugar da definição daquela, cuja existência se vai provar: e isto sobretudo se dá em relação a Deus. Pois, para provar a existência de alguma coisa, é necessário tomar como termo médio o que significa o nome e não o que a coisa é, porque a questão — o que é — segue-se à outra — se é. Ora, os nomes a Deus se impõe pelos efeitos, como depois se mostrará; donde, demonstrando a existência de Deus, pelo efeito, podemos tomar como termo médio a significação do nome de Deus.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Efeitos não proporcionados à causa não levam a um conhecimento perfeito dela; todavia, por qualquer efeito nos pode ser, manifestamente, demonstrada a existência da causa, como se disse. E assim, pelos seus efeitos, pode ser demonstrada a existência de Deus, embora por eles não possamos perfeitamente conhecê-lo na sua essência.

ART. 3 — SE DEUS EXISTE.

O terceiro discute-se assim — Parece que Deus não existe.

1. Pois, um dos contrários, sendo infinito, destrói o outro totalmente. E como, pelo nome de Deus, se intelige um bem infinito, se existisse Deus, o mal não existiria. O mal, porém, existe no mundo. Logo, Deus não existe.

2. Demais — O que se pode fazer com menos não se deve fazer com mais. Ora, tudo o que no mundo aparece pode ser feito por outros princípios, suposto que Deus não exista; pois, o natural se reduz ao princípio, que é a natureza; e o proposital, à razão humana ou à vontade. Logo, nenhuma necessidade há de se supor a existência de Deus.
Mas, em contrário, diz a Escritura (Ex. 3, 14), da pessoa de Deus: Eu sou quem sou.

SOLUÇÃO. — Por cinco vias pode-se provar a existência de Deus. A primeira e mais manifesta é a procedente do movimento; pois, é certo e verificado pelos sentidos, que alguns seres são movidos neste mundo. Ora, todo o movido por outro o é. Porque nada é movido senão enquanto potencial, relativamente àquilo a que é movido, e um ser move enquanto em ato. Pois mover não é senão levar alguma coisa da potência ao ato; assim, o cálido atual, como o fogo, torna a madeira, cálido potencial, em cálido atual e dessa maneira, a move e altera. Ora, não é possível uma coisa estar em ato e potência, no mesmo ponto de vista, mas só em pontos de vista diversos; pois, o cálido atual não pode ser simultaneamente cálido potencial, mas, é frio em potência. Logo, é impossível uma coisa ser motora e movida ou mover-se a si própria, no mesmo ponto de vista e do mesmo modo, pois, tudo o que é movido há-de sê-lo por outro. Se, portanto, o motor também se move, é necessário seja movido por outro, e este por outro. Ora, não se pode assim proceder até ao infinito, porque não haveria nenhum primeiro motor e, por conseqüência, outro qualquer; pois, os motores segundos não movem, senão movidos pelo primeiro, como não move o báculo sem ser movido pela mão. Logo, é necessário chegar a um primeiro motor, de nenhum outro movido, ao qual todos dão o nome de Deus.

A segunda via procede da natureza da causa eficiente. Pois, descobrimos que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis; porém, não concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa eficiente de si própria, pois seria anterior a si mesma; o que não pode ser. Mas, é impossível, nas causas eficientes, proceder-se até o infinito; pois, em todas as causas eficientes ordenadas, a primeira é causa da média e esta, da última, sejam as médias muitas ou uma só; e como, removida a causa, removido fica o efeito, se nas causas eficientes não houver primeira, não haverá média nem última. Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa eficiente, nem efeito último, nem causas eficientes médias, o que evidentemente é falso. Logo, é necessário admitir uma causa eficiente primeira, à qual todos dão o nome de Deus.

A terceira via, procedente do possível e do necessário, é a seguinte — Vemos que certas coisas podem ser e não ser, podendo ser geradas e corrompidas. Ora, impossível é existirem sempre todos os seres de tal natureza, pois o que pode não ser, algum tempo não foi. Se, portanto, todas as coisas podem não ser, algum tempo nenhuma existia. Mas, se tal fosse verdade, ainda agora nada existiria pois, o que não é só pode começar a existir por uma coisa já existente; ora, nenhum ente existindo, é impossível que algum comece a existir, e portanto, nada existiria, o que, evidentemente, é falso. Logo, nem todos os seres são possíveis, mas é forçoso que algum dentre eles seja necessário. Ora, tudo o que é necessário ou tem de fora a causa de sua necessidade ou não a tem. Mas não é possível proceder ao infinito, nos seres necessários, que têm a causa da própria necessidade, como também o não é nas causas eficientes, como já se provou. Por onde, é forçoso admitir um ser por si necessário, não tendo de fora a causa da sua necessidade, antes, sendo a causa da necessidade dos outros; e a tal ser, todos chamam Deus.

A quarta via procede dos graus que se encontram nas coisas. — Assim, nelas se encontram em proporção maior e menor o bem, a verdade, a nobreza e outros atributos semelhantes. Ora, o mais e o menos se dizem de diversos atributos enquanto se aproximam de um máximo, diversamente; assim, o mais cálido é o que mais se aproxima do maximamente cálido. Há, portanto, algo verdadeiríssimo, ótimo e nobilíssimo e, por conseqüente, maximamente ser; pois, as coisas maximamente verdadeiras são maximamente seres, como diz o Filósofo. Ora, o que é maximamente tal, em um gênero, é causa de tudo o que esse gênero compreende; assim o fogo, maximamente cálido, é causa de todos os cálidos, como no mesmo lugar se diz. Logo, há um ser, causa do ser, e da bondade, e de qualquer perfeição em tudo quanto existe, e chama-se Deus.

A quinta procede do governo das coisas — Pois, vemos que algumas, como os corpos naturais, que carecem de conhecimento, operam em vista de um fim; o que se conclui de operarem sempre ou freqüentemente do mesmo modo, para conseguirem o que é ótimo; donde resulta que chegam ao fim, não pelo acaso, mas pela intenção. Mas, os seres sem conhecimento não tendem ao fim sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente, como a seta, pelo arqueiro. Logo, há um ser inteligente, pelo qual todas as coisas naturais se ordenam ao fim, e a que chamamos Deus.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz Agostinho, Deus sumamente bom, de nenhum modo permitiria existir algum mal nas suas obras, se não fosse onipotente e bom para, mesmo do mal, tirar o bem. Logo, pertence à infinita bondade de Deus permitir o mal para deste fazer jorrar o bem.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A natureza, operando para um fim determinado, sob a direção de um agente superior, é necessário que as coisas feitas por ela ainda se reduzam a Deus, como à causa primeira. E, semelhantemente, as coisas propositadamente feitas devem-se reduzir a alguma causa mais alta, que não a razão e a vontade humanas, mutáveis e defectíveis; é, logo, necessário que todas as coisas móveis e suscetíveis de defeito se reduzam a algum primeiro princípio imóvel e por si necessário, como se demonstrou.

(S. Tomás de Aquino, Suma teológica, questão 2 - da existencia de Deus)

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 18 de July de 2010 15:22

A primeira via é muito interessante naturalmente uso-a quando pretendo demonstrar que é racionalmente possível que Deus exista, mas não que Deus existe. É preciso tomar em atenção as tentações do diabo no deserto a jesus e de muitas outras partes da bíblia em que o homem pede a Deus que prove quem diz ser, sendo isto um artifício maligno. Por isso é necessário fazer essa distinção: provamos que é possível que Deus exista, mas não que Ele existe. No entanto existem uns malucos da mecânica quântica que dizem que é possível que aconteçam eventos sem explicação possível, simplesmente acontecem porque acontecem, por uma questão de probabilidade. Para estes eventos não existe motor, pelo menos agora reconhecido. Ainda ontem falava com uma investigadora amiga minha e ela dizia que se algum dia descobrirem que a mecânica quântica é uma grande treta, não ficará desiludida com isso. A mecânica quântica é baseada em probabilidades, por isso é tão mal compreendida. Os físicos gostam de modelos determínisiticos, por isso essa desconfiança toda. No inicio do Universo este estava concentrado num único ponto, ou seja uma enorme quantidade de massa, concentrada em zero volume. E de repente sem motor algum dá-se o bum. Os teístas explicam que foi Deus esse motor, estes malucos da mecânica quântica dizem que foi um destes eventos que acontecem na natureza, ao calhas. Como vêem nunca há uma resposta possível e nunca é possível provar que Deus existe. Mistério divino direi eu.

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 18 de July de 2010 17:17

Citação:
vitor*
Por isso é necessário fazer essa distinção: provamos que é possível que Deus exista, mas não que Ele existe. No entanto existem uns malucos da mecânica quântica que dizem que é possível que aconteçam eventos sem explicação possível, simplesmente acontecem porque acontecem, por uma questão de probabilidade.

Não entendi. Malucos por que? Veja que se vc "prova" a possibilidade, faz muito diferente de trabalhar com "probabilidade", mesmo não quantificada? Algo com 0% de probabilidade não pode ser dito impossível? A separação entre "maluco" e "são" é sempre tendenciosa.

Suponho que conhece a teoria do caos. Ordem e caos não são a mesma coisa? O caos uma ordem não reconhecida e a ordem uma abstração do caos? Por essa via pode-se chegar ao determinismo absoluto, OU existem eventos sem explicação possível e existe o acaso. É uma "explicação" para o inexplicável. rs

Citação:
vitor*
Para estes eventos não existe motor, pelo menos agora reconhecido.

A questão do reconhecimento...

Citação:
vitor*
A mecânica quântica é baseada em probabilidades, por isso é tão mal compreendida. Os físicos gostam de modelos determínisiticos, por isso essa desconfiança toda. No inicio do Universo este estava concentrado num único ponto, ou seja uma enorme quantidade de massa, concentrada em zero volume. E de repente sem motor algum dá-se o bum. Os teístas explicam que foi Deus esse motor, estes malucos da mecânica quântica dizem que foi um destes eventos que acontecem na natureza, ao calhas. Como vêem nunca há uma resposta possível e nunca é possível provar que Deus existe. Mistério divino direi eu.

Enfim, a pretensão da razão humana de compreender tudo sempre termina batendo numa parede.

[]

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 18 de July de 2010 19:16

Olá Vitor.

Eu aprecio todas, mas sobretudo a a terceira.

Não gosto muito da quinta, por me parecer que se baseia bastante num compreensivel desconhecimento cientifico.

Uma outra que não gosto, mas que nem postei, é a prova ontológica: se eu penso Deus, então Deus tem que existir, porque nada maior pode ser pensado.
enfim... não gosto da prova, e não sei bem porquê (no fundo até sei, mas deixa para lá).

Citação:
Vitor
naturalmente uso-a quando pretendo demonstrar que é racionalmente possível que Deus exista, mas não que Deus existe

As provas não pretendem demonstrar Deus, pois Deus não se demonstra.

Tu dizes que é possivel demonstrar que Deus exista, mas não que Ele existe!!
Se reparares bem, continuas no campo do hipotético; ora, as provas pretendem passar da possibilidade para a Necessidade.

As provas não te dizem que é possivel que Deus exista; dizem-te, de vários modos, que Deus é simplesmente Necessário.

Repara: se argumentares com um discurso sobre o qual digas que é possivel que Deus exista, sempre alguém te irá responder que é possivel que não exista.
Por isso, é necessário rever:
Citação:
Por isso é necessário fazer essa distinção: provamos que é possível que Deus exista, mas não que Ele existe.

Citação:
Vitor
No entanto existem uns malucos da mecânica quântica que dizem que é possível que aconteçam eventos sem explicação possível, simplesmente acontecem porque acontecem, por uma questão de probabilidade.

Não vejo anormalidade nenhuma.
Tenho 3 paixões na vida: a minha esposa, teologia (sobretudo bíblica), e astronomia.

A mecânica quantica, tal como as restantes ciências baseadas no empírico, no verificável, no comensurável, ficam-se na análise dos fenomenos. Que aconteçam eventos sem explicação possivel, também não tem nada de fora do comum, ou que possa conflituar com a questão Deus.
É que, com efeito, os eventos, com explicação, ou não, pertencem á contingência: tinham a possibilidade de não existirem e, se existem, são sempre causados, porque poderiam não existir.
Ora, Deus não se entende como um evento, pois o evento acontece, não por necessidade absoluta, mas porque alguma coisa, ou algo despoletou esse evento, para o qual não precisa de haver uma explicação.

Citação:
No inicio do Universo este estava concentrado num único ponto, ou seja uma enorme quantidade de massa, concentrada em zero volume. E de repente sem motor algum dá-se o bum

Contingencia.
A filosofia que aborda a questão Deus (Firefox será mais indicado do que eu; filosofa melhor), não se preocupa sobremaneira com a fenomenologia dos eventos, mas vai à questão do ser!!
Das duas uma: ou o Ser Necessário é o Universo, ou é Deus.
se o Universo, seja em que estágio for, for o ser Necessário, então este não tem a possibilidade de nunca ter existido; é causa eficiente de si mesmo.
Mas, que é o Universo senão um intrincado e complexo evento de multilplas causas e efeitos em si mesmo?
Os entes que compõem o nosso Universo teriam todos a possibilidade de não existirem; isto é óbvio. Se todos os entes que compõem o universo poderiam alguma vez não ter existido, então o universo é radicalmente contingente, não é o ser Necessário. POis que, poderia não existir, mas existe. como tal, a sua causa é fora de si mesmo., porque, se existe, podendo não existir, é causado.

Isto tudo para focar que o "motor" da quantica é uma area de interesse, cujas conclusões são muitíssimo importantes.
O ser Necessário esta aquém do estudo quantico/empírico, porque esse "motor", enquanto objevto de estudo, é empírico, comensurável; logo, não possui a infinitude qualitativa; detém bondade limitada, é ser, e ao mesmo tempo não-ser.

Citação:
Os teístas explicam que foi Deus esse motor

Pois, em minha opinião, é uma posição não só perigosa, como potencialmente herética.

os "motores" podem se suceder no infinito, pois serão infinitamente contigentes.
Esta ideia de Deus a despoletrar o big-bang, sugere (pelo menos a mim) uma ideia de Deus tipo relojoeiro, que faz despoletar a sua obra, e depois pouco tem a ver com ela, deixando-a seguir o seu curso.

Entra-se logo na problemática do ser.
A verdade ontica dos entes causados, teologicamente, depende do Ser, daquele que é o Ser, a fonte de todo o ser. Os entes são "ser", mas não são ser-em-si-mesmos.
Deus não criou; Deus não foi criador; Deus cria, Deus É! Mantém no ser todos os entes.

Citação:
Como vêem nunca há uma resposta possível e nunca é possível provar que Deus existe

Se não há uma resposta possivel, então o cristianismo é absurdo, não é sequer resposta.
Mas já vimos que há respostas possiveis, necessárias.
Possivel de provar Deus, sim, é. Não é possivel é demonstar Deus, nem provar que Deus não existe. Isso não é possivel!

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 18 de July de 2010 20:56

Citação:
firefox
Citação:
vitor*
Por isso é necessário fazer essa distinção: provamos que é possível que Deus exista, mas não que Ele existe. No entanto existem uns malucos da mecânica quântica que dizem que é possível que aconteçam eventos sem explicação possível, simplesmente acontecem porque acontecem, por uma questão de probabilidade.

Não entendi. Malucos por que? Veja que se vc "prova" a possibilidade, faz muito diferente de trabalhar com "probabilidade", mesmo não quantificada? Algo com 0% de probabilidade não pode ser dito impossível? A separação entre "maluco" e "são" é sempre tendenciosa.

Suponho que conhece a teoria do caos. Ordem e caos não são a mesma coisa? O caos uma ordem não reconhecida e a ordem uma abstração do caos? Por essa via pode-se chegar ao determinismo absoluto, OU existem eventos sem explicação possível e existe o acaso. É uma "explicação" para o inexplicável. rs

Citação:
vitor*
Para estes eventos não existe motor, pelo menos agora reconhecido.

A questão do reconhecimento...

Citação:
vitor*
A mecânica quântica é baseada em probabilidades, por isso é tão mal compreendida. Os físicos gostam de modelos determínisiticos, por isso essa desconfiança toda. No inicio do Universo este estava concentrado num único ponto, ou seja uma enorme quantidade de massa, concentrada em zero volume. E de repente sem motor algum dá-se o bum. Os teístas explicam que foi Deus esse motor, estes malucos da mecânica quântica dizem que foi um destes eventos que acontecem na natureza, ao calhas. Como vêem nunca há uma resposta possível e nunca é possível provar que Deus existe. Mistério divino direi eu.

Enfim, a pretensão da razão humana de compreender tudo sempre termina batendo numa parede.

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Eles não são malucos, chamei malucos de uma forma irónica, porque eles de malucos não tem nada.

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 18 de July de 2010 21:13

Se calhar fiz-me entender mal, existir resposta possível existe, só não existe apenas uma, há sempre a hipótese de aceitação ou rejeição da hipótese do crente. Provar que Deus existe da forma, como é provado nas ciências experimentais, não existe, porque isso não pressupõe de forma alguma, a possibilidade de não ser verdade o que anteriormente se provou. O que se busca quando se prova, é que não haja alternativa, ora no caso da existência de Deus, não é possível provar desta forma. Lembro-me quando cristo estava na cruz e os sacerdotes do templo dizem-lhe: "se és Filho de Deus, desce dessa cruz e salva-te". E jesus nada fez. Eu penso que é só uma questão de linguagem porque a diferença entre prova e demonstração não é substancialmente nenhuma. O necessário é que exista mesmo hipótese(que não passa além do campo teórico), caso contrário Jesus teria descido da cruz. Podemos dizer com estas vias que não é absurdo que Deus exista mesmo, mas pode não existir, porque a necessidade de que o Rui fala, pode não ser satisfeita com Deus, mas com outro artificio natural.



Editado 1 vezes. Última edição em 18/07/2010 21:15 por vitor*.

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 18 de July de 2010 21:24

Citação:
O que se busca quando se prova, é que não haja alternativa, ora no caso da existência de Deus, não é possível provar desta forma

Será?

Em relação ao ser Necessário tens 2, só duas, alternativas: ou é o Universo, ou não é!!
Agora, é só avançar na reflexão!

Citação:
porque a necessidade de que o Rui fala, pode não ser satisfeita com Deus, mas com outro artificio natural.

A ser um artificio natural, será um artificio que teve a possibilidade de nunca ser alguma coisa, compreendes? Se a explicação fosse esse artificio, então esse artificio não tinha a possibilidade de não existir: teria que existir necessáriamente: é isso que se chama Deus.

Citação:
Podemos dizer com estas vias que não é absurdo que Deus exista mesmo, mas pode não existir

Nem é uma questão de mostrar uma possibilidade de Deus, mas sim a sua necessidade.

Mas, é evidente que, uma coisa é provar filosoficamente a existencia, a Necessidade de Deus; outra coisa bem diferente, é dizer quem é, ou o que É; isso já pertence ao ambito da Revelação.

A filosofia pode concluir da existencia de Deus, até da sua Unicidade, mas não vai mais longe.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 19 de July de 2010 19:37

Citação:
vitor*
Eles não são malucos, chamei malucos de uma forma irónica, porque eles de malucos não tem nada.

Perdoe-me a leitura fraca :)

Ainda sobre "provas da existência de Deus", vão ter que me perdoar o ceticismo, pois entendo que se se provou a existência de algo então com certeza esse algo não é Deus. Acredito noutro tipo de via, entretanto, que é mostrar a possibilidade e razoabilidade da crença. Também é útil de certa forma, para remover obstáculos para quem quer crer sem para isso ter que abandonar a razão. Pessoalmente tenho alguma desconfiança em "conversões" baseadas em análises de arrazoados. Acredito que podem ser um primeiro passo, mas não o resultado da caminhada. Deus se mostra de muitas formas e pode aproveitar todas as possibilidades para falar aos que ama, mas nada substitui a experiência pessoal do encontro com Ele. Claro que a liberdade do Espírito pode concretizar um encontro pessoal no processo mesmo da busca, mas então esse já teria transcendido o mero encadeamento de raciocínios. A conversão não se dá somente na cabeça, mas afeta o homem todo, e principalmente o coração.

Paz e Bem.

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 20 de July de 2010 15:25

Citação:
Também é útil de certa forma, para remover obstáculos para quem quer crer sem para isso ter que abandonar a razão.

Absolutamente!

Citação:
se se provou a existência de algo então com certeza esse algo não é Deus.

Por isso é que eu sou averso à prova ontologica: quando eu penso Deus, não é Deus na sua essência que eu penso, mas uma certa imagem de Deus ;-)

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 20 de July de 2010 17:04

Citação:
firefox

Acredito noutro tipo de via, entretanto, que é mostrar a possibilidade e razoabilidade da crença.

Sim é o que eu penso.

Re: Provas de S. Tomás de Aquino - Existência de Deus
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 21 de July de 2010 13:46

E pensas muito bem.
É evidente que as provas de natureza filosofica (prefiro chamar-lhes vias) podem me demontrar a razoabilidade, e até mesmo a necessidade de Deus, mas não dizem mais.

O Deus da filosofia pode muito bem continuar a ser um desconhecido, um Ser que, embora Necessário, está lá, na sua necessidade, nada nos dizendo nem deixando de dizer. E porque pode nada dizer? Porque, embora de necessidade razoável, não é verificável, não é demonstrável, nem pode.

Razão e Fé, duas asas do espírito humano, conforme recordou SS João Paulo II na sua encíclica.

Conforme sublinhou Firefox, a Fé não é uma conclusão de natureza intelectual, ou filosofica. A Fé é relação! Se num passado proximo, a Igreja entendia a Fé numa perspectiva mais intelectual, com esquemas rigidos, hoje a Fé é mais abordada sobre o seu aspecto de relação, comunicação, permuta. Relação, comunicação, participação de Vida.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)



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