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Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 07 de May de 2010 21:14

Sobre a doutrina moral não poder ser aplicada a casos individuais – muito cuidado com o que eu não disse e com os casos individuais que são mais que as mães! – leia-se este texto:
[www.opuslibros.org]

Odeio, odeio mesmo, esse deplorável site; mas adoro os documentos que disponibiliza, de magnífico conteúdo doutrinal, secção documentos internos. É a única coisa boa que tem!

A moral prevê casos individualmente considerados, sempre pressupondo-se a recta intenção de quem é obrigado pelas circunstâncias a transigir com o erro.

Ou seja, a teologia moral também sabe discernir entre pecados graves e pecados gravíssimos. Em caso de algo gravíssimo ter que ser forçosamente evitado, o grave pode ser admitido com muitíssimas salvaguardas. Não relativizem o que eu disse, não usem o que eu disse contra a santa lei moral da Igreja!

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 07 de May de 2010 21:26

Citação:
Miriam
Tomai, Senhor, e recebei...
Quer continuar a oração, Firefox?

:)

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 07 de May de 2010 21:53

Este texto do Sagrado Magistério é tão bom que até o vou traduzir para português para outro lugar onde escrevo. Não custa nada voltar a colocá-lo, podia ser a leitura meditativa – e pedindo a Deus as luzes necessárias - de alguns:
[www.vatican.va]

Muitíssimo bom. Refuta, de uma só vez, todas as doutrinas erradas que aqui se defende. É sobre a contracepção e a teologia moral, mas também se aplica – nas suas premissas maiores – à ordenação de mulheres e celibato sacerdotal.

Agora, vamos ao Concílio Vaticano II – como este fórum muda as pessoas...:
Obrigação da formação recta - católica - da consciência e da obediência ao sagrado magistério instituido por Cristo Senhor:
16. No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado.

(...)

Quanto mais, portanto, prevalecer a recta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade. Não raro, porém, acontece que a consciência erra, por ignorância invencível, sem por isso perder a própria dignidade. Outro tanto não se pode dizer quando o homem se descuida de procurar a verdade e o bem e quando a consciência se vai progressivamente cegando, com o hábito do pecado.

(Gaudium et Spes, Concílio Vaticano II)

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 07 de May de 2010 22:05

Obediência ao magistério ordinário:
1 “Deve-se, pois, crer com fé divina e católica tudo o que está contido na palavra divina escrita ou transmitida pela Tradição, bem como tudo o que a Igreja, quer em declaração solene, quer pelo Magistério ordinário e universal, nos propõe a crer como revelado por Deus” (Const. Dogmática Pastor Aeternus, Concílio Vaticano I, Dz 1792).

2 “Nem se deve crer que os ensinamentos das encíclicas não exijam, por si, assentimento, sob alegação de que os Sumos Pontífices não exercem nelas o supremo poder do seu magistério. Entretanto, tais ensinamentos provêm do magistério ordinário, para o qual valem também aquelas palavras: ‘Quem vos ouve a mim ouve’ (Lc 10,16); e, na maioria das vezes, o que é proposto e inculcado nas encíclicas, já por outras razões pertence ao património da doutrina católica. E, se os Romanos Pontífices nas suas constituições pronunciam de caso pensado uma sentença em matéria controvertida, é evidente que, segundo a intenção e vontade dos mesmos pontífices, essa questão já não pode ser tida como objecto de livre discussão entre os teólogos” (SS. PAPA PIO XII, Enc. Humani Generis, n.22).

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 09 de May de 2010 13:40

Bem, o magistério já classificou a contracepção artificial de intrisecamente má, a título definitivo e irreformável.

Aquilo que eu questionei pertence mais ao ambito da moral fundamental, e tem a ver com o dolo, tendo em atenção a circusntância, e a intenção.

Miriam, a tua posição segue a linha do pensamento particular dos pastores para estes casos especificos.

A circunstãncia e a intenção não tornam o objecto moralmente mau em bom, mas diminuem, ou anulam o dolo do agente.

Um aparte, acerca da ordenação sacerdotal de mulheres: a questão já foi definitivamente encerrada por João Paulo II.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 09 de May de 2010 22:47

Claro, Rui, há muitas circunstâncias que atenuam, e mesmo que eliminam em definitivo, a culpa do agente.

Lógico, por isso é que há que analisar com discernimento e amor à norma moral, os casos individuais.

Um abraço

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 09 de May de 2010 23:14

Por exemplo aquela questão da esposa ter que preservar o seu matrimónio: imagine-se a hipotética situação do marido que quer usar sempre preservativo. A esposa deve resistir firmemente; mas, se estiver em causa a conservação do santo matrimónio e o divórcio for cogitado, aí ela deve ceder... por um bem superior ainda... a santidade e sacralidade do matrimónio.

Mas cede sempre aguardando a conversão do esposo e sempre opondo-se firmemente ao acto imoral...

Isto da moral tem muito que se lhe diga e há sempre muito a ser considerado. Sem dúvida, a intenção da pessoa e as circunstâncias fazem toda a diferença.

E não só na moral, também na doutrina.

Se o Rui soubesse os esforços que eu faço para justificar certas coisas a certas pessoas...

É que invento de tudo... isto é que é ginástica... O grave é quando a ginástica é tanta e tão grande que, em nome de uma pretensa contextualização do caso ou da pessoa (considerada e analisada à luz do contexto em que se insere...), se acaba por deturpar o real pensamento de tais pessoas, sempre com vista a salvar-lhes as boas intenções. Ou seja, fazendo-se ginásticas por relativizar ou a doutrina ou a moral, cai-se no risco de considerar que tal e tal pessoa coitadinhas não têm culpa de nada, e vivermos in aeternum a iludirmo-nos com isto, quando na realidade têm e muita...

Coisa complicada esta de tentar avaliar os outros...



Editado 2 vezes. Última edição em 09/05/2010 23:22 por Miriam.

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: luísa (IP registado)
Data: 10 de May de 2010 13:23

A última ratio das opções existenciais em matéria de moral sexual ( ou outra) não é a a obdeiência cega e acéfala a normativisdades bizantinas.

Não há sínodo, nem encíclica papal que se sobreponha à consciência humana, conforme atesta o catecismo:


"§1776 "Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei ressoa no íntimo de seu coração... É uma lei inscrita por Deus no coração do homem.. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz. "

§1777 Presente no coração da pessoa, a consciência moral lhe impõe, no momento oportuno, fazer o bem e evitar o mal. Julga, portanto, as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más.

§1778 A consciência moral é um julgamento da razão pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um acto concreto que vai planejar, que está a ponto de executar ou que já praticou. Em tudo o que diz e faz, o homem é obrigado a seguir fielmente o que sabe ser justo e correto. E pelo julgamento de sua consciência que o homem percebe e reconhece as prescrições da lei divina:

(.....) A consciência é o primeiro de todos os vigários de Cristo[u][/u].
Ou seja, é a nossa cosnciência íntima que devemos "obediência".
Por ùltimo:

§1782 O homem ( a mulher, claro) tem o direito de agir com consciência e liberdade, a fim de tomar pessoalmente as decisões morais. "O homem não pode ser forçado a agir contra a própria consciência. Mas também não há de ser impedido de proceder segundo a consciência, sobretudo em matéria religiosa."

E é precisamente esta liberdade existencial que tanta gente tem medo. Seguem amedrontados a sindicações dos gurus mesmo em áreas tão íntimas e essenciaos como o amor e a fecumdidade. Isso deixa-os tranquilos - e passivos, com aquela beatitude da bovinidade pardacenta.

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 10 de May de 2010 13:34

Já agora, convinha prosseguir o texto do catecismo, no que concerne á consciência erronea:

"1790. O ser humano deve obedecer sempre ao juízo certo da sua consciência. Agindo deliberadamente contra ele, condenar-se-ia a si mesmo. Mas pode acontecer que a consciência moral esteja na ignorância e faça juízos erróneos sobre actos a praticar ou já praticados.

1791. Muitas vezes, tal ignorância pode ser imputada à responsabilidade pessoal. Assim acontece «quando o homem pouco se importa de procurar a verdade e o bem e quando a consciência se vai progressivamente cegando, com o hábito do pecado» (57). Nesses casos, a pessoa é culpada do mal que comete.

1792. A ignorância a respeito de Cristo e do seu Evangelho, os maus exemplos dados por outros, a escravidão das paixões, a pretensão de uma mal entendida autonomia da consciência, a rejeição da autoridade da Igreja e do seu ensino, a falta de conversão e de caridade, podem estar na origem dos desvios do juízo na conduta moral.
1793. Se, pelo contrário, a ignorância é invencível, ou o juízo erróneo sem responsabilidade do sujeito moral, o mal cometido pela pessoa não pode ser-lhe imputado. Mas nem por isso deixa de ser um mal, uma privação, uma desordem. É preciso trabalhar, portanto, para corrigir dos seus erros a consciência moral.

1794. A consciência boa e pura é iluminada pela fé verdadeira. Porque a caridade procede, ao mesmo tempo, «dum coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera» (1 Tm 1, 5) (58).

«Quanto mais prevalecer a recta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade» (59).

Uma questão de consciência... certa ou errada!

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 10 de May de 2010 15:17

Rui,
boa sorte!

E muita paciência!
Mas aviso-lhe já que não vale a pena... A Luísa Só interpreta como quer e, geralmente, tudo ao contrário!

rsrsrs

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: luísa (IP registado)
Data: 10 de May de 2010 17:30

Naturalmente que o texto colocado pelo Rui em nada invalida os postulados anteriores.
Ou o enunciado de que a consciência intima de prevalece sobre normativos doutrinários avulsos, assim como o direito de agir com consciência e liberdade, a fim de tomar pessoalmente as decisões morais .

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: M. Martins (IP registado)
Data: 10 de May de 2010 17:38

Olá Cassima e demais amigos.

Cassima, perguntas o que se passou comigo entre o meu elogio ao livros do Ariel Valdéz e a minha actual posição de repúdio pelos textos dele.

Passou-se uma série de coisas, entre as quais a leitura de cerca de uma dezena de obras de teólogos de renome, e o facto de praticamente quase nunca concordarem entre eles quanto a questões fundamentais.

A gota de água tem sido as opiniões do Carreira das Neves.

Não me quero alongar sobre aquilo que ele escreveu, até porque penso que a maioria dos frequentadores deste Fórum ou já leu as obras dele, ou está familiarizado com as suas posições teológicas.

Justiça lhe seja feita, o estudo que ele faz ao Apocalipse foi um dos mais interessantes que eu já li.

No entanto, também há ”pérolas” como aquelas em que ele afirma que os relatos das aparições de Cristo Ressuscitado são apenas “relatos de fé”, e “catequeses” da igreja primitiva.

Também há uma outra em que ele afirma que Deus não falou com Moisés na sarça ardente, e que, mais ainda, Deus nada falou no Antigo testamento, mas que foi o povo de Israel que colocou as palavras na boca de Deus.

Uma frase dele fez-me pensar. Foi algo do género: “Quanto a esta passagem bíblica, encontramos tantas opiniões diferentes, que podemos afirmar que cada exegeta tem a sua opinião”.

Daí, que eu comecei a sentir algum repúdio pelas ideias e opiniões dos ditos especialistas.

Fazem –me passar a imagem de uma autópsia, em que uma dezena de exegetas autopsiam as Escrituras como se estas fossem apenas um objecto de experimentação, em que mexem e remexem, e acabam por estragar.

Foi isso que aconteceu. Acabei por desvalorizar as opiniões destes senhores, pois tudo não passa de hipóteses e teorias. (Ou quase tudo).

Penso que a leitura de uma boa tradução da Bíblia, (bem comentada), e do Catecismo são mais do que suficiente.

Este Domingo até gostei da homilia do Padre.

Entre outras coisas, disse que Fátima e as procissões nada representam para o catolicismo. O essencial é a Missa, com a leitura da Palavra e a Eucaristia. E que o essencial é, sobretudo Cristo, pois como Maria afirmou: “ Fazei tudo o que Ele vos disser”.

Há grande Padre. Esse é cá dos meus.

M. Martins

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 10 de May de 2010 20:38

Luísa,
já todos abemos que não sabes interpretar textos. Podias, unicamente por amor próprio, por amor a ti mesma, não gostar de fazer tais figuras. Toda a gente fica a saber que não sabes interpretar e isso só te prejudica a ti.

Pela mais pura e transparente caridade, sem qualquer ironia, digo-te: não faças estas figuras tristes...

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 12 de May de 2010 18:40

Viva.

Olhai que Carreira das Neves, comparado com Armindo vaz, é bem mais moderado.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Miriam (IP registado)
Data: 14 de May de 2010 23:36

rsrsrsrsrs nunca li o Armindo, suponho que deve dizer umas lindezas católicas... para o Carreira das Neves ser melhor, ou menos pior...

Jesus!

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 15 de May de 2010 15:37

Armindo vaz nega o pecado original... é popular só por isso!

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: M. Martins (IP registado)
Data: 15 de May de 2010 17:06

A propósito:

Depois de uma conferência, no período das perguntas, uma senhora atirou-me: "Sempre é verdade o que dizem: o senhor nega dogmas da Igreja!" Pedi-lhe para dar exemplos. Ela: que tinha negado o dogma do pecado original.

Aí, perguntei-lhe se tinha filhos. E ela: "Sim, tenho duas filhas." Dei-lhe parabéns sinceros e desafiei-a a dizer-me se acreditava sinceramente que as duas filhas tinham sido geradas em pecado e que ela tinha andado nove meses de cada vez carregando com duas filhas em pecado dentro dela. Ela: "Nem pense nisso! É claro que não."

Fiquei então, mais uma vez, a saber que, frequentemente, há na religião o que se chama dissonância cognitiva: afirma-se uma coisa, mas realmente não se acredita nela, porque se pensa outra coisa. Aquela senhora, confrontada com a questão, viu claramente que não podia acreditar que uma criaturinha inocente, concebida com amor, tivesse sido gerada e tivesse nascido em pecado, um pecado de que não era autora nem culpada. Mas ao mesmo tempo acusava de heresia quem dissesse o contrário do que lhe ensinaram que devia dizer, sem pensar. Ora, a fé não pode entregar-se à cegueira, abandonando a razão.

O pecado original não se encontra na Bíblia. Segundo o exegeta Armindo Vaz, a "transgressão" mítica de Adão e Eva "não implica um juízo de ordem ética ou moral nem permite a sua interpretação como 'pecado', 'falta' ou desobediência moral". Como foi possível essa interpretação moral, se, na lógica dos mitos de origem, a natureza humana ainda estava em processo de criação e as acções do casal primordial são precisamente para "complementar a criação da sua condição humana: 'comer da árvore do conhecimento' (aquisição do conhecimento), cobrir a nudez (aquisição da civilização), sentença divina, decreto de morte e expulsão (aquisição da condição de sofredor, mortal e trabalhador)"?

Já o filósofo Hegel tinha interpretado a saída do "paraíso terreal" como a passagem da animalidade à humanidade. O pecado original foi elaborado essencialmente por Santo Agostinho, com a finalidade de evitar a atribuição do mal a Deus. Para ele, foi com o pecado de Adão e Eva que veio ao mundo todo o mal, incluindo a morte, e, com esse pecado, transmitido de geração em geração, a Humanidade toda tornou-se "massa condenada" ao inferno, do qual só alguns são libertos pela graça imerecida de Deus.

Esta concepção agostiniana teve pesadíssimas consequências no Ocidente e no mundo. Escreveu o filósofo cristão P. Ricoeur: "Nunca se dirá suficientemente o mal que fez à cristandade a interpretação literal, melhor, historicista, do mito adâmico, ao levá-lo à profissão de uma história absurda e às especulações pseudorracionais sobre a transmissão quase biológica de uma culpabilidade quase jurídica da falta cometida por outro homem, castigado na noite dos tempos, algures, numa fase da evolução entre o Pitecantropo e o homem de Neandertal."

Santo Agostinho não hesitou em deixar cair no inferno as crianças que morriam sem baptismo, entrando assim no Ocidente uma concepção bárbara de Deus. Como foi possível conceber um Deus que teria castigado a Humanidade inteira com o calvário todo da História e o inferno por causa de um único pecado de seres humanos ainda no dealbar da consciência? E como poderia aceitar-se a condenação eterna de crianças inocentes, a não ser que recebessem o baptismo?

O limbo apareceu na Idade Média para atenuar esta crueldade. Assim, as crianças sem baptismo ficavam privadas da visão de Deus, mas não eram condenadas ao inferno. Erguia-se, porém, legítima, a pergunta: não se trataria ainda de um castigo?, e como poderia Deus, infinitamente poderoso e bom, estar dependente, em ordem à salvação, de uma concha de água?

Já em 1984, J. Ratzinger afirmara que o limbo era uma mera hipótese teológica. No passado dia 19 de Abril, o agora Papa Bento XVI aprovou um documento de 41 páginas, preparado pela Comissão Teológica Internacional, que acaba com o limbo e abre as portas da salvação às crianças que morrem sem serem baptizadas.

In DN por

Anselmo Borges

padre e professor de Filosofia12 Maio 2007

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 15 de May de 2010 17:31

O que é o pecado original?

Nunca li nada escrito por esse Armindo, nem sei de quem se trata, só queria saber o que ele entende como pecado original para saber o que é que foi negado.

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 15 de May de 2010 18:16

Esse Armindo é este Armindo.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Qual será a Verdade?
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 15 de May de 2010 18:48

"A preguiça é a mãe de todos os vícios"
Se calhar a preguiça é o pecado original e para nos redimirmos há que trabalhar, até porque somos seres em evolução.

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