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Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: ana (IP registado)
Data: 23 de March de 2004 20:01

A paixão mata.
Um espectador deste filme morreu no brasil ao assistir á projecção, de enfarte do miocárdio. Mais uma boa razão para nem me aproximar do cinema...
à procura de nemo é muito melhor... e é uma bela metáfora sobre o amor de um pai...

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 24 de March de 2004 21:14

Caro Ana

Sinceramente

Não vai ver o filme mas não pára de lançar criticas ao filme e ao realizador.

Tantos tópicos interessantes neste forum e o meu amigo só se interessa por este. Faz lembrar aqueles opinion makers que mesmo não sendo Cristãos não perdem uma oportunidade para ir a um qualquer debate na TV defender que o Papa deve abdicar.

Só se deve dizer mal do que se conhece.

Abra o seu coração e vá ver o filme, será que tem medo de se converter?

O pior que pode acontecer é não gostar...

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Amadeu (IP registado)
Data: 27 de March de 2004 12:12

O Evangelho de Cristo segundo Mateus, marcos, Lucas ou João, é a história e a mensagem de Cristo, narrada por esse evangelista, segundo o seu conhecimento e a sua sensibilidade e visão do caso. Inspirado pelo Espírito Santo.
Quando um catequista faz uma narração da Bíblia, segundo as suas palavras, com fidelidade à mensagem dos Evangelhos inspirados, está também a narrar a Palavra.
O filme de Mel Gibson e colaboradores é uma narração dos factos relatados no Evangelho. Tal como acontece com vários quadros de pintores, por exemplo do Renascimento. É narração da Palavra.
O que interessa verdadeiramente é a mensagem. E, por mais voltas que procurem dar-lhe, ela coincide com a dos evangelistas.
Onde não hover coincidência de mensagem, digam, por favor, se forem capazes (sem invenções demagógicas, que não levam a lado nenhum, porque este é um fórum de gente capaz de pensar e não se deixar enganar facilmente).
Quem fala do que não sabe (comentar um filme que «diz» e «rediz» não ter visto, por exemplo) normalmente diz asneira. E é o que vem acontecendo com alguns intervenientes que parece sofrerem da tal crise de rebeldia da adolescência que nalguns casos se vai prolongando pelos anos fora, impedindo a visão clara das coisas.
Quem tiver olhos que veja.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 28 de March de 2004 23:53

Caro Amadeu,

Concordo contigo quando dizes que o importante no filme é a mensagem que passa para os que o vêem. Mas fico com uma dúvida quando dizes que a versão de Mel Gibson é a narração dos Evangelhos, pois nele, no Evangelho, não encontro alguns aspectos do filme. Por exemplo, como já disse anteriormente:
Citação:
2. Jesus Cristo cai de uma ponte enquanto caminha, após ter sido preso pelos Romanos. Trata-se de um facto que não é confirmado pela Sagrada Escritura.
Não estou com isto a tirar valor ao filme, apenas acho que é importante que as pessoas saibam distinguir a versão do Mel Gibson, da versão original, e como já foi aqui transcrito, «Desde logo é um filme católico; mas não é o filme católico, por mais que alguns quisessem convertê-lo em uma versão oficial canónica da Igreja.».
Luis


Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 29 de March de 2004 22:23

Coloco só esta notícia, vendo que tenho aqui bastante para comentar, que farei em breve, se Deus quiser.

Mas digo desde já que o tal brasileiro que supostamente morreu de enfarte a ver o filme (podes dar a fonte, ana? é que tem havido crítica cerrada contrária ao filme no Brasil), não é o único, logo nos EUA após a estreia houve uma notícia semelhante com uma senhora. Mas aqueles que "morrem" fisicamente contam-se pelos dedos, ao passo que aqueles que morrem espiritualmente, mortos para o pecado e vivos para Deus, são cada vez mais milhões de pessoas, que reavivam a sua fé como nunca, outros que a descobrem e partem em busca. Deixo aqui um caso interessante.


Jovem confessa assassinato depois de ver “A Paixão de Cristo”


WASHINGTON DC, 26 Mar. 04 (ACI).- Ver o filme “A Paixão de Cristo” despertou o arrependimento em um jovem de 21 anos de idade para confessar que há dois meses assassinou sua namorada que estava grávida e convenceu a família de que foi um suicídio.

Em 7 de março, Dan R. Leach se apresentou voluntariamente ao xerife do condado de Fort Bend, Texas, para revelar seu crime e aceitar seu castigo.

Segundo informou o detetive Mike Kubricht, o assassinato era quase perfeito e todo os indícios confirmavam a hipótese do suicídio. Em seu crime, utilizou luvas e não deixou nenhum rastro de DNA.

A mulher, identificada como Ashley Nicole Wilson, morreu enforcada, consumia antidepressivo, estava grávida de Leach e apareceu uma “carta” que justificava a decisão. Sua mãe encontrou o corpo em 19 de janeiro.

Entretanto, Leach confessou que planejou tudo. O motivo, para as autoridades, é que não queria o filho.

Para surpresa das autoridades, Leach disse que se arrependeu do que fez depois de ver o filme “A Paixão de Cristo” e com a ajuda de um amigo, entendeu que para redimir-se deveria confessar seu crime.

Fonte: [www.acidigital.com]

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de April de 2004 10:14

Aqui fica uma opinião de um teólogo, que me parece tocar um ponto importante do ponto de vista teológico. Não me manifesto, porque não vi o filme.
Alef

Mel Gibson: o Desporto Radical da Paixão


As feridas, numa citação de Isaías, dão o mote ao filme. São o ponto de partida deste cinéfilo. É uma opção e os artistas fazem as que querem. Mas formalmente não se adequa à realidade, já que o Jesus de Nazaré quando no início da vida chamou Isaías a testemunho, escolheu os célebres versículos - vim libertar o cativo, o pobre, o afamado.

Mas nesta representação da paixão de Cristo não há qualquer libertação, só existe opressão. O sofrimento redentor é exaltado e sacralizado como centro da vida.

O demónio tem o mundo cativo, e na cena final ficará preso na lama, na rocha do Gólgota. O mundo está cativo do demónio e para o libertarmos temos de pagar o resgate. Assim pensavam os medievais. Que muitas vezes também pensavam que o demónio é figura de mulher. Mel Gibson desde o início a coloca rastejando como serpente no início do filme no jardim das oliveiras. Depois, e durante a interminável flagelação, aparecerá com um "feto" nos braços para evocar a luta contra o aborto.

Isto para não falar nas hollywoodescas imagens que põem o Jesus de Nazaré a "surfar" por cima e por baixo da cruz como se fosse um "superman" da dor, a praticar o desporto radical da paixão.

Em todo o filme só se salva a figura da Virgem Maria pela dignidade com que atravessa o filme, em nada cedendo à histeria das populaças judia ou romana. Como num "travelling", o olhar surpreso da Virgem ao longo de toda a paixão, como que transporta uma dupla pergunta. Ao destino e ao realizador. Que fizeram ao meu filho? Para que estão a fazer isto ao meu filho?

A maldade do mundo, e dos homens entre si está presente nos romanos e nos judeus. Assim a culpa fica diluída. Não se preocupem com o eventual sionismo. Essa polémica é só para esconder a opressão ideológica que o filme quer impor. O seu inconfessado fundamentalismo.

Porquê então este filme? Mostrar que se no mundo há violência - Jesus ao vivê-la de forma excessiva, nos limites - sacraliza-a. Isto é, a violência que se reclama de Jesus é justificada, legitimando-a pela redenção que traz consigo. Mas só esta violência é santa. Só esta se pode impor porque tem o sinal de Jesus de Nazaré. Ela justifica a dominação do homem sobre a mulher, e serve de matriz para esta e outras vertentes do fundamentalismo cristão quaisquer que sejam as suas realizações num dado momento da história. Esta força, apoiada nesta violência vale porque é nossa, porque repete a força das feridas de Jesus. É caso para dizer que esta mensagem está ferida de morte numa perspectiva evangélica libertadora!

Por fim, as imagens da ressurreição em vez de olharem ao alto e de irradiarem luz, mostram-se num lençol amarfanhado num ambiente sempre sombrio e fazendo com que o actor que representou Jesus saia de cena de cócoras, qual terráqueo, pela direita do ecrã e mostrando a ferida na sua mão direita.

Os cinéfilos, os críticos de arte, dirão o que entenderem da obra. Ao artista de exprimir a sua arte, como se disse no início. Agora fazer deste filme um instrumento de evangelização é que suscita sérias reservas.

Sacralização da violência, o mal representado pelo andrógino-mulher, a ausência de testemunho do bem e qualquer referência ao lado positivo da criação, fazem deste filme, na minha opinião, um péssimo testemunho da mensagem evangélica, que se quer libertadora do pecado e da opressão.

Por LUÍS DE FRANÇA, teólogo dominicano
«Público», Sábado, 10 de Abril de 2004
[jornal.publico.pt]

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 10 de April de 2004 15:03


Que coisa!! Tinha já escrito os meus comentários ao que se tem dito por aqui, mas ao fazer a pré-visualização vi que me faltava uma citação, voltei atrás e perdi o texto... :o( Mais uma sugestão para o fórum: que o sistema permita que os textos escritos na caixa de mensagem se mantenham ao andar com o browser para trás e para a frente... Não sei se é possível, mas já me poupava uma boa meia-hora e um certo dissabor, mas também devia ter prevenido a acção com uma cópia do texto para o clipboard. Enfim, isto para dizer que ainda terão de ficar para depois os meus comentários...

Desde já vejo que a última citação de imprensa, deixa bastante a desejar, provando mais uma vez que a qualquer teólogo lhe pode faltar o equilíbrio do bom-senso e mesmo algum conhecimento, ao falar do que não sabe («Jesus de Nazaré a "surfar" por cima e por baixo da cruz »??).

Tenham todos uma Santa Páscoa,
João Oliveira

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 10 de April de 2004 15:07

pra mim é tempestade em copo de água todas essa críticas em respeito do filme do mel gibson. é apenas um filme, claro comtem fatos biblicos mas como eu falei apenas um filme. em um filme eu acho que todos tem o direito de expressar o que sente. independente de ele ter ou não contesto biblico. fiquem na paz. apoio a liberdade de expressão de todos os artistas. se foi oi não daquelei jeito paciencia povo.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 10 de April de 2004 15:17


Ah, já agora, não entendam o que disse sobre certos teólogos como uma crítica anti-clerical semelhante a muitas que são ditas (por vezes "vomitadas") neste e noutros fóruns. Acho que a opinião até nem está mal escrita, mas falta corrigir-lhe a perspectiva.

Mais uma vez, a incompreensão do sacrifício do Cordeiro Pascal, sobre o qual acho necessário uma atenção séria e reflexiva. E orante, sobretudo.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 13 de April de 2004 22:52

não sei que tipo de dificuldade as pessoas encontram em entender que a morte de cristo siguinificou a salvação do mundo. ele morreu por nossos pecados, nos livrou deles . o que é que ta faltando para compreender isso???

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 13 de April de 2004 23:03

Caro Rodrigo,

A salvação do mundo vem pela vida de Cristo, não pela sua morte.
A morte do corpo terreno é uma mera consequência da Incarnação. Ao fazer-Se homem, vive igualmente a morte humana.
É igualmente o corolário da Sua vida.
Cristo é o caminho, a verdade e a vida.
Não é o atalho, a mentira e a morte.

João (JMA)

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 19 de April de 2004 22:48

é claro que vem pela vida, mas antes ele morreu para nos salvar de nossos pecados e depois ressucitou no terceiro dia, é claro que se ele estivesse morto ele nada mais poderia fazer para nós pois da morte ninguém volta até o dia do juizo final. ou vc acha que a morte dele foi em vão????? parece que pra você cristo morreu em vão. sinto muito se vc pensa assim. quando ele morreu ele disse, está consumado, ou seja acabou. acabou pecado possessão e tudo o que satanas fazia de mal a nós. ou vc não entendeu que foi isso????é meu amigo acho melhor vc rever seus conceitos hein.satanas é foi e será um eterno derrotado até o dia do juizo se vc não cre nisso paciencia. fique na paz

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: paula (IP registado)
Data: 20 de April de 2004 21:45

A teologia da paixão como sacrifício, em que jesus é uma espécie de bode expiatório dos pecados da humanidade é uma construção teológica muito recente e marginal.

Nos oito primeiros séculos do cristianismo, não havia representaçãos do crucificado nem o processo de crucificação em si mesmo era valorizado.
Os primeiros cristão estavam centrados no cerne da mensagem do Evangelho - e a mensagem não era a morte, era a Ressurreição.

Até ao século XII, as representações que existem do jesus crucificado não são as de um homem sofredor ou agonizante são as de um deus na sua glória. Se puderem observar ícones ortodoxos medievais verificarão isso.

Só a partir do século XII começam a surgir representações e imagens do cristo crucificado sofredor e agonizante, tendência que se vai acentuar até ao século XIV. Surge assim uma devoção com características muito especiais, um grande pietismo, uma grande emoção á volta do tema da paixão, representações teatrais, os sermões de sexta feira santa, um grande dolorismo...
Esta visão da morte de Jesus, curiosamente é recuperada no século XIX, pela corrente pietista. Valoriza-se a morte, o sofrimento, o dolorismo e não a ressurreição e a vida...

A seita de Mel gibson e o seu filme panfletista enquadra-se nesta visão. Querer absolutizar uma única forma de linguagem devocional em detrimento da espiritualidade e da teologia cristâs é redutor e pode afastar-nos da verdade.

A morte de Jeusus - a paixão- não tem valor em si mesma, ela existe e explica-se pela vida de Jesus.

O que é que nos salva?
Que jesus tenha sido bárbaramente torturado e que tenha sofrido muito ou que ele nos tenha comunicado uma amor que nos reconcilia com a vida?

O mérito está no amor e não na dor! É o amor que nos salva e não a quantidade de sangue derramado...

Não se trata de ter um bode expiatório, a pagar por mim ou pelos meus pecados!

é verdade que estamos numa "cultura de bode expiatório" por isso o filme do mel gibson se vendeu tão bem. Este conceito emotivo, individualista, pietista da paixão é confortável.

Mas a Paixão é outra coisa .

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 21 de April de 2004 15:30

Não será preciso ir ver o filme para saber que a intolerância dos religionistas é coisa antiga que infelizmente perdura; por vezes é tão aguda que se torna sádica.
Mas é o amor que nos chama à vida e a liberdade à salvação.
\O/\O/\O/,
AOMSoares

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Hugo (IP registado)
Data: 21 de April de 2004 17:14

Paixão: do latim Passione, sofrimento

Eu vi. Quatro vezes. Gostei. Muito.

Falar deste filme, será sempre uma tarefa algo árdua, ingrata e, talvez, desnecessária. Não porque o filme não mereça que se fale dele... Pelo contrário. Antes, porque, por mais tinta que gastemos a falar dele, nunca conseguiremos suplantar a magnificência da mensagem que transporta... ainda que possamos chegar à conclusão que não é aqui fiel, ou totalmente, passada.

É um filme violento. Eu diria brutalmente violento. Isso não é nada de extraordinário. Nem para as crianças é novidade, habituadas que estão a verem tudo na televisão, num tempo em que até os desenhos animados e os jogos de vídeo vendem, tanto mais, quanto mais sangue e violência contiverem. Isto são os dias de hoje. O que me chocou não foi o sangue. O que chocou muitos dos católicos com quem falei, não foi a flagelação interminável. O que nos chocou foi descobrir que temos consumido uma versão muito light da Paixão de Cristo. Ver como tudo, provavelmente, aconteceu, mexe connosco... obriga-nos a rever a nossa relação com Ele... Porque, para nós, aquele não é um homem qualquer... Nós conhecemo-lO. Temos uma relação de intimidade com Ele... Vendo todo este sofrimento, sentimos compaixão pelo homem que teve ainda mais compaixão por nós.

Depois do parágrafo anterior, será fácil perceber-se que este é um filme para "iniciados". Quer isto dizer que, quem "entende" o motivo do sofrimento de Cristo, mas com um leve sorrisinho descrente, de canto de boca, não verá para além das imagens. O filme dificilmente converterá pessoas que não sejam, já, preferencialmente católicas. Os que acharam que não tinha "história" continuarão a achá-lo e encontrarão apenas violência e uma visão, talvez, distorcida de um católico tradicionalista. A "chave" para compreender o filme não está no filme. É-nos dada. Antes.

Tenho lido algumas críticas e, desculpem dizê-lo, estou pouco interessado em saber se os actores são intocáveis nas suas pronúncias do latim e aramaico... estou pouco interessado em saber se os sacerdotes usavam, ou não, aquelas vestes fora do templo... estou pouco interessado em pormenores técnicos que não nos mostram nada. "O essencial é invisível aos olhos".

Tão maior é o exemplo de Maria... Tão mais ricos são os olhares consoladores dessa Mãe que nada mais anseia para além de aliviar o sofrimento do seu filho. Maria, aqui, sofre como mãe. E que mãe não sofre e não sente vontade de chorar com Ela? Presenciou tudo como quem entendia e esperava o que se estava a passar: "Meu Filho, quando, como e onde, quererás Tu acabar com tudo isto?". Esta é a mesma mãe que limpa do chão o sangue precioso do seu filho. A mesma que deseja correr para Ele, abraçá-lO, consolá-lO e que, ao mesmo tempo, se detém, resguardando-se na sua dor, como quem ganha coragem...

Tão mais interpelante é a expressão do soldado a quem Pedro corta a orelha. Tudo para aquele homem deixa de fazer sentido a partir do momento em que Jesus lhe toca... Todas as suas motivações, certezas, prioridades, tudo tem de ser questionado. Algo de maior, algo de único o transformou. Como a nós. Jesus.

Tão mais inequívoca a caminhada de Simão de Cirene. Não conhecia Jesus... Não queria levar a cruz... Mas fez caminho. E fazer caminho com Jesus transforma um homem. Qualquer homem. E aquele que não queria dar o primeiro passo, é o mesmo que não quer arredar pé do Senhor ao chegar ao Calvário. Não importa em que momento Ele nos fita com o Seu olhar... Não importa como Ele entra nas nossas vidas... Quando entra, reedifica-nos.

Tão mais intrigante é a chamada de atenção do ladrão bom. "Vede, Ele reza por vós!" Nada mais faz sentido. Este momento rompe com o carácter rotineiro destas execuções. Os olhares dos presentes são reveladores. Nota-se o desconforto. Quantos crucificados rezaram, antes, pelos seus executores? Quantos suplicaram a Deus que os perdoasse? Que homem é este, que até ama os que O matam?

Tão mais significativa a presença do Tentador. O que separa. Nem homem, nem mulher... Confunde. Como é suposto. Sempre presente, a sua primordial missão é convencer Jesus de que não é possível cumprir a Vontade do Pai. Tenta separar o homem, do Deus. Nenhum homem pode carregar os pecados do Mundo. Sempre discreto, em segundo plano, mas sempre presente a apontar o caminho mais fácil...

Tão mais profundas as presenças de Maria Madalena e João. Seguidores fiéis, que choram a morte de quem lhes deu vida. Vida abundante. Vida com sentido. Porque isto de ser, por Jesus, chamado a viver uma vida nova, seguindo as Suas pisadas tem que se lhe diga. Como, então, poderiam conceber a ideia de perderem o Mestre? A quem iriam, então, se só Jesus tinha palavras de Vida? Em Maria Madalena, a gratidão de quem experimentou o poder do perdão de Deus; em João a certeza de ter sido amado.

Tão mais reveladoras são as palavras e acções de Jesus: o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas. O cordeiro que não grita, não argumenta, não resiste... O mesmo que lavara os pés aos discípulos, fizera inúmeros milagres e fora acolhido como rei à entrada em Jerusalém. Esse mesmo. Agora entregue como criminoso. Condenado pelo crime de ser quem era. Filho de Deus. O mesmo que fala de Verdade a Pilatos... O que se mantém silencioso, incomodativamente silencioso, perante Herodes... "O Caminho, a Verdade e a Vida" dá livremente a Sua vida. Derrama livremente o Seu precioso sangue. Porque ama. Porque NOS ama.

Quem quiser prender-se com os tais aspectos técnicos, poderá fazê-lo. Muitos serão os defeitos e as imprecisões que, provavelmente, encontrará. Quanto a mim, mesmo nas minhas limitações, prefiro ir mais além. Porque vi a mais perturbante e fascinante representação de algo absurdamente belo e misterioso. O filme, é só um pretexto para se falar disso.

Hugo

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Hugo (IP registado)
Data: 21 de April de 2004 17:21

Sim Paula...
Mas conseguiríamos perceber o "tamanho" do Amor, sem vermos o "tamanho" do sofrimento?

É bonito ver que percebemos que a Vida, a Ressureição é que contam... mas vê-los-iamos se Jesus tivesse morrido de outra forma? Se a Paixão não se tivesse passado como se passou (aliás, sem muito de original, a não ser o tal Amor de que fala. O Amor de quem pede perdão para os que o matam...)?

Acho que os nossos olhos não estariam preparados para perceber o tamanho desse pedido de perdão, se não tivessem visto o tamanho do sofrimento. Paixão é isso. É sofrimento. Cristo venceu esse sofrimento. Mostrou que é possível a vitória da vida sobre a morte...

Cristo deu a Sua vida. E pede-nos que façamos o mesmo, dando a nossa. Sem falsa piedade à mistura... A cada Eucaristia, é o NOSSO corpo que é partido no altar.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: paula (IP registado)
Data: 21 de April de 2004 17:58

Se Jesus tivesse morrido de uma doença ou de uma acidente súbito, seria por isso que a sua mensagem não teria valor, ou teria menos valor??

Claro que não.

A morte de Cristo é o resultado da violência humana, da liberdade humana.

Não é o resultado da vontade de um deus sádico que precisa de sangue para perdoar.

quem tem esta visão de deus obviamente não fala do deus pai, do abba que jesus veio revelar e, obviamente não é cristão.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 14:17

ola hugo saiba que eu discordo com a idéia de que paixão é sofrimento, pois não é. ele não sofreu por causa da paixão, mas sim por que o "povo" o maltratou durante toda a sua trajetória até o monte do calvário, quem fez ele sofrer foi nossa ignorancia, e não a paixão dele por nós entedeu ,pois ele não merecia ser surrado e nem humilhado, ok fique na paz

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Hugo (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 18:48

Caro Rodrigo,

Paixão, vem do latim passione, que significa sofrimento. Quando falamos da "Paixão de Cristo" é disso que falamos.

Essa "paixão dele por nós" de que fala é o Seu AMOR por nós. A palavra PAIXÃO é que é hoje usada com outro sentido.

Também sei que Jesus morreu e sofreu pela maldade dos homens. Sujeitou-se a isso porque nos amou. Claro que não o merecia e podia ter-se livrado disso com um piscar de olhos. Mas não o quis fazer. Sofreu a pior morte, para entrar na maior glória. Tudo isso, por nós.

Hugo

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 23:05

certo, mas não é por que ele sofreu que vc tenha que sofrer tb, pois quem gosta de sofrer pra mim são os masoquistas sabe. lóico que não estou falando que vc é um não entenda por esse lado ok.pois o sofrimento tb éum tipo de caminho ou seja só sofre quem quer fique na paz.

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