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Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: TORQUEMADA (IP registado)
Data: 23 de February de 2004 19:02

As legendas vão ser em LATIM LINGUA OFICIAL DOS CRISTÃOS
Para assegurar que não há heresias estou eu a traduzir...

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: TORQUEMADA (IP registado)
Data: 23 de February de 2004 19:34

NARRATIO

Passio est ecphrasis cinematograhica actuosa atque vivida, ostendens ultimas duodecim horas vitae Iesus Christus.

Anno Domini circiter triginta, in Palaestina provincia Romani Imperii, faber quidam Judaeus e humili vico Nazareth publice docere coepit, declarans quoddam Regnum Dei iam advenire in mundum. Iamdudum autem per saecula exspectabant Judaei liberatorem sibi a Deo promissum, "Messiam" nuncupatum (quod significat "Princeps Unctus" vel graece "Christus") qui, patriam sacram Judaeorum ab omni dolore angore luctu liberando, dignitatem pristinam Judaeis recuperaret. A multis vero iudicabatur ipse Messias esse idem ille faber Iesus. Stipatus imprimis a coetu duodecim discipulorum, ad se allicere incipiebat etiam turbam ingentem sectatorum ex plebe Galilaea Iudaeaque collectorum, qui eum suum Messiam et regem declarabant extollebantque. Sed inimici plurimi ei erant Hierosolymis, praecipue senatus Iudaeorum, "Sanhedrin" nominatus, e sacerdotibus Pharisaeiisque compactus, qui coniuraverunt ut Iesus capitis damnaretur.
Denique ope unius e discipulis Judae Iscarioti iste Sanhedrin Iesum deprehendit, atque in custodiam Romanorum potestatem illo tempore possidentium tradidit, eum de crimine proditionis in rem publicam Romanam accusans. Cum Jesus suum Regnum esse nil nisi caeleste et spirituale constanter asseveraret, Procurator tamen Romanus Pontius Pilatus, timens ne populus rebellaret, iussit Jesum ex urbe duci et velut hominem nequam et criminosum crucifigi.

[www.passion-movie.com]


Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 23 de February de 2004 20:02

Caro Albino:

Creio que ambos têm "razão", embora o visitante tenha mais razão do que tu... Tu referes-te (talvez sem querer) à segunda parte da "Avé Maria" ("Santa Maria, Mãe de Deus"), que terá sido introduzido nessa altura (antes não existia a actual "segunda parte"). Mas a verdade é que o título "Mãe de Deus" tornou-se uma declaração dogmática do Concílio de Éfeso, no ano 431, século V, portanto. Mas já existia como título antes desse Concílio e dessa data. É, como foi longamente discutido em tópicos passados, um dogma em primeiro lugar cristológico, para afirmar a absoluta unidade em Jesus Cristo: inteiramente homem e inteiramente Deus, sem divisão.

Convém, no entanto, notar que o termo "Mãe de Deus" pode ser entendido equivocamente, por poder ser entendido que foi Maria que deu origem à SSma. Trindade (é a acusação frequente da Andréia). Para evitar esse erro, basta ver que o termo original é "Theotókos", que literalmente significa "aquela que deu à luz Deus". Ora se Deus encarnou em Jesus Cristo e se Jesus é Deus, temos que dizer que Maria deu à luz Deus encarnado, porque o Deus encarnado veio à luz por Maria. Maria é, se quisermos, a parturiente do Deus Encarnado. Ao afirmarmos isto afirmamos, em primeiríssimo lugar, que aquele menino que nasceu de Maria é inteiramente humano e inteiramente divino.

Alef

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 24 de February de 2004 22:16

Caro Alef,
Muito obrigado pela explicação. Eu penso que perante as Escrituras, seria mais vantajoso para a Igreja e para a Humanidade que se promovesse mais intensamente a Poética do que a Dogmática. Na Poesia temos em plenitude o sentido da inspiração, da participação e da partilha etc. Não pode haver cânticos e hinos inspirados na liturgia sem que se escrevam cânticos e hinos inspirados. Seria interessante se houvesse uma base temática de poemas de inspiração cristã que poderiam ser utilizados pelos compositores de música. Sobre esta questão lembro-me sempre das palavras do Pe Manuel Luis: "Não há textos". Por esta altura penso que ele já tinha concluido a musicação de todos os salmos dos domingos e dias santos.

Cumprimentos,

*=?.0

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 25 de February de 2004 16:13

"se Deus encarnou em Jesus Cristo e se Jesus é Deus, temos que dizer que Maria deu à luz Deus encarnado, porque o Deus encarnado veio à luz por Maria. Maria é, se quisermos, a parturiente do Deus Encarnado."



POrtanto Maria deixa de ser mãe, é apenas a parturiente, uma espécie de útero com pernas. Limitou-se a emprestar-lhe o útero e dá-lo á luz, uma espécie de "mãe de aluguer", sem qualquer contributo genético...Se calahar, nem com um óvulo contribuiu.. Este é mesmo pareceida com os delírios do avlis!!!!



Já não basta este jesus homem- deus não ter pai, também não pode ter mãe...
E depois afirmam que "aquele menino que nasceu de Maria é inteiramente humano"!!!!!!!!

Este curiosíssimo conceito de "encarnação" é tão parecido como o de reencarnação ( das religiões que acreditam nela), aqui apresentado pela Alefa.

Teria havido um ser humano "encarnado " por um deus, isto é o espírito de um deus, entrou dentro de um corpo humano...

Dando origem a um homem deus...

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Susete Gonzaga (IP registado)
Data: 25 de February de 2004 20:28

Estou muito curiosa por ver o filme.


Susete

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 25 de February de 2004 22:10

Uma "curiosidade" sobre este filme: nos Estados foi classificado na categoria "R", isto é, trata-se de um filme para adultos!

Cá para mim, por agora não quero ser "politicamente incorrecto", mas aqui há o dedo de alguns "lóbis"... Ou não?

Alef

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 25 de February de 2004 22:38

Alef,

Não sei. O "R" equivale ao nosso "Maiores de 16" ou "Maiores de 18"? O pouco que vi da trailer pareceu-me ser um filme algo (muito) violento e, se calhar, pouco aconselhável a adolescentes de 13 ou 14 anos.

Ler na Bíblia que Cristo foi chicoteado e morreu crucificado pode não chocar ninguém. O mesmo não se pode dizer das imagens e som do sofrimento brutal que Cristo sofreu.

Espero ir ver o filme logo que estreie. Partilharei depois a minha opinião sobre o mesmo. Fico na curiosidade se na versão portuguesa irão ser adicionadas legendas ou não, visto Mel Gibson não as ter permitido no original. De qualquer forma, neste tempo de Quaresma que hoje se inicia, talvez seja bom reler e relembrar os últimos diálogos do Messias.

Outro dos aspectos que me tem causado alguma naúsea sobre o filme são as atitudes das diversas associações de Judeus: Cristo era Judeu e foi morto pelos Judeus. Não podia ter sido de outra forma! Mas mais do que o pensamento anti-semita que a culpa foi dos Judeus, penso que a esmagadora maioria dos Cristãos sabe que foi a Humanidade, todos os homens e mulheres, que mataram Jesus Cristo. Custa-me que o Loby Judaico tenha tanto receio e faça todos os possíveis para que não se divulgue a morte de Jesus Cristo.

Quantos filmes existem de Moisés? Porque não de Jesus Cristo?

Luis

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: crítico de cinema americano (IP registado)
Data: 26 de February de 2004 10:50

We'd love to say that Mel Gibson's interpretation of Christ's final hours demonstrates the compassion of Jesus' life and teachings.
And that everyone could learn a lesson from it--or at least be entertained.

But Gibson's film is more of a study in brutality than an exploration of Christ's message.
For over two hours, Jesus (Jim Caviezel) undergoes relentless hitting, punching, kicking and whipping, making this film, basically, a two-hour bloodbath--and one that is totally inappropriate for youngsters.

The quieter flashback moments are exquisitely shot, but those moments of beauty are few and far between.

Indeed, the film's most interesting character is Pontius Pilate (Hristo Shopov), who at least seems to be wrestling with some serious issues.

Any explicitly anti-Semitic message is arguable--if the Jews are portrayed as bloodthirsty, the Romans are sadists.

The Book is better.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de February de 2004 17:14


"taliban":

Se não fosses tão distraída terias reparado que eu não "retomei" nenhum tema dos "estigmatizados". Apenas mencionei as duas místicas em cujos escritos Mel Gibson se inspirou para proceder a realização deste filme. Assim, coloquei esse texto para esclarecimento adicional. Escusavas de ter logo atirado a tua "sabedoria" e desprezo sobre o assunto...

Em relação a Maria, estás a escrever o tipo de tolices que só uma feminista radical e cega pode escrever. A "carne" e o "sangue" de Jesus são sim a "carne" e o "sangue" de Maria. Não sei se Deus fecundou miraculosamente um óvulo de Maria, desconheço esse pormenor no ensino da Igreja. Imagino que possa ter sido assim. Mas o conceito de Encarnação é real, e não tem nada a ver com "mitos" e "reencarnações". A "carnalidade" de Jesus, digamos assim, procede de Maria, mas tudo isto é e será sempre um Mistério. Como Jesus nasceu e viveu sem pecado, assim sua Mãe também -- devido à sua singular participação no Amor de Deus. Maria sempre realizou a vontade de Deus e O amou com toda a sua vida, como ninguém (Jesus amou como Deus se ama em Trindade). Eu entendo a tua obssessão biológica mas digo-te que só te será possível entenderes e amares a Deus quando deres lugar ao "impossível" que Ele pode realizar e, de facto, realiza.

Nick para quê?! - pelo "<><><>" suponho que sejas o Abelardo. Bem, acho que exageras nos elogios porque eu apenas venho aqui fazer o que posso. Antes de mais, não te fies na minha presença futura aqui no fórum, pois a minha disponibilidade é bastante limitada e caso não justificar o meu tempo aqui, se não vir bons frutos (em mim e nos outros), infelizmente terei de o deixar. Depois, acho um pouco despropositado o tom "confidencial", especialmente num fórum público. Por mim, pessoalmente, não posso dizer que "simpatize" tanto contigo pois procuro uma postura mais dialogante... por isso mesmo espero que me ouçam e quando isso não acontece, por má vontade, faz com que as coisas percam sentido e eu também perco um bocado a paciência... Mas sempre numa base de diálogo, diferente do que costumas fazer neste fórum, porque comunicas na base de textos, o que é ainda pouco eficaz neste meio (eu, pessoalmente, não os "consigo" ler).

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de February de 2004 17:26


Albino, já disse o que tinha a dizer. Acho que precisa de prestar mais atenção ao ensino da Igreja e não navegar em poesias sem porto seguro. Entendo que haja atracção em ser poeta e ilustrar (ou quase sub-criar) a "divindade" com a sua própria mão, e até há quem diga que quem entende melhor a Deus são os poetas e não os teólogos. Pessoalmente, acho que posso afirmar com toda a razão que sejam os santos, sejam eles poetas, teólogos, ou ambos. Espero que o seu caminho o conduza à fidelidade e temor a Deus, e que isso o faça louvá-Lo intensamente, entregando-Lhe o seu amor. Os dogmas preservam e mantém na verdade a nossa relação com Deus, para além dos poemas. Baseando-se na dogmática, os poetas podem entender Quem inspira a sua arte. Sem ela, continuarão nas trevas, por mais "ilustre" e "eloquente" que sejam os seus escritos -- continuarão a desdenhar o Amor e a Verdade com que Deus se revelou e preferirão, ofendendo-O, viver com uma "redenção" meramente artística e terrena.

Estávamos a entrar em temas paralelos. Voltando o que disse para o tópico, posso dizer que a Paixão de Cristo mostra realmente a brutalidade do mundo de pecado em que vivemos -- e o pouco de "poético" que há nele, se não reconhecemos Quem é verdadeiramente Deus, Jesus Cristo. Nada senão ódio e sangue vemos, a não ser que aceitemos que Jesus é realmente Deus eterno feito carne para nos salvar, que entregou a sua vida por amor, humilhando-se para nos trazer à verdade, que nos faz humildes em relação com Ele.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de February de 2004 17:59

Luís Gonzaga:

1. O filme estreou nos Estados Unidos com legendas em Inglês, tudo indica que estreie em todos os países com as legendas locais, como acho que já disse, não? :o)

2. O filme será provavelmente para maiores de 16 ou 18. Nos

Alef:

Acho que neste ponto, a questão dos lobbies não se coloca. Os filmes nos EUA têm a indicação do porquê para a sua classificação no próprio rectângulo (na página oficial podem ver isso). Assim, o R (Restricted) pode incluir cenas de sexo explícito bem como violência. No caso deste filme, a indicação é apenas de que o filme merece essa classificação devido a "sequências de violência gráfica (ou explícita)".

Por toda a vida tenho ouvido comentários sobre os relatos bíblicos que sublinham que a Paixão de Cristo foi muito séria, dolorosa. Este filme mostra essa seriedade. De alguma forma, como diz o Luís, ao ler na Escritura esses relatos, sempre os encarei sem uma noção explícita daquela brutalidade, daquela dor. Mas foi mesmo assim.

Acho interessantíssimo que aqueles não-cristãos (ou "cristãos" pouco fiéis, ou pouco "praticantes") que encaram Jesus Cristo como um mero profeta e mestre espiritual se sintam enojados com esta representação. Para esses, a espiritualidade é encarada como pacificação, como alienação do mundo atribulado... Ora, Jesus Cristo revela a plenitude sobre Quem é Deus na sua Paixão sofrida: Deus que ama e que não é "criado" à nossa medida; Deus que não nos "deixa em paz" porque sabe que só teremos Paz quando vivermos uma relação com Ele, que nos abençoa com verdade, amor e perdão -- porque fomos criados para isso... E porque é assim, na Paixão também se conhece a plenitude da condição humana e aquilo que a humanidade é chamada a ser. Quem não experimenta a Paixão não conhece a profundidade da Redenção de Jesus Cristo, só vendo nela ódio e sangue, não quer olhar para ela, porque não a olha com amor, falhando na aceitação da sua humilde condição humana ao ignorar o seu significado e o das dores de toda a nossa existência.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de February de 2004 18:08


O pecado ofende a Deus a este ponto. A humanidade, enredada na iniquidade, "mata" Deus quando Ele vem agraciá-los com a plenitude da vida. O sofrimento é real, procede de sermos pecadores, e só pode ser redimido com Jesus Cristo.

Ainda bem que este filme está a levantar questões e a trazer claridade às montanhas de falsas ideias sobre a Pessoa de Jesus. Por mim, só espero tornar claro aos olhos de cada um os seus enganos e auto-justificações, para que o Espírito Santo lhes mostre que a vida é mesmo assim e que o caminho só pode ser Jesus.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 26 de February de 2004 18:18


Já agora, uma última nota em relação a este "filme para adultos", ou melhor, "filme para gente adulta". Ou ainda, filme que amadurece as pessoas. :o)

Penso que os pais ou tutores podem tomar a decisão responsável de levar ou deixar outro adulto levar os seus filhos a ver esta dolorosa Paixão. É preciso ver que hoje em dia, infelizmente, as crianças estão habituadas a ver violências, assassinatos e injustiças, em todo o tipo de filmes. Este filme também teria o perfil educativo de demonstrar a realidade e as consequências desses crimes, de uma forma brutal que os fará rejeitar o "entretenimento de violência" a que estão habituados, se tiverem a compreensão global de toda a mensagem do filme, que é de verdade, amor e perdão.

Mas mais importante é perceber que um adolescente, talvez pelo menos dos 13 para cima, já terá capacidade para que o filme não o afecte negativamente. E mesmo que fiquem uma ou outra noite sem dormir, preocupados genuinamente com o sentido das suas vidas ao contemplarem o drama da morte, só lhes fará bem. De qualquer modo, que se explique o sentido do perdão, que o próprio Crucificado concedeu.

Fica como decisão dos pais, mas que não se argumente gratuitamente que ninguém abaixo dos 16-18 deva ver o filme.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 09 de March de 2004 23:50


Criou-se um outro tópico sobre este filme, provavelmente por este não ser visível (este fórum tem andado animado)...

No entanto, queria recentrar o debate nos pontos já aqui colocados, visto que o outro aparentemente se "desvirtuou" para a discussão do anti-semitismo e (ultra) tradicionalismo católico. E, de facto, não é sobre isso em concreto que o filme fala, admitindo porém que levante essas questões. Sou de opinião que sejam discutidas noutro tópico, referindo então o filme como influência cultural.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 10 de March de 2004 00:22

Nota prévia - esta mensagem já tinha sido publicada noutro tópico, mas para que não se disperse a discussão em vários tópicos, repito-a aqui.

Caros amigos,

Tive ontem a oportunidade de ver o filme "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson! A estreia é dentro de dias, na próxima quinta-feira. Queria desde já, convidar todos os que vejam o filme a partilhar aqui a vossa opinião. Eu deixo aqui a minha.

Gostei do filme. Confesso que tanta polémica sobre o filme acabou por me causar uma certa ansiedade, pelo que não resisti a ver uma versão prévia do filme, durante o dia de ontem. É provável que o reveja assim que estreie, e depois compre o DVD, quando estiver disponível.

Gostei do filme, mas fiquei com a certeza de que não se trata de um filme histórico! Não se pense que ao se ver o filme, se tem a certeza que foi mesmo assim que aconteceu. Duvido que tenha sido. Trata-se de uma versão, legítima, de Mel Gibson, que se inspirou na obra de Anna Catharina Emmerich, sobre a Paixão de Cristo.

Mel Gibson atravessou recentemente uma crise pessoal. Certo dia, enquanto passeava na sua biblioteca composta com inúmeras obras adquiridas a congregações religiosas em dificuldades financeiras, Mel Gibson tropeça no livro sobre a Paixa de Cristo de Anna Catharina Emmerich. Fez-se luz! Mel Gibson decide fazer um filme baseado nessa obra.

O filme merece ser visto, quer por católicos, quer por não católicos. Jesus Cristo é uma personagem única na história da Humanidade. As últimas horas da sua vida são muito importantes para a concretização da sua missão. Sem elas, a sua vida não teria sentido. Porém, é um filme para ser visto por adultos! Desaconselhável a pessoas sensíveis, pois trata-se de um filme muito forte e violente. Neste aspecto, da violência, penso que Mel Gibson exagerou. É perfeitamente possível apresentar a Paixão de Cristo sem tanta violência. Aliás, a Sagrada Escritura diz-nos que Cristo morreu na cruz. No filme, Cristo quase que morre nas mãos dos Romanos...

O filme tem também alguns erros bíblicos e outros factos sem fundamento bíblico que passo a enumerar.

1. Maria Madalena que acompanha Jesus até à cruz, é confundida com a adúltera que Jesus salva do apedrejamento. Hoje é sabido que Maria Madalena é uma mulher diferente da mulher pecadora e de Maria de Betânia.

2. Jesus Cristo cai de uma ponte enquanto caminha, após ter sido preso pelos Romanos. Trata-se de um facto que não é confirmado pela Sagrada Escritura.

3. Maria, mãe de Jesus, é chamada por "Mãe" (pelo menos é esta a tradução em inglês) pelos Apóstolos, quando é apenas na cruz que Cristo diz: «Mulher, eis o teu filho!» e «Eis a tua mãe!» (Jo 19, 26-27). Parece-me, por esse motivo, forçado, que os Apóstolos tratem Maria por mãe. Embora possa ser um erro na tradução da legenda em inglês.

Talvez o termo "erro" seja exagerado, pois como disse anteriormente, não se trata de um filme histórico. Pelo menos, na minha opinião. Não que não seja um filme válido e que mereça ser visto. Vale a pena verem o filme, todas as pessoas adultas.

O filme perde um pouco pela forma abrupta como o filme termina. A Ressurreição poderia ter sido mais desenvolvida. Mas, segundo sei, o orçamento tinha terminado naquele momento, e não houve meios de fazer mais.

As críticas dos Judeus e os receios anti-semitas são infundados! Nada há no filme que prejudique a imagem dos judeus. É claro que os fariseus e os sumo sacerdotes não são bem vistos, mas eles não representam a totalidade dos Judeus e foram eles que condenaram Jesus à morte. Mas é um Judeu que ajuda Jesus a carregar a cruz.

Aspectos positivos:
- A representação dos actores. Jesus (Jim Caviezel) e Satanás (Rosalinda Celentano) estão simplesmente fantásticos! Maria, Maria Madalena e Pôncio Pilatos estão também muito bem, como Pedro e Judas.
- A cena de Getsemani. O filme abre da melhor forma.
- A banda sonora. Acho que o filme sem música fica coxo. Com esta banda sonora fica impecável.

Aspectos negativos:
- A violência exagerada da flagelação. Cristo morreu na cruz e não nas mãos dos romanos.
- O final do filme é demasiado rápido. Faltou tempo e dinheiro para fazer um final mais elucidativo da Ressurreição.
- Se este é o filme de Mel Gibson sobre a Paixão de Cristo, como seria se Mel Gibson fizesse um filme sobre o Inferno!?!


Luis Gonzaga

P.S. João Oliveira, desculpa não ter colocado a minha mensagem originalmente neste tópico, pois teria sido o mais correcto visto ter sido o primeiro.


Re: "The Passion Of The Christ" / A Melhor Crítica ao Filme
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 01:30


* * * * * * * O QUE MEL GIBSON BUSCAVA,
COM "A PAIXÃO", CONSEGUIU PLENAMENTE !


Por: Vittorio Messori, ESPANHA

La Razón (Espanha), 18 de Fevereiro de 2004


Na sala acústica, a luz torna a acender-se, depois de duas horas e
seis minutos. Somos apenas doze, de muitos países, conscientes do nosso
privilégio: Por convite de Mel Gibson e do produtor Steve McEveety, somos os
primeiros na Europa a ver a película recém-chegada de Los Angeles. A mesma
que na próxima quarta-feira estreará em duas mil salas americanas, em
quinhentas inglesas, em outras tantas australianas; a mesma que levou ao
colapso a todos os sites da Internet, e que na primeira semana recuperará os
30 milhões de dólares de custo da produção.

Nem sequer o Papa viu mais que uma versão provisória, à qual
faltava, entre outras coisas, parte da trilha sonora. Mas sim, esta tarde
somos os primeiros (os espanhóis vê-lo-ão em 2 de Abril, e os italianos terão
que esperar até ao dia 7, Sexta-feira Santa).


Chorando em Silêncio

Quando terminam de passar os títulos de genérico, onde os nomes
americanos alternam-se com os italianos, onde os agradecimentos aos
administradores da cidade de Matera alinham-se junto ao nome de teólogos e
especialistas em línguas antigas; quando o técnico acciona o interruptor que
acende as luzes, a sala permanece em silêncio.

Duas mulheres choram, silenciosamente; o Monsenhor vestindo
clergiman, que tenho ao meu lado, está super-pálido, com os olhos fechados; o
jovem secretário atormenta nervoso um rosário; um tímido solitário começo
de aplauso apaga-se a seguir, envergonhado. Durante longuíssimos minutos
ninguém se levanta, ninguém se move, ninguém fala.

Assim, o que nos anunciavam era certo: «The Passion of The Christ»
(A Paixão de Cristo) golpeou-nos; o efeito que Gibson pretendia realizou-se
em nós, primeiras "cobaias".

Eu continuo desconcertado e mudo: Durante anos passei pela peneira,
uma por uma, as palavras do grego com as quais os Evangelistas narram
aqueles factos; nenhuma minúcia histórica, daquelas horas em Jerusalém, me é
desconhecida, estudei um livro de quatrocentas páginas, que tão pouco Gibson
ignorou. Sei-o todo. Ou melhor, agora descubro que cria que sabia: Tudo muda
se aquelas palavras traduzem-se em imagens, que conseguem transformá-las
em carne e sangue, em emaranhados de amor e de ódio.

Mel Gibson disse com orgulho, e no entanto com humildade, com um pragmatismo
mesclado de misticismo, que faz dele uma mistura singular:
«Se esta obra
falar durante cinquenta anos, não haverá futuro para o cinema religioso.
Nesta película completamos o que faltava: todo o dinheiro que fazia falta,
prestígio, tempo, rigor, o carisma de grandes actores, a ciência dos
eruditos, a inspiração dos místicos, experiência, técnica de vanguarda e,
sobretudo, a nossa certeza de que valia a pena, de que o que ocorreu naquelas
horas diz respeito a cada homem. Com este Hebreu todos teremos que nos
encontrar depois da morte. Se nós não conseguirmos, quem poderá fazê-lo?
Mas consegui-lo-emos, estou seguro: O nosso trabalho esteve acompanhado de
demasiados sinais que mo confirmam».

De facto, no "set" ocorreu mais do que se sabe, e muitas coisas ficarão
no segredo das consciências: conversões, liberações de drogas,
reconciliações entre inimigos, abandono de laços adúlteros, aparições de
personagens misteriosos, explosões de energia extraordinárias, extras que se
ajoelhavam durante a passagem do extraordinário Caviezel-Jesus, até dois
relâmpagos, um dos quais alcançou a cruz, e que não feriram ninguém. E
depois, casualidades lidas como sinais: A Virgem com rosto da actriz judia de
nome Morgenstern, que, deram-se conta depois, é, em alemão, a «Estrela da
manhã» da Ladainha do Rosário.


Compreender com o Coração

Gibson recordou-se da advertência do Beato Angélico: «Para pintar
Cristo, faz falta viver com Cristo».

O ambiente na cidade de Matera e nos estúdios de Cinecittà parece
ter sido aquele das sagradas representações medievais, das procissões de
flagelantes em peregrinação. Um carro de Tespis do século XIV [Nota da
tradutora: Tespis foi um poeta e actor grego que viveu no século VI antes de
Cristo. É atribuída a ele a criação da tragédia. Estava à frente de uma
companhia ambulante (Carro de Tespis) que apresentava-se ao ar livre. Parece
que houve um lapso de digitação na redacção do original. Melhor seria dizer
"Um carro de Tespis do século XXI"], para o qual, a cada tarde, um
sacerdote, com batina negra de longa fila de botões, celebrava uma Missa em
latim, segundo o ritual de São Pio V. Aqui está a razão verdadeira da
decisão de fazer os judeus falarem em sua própria língua popular, o
aramaico, e os romanos num latim vulgar de militares, que fere o ouvido
dos velhos alunos do Liceu, acostumados aos refinamentos ciceronianos.

Gibson, católico, amante da tradição, é um austero seguidor da
doutrina afirmada no Concilio de Trento: a Missa é sobretudo Sacrifício de
Jesus, renovação incruenta da Paixão. Isto é o que importa, não o
«compreender as palavras», como querem os novos liturgistas, de cuja
superficialidade se lamenta Mel, porque lhe parece blasfema.

O valor redentor dos actos e dos gestos que têm o seu cume no Calvário
não necessita de expressões que todo o mundo possa compreender. Esta
película, para seu autor, é uma Missa: Faça-se, portanto, em uma língua
obscura, como o foi durante tantos séculos. Se a mente não compreende,
melhor. O que importa é que o coração entenda que tudo o que sucedeu nos
redime do pecado e nos abre as portas da Salvação, como recorda a profecia
de Isaías, que apresenta-se como prólogo de toda a película.

O prodígio, portanto, parece-me que se tenha realizado: Passado um
instante, abandona-se a leitura dos subtítulos para entrar, sem distracções,
nas cenas terríveis e maravilhosas que bastam-se a si mesmas.

No plano técnico, o filme é de uma altíssima qualidade. Pasolini,
Rossellini, o próprio Zeffirelli, ficam reduzidos a parentes pobres e
arcaicos: Em Gibson há uma luz sábia, uma fotografia magistral, um vestuário
extraordinário, cenografias desoladas e, quando é necessário, sumptuosas; uma
maquilhagem de incrível eficácia, uns grandes profissionais, vigiados por um
director que é também um ilustre colega. E, sobretudo, uns efeitos especiais
tão espectaculares que, como nos dizia Enzo Sisti, o produtor executivo,
ficarão em segredo, confirmando o enigma da obra, onde a técnica quer estar
ao serviço da Fé. Uma fé em sua versão mais católica, com o beneplácito do
Papa e de tantos Cardeais, incluindo Ratzinger, da qual «A Paixão» é um
manifesto cheio de símbolos, que somente um olho competente é capaz de
discernir completamente. Faria falta um livro (dois, de facto, estão em
preparação) para ajudar ao espectador a compreender.

Em síntese, a «catolicidade» radical do filme reside sobretudo no
rechaço de qualquer desmitificação, em tomar os Evangelhos como crónicas
precisas: As coisas, disse-nos, foram assim, como as Escrituras o descrevem.
O catolicismo está no reconhecimento da Divindade de Jesus que convive com
a Sua plena humanidade. Uma divindade que irrompe na sobre-humana capacidade
daquele corpo sofrer uma quantidade de dor como ninguém sofreu antes nem
depois, em expiação de todo o pecado do mundo.

Uma «catolicidade» radical (que, prevejo, porá em dificuldades
algumas igrejas protestantes, já generosamente mobilizadas para alentar a
distribuição) também no aspecto «eucarístico», reafirmado em sua
materialidade: O Sangue da Paixão está sempre unido ao Vinho da Missa, e a
Carne martirizada, ao Pão consagrado. E está também no tom fortemente
mariano: A Mãe e o Diabo (sendo este mulher, ou quiçá andrógino) são
omnipresentes, uma com sua dor silenciosa; outro, ou a outra, com sua
complacência maligna.

De Anna Caterina Emmerich, a vidente estigmatizada [Nota da
tradutora: Anna Caterina Emmerich está em vias de ser beatificada. Em vida, ela teve
visões sobre a Paixão do Senhor e anotou-as num livro que também serviu de
base para a elaboração deste filme. Uma versão electrónica em espanhol do seu
livro, em formato pdf, poder ser adquirida no site da revista
Cristiandad.org], Gibson tomou intuições extraordinárias: Cláudia Prócula, a
mulher de Pilatos, que oferece, chorando, a Maria os panos para recolher o
sangue de seu Filho, está entre as cenas de maior delicadeza do filme, que,
mais que violento, é brutal. Como brutal foi, recordo, a Paixão.

Se ao Martírio se dedicam duas horas, dois minutos bastam para
recordar que não foi aquela a última palavra da Sexta-feira Santa, mas sim a
Ressurreição, que Gibson desenvolveu acolhendo uma leitura das palavras de
São João, que também ele propôs. Um «esvaziamento» do sudário, deixando um
sinal suficiente para «ver e crer» que o Réu triunfou sobre a morte.


Anti-semitismo?

Anti-semitismo ou anti-judaísmo? Não brinquemos com palavras
demasiado sérias. Visto o filme, creio que têm razão os judeus americanos
que aconselham os seus correligionários a não condenarem a película antes de
vê-la.

Fica claríssimo que o que pesa sobre Cristo e O reduz àquele estado
não é a culpa deste ou daquele, mas o pecado de todos os homens, sem excluir
ninguém.

À obstinação de Caifás em pedir a crucificação (para aquele saduceu
colaborador que não representava o povo judeu, o Talmud tem, para ele e seu
sogro, palavras terríveis), faz abundante contrapeso o sadismo inaudito dos
verdugos romanos; às vilezas políticas de Pilatos, opõe-se a coragem do
membro do Sinédrio (episódio acrescentado pelo director), que enfrenta o Sumo
Sacerdote, gritando-lhe que aquele processo é ilegal.
E não é acaso judeu o apóstolo João, que sustenta a Mãe? Não é judia a
piedosa Verónica? Não é judeu o impetuoso Simão de Cirene? Não são judias as
mulheres de Jerusalém que gritam o seu desespero? Não é judeu Pedro, que,
perdoado, morrerá pelo Mestre?

No começo do filme, antes que o drama se desencadeie, Madalena
pergunta, angustiada, à Virgem: «Porquê esta noite é tão diferente de
qualquer outra?». «Porque, responde Maria, todos os homens são escravos, e
agora já não o serão mais». Todos, mas absolutamente todos.
Sejam «judeus ou gentios».

Esta obra, diz Gibson, amargurado por agressões preventivas, quer
repropor a mensagem de um Deus que é Amor. E que Amor seria este se
excluísse a alguém?


***** ***** *****

Autor: Vittorio MESSORI

Traduzido e comentado por: Celia Paravato

Adaptado por: José Avlis


Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 10:12

Fonte: PÚBLICO [jornal.publico.pt]

"Era Preciso Descer a Tanto Sangue?"
Por KATHLEEN GOMES
Quinta-feira, 11 de Março de 2004

"Penso que um dia nos havemos de encontrar no céu para falar destas coisas." Foi assim que o padre Carreira das Neves, biblista, respondendo a uma questão sobre a representação de Judas em "A Paixão de Cristo", encerrou o debate que se seguiu à antestreia do filme, ontem, na Universidade Católica, em Lisboa. Sala repleta, cerca de 500 pessoas, entre "convidados VIP" e estudantes sentados nas coxias, para ver o novo filme de Mel Gibson, que se estreia hoje nas salas portuguesas: houve comoção, incómodo, mãos a cobrir os rostos. E houve avisos, à partida, sobre a possibilidade de "alguém se sentir mal", como "já aconteceu noutras sessões".

Depois das acusações quanto ao alegado anti-semitismo do filme, ainda antes da sua estreia nos EUA a 25 de Fevereiro, a questão mais polémica tem assentado na violência representada: as cenas extremadas de flagelação, um Cristo literalmente em carne viva na cruz. E ontem, houve quem abandonasse a sala durante a exibição.

Entre os presentes, contavam-se Maria Barroso, o constitucionalista Jorge Miranda, o ex-ministro do Ensino Superior Pedro Lynce, o economista e director da Rádio Renascença Francisco Sarsfield Cabral, e a deputada do PP Maria José Nogueira Pinto. No intervalo, as frases ouvidas variavam entre um "acho que a minha mãe vai querer ver este filme" e "é um filme de horror, não sei se te aconselho a ver".

No final, num debate que o juntou ao economista João César das Neves, o padre Carreira das Neves - "estamos aqui dois Neves", brincou - perguntava: "Era necessária esta crueza toda? Era preciso descer a tanto sangue?" "Aqui realmente é sangue", afirmou, "até sangue a mais, na minha perspectiva", antes de garantir porém, que "a crucificação era assim". Mesmo admitindo que em "A Paixão de Cristo" há "muita coisa que não está nos Evangelhos", Carreira das Neves considerou que "é um filme segundo a tradição da Igreja Católica", dentro de uma "teologia martirial" que remonta aos "quadros da Igreja". Chamou-lhe "o Evangelho segundo Mel Gibson", reconhecendo que os relatos sobre a crucificação de Cristo variam entre os quatro evangelistas. "E agora temos a crucificação segundo Mel Gibson."

João César das Neves, docente de Economia na Universidade Católica, começou por salientar que "este é um filme para cristãos". "Quem não foi educado na sociedade cristã não percebe porque é que atiram pedras àquela mulher [Maria Madalena]." Enumerando as razões da controvérsia em torno do filme, afirmou que a sua "violência dramática enquadra-se na violência actual no cinema." Segundo César das Neves, "o chocante aqui é haver um homem que apanha e não dá, uma pessoa que não responde, não protesta". Explicou que o anti-semitismo é "uma acusação normal", já que todos os filmes sobre Cristo estiveram envolvidos em polémicas idênticas, "até o pacífico filme de [Franco] Zeffirelli" (trata-se de uma série de televisão, "Jesus de Nazaré").

Falando da forma como o cinema tem filmado Cristo, o economista considerou que, ao contrário das produções anteriores, a abordagem de Gibson é religiosa e não política, até pela inédita representação do demónio, uma figura andrógina, associada a uma serpente. A diferença, segundo César das Neves, é esta: se se centrar na questão política, o culpado é Pôncio Pilatos, se se centrar na questão religiosa, o culpado é Caifás, o líder supremo do judeus ortodoxos que julgaram Cristo por blasfémia. Outra fonte de polémica apontada pelo economista é o facto de o filme ser "uma manifestação de fé" do realizador, sublinhando que Gibson filmou as suas próprias mãos a pregar Cristo (Jim Caviezel) à cruz.

No final da sessão, o padre Armindo Vaz, professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica, disse ao PÚBLICO que "A Paixão de Cristo" "é uma apresentação muito pessoal do realizador, que é fruto da formação cristã dele, mas também resultado de uma longa tradição cristã que acentuou muito os aspectos de crueldade e dor atroz". Admitindo que o filme é "muitíssimo" violento, este cónego receia que "todo este dolorismo, se pode enternecer, também pode desencadear uma reacção negativa - que é pensar que a religião cristã é isto". Recomendaria o filme? "Não gostaria que as pessoas se deixassem impressionar muito por este Evangelho segundo Mel Gibson. É dele."

Outro padre, Álvaro, 32 anos, acredita que o filme "vai ajudar a aprofundar a vivência da fé". "Não é com grandes discursos que conseguem captar atenção das pessoas, é com imagens bem filmadas, bem montadas." Ou, como completava, a seu lado, Sofia Lencastre, 20 anos, estudante: "A Igreja Católica ensina-nos as coisas de uma forma muito poética. O filme é bastante realista."


Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: ana almeida (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 12:30

Filme histórico ou uma orgia de sangue??

"Não sei qual a reacção dos cristãos mas a mim choca-me profundamente que a morte de cristo seja convertida em espectáculo.São duas horas de sngue, sangue e mais sangue. Já vi nos EUA chmarem-lhe "o Evangelho segundo o Marquês de Sade" e acho de fcato quer há qualquer coisa de prazer em toda aquela violência física"
ESther Muczninik, vice-presidente da Comunidade Israelita de lisboa.
in Visão



Como católica que sou subscrevo inteiramente.

Re: "The Passion Of The Christ"
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 11 de March de 2004 13:23

Ana,

Mas já viste o filme? Compreendo a opinião da Esther Mucznick, pois é judia e toda a polémica criada à volta do filme não é alheia à sua opinião.

Eu já vi o filme e garanto que não são duas horas de "sangue e mais sangue". Existem algumas cenas mais violentas e, como já disse anteriormente, penso que era possível fazer um filme sobre a Paixão de Cristo, sem tanta violência. Acho que o Mel Gibson exagerou. Mas isto não quer dizer que o filme seja só sangue. O filme é muito mais do que sangue!

Aliás, o filme começa com uma cena muito bonita, para mim, umas das melhores em todo o filme - a agonia em Getsemani.

Volto a dizer: recomendo a todos os cristãos adultos que vejam o filme. Deixo apenas uma ressalva para as pessoas mais impressionáveis.

Luis

P.S. Há inúmeros filmes produzidos em Holywood com muito mais sangue e violência, e, sobre esses, nunca ouvi tantas críticas ao seu carácter violento. Não estaremos a confundir violência com convicções religiosas?

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