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Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 27 de November de 2009 15:17
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 27 de November de 2009 18:52
Cretinice...
Preservar o bom nome da Igreja...pior a emenda do que o soneto.
É o cumulo dos cúmulos...bastante tolerante o titulo do tópico quando se refere como entristecedor...na minha opinião é revoltante!
Enfim...bom nome...nem sei se com a ajuda de Deus o conseguiriam manter.
E eu a pedir que os governantes sejam honestos...esqueçam isso! É simplesmente vergonhoso!!!
O Saramago merece altar!!!!
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 27 de November de 2009 21:55
não quero dizer nada
Editado 1 vezes. Última edição em 27/11/2009 22:06 por vitor*.
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Jorge Gomes (IP registado)
Data: 27 de November de 2009 22:28
Amados irmãos com algumas notícias engraçadas que as vezes aparecem pra nos por bem dispostos, ainda se fosse aquela por exemplo do paroco que fugiu e cessou funções recentemente por causa de o amor a uma mulher, ele descobriu a tempo a promessa biblica que quem acha uma mulher acha uma coisa boa (e fez ele muito bem), e fugiu, olha que romantico, esperou que ela fizesse 18 anos e ao outro dia desapareceram do mapa, (aí já acho mal porque nao é nenhum crime, devia de enfrentar toda a gente), e vocês a lerem noticias do arco da velha, quando já não é a 1ª vez nem vai ser a última que aparecem noticias dessas infelizmente, a prova disso é que já não surpreende ninguém. Daí a noticia do paroco ser mais comentada e dar mais motivo de conversa hehe.
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 13 de March de 2010 20:50
Ultimamente tem-se alastrado este fenómeno de pedofilia de padres católicos. Penso que a igreja deveria rever a obrigação de celibato, por parte de padres católicos. Não deveria ser nunca uma obrigação mas só uma recomendação e deixar cada pessoa, cada padre tomar a iniciativa sobre algo que só a ele diz respeito que é a sua sexualidade. É muito fácil uma pessoa estar decidida a levar uma vida de celibato, mas no meio da caminhada, há sempre pessoas que morrem , pais, mães, tios desses padres e começa a haver a solidão patológica, que se transforma em depressão e desejos pouco apropriados de pedofilia.
Anori, dizia a pedopsiquiatra ana vasconcelos que quando certas coisas acontecem que nos chocam emocionalmente temos muita facilidade em entrar no pensamento fanático. Também acho terrível tudo isto, mas não entremos por esse caminho.
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 15 de March de 2010 14:56
Concordo, concordo, concordo...
É completamente anti-natura!
Sim choca-me, sim choca-me profundamente! Sim choca-me porque a sexualidade é natural, e a sua inibição não parte e não se consegue apenas com um juramento ainda que a Deus. Até porque a natureza do homem não é essa, nem nunca será...e por vontade de Deus!
Sim choca-me!
Repito...
Sim choca-me emocionalmente! Estou é espantada que a mais ninguém choque!
Ser condescendente com este fenómeno é...hipocrisia! Estamos a falar de representar Cristo...será mesmo fanatismo?!
Objectivo de "Preservar o bom nome da Igreja"?! E o bom nome de Deus?! E o bom nome de Cristo?!
Ex:
Um rapaz agride outro...agride, agride, agride...até que um dia farto das agressões põe fim à vida. O agressor goza do apoio da sua família, esta abastada, de bom nome, brasão que suscita interesse a todos. O outro, filho de gente humilde que chora o sucedido e pede justiça!
De forma a preservar o bom nome da família e um brasão valioso, paga-se uma boa quantia à policia, outra boa quantia ao juiz e o menino é salvo, tudo para preservar o bom nome.
Agora pergunto...ainda alguém acredita na justiça neste país?
Bem me parecia!
Preservar o bom nome da Igreja, não é, nem nunca será justificação!
Ao que chamam fanatismo, eu chamo exigência!
Arrepia-me...arrepia-me imaginar um desses homens dizer "Corpo e sangue de Cristo!"...
Mas a questão não se resume a padre vs. pedofilia, não apenas, mas também ao papel da sexualidade na vida HUMANA!!
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 15 de March de 2010 20:15
Dramatizar o celibato pode não ser uma via correcta.
O fenómeno da pedofilia é muito mais comum em homens casados, do que em celibatários.
A questão do celibato em si, não vou discuti-la, ainda para mais com uma Anori que até sabe o que é ou não da vontade de Deus em relação ao assunto...
Mas o certo é que não se devem generalizar a posição de querer culpar o celibato devido a esta problema. Creio que a questão ultrapassa o celibato.
Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 15 de March de 2010 22:14
Ninguém está a dramatizar o celibato, concordo apenas que seja opção e não condição!
Citação:Rui Vieira "O fenómeno da pedofilia é muito mais comum em homens casados, do que em celibatários."
Não quero pensar que seja esta a boa justificação! Não é, nem nunca vai ser! Se alguém a considerar suficiente lamento, mas lamento muito!
A vontade de Deus na minha opinião, não se apresenta apenas através de alíneas ou grandes e antigos compêndios...mas na nossa natureza, na natureza que nos rodeia, nas mais pequenas coisas. A sexualidade vejo-a como natural...acho pouco provável que vá ser injusta, mas não acredito que haja na terra algum homem, neste caso padre que não tenha lutado contra o desejo da satisfação sexual...continuo a achar que não é natural, também não duvido de que é obra de Deus, a sexualidade assume-se natural/ instintiva, o celibato não é natural e muito menos instintivo, se existe característica que nos diferencia dos animais não é neste nível. A diferença surge apenas quando a natureza não é complexa na hora de assumir os seus desejos...muito menos complicada, e não é por isso que deixam de existir animais apenas com um parceiro, nem aqui somos superiores!
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de March de 2010 09:31
A única ligação entre celibato e pedofilia é terem ambas a ver com a sexualidade.
E, a meu ver, não devem ser confundidas. Nem me parece que uma ocorra por causa da outra.
A pedofilia é, para além do mais, um crime.
Quanto ao celibato, é uma mera norma disciplinar imposta aos sacerdotes. A qual pode ser alterada em qualquer altura.
João (JMA)
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 16 de March de 2010 10:21
As pessoas podem ser casadas e praticar pedofilia, mas nunca sentiram o sentimento de repressão da sua sexualidade. Eu penso qu esse sentimento de repressão pode causar angústias, depressões, que podem levar a alteração de comportamentos. Penso que o ideal é a Igreja admitir pessoas celibatárias e que tem a firme convicção de assim se manter, mas que tem a opção de a meio da caminhada mudar de opção e continuar padres. Não se trata de admitir pessoas casadas.
Assim como o facto de um abusado não se tornar necessariamente um abusador, embora exista um relacionamento, assim também penso que o facto de uma pessoa que é padre celibatário, pode não se tornar abusador, mas existe algum relacionamento. Pode ser um factor.
Editado 1 vezes. Última edição em 16/03/2010 10:28 por vitor*.
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de March de 2010 15:25
Não vejo ideal nenhum na questão do celibato.
É uma opção humana, não um mandamento divino.
Logo, nada tem de ideal.
João (JMA)
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 16 de March de 2010 15:41
alguem me sabe dizer qual a taxa de abusadores entre os padres e entre os homens em geral?
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 16 de March de 2010 18:57
Boa tarde.
Eu não vou polemizar a questão da norma disciplinar do celibato, nem vou manifestar aqui a minha posição em relação ao assunto. Eu não estou a advogar ao celibato. Estou a defender que pretender estabelecer uma relação entre celibato e pedofilia é, a meu ver, uma visão redutora do problema.
A pedofilia é uma doença, conforme alguém já sabiamente disse neste forum.
Bem diferente da pedofilia nos padres é a situação de padres que se envolvem em relações sexuais normais. Neste caso não é uma doença, mas uma constante inclinação natural da sexualidade humana. Não vejo, muito honestamente, relação entre celibato e pedofilia.
Imaginando que os padres casariam, creio que, mesmo casados, quem fosse pedófilo, continuaria a sê-lo.
A Anori diz-nos que a sexualidade é natural, mas que o celibato não é natural, mas contra-natural! A sexualidade é natural, e o celibato também, pois que a pessoa humana é sujeito de opções de ideais de vida, de escolhas.
Não se pode confundir sexualidade com relações sexuais. Seres sexuados somos todos, mesmo os celibatários. Tudo em nós é sexualidade.
A sexualidade é natural, mas a pessoa humana não é escrava de instintos. Vive-os na base da escolha, porque é pessoa, livre, tem critérios.
Querer reduzir a sexualidade a uma questão biológica, natural, esquecendo a capacidade de ideais verdadeiramente normais, naturais, é querer reduzir a sexualidade à categoria animal.
No entanto, ainda me atrevo a falar da minha experiência. Fui celibatário (e fiel ao celibato), durante os anos de seminário. Hoje estou casado.
A "cruz" do celibato é mais leve que a do casamento (a meu ver). E são ambas opções totalmente livres. Simplesmente senti-me inclinado a optar pelo mais dificil; vida de casado.
Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de March de 2010 22:37
Discordo.
Pedofilia é crime, não doença.
Senão, um dia destes, também diremos que roubar ou matar é doença.
E o homem passará a ser não um ser livre, mas um doentinho...
Tudo quanto faz de errado é doença, não culpa sua.
Bonitos os argumentos da doença para tentar convencer o juiz da sua inimputabilidade, mas na realidade são um perfeito disparate.
E quanto às duas situações - padres pedófilos por um lado, padres a terem relações sexuais com mulheres adultas e não casadas por outro - a única que me choca é, obviamente, a primeira.
João (JMA)
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 18 de March de 2010 20:59
" O exorcista-chefe da Igreja Católica está preocupado com os poderes do demónio que, segundo ele, anda a Santa Sé. Grabriele Amorth considera que o «diabo reside no Vaticano» e que há bispos que estão «ligados» a Satanás.
Exorcista há 25 anos, o padre acredita que o ataque a Bento XVI na noite de Natal e os escândalos de pedofilia envolvendo sacerdotes são provas inequívocas da presença do demónio em Roma, revelou ao jornal italiano «La Republica».
O sacerdote conta ainda as memórias de décadas de ofício, no livro «Memórias de um Exorcista», em que relata alguns episódios das cerca de 1700 sessões de exorcismo que realizou.
O Padre de 85 anos recorda que os possuídos chegavam mesmo a cuspir pedaços de vidro e «de metal do tamanho de um dedo, mas também pétalas de rosas».
Uma terapia que devia ter sido utilizada em Hitler e noutros nazistas, que, de acordo com Amorth, estavam possuídos pelo «demo»."
[ diario.iol.pt]
Quem diria, que reside no Vaticano!?
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 20 de March de 2010 15:21
O mais certo é o demónio residir dentro de alguns corações...
Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)
O Pânico moral
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 29 de March de 2010 19:42
por Massimo Introvigne
Por que motivo se volta a falar de sacerdotes pedófilos, com acusações que remontam à Alemanha, a pessoas próximas do Papa, e talvez mesmo ao próprio Papa? A sociologia tem alguma coisa a dizer sobre isto, ou deve deixar o assunto exclusivamente ao cuidado dos jornalistas? Parece-me que a sociologia tem muito a dizer, e que não deve calar-se por receio de desagradar a algumas pessoas. Do ponto de vista do sociólogo, a actual discussão sobre os sacerdotes pedófilos constitui um exemplo típico de «pânico moral». O conceito surgiu nos anos 70 do século XX, para explicar a «hiperconstrução social» de que alguns problemas são objecto; mais precisamente, os pânicos morais foram definidos como problemas socialmente construídos, caracterizados por uma sistemática amplificação dos dados reais, quer a nível mediático, quer nas discussões políticas. Os pânicos morais têm ainda duas outras características: em primeiro lugar, problemas sociais que existem desde há várias décadas são reconstruídos, nas narrativas mediáticas e políticas, como problemas «novos», ou como problemas que foram objecto de um alegado crescimento, dramático e recente; em segundo lugar, a sua incidência é exagerada por estatísticas folclóricas que, embora não confirmadas por estudos académicos, são repetidas pelos meios de comunicação, podendo inspirar persistentes campanhas mediáticas. Por seu turno, Philip Jenkins sublinhou o papel dos «empresários morais», pessoas cujos interesses nem sempre são óbvios, na criação e na gestão destes pânicos.
Os pânicos morais não fazem bem a ninguém; distorcem a percepção dos problemas, comprometendo a eficácia das medidas destinadas a resolvê-los. A uma análise mal feita não pode nunca deixar de se seguir uma intervenção mal feita.
Sejamos claros: na origem dos pânicos morais estão condições objectivas e perigos reais; os problemas não são inventados, as suas dimensões estatísticas é que são exageradas. Numa série de interessantes estudos, Philip Jenkins mostrou que a questão dos sacerdotes pedófilos é talvez o exemplo mais típico de pânico moral; com efeito, estão aqui presentes os dois elementos característicos desta situação: um dado real de partida, e um exagero deste dado por obra de ambíguos «empresários morais».
Comecemos pelo dado real de partida. Há sacerdotes pedófilos. Alguns casos, repugnantes e perturbadores, foram alvo de condenações peremptórias, e os próprios acusados nunca se declararam inocentes. Estes casos – passados nos Estados Unidos, na Irlanda, na Austrália – explicam as severas palavras proferidas pelo Papa, bem como o pedido de perdão que dirigiu às vítimas. Mesmo que se tratasse apenas de dois casos – ou de um só –, seriam sempre demais; contudo, a partir do momento em que não basta pedir perdão – por muito nobre e oportuna que tal atitude seja –, sendo preciso evitar que os casos se repitam, não é indiferente saber se foram dois, ou duzentos, ou vinte mil.
Como também não é irrelevante saber se os casos são mais ou menos numerosos entre os sacerdotes e os religiosos católicos do que entre outras categorias de pessoas. Os sociólogos são muitas vezes acusados de trabalhar com a frieza dos números, esquecendo que, por detrás dos números, se encontram pessoas; acontece porém que, embora insuficientes, os números são necessários, porque são o fundamento de uma análise adequada.
Para se compreender como é que, a partir de um dado tragicamente real, se passou a um estado de pânico moral, é pois necessário perguntar quantos são os sacerdotes pedófilos. Os dados mais amplos sobre esta matéria foram recolhidos nos Estados Unidos onde, em 2004, a Conferência Episcopal encomendou um estudo independente ao John Jay College de Justiça Criminal da Universidade de Nova Iorque, que não é uma universidade católica e que é unanimemente reconhecida como a mais autorizada instituição académica americana em criminologia. De acordo com este estudo, entre 1950 e 2002, 4392 sacerdotes americanos (num total de 109.000) foram acusados de manter relações sexuais com menores; destes, pouco mais de uma centena foram condenados pelos tribunais civis. O reduzido número de condenações por parte do Estado deriva de vários factores. Em alguns casos, as vítimas – efectivas ou presumidas – acusaram sacerdotes que já tinham morrido, ou cujos alegados crimes já tinham prescrito; noutros casos, a acusação e a condenação canónica não corresponde à violação de nenhuma lei civil, como acontece, por exemplo, em diversos estados americanos em que o sacerdote tenha tido relações com uma – ou mesmo com um – menor com mais de dezasseis anos que tenha consentido no acto.
Mas também houve muitos casos clamorosos de sacerdotes inocentes que foram acusados, casos que se multiplicaram na década de 1990, quando alguns escritórios de advogados perceberam que podiam arrancar indemnizações milionárias na base de simples suspeitas. Os apelos à «tolerância zero» justificam-se, mas também não deve haver tolerância relativamente à calúnia de sacerdotes inocentes. Acrescento que, relativamente aos Estados Unidos, os números não mudariam de forma significativa se lhes juntássemos o período de 2002 a 2010, porque o estudo do John Jay College já fazia notar o «notável declínio» do número de casos observado no ano 2000. As novas investigações foram muito poucas, e as condenações pouquíssimas, devido às rigorosas medidas introduzidas, quer pelos bispos americanos, quer pela Santa Sé.
O estudo do John Jay College afirma, como muitas vezes se lê, que 4% dos sacerdotes americanos são «pedófilos»? Nem pensar. De acordo com o referido estudo, 78,2% das acusações referem-se a menores que já ultrapassaram a puberdade. Ter relações sexuais com uma rapariga de dezassete anos não é certamente um acto de virtude, muito menos para um sacerdote; mas também não é um acto de pedofilia. Assim, os sacerdotes acusados de pedofilia efectiva nos Estados Unidos foram 958 em cinquenta e dois anos, ou seja, dezoito por ano; as condenações foram 54, ou seja, pouco mais de uma por ano.
O número de condenações penais de sacerdotes e religiosos noutros países é semelhante ao dos Estados Unidos, ainda que não exista, relativamente a nenhum país, um estudo completo como o do John Jay College. Na Irlanda, são frequentemente citados relatórios governamentais, que definem como «endémica» a presença de abusos nos colégios e orfanatos (masculinos) geridos por algumas dioceses e ordens religiosas, e não há dúvida de que houve casos de gravíssimos abusos sexuais de menores neste país. Uma análise sistemática destes relatórios permite contudo perceber que muitas das acusações dizem respeito à utilização de meios correctivos excessivos ou violentos. O chamado Relatório Ryan, de 2009, que recorre a uma linguagem muito dura no que diz respeito à Igreja Católica, assinala, em 25.000 alunos de colégios, reformatórios e orfanatos, no período analisado, 253 acusações de abusos sexuais por parte de rapazes e 128 por parte de raparigas (e nem todas são atribuídas a sacerdotes, religiosos ou religiosas), de natureza e gravidade diversas, raramente referidas a crianças pré-púberes e que ainda mais raramente conduziram a condenações.
As polémicas das últimas semanas, relativas à Alemanha e à Áustria, expõem uma característica típica dos pânicos morais: apresentar como «novos» factos ocorridos há muitos anos ou, como em alguns casos, conhecidos parcialmente há mais trinta anos. O facto de eventos ocorridos em 1980 terem chegado à primeira página dos jornais apresentados como se tivessem acontecido ontem – e com particular insistência no que diz respeito à Bavária, a área geográfica de onde o Papa é originário –, e de deles resultarem violentas polémicas, com ataques concentrados, que todos os dias anunciam, em estilo gritante, novas «descobertas», mostra claramente que o pânico moral é promovido por «empresários morais» de forma organizada e sistemática. O caso que – de acordo com os títulos de alguns jornais – «envolve o Papa» é um caso de manual; refere-se a um episódio de abusos que teve lugar na Arquidiocese de Munique da Baviera e Freising, da qual era Arcebispo o actual Pontífice, e que remonta a 1980.
O caso veio à luz em 1985 e foi julgado por um tribunal alemão em 1986, estabelecendo, entre outras coisas, que a decisão de instalar o sacerdote em questão na diocese não tinha sido tomada pelo Cardeal Ratzinger, nem era sequer do seu conhecimento, circunstância que não é propriamente de estranhar numa diocese grande, com uma burocracia complexa. A verdadeira questão deve ser, pois: o que leva um jornal alemão a decidir recuperar o caso, e trazê-lo à primeira página vinte e quatro anos depois?
Uma pergunta desagradável – porque o simples facto de a colocar parece uma atitude defensiva, e também não consola as vítimas –, mas importante, é a de saber se um sacerdote católico corre, pelo facto de o ser, mais riscos de vir a ser pedófilo ou de abusar sexualmente de menores do que a maioria da população, duas situações que, como se viu, não são idênticas, porque abusar de uma rapariga de dezasseis anos não é ser pedófilo. É fundamental responder a esta pergunta, para descobrir as causas do fenómeno, e portanto para poder evitá-lo. De acordo com os estudos de Philip Jenkins, comparando a Igreja Católica dos Estados Unidos com as principais denominações protestantes, a presença de pedófilos é, dependendo das denominações, duas a dez vezes superior entre os pastores protestantes. A questão é relevante, porque mostra que o problema não é o celibato, dado que, na sua maioria, os pastores protestantes são casados.
No mesmo período em que uma centena de sacerdotes católicos eram condenados por abusos sexuais de menores, o número de professores de educação física e de treinadores de equipas desportivas jovens, também quase todos casados, considerados culpados do mesmo delito nos tribunais americanos atingia os seis mil. Os exemplos podem multiplicar-se, e não só nos Estados Unidos. E o principal dado a ter em conta, de acordo com os relatórios periódicos do governo americano, é o de que dois terços dos abusos sexuais a menores não são feitos por estranhos, ou por educadores – incluindo os sacerdotes católicos e os pastores protestantes –, mas por membros da família: padrastos, tios, primos, irmãos e pelos próprios pais. E existem dados semelhantes relativamente a muitos outros países.
E há um dado ainda mais significativo, mesmo que politicamente incorrecto: 80% dos pedófilos são homossexuais, são homens que abusam de outros homens.
E – voltando a citar Philip Jenkins – 90% dos sacerdotes católicos condenados por abusos sexuais de menores e pedofilia são homossexuais. Se a Igreja Católica tem efectivamente um problema, não é o do celibato, mas o de uma certa tolerância da homossexualidade nos seminários, que teve particular incidência nos anos 70, a época em que foi ordenada a grande maioria dos sacerdotes que foram posteriormente condenados por abusos. Um problema que Bento XVI está a corrigir com todo o vigor. De forma mais geral, o regresso à moral, à disciplina ascética, à meditação sobre a verdadeira e grandiosa natureza do sacerdócio, são os melhores antídotos contra a verdadeira tragédia que é a pedofilia; e o Ano Sacerdotal também deve ter esse objectivo.
Relativamente a 2006 – altura em a BBC emitiu o documentário de Colm O’Gorman, deputado irlandês e activista homossexual – e a 2007 – altura em que Santoro apresentou a respectiva versão italiana em Annozero –, não há, na realidade, grandes novidades, à excepção de uma crescente severidade e vigilância por parte da Igreja. Os casos dolorosos dos quais se tem falado nas últimas semanas não são todos inventados, mas sucederam há vinte ou trinta anos.
Ou talvez haja uma novidade. Como se explica esta recuperação, em 2010, de casos antigos e muitos deles já conhecidos, ao ritmo de um por dia, atacando de forma sempre mais directa o Papa, um ataque aliás paradoxal, tendo em consideração a enorme severidade, primeiro do Cardeal Ratzinger, e depois de Bento XVI, relativamente a este tema? Os «empresários morais» que organizam o pânico têm objectivos específicos, objectivos esses que se vão tornando cada vez mais claros, e que não são a protecção das crianças.
A leitura de certos artigos permite compreender que – na véspera de escolhas políticas, jurídicas e mesmo eleitorais que, um pouco por toda a Europa e pelo mundo, põem em questão a administração da pílula RU486, a eutanásia, o reconhecimento das uniões homossexuais, temas em que a voz da Igreja e do Papa é quase a única que se ergue a defender a vida e a família – poderosos grupos de pressão se esforçam por desqualificar preventivamente esta voz com a acusação mais infamante, que é também, hoje em dia, a mais fácil de fazer: a acusação de favorecer ou tolerar a pedofilia. Estes grupos de pressão mais ou menos maçónicos são uma prova do sinistro poder da tecnocracia, evocado pelo mesmo Bento XVI na encíclica Caritas in Veritate e denunciado por João Paulo II na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1985 (de 08.12.1984), quando se referia aos «desígnios ocultos», a par de outros «abertamente propagandeados», «com vista a subjugar os povos a regimes em que Deus não conta».
Vivemos realmente numa hora de trevas, que traz à mente a profecia de um grande pensador católico do século XIX, o piemontês Emiliano Avogadro della Motta (1798-1865), que afirmava que das ruínas provocadas pelas ideologias laicistas nasceria uma verdadeira «demonolatria», que se manifestaria de modo especial no ataque à família e à verdadeira noção do matrimónio. Restabelecer a verdade sociológica sobre os pânicos morais relativamente aos sacerdotes e à pedofilia não permitirá travar este grupo de pressão, mas poderá constituir, pelo menos, uma pequena e devida homenagem à grandeza de um Pontífice e de uma Igreja feridos e caluniados porque se recusam a calar-se nas matérias que dizem respeito à vida e à família.
Vivemos realmente numa hora de trevas, que traz à mente a profecia de um grande pensador católico do século XIX, o piemontês Emiliano Avogadro della Motta (1798-1865), que afirmava que das ruínas provocadas pelas ideologias laicistas nasceria uma verdadeira «demonolatria», que se manifestaria de modo especial no ataque à família e à verdadeira noção do matrimónio. Restabelecer a verdade sociológica sobre os pânicos morais relativamente aos sacerdotes e à pedofilia não permitirá travar este grupo de pressão, mas poderá constituir, pelo menos, uma pequena e devida homenagem à grandeza de um Pontífice e de uma Igreja feridos e caluniados porque se recusam a calar-se nas matérias que dizem respeito à vida e à família.
Editado 1 vezes. Última edição em 29/03/2010 19:44 por vitor*.
Re: O Pânico moral
Escrito por: Rui Vieira (IP registado)
Data: 29 de March de 2010 19:51
Certíssimo. Nem mais.
Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer? Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem? Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue? Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo (S. Agostinho, Confissões)
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: p_veiga (IP registado)
Data: 30 de March de 2010 13:26
É minha opinião, que o que se esta a passar agora nos média, é meramente moda, já chegou ao politicos... porque não á nossa igreja!?
A Igreja não sai prejudicada, é uma instituição enorme, logo alguns podem ser menos perfeitos do que outros... depois sabe da verdadeira intenção das queixas muitas delas serão para extorquir boas indemnizações, outras não serão.
Mas não perco a confiança nem na Ijrega nem nos que estão a frente dela.
Nunca peço nada a Deus, peço agora que a moda passe depresssa, apenas isso...
P Veiga
Re: Uma noticia que nos entristece a todos!
Escrito por: helena vieira (IP registado)
Data: 10 de April de 2010 19:24
"Peço agora que a moda passe depressa"
Não se trata de modas, não estamos a falar de boatos sem provas mas sim de crime, tanto de pedofilia como de avuso sexual de menores, quer seja num caso ou noutro não deixamos de estar perante um crime e ninguem deve ficar indiferente a isto mesmo que estes crimes sejam cometidos por pessoas que ao contrário daquilo que fizeram deveriam transmitir o amor ao próximo a fé em cristo e o que fizeram foi nada mais que manchar o nome de DEUS e o nome da instituíçao a que pertencem. Como em todos os crimes de abuso sexual de menores tem que haver um culpado e nas leis do código penal esse culpado deve ser punido pelo crime de...tambem diz que todos temos o dever e a obrigação de os denunciar.Estes crimes foram praticados há 20 ou 3o anos mas os culpados não foram condenados,´as pessoas que tiveram conhecimento destes casos na altura não os denunciaram á polícia,portanto são cumplices existe aqui uma grande falha ao omitir esses acontecimentos.
A igreja teve sempre o cuidado de esconder de calar os abusos sexuais cometidos por padres, sou católica praticante mas digo se tiver conhecimento de algum caso semelhante não ficaria nenhum culpado impune de seus actos.
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