Há coisas que me amarguram sinceramente. A frieza com que algumas pessoas olham para o serviço de voluntariado, o funcionalismo com que o encaram sem dele retirar, o que há de melhor: a amizade entre aquele que ajuda e aquele que é ajudado. Ontem deparei-me com uma destas situações que resolvo agora partilhar e para as quais me falta resposta e principalmente coração, mas escuso-me a relatar pormenores, porque não seria honesto da minha parte.

Outra coisa que a mim me custa é que digam mal da Igreja conhecendo-a pela rama, por aquilo que se diz que houve no passado, quando se fala da Inquisição e não se olha para as conquistas da Idade média, como as universidades, as ordens mendicantes, a cultura desenvolvida, o culto do evangelho e tantas coisas boas que nos trouxe a Igreja na Idade Média. Doo-me pelos meus irmãos e irmãs que viveram naquele tempo e ajudaram a formar esta Igreja, tão repleta de Reino de Deus. Quero no entanto dizer que tenho muito, mas muito orgulho em pertencer a esta Igreja e enquanto Deus me quiser eu estarei aqui, ao serviço cristão. Como diz S. Agostinho: "aterra-me ser para vós, mas consola-me o estar convosco. Sou para vós, como Bispo; estou convosco, como cristão. Nome de oficio, o primeiro; de graça, o segundo; aquele, de risco; este, de salvação"[Lumen Gentium]



Editado 1 vezes. Última edição em 25/11/2009 23:47 por vitor*.

Mas afinal que coisas não conhecemos apenas pela rama. As pessoas formam uma opinião sobre muitas coisas, mas na quase totalidade dos casos apenas as conhecem pela rama, muito pela rama. Defendem apaixonadamente um partido, uma politica mas são completamente incompetentes, completamente ignorantes sobre o tema daquela politica, etc.

A Igreja é engraçada, muito engraçada, isso ninguém lhe pode tirar.

Gostei do "conhecer pela rama", voltamos sempre ao mesmo. É uma questão de perspectiva, calculo que conhece pela rama aquele que não reconhece na bela Igreja a soberania, que não esquece a inquisição acto único religioso e não se lembra de outros aspectos que sem a Igreja surgiram e continuam a surgir.
Uma cultura que se desenvolveu com base em...quantos não são os símbolos pagãos aproveitados? As histórias tocam-se são sequência, são formas adequadas de entendimento, não são segmentadas mas com elo, é precisa menos imaginação para ver isso do que para imaginar Deus. Talvez isso resulte dos capítulos, de fases que separamos abruptamente na história.

Para espalhar a mensagem "amor incondicional" é necessário o quê? Esse conhecimento e regra institucional? Não me parece!
No entanto a guerra continua e faz-se em nome da religião...interessante não?!

Uma mentira bem contada, não deixa de ser mentira, uma mentira contada à uns quantos anos, não deixa de ser mentira, actos generosos baseados nessa mentira, não fazem da mentira menos mentira!

O que me custa a mim, é a tendência separatista que continua a ser fomentada, o isolamento de uma mensagem universal que continua viva e em desenvolvimento.

A propósito ainda agora vi numa livraria um livro da história da igreja que de conteúdo não devia ter mais que 80 páginas. Caramba dá 4 páginas por cada 100 anos.
Fantástico resumo.

Citação:

Anori
Uma mentira bem contada, não deixa de ser mentira, uma mentira contada à uns quantos anos, não deixa de ser mentira, actos generosos baseados nessa mentira, não fazem da mentira menos mentira!

Por isso mesmo é que vc poderia/deveria mentir menos.

Custa porque é mais fácil ser ignorante e não procurar a verdade em vez do preconceito.

Eu estou um bocado farta destes ataque e manifestas ignorâncias alheias. Ide ler um bocadinho, gente.

Anori, por cada guerra que me citares que tiver sido feita em nome da religião eu te citarei 10 que foram feita em nome do deus deste mundo, manom, mais conhecido por dinheirito. Isto e o ventre, o alto e o baixo ventre.

Fui clara quando disse que em nome da religião se fazem guerras!



Editado 1 vezes. Última edição em 01/12/2009 12:38 por Anori.

Neste momento o que mais me custa é que não seja feita Justiça, em Portugal.

Estou farta desta paz podre...

Ignorância vs. Estupidez

A ignorância, não deixa de ser um bem, exactamente como o ódio, só odeia quem é capaz de amar! Ainda que a mensagem não seja endereçada, sendo para todos. Tenho todo o prazer em assumir a minha ignorância! É exactamente ela que me exige procurar a verdade.
A estupidez é publicitada por aqueles que estão cheios deles, cheios dos livros certos, cheios dos paladares certos, dos cheiro certos, das vozes, das músicas..."certas"!


“ (…) Cristo não tinha paciência para os aborrecidos e mortos sistemas mecânicos que tratam as pessoas como se fossem coisas, e por isso tratam toda a gente da mesma maneira, como se alguém, ou mesmo alguma coisa do mundo, fosse igual a alguma outra. Para ele não havia leis; apenas havia excepções.
(…)
Como todas as naturezas poéticas, ele amava os ignorantes. Sabia que na alma daquele que é ignorante há sempre lugar para uma ideia grande. Mas não suportava pessoas estúpidas, especialmente aqueles que se tornam estúpidos pela educação – pessoas que estão cheias de opiniões que não são capazes de compreender, um tipo particularmente moderno, e resumido por Cristo quando o descreve como o tipo daqueles que têm a chave do conhecimento, não sabem utilizá-la, e não permitem que outras pessoas a utilizem, embora ela possa servir para abrir a porta do reino de Deus.”

In De Profundis, Oscar Wilde

Maria José...

Alinho na revolução, qualquer coisinha é só dizer :D
Pois apesar de todo o mal estar que a minha opinião gera, principalmente no que respeita a alguns temas, eu amo a Humanidade. É realmente uma vergonha o que estamos a viver...infelizmente só consigo ver as coisas piorarem. Ao contrário do que muitos pensam a solidariedade não é exclusividade da religião como alegam, ela promove sim, mas é algo natural.

Citação:

Anori
Fui clara quando disse que em nome da religião se fazem guerras!

Ninguém é obrigado a saber muito de história, aliás eu também não sei, mas vou estudando alguma coisa. A seguir aos atentados de 11/09 nos USA um jornal publicou 32 minilivros sobre religiões e guerras religiosas, 16 sobre religiões diversas e 16 sobre 16 guerras religiosas ao longo dos séculos.
Apesar de serem pequenos os livros eram sínteses muito bem feitas. Era notório que tiveram dificuldade em encontrar 16 guerras religiosas, muitas delas dificilmente se poderiam classificar como religiosas. Não é pelos inimigos serem de religiões diferentes que uma guerra é motivada por diferenças religiosas, embora nesses casos seja muitas vezes tentador motivar os soldados recorrendo também à religião.
Para além disso a maioria das guerras, pelo que conheço a grande maioria, que podem ser classificadas como religiosas envolvem o islão, que nasceu promovendo a guerra.
Mas se algumas guerras tiveram entre as suas várias motivações uma questão religiosa, muito poucas no total das guerras que ocorreram, muitas outras foram evitadas devido ao humanismo da mensagem e da cultura cristã. É completamente diferente o ideal do guerreira cristão, o cavaleiro protector dos orfãos, viúvas e dos fracos em geral, do guerreiro pré-cristão, cuja motivação primordial para a guerra era fazer a pilhagem e apropriar-se dos bens do inimigo, bens que incluíam reduzir os soldados inimigos e o povo inimigo à escravatura.
Existiram excepções notáveis a esta regra mas há uma radical diferença entre as guerras antes e depois do cristianismo.
Há o cristianismo uma mensagem de fraternidade entre todos os homens que creio que terá ajudado a evitar muitas mais guerras que aquelas que provocou. Se virmos a história de regiões longe da influência cultural cristã percebemos que essa história tem quase sempre mais episódios de guerra e violência que as regiões que beneficiaram da influência da cultura cristã.
Um caso exemplar que me lembro é o dos vickings. Faziam sistematicamente ataques na europa ocidental aonde pilhavam o que conseguiam, matavam, violavam e levavam pessoas para serem escravos e escravas. Entre os escravizados alguns eram religiosas e a influência desses escravos religiosos entre os vickings acabou por conseguir a sua conversão ao cristianismo. Pois bem, à medida que os vickings se convertiam ao cristianismo abandonavam as suas práticas de ataques de pilhagem a outros povos.
O mal é muito mais falado, muito mais fácil se ser falado que o bem, mas creio bem que se estudarmos o assunto seriamente, não ficarmos pelo ruído superficial das coisas veremos que se a religião, e em particular a religião cristã provocou algumas guerras, muitas mais foram as guerras que foram evitadas devido a essa mesma religião.



Editado 1 vezes. Última edição em 07/12/2009 06:48 por nick.