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Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 14 de February de 2004 15:42

Já por várias vezes aqui se discutiram temas relacionados com o planeamento familiar e a doutrina da Igreja sobre o assunto, dando lugar -- por exemplo -- a posições extremadas por parte da então "apenas" Ana (Ana Paula) e do João Oliveira. Embora possa vir a reeditar-se o "duelo", não é tanto isso que me interessa neste momento; interessa-me, sim, levantar um problema muito sério, que tem a ver com a linguagem da doutrina da Igreja em matéria de moral sexual e familiar.

Do ponto de vista dos ideais, o ensino da Igreja em matéria de moral familiar e sexual é de uma extraordinária beleza. É o ideal de nos movermos pelo puro amor, sem manipular ninguém, sem qualquer egoísmo. De facto, muito do que se chama "amor" não passa de uma satisfação de um egoísmo. Em relação ao problema da sida e do uso do preservativo, do ponto de vista dos ideais, a Igreja tem razão: se não houvesse infidelidade conjugal nem promiscuidade, o flagelo diminuiria draticamente. Mas há um grande problema: este discurso tão bonito é muitas vezes tão etéreo e tão idealizado que simplesmente não é possível. A moral aponta-nos ideais pelos quais vale a pena lutar, mas se os ideais forem tão altos e tão irrealistas, valerá a pena insistir neles?

Claro que se pode contra-argumentar: mas porque são ideais altos, podemos desistir deles? Não há lugar para os valores? Temos que sucumbir e baixar os braços só porque "così fan tutte"? Ou: não nos diz o evangelho que sejamos perfeitos como Deus?

Creio que já aqui contei uma vez uma pequena "estória" que tem muito que ver com isto. Por altura de uma guerra um determinado país lançou um ataque ao país vizinho com paraquedistas. Um vento inesperado fez com que alguns ficassem muito próximos da fronteira. Ora, um deles ficou dependurado numa árvore, e sem saber se estava em país inimigo ou no seu próprio. Pela manhã passou um velho por debaixo da árvore e o paraquedista gritou: "Por favor, diga-me onde estou!" E o velho disse-lhe: "O senhor está dependurado numa árvore". Retorquiu o paraquedista: "O senhor é padre?" E o velho surpreendido, porque nem usava veste clerical: "Sou, porque pergunta?" E o paraquedista: "É que os padres dizem sempre coisas certas mas que não servem para nada!"

De facto, há que perguntar se com a "Humanae Vitae" não se perdeu um pouco do "sensus fidelium" ou "sentir da Igreja". A "Humanae Vitae" aponta para ideais muito bonitos, mas, queiramos ou não, ela marcou o "divórcio" definitivo entre o discurso teórico(?) da hierarquia e a prática dos católicos. Não acredito que haja sequer 5% dos católicos que usem os métodos naturais e considero que estou a ser "generoso". Será que 5% os conhecem? Ora, há um princípio teológico muito antigo que diz que a legitimidade de uma doutrina (incluindo os dogmas) também se mede pela sua recepção. A mim parece-me muito claro que a "recepção" da linguagem da moral sexual e familiar entre os católicos é claramente negativa, senão hipócrita. Explico este "hipócrita", para não se abusar de chavões. Creio que é muito preocupante o que se passa nos Cursos (ou Centros) de Preparação para o Matrimónio (vulgo "CPM's"). A estrutura dos CPM's parece-me ser muito interessante, mas, quando se chega à questão do planeamento familiar ou paternidade/maternidade responsável, resvala-se frequentemente para a hipocrisia, porque os casais que "pregam" os métodos naturais claramente não os praticam e/ou nunca os praticaram. Outros mais "habilidosos", limitam-se a dizer que "a doutrina da Igreja é esta", procurando não se implicar. Mas quando se lhes pergunta se os praticam, lá acabam por dizer que não.

Há uma outra frente do problema: o modo como os católicos vivem pessoalmente e em casal este problema. É um problema muito sério. Muitos entendem que em consciência não podem seguir externamente a doutrina dos métodos naturais e sentem-se justificados, não têm especial problema nisso. Outros vivem com alguma "amargura" mas nem chegam a resolver o problema, nem sequer em confissão. Suspeito que esperam pela menopausa da mulher para colocar o problema ao padre e esperar a absolvição, para assim "fecharem o dossiê". Mas em consciência nem estão propriamente arrependidos, porque pensam que fizeram bem em planear ter três filhos e não sete ou oito, como poderia ter acontecido... Outros ainda simplesmente ignoram e não poucos se afastam da prática católica por causa destas questões.

Outro aspecto a complicar tudo tem a ver com a disparidade com que os padres e agentes pastorais tratam o problema. É aqui que entra o título dete tópico: "Moral católica esquizofrénica?"

É que, enquanto muitos padres interpretam que o que os princípios doutrinais são para ser aplicados a situações "ideais", podendo ser adaptados em cada caso, de modo a que nunca se coloquem "fardos pesados" aos quais os padres não tocam nem com o dedo, para usar uma expressão bíblica, outros padres agarram-se à letra das leis e parecem ter prazer em carregar os leigos com o fardo do remorso. Como resultado, muitos casais andam "de Anás para Caifás" até encontrarem um padre que os "compreenda" e lhes dê o "placet" para continuarem a usar os contraceptivos de consciência tranquila.

E, de facto, este segundo grupo de padres parece estar dentro do espírito da mesma doutrina, como demonstra um caso paradigmático do Cardeal Ratzinger, há uns bons anos. Estando numa conferência de imprensa a apresentar um documento sobre moral sexual e planeamento familiar, um jornalista propôs-lhe o caso "clássico" de uma mulher que já tem quatro filhos, sem grandes recursos e cujo marido é alcoólico e violento e não está, obviamente, em condições de praticar os métodos naturais... Não será uma irresponsabilidade ter mais filhos nestas circunstâncias? Ratzinger respondeu que este era um caso pastoral a ser tratado por um agente pastoral. Aqui estamos no nó da questão. Ratzinger e outros teólogos parecem perceber a diferença entre a letra e o espírito das leis, mas muitos outros, por medo(?), fixam-se à letra da lei, acusando os que a interpretam mais "liberalmente" de "mãos largas", laxistas e por aí fora... Onde vamos parar?

O "Público" de hoje dá conta de uma entrevista com D. Januário Torgal Ferreira que vem agitar um nadinha as águas. O grande problema, a meu ver, é que a maior parte dos bispos se move (ou não se move!) por medo do centralismo de Roma. De uma forma geral, é notória a tal esquizofrenia de discurso e a tentativa de "tapar o sol com uma peneira". D. Januário tem o mérito de falar do assunto sem rodeios. É possível que depois venham tentativas de relativizar o dito, como tem sido prática corrente noutros campos, que houve más interpretações, que se empolou a questão, etc...

Para o debate gostava sugerir três aspectos:

1 - É ou não legítimo apontar para valores cristãos no campo sexual e familiar? (Ou de outra forma: que consequências tiramos do evangelho para estes aspectos da vida? O evangelho é compatível com uma visão subjectiva/subjectivista e individual/individualista da moral?)

2 - Há limites de razoabilidade dos ideais? Que limites? Pode-se "reformar" a "Humanae Vitae" sem perigo de estarmos a ser infiéis ao espírito do evangelho?

3 - Como ultrapassar a tal "esquizofrenia" da linguagem a que me referia, sem cair no laxismo do "tudo vale" ou "cada um sabe de si"?

Uma nota final: seria bom que as meras "bocas foleiras" talibanescas usassem de "continência", permitindo participações mais sérias.

Alef

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 14 de February de 2004 15:46

Aqui fica a notícia de que falava. Mais na "Pública" de amanhã.
Alef

D. Januário Torgal Ferreira Admite Uso do Preservativo e da Pílula


A protecção contra a sida "deve ser assegurada por metodologias que tentam preservar todo o perigo, portanto, o uso do preservativo, se não há outra forma", admite D. Januário Torgal Ferreira. Numa entrevista feita no contexto de um trabalho sobre mulheres e Deus, para a edição da Pública de amanhã, o bispo das Forças Armadas diz que a Igreja deve rever a sua posição em relação aos contraceptivos e reconhece que muitos católicos os usam.

"Há um aspecto que precisa de ser muito revisto: não se cair na padronização dos métodos naturais, do ponto de vista da procriação - ouvir a ciência e a pesquisa quanto a outros métodos", alerta D. Januário. "Quem estiver habituado a lidar com casais e a ouvi-los, e depois de ouvir médicos, tem uma dificuldade seriíssima em realizar esse projecto de acordo com a Humanae Vitae [encíclica que proíbe os contraceptivos]."

Concretizando: "Na prática, um grande número de católicos faz isso, não andemos aí com ilusões. Por preguiça, por não terem utilizado os melhores ajustes, etc. Portanto, não andemos aí com dois tipos de linguagem. E não façamos disso um fantasma. Sem medo, com toda a naturalidade, estas temáticas deviam ser discutidas. Ninguém diz que os métodos naturais não têm a sua eficácia e não resultam, bem empregues. Acho que sim. Mas um grande número de casais que fizeram um grande esforço e que não conseguem concretizar essas metodologias, na prática utilizam todos os processos contraceptivos e dizem: 'Com a minha consciência, sinto-me pacificado. Se tivesse sete ou oito filhos é que seria grave, porque não estaria a concretizar uma paternidade responsável, estava a atirar para a vida um conjunto de seres que depois não poderia acompanhar, do ponto de vista cultural e psicológico'."

Especificamente em relação ao preservativo como meio de prevenção contra a sida - e tendo em conta, nomeadamente, a situação das infecções em África -, D. Januário considera-o "um mal menor", a ser usado quando a abstinência ou a fidelidade não sejam possíveis. "A Igreja não vai dizer ao marido: 'Sê infiel lá como queres', mas sim: 'Não tens problema, se viveres na fidelidade conjugal.' E do ponto de vista de alguém que é solteiro, dizer: 'É-te indevido esse relacionamento sexual.' Agora [a Igreja deve dizer]: 'Se tu tiveres [esse relacionamento], há uma coisa fundamental: tens obrigação de proteger a tua vida e a vida do outro.' Esse tipo de protecção deve ser assegurado por metodologias que tentam preservar todo o perigo - portanto, o uso de preservativo, se não há outra forma."

D. Januário ressalva, no entanto, que "o método mais forte e eficaz é a pessoa ter a vontade de não entrar em anarquias" e diz que não acredita que "seja pela pedagogia da Igreja que as pessoas não utilizam o preservativo". Exemplifica com o caso da sociedade portuguesa: "A cultura científica diz à pessoa: utiliza o preservativo. E a pessoa não o utiliza. A maioria das pessoas em Portugal não utiliza o preservativo."

Por ALEXANDRA LUCAS COELHO
"Público", Sábado, 14 de Fevereiro de 2004
[url]http://jornal.publico.pt/2004/02/14/Sociedade/S05.html[url]

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: cristina (IP registado)
Data: 14 de February de 2004 21:15





É legitmo apontar para os valores cristãos no campo sexual e familiar?

Cristo não se referiu muito a esta matéria directamente, só quando interpelado, talvez porque não seja a mais importante.

Cristo falou muito para os aspectos da liberdade e da verdade , da humildade e do amor pelo proximo. estes são os valores pelos quais a Igreja efectivamente devia trabalhar com bastante seriedade.

Se um individuo é humilde, se se preocupa com os outros , se é honesto e sincero, se tem o dom da partilha, se efectivamente está perfeitamente socializado e vive em harmonia consigo proprio e com os outros é lógico que está apto a casar. O que se passa é que as pessoas não crescem espiritualemnte como seria desejavel.

O que se verifica é que os casamentos tem falhado e muitos não passam de verdadeiros martirios. Porquê?

É legitmo que a Igreja aconselhe a vida familiar, mas perde tempo se fala com pessoas que não vivem o cristianismo de uma forma autentica. A sexualidade humana não é um sector à parte da vida , é o reflexo de todo o modo de se relacionar com o mundo e com os outros. Assim a Igreja deveria antes demais preocupar-se com a formação espiritual , exigindo uma moral catolica concisa e coerente.

O que assiste hoje é a um desmantelamento dos valores proveniente de uma escala d evalores de pecados. Não existem pecados maiores nem menores. Os pecados capitais resultam de pecados menores, o matar da inveja e da cobiça, a traição da mentira e por aí fora. afinal todo o mal começa na mente do homem, no seu coração quando maquina o mal.

talvez a pedagogia do ensino é que esteja mal. talvez não se deva dizer não adulteres senão vais para o inferno mas dizer: ama e respeita e a tua vida será prospera.

não tomes a plilula que vais para o inferno mas usa o metodo natural, por razões naturais de respeito pelo corpo. Com o nascimento de uma educação ambientalista em que surge a consciencia de que efectivamente o natural e´o melhor , em que se reclama por alimentos sem aditivos, por alimentos sem antibioticos , por alimentos biológicos , é estranho que a mulher não lute pela natureza do seu corpo e deteste a pilula. A pilula é bem aceite e vem no seguimento de uma liberdade sexual falsa como se o acto fosse um acto fisico, a mulher assim está sempre pronta.

E porque tem a mulher de estar sempre pronta se os homens muitas vezes não estão?

A pilula inibe o prazer sexual , provoca cefaleias, esterilidade, porque usam as mulheres a pilula?

As relações esgotam-se e os casamentos, os homens deviam saber conter-se e esperar.

A Igreja deve manter os seus ideias e lutar por eles e mau é quando renunciar ao bem. deve analisar as causas dos males actuais e reformular a educação mas nunca abdicar do essencial. O essencial é efectivamente o amor , o respeito que não existem neste momento entre muitos casais.

Um arrastar de maus conceitos , celibatos , religiosidades, sempre enfatizaram a sexualidade desmedidamente dando-lhe um revelo maior do que merece.

cristina

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 14 de February de 2004 22:01

Em minha opinião a "Humanae Vitae" não tem relevância para a grande maioria dos católicos. De facto, excluindo aqueles que sei terem estudado Teologia, não conheço quem a tenha lido. Deste modo não me parece que sequer 5% dos católicos a tenham lido. Penso que o Alef está de facto a ser muito "generoso" como afirma.

Isto coloca a questão da "recepção" da Encíclica por parte da Igreja. Eu considero que a imensa maioria não se sente sequer com qualquer problema de consciência por não cumprir aquilo que pensa que ela diz. Não lhe dão pura e simplesmente qualquer relevância.

Constitui de facto um problema que apenas serve para afastar as pessoas da Igreja. Não contesto a bondade dos ideais. Mas a encíclica contém dentro de si um "pecado original": é totalmente "clerical". Esquece que a Igreja só tem sentido no serviço à comunidade, não é nenhum fim em si próprio. E com esta encíclica, voluntária e deliberadamente, tentou voltar ao ambiente pré-conciliar em que se discutia mais uma moral abstracta que a sua aplicação prática para as pessoas.

Houve a "tentação" de moralizar por decreto. Esqueceu-se o mais importante: as pessoas. Sem elas não faz sentido a existência da Igreja. E as pessoas responderam ignorando-a.

Quanto ao Ratzinger: mais uma vez tem razão. Ele consegue ver uma Igreja para as pessoas. Ele "recebeu" plenamente o Concílio 2º do Vaticano. Será que os autores desta Encíclica o fizeram também tão plenamente, ou mantiveram reservas?

Quanto à reforma da Encíclica: vox populi, vox dei. Se esta locução já serviu para aprovar dogmas, é questão de a utilizar aqui.

João (JMA)

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 02:12

Cristina:

Mesmo não alinhando necessariamente em tudo o que dizes, gostei muito do teu comentário, que levanta uma série de questões interessantes.

É relevante que sublinhes a necessidade de a Igreja (todos os cristãos) se centrarem no essencial, que é o amor, e de a hierarquia dever usar uma linguagem mais pedagógica. Bingo! Parece-me este um aspecto essencial. A Igreja hierárquica tem um grande défice de comunicação, porque serve coisas bonitas em péssimos embrulhos. Os péssimos embrulhos são o tom ameaçador e anatematizador de muitos "prelados", que faz com que muita gente simplesmente faça "orelhas moucas". Dizer, como o dizem abertamente muitos bispos (em Portugal nunca tal ouvi, mas aconteceu, por exemplo, no Brasil, muito recentemente), que o uso do preservativo é a causa da proliferação da Sida é, no mínimo, uma enorme insensatez. Mesmo que haja algo de verdade no "não dito" dessa afirmação.

Outra questão interessante que se retira do que escreves é a necessidade da [/b]educação para o amor responsável[/b]. Sei que são palavras bonitas, que facilmente são levadas pelo vento, mas vale a pena pensar nelas... Muitas das campanhas que promovem o uso do preservativo e outros contraceptivos -- da mesma forma que muita campanha a favor do aborto -- são claramente promotoras da irresponsabilidade ao nível das relações humanas. Impressiona ver como as campanhas pelo uso do preservativo banalizam tudo, passando claramente a ideia de que com preservativo tudo se pode fazer, irresponsavelmente. Um exemplo bem claro foi a campanha da ACC (Associação Académica de Coimbra) no dia de ontem, 14 de Fevereiro, dia de S. Cirilo e S. Metódio... Do lado oposto também é ridículo que alguns quase admitem a prostituição, mas com preservativo, nunca! Enfim...

Uma outra ideia interessante a reter é a da instrumentalização da mulher no que diz respeito à pílula, que serve bem os preconceitos do macho latino lusitano... Bom, e não só da pílula... Quantos homens se oferecem para fazer uma vasectomia, que é relativamente simples, em vez de ser a mulher a "ter que" fazer uma laqueação de trompas, bem mais delicada?

Bom, outras questões se "alevantam", como a das indústrias que promovem este e/ou aquele método...


JMA:

Parece-me que o problema é duplo: por um lado, a linguagem dos documentos, que é manifestamente restritiva. Por outro, o "trabalho" dos comunicadores dos documentos. Se os documentos fossem vistos como indicadores dos ideais pelos quais vale a pena lutar e aos agentes pastorais fosse suficientemente claro que às pessoas se deveria aplicar os ideais na medida das suas reais possibilidades, talvez não fosse necessário preocuparmo-nos tanto com os documentos. O problema é que em muitos casos tais agentes simplesmente ignoram as pessoas, para ficarem "de bem com a consciência" e serem tidos por defendores da "hortodoxia". Ora, eu pergunto: se tais "pastores" nada mais fazem do que "chapar" com o texto na cara dos "pastoreados", que necessidade há de pastores? Será o seu papel o de meros repetidores? Não terão eles a responsabilidade de "traduzir"? Mas a questão é sumamente complexa e não quero cair no simplismo do "dizer mal". Na verdade, há que perguntar: até onde é razoável a elasticidade dos princípios?

A mim parece-me que há que pôr sempre a questão em termos de "escuta da vontade de Deus", ou seja, de verdadeiro discernimento. Isto significa que pode ser redutora a questão do uso ou não uso do preservativo e da pílula como algo em oposição aos métodos naturais. A pergunta deve ser outra: se não for possível usar os métodos naturais, como fazer para que se mantenha o espírito da norma que diz que os cônjuges devem viver a sua vida íntima em espírito de generosa abertura à vida e que os métodos naturais são preferíveis? É que pode ser tremendamente redutor e ajuizador dizer, sem mais, que o uso dos contraceptivos significa o fechar-se à vida...

Por aqui vejo que vale a pena explorar este filão: manter o espírito cristão que podemos encontrar por detrás de certas normas (porque há algo de extremamente precioso por detrás delas), mudar-lhes a "roupagem" da linguagem, aplicá-las com o mesmo espírito de Jesus, que veio para libertar, não para oprimir...

Alef

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: cristina (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 11:45



Sexooooooooooooooo

É certamente o impulso mais forte do ser humano, o que tem mais energia e o mais dificil de educar.

Muita tinta correu acerca do assunto . Muitas religiões entendiam esse impulso como a fonte da vida, de saude e de alegria, como o impulso de continuação da especie fundamental à sobrevivencia humana.



essa energia estranha que envolve dois corpos e depois se pode transformar num novo ser é o mistério da vida. Mistério que atrai e sempre atrairá o ser humano. Energia avassaladora que distrai os poetas e todos os outros artistas e tem distraido também muitos religiosos.

Muitas religiões interpretaram e perceberam o poder dessa energia e entenderam que ao guarda-la em si , não tendo relações e não a partilhando com ninguém , atingiriam um estado de desenvolvivmento pessoal que os levaria a prolongar a sua vida aqui na terra.

Fizeram-se monges , abdicaram de mulher isolaram-se do mundo, sacrificaram-se virgens, cometeram-se as maiores loucuras. A Igreja continua a prepetuar esses ensinamentos aconselhando os padres ao celibato , como se a mulher fosse um estorvo á sua vida. Os religiosos continuam a testemunhar que é possivel viver feliz sem mulher, numa atitude ofensiva e imoral contra as mulheres , como se a vida sexual fosse preniciosa e afectasse o desenvolvimento espiritual de alguém.

As pessoas gostam de sexo e é normal, é natural que queiram partilhar o seu sentir de um modo material. Não somos só espirito para amarmos só em espirito, precisamos de manifestações materias da nossa afectividade , um beijo , um gesto , um carinho, e o coito , são todo manifestações de amor responsavel.

Enquanto a igreja honrar os religiosos, esta a promover uma imagem de sexualidade distorcida e doente, os religiosos e os que não tem parceiro deveriam ser considerados " os anormais " e devia promover a vida conjugal. Quem tem poder na igreja ?

os homens que vivem sós. Pois então que vivam sós e assim irão continuar e as igrejas tambem ficaram vazias porque com essa imagem contraditoria e esquizofrenica de sexualidade as pessoas afastam-se da igreja e com razão . estão fartas de contradições e hipocrisia e vivem a sua vida muito naturalmente : com uma vida sexual equilibrada.

Mas Roma não se construiu num dia e tambem não se vai destruir num dia. terão de ficar as igrejas vazias, por falta de padres , as pessoas procurarão todo o tipo de religioes protestantes e evangelicas para satisfazer a sua necessidade de Deus e só então depois reconhecerão a má educação sexual que tem dado. Se os Padres tivessem eles proprios um bom testemunho de uma vida equilibrada seriam um exemplo para os fieis. Mas só se vê padres em vidas sexuais pouco cristãs. è o cumulo, a maior parte das pessoas tem vergonha de ir à igreja e tem vergonha de falar nas coisas de Deus porque os seus representantes dão o pior testemunho de sempre.

Enquanto não forem sinceros de coração e não souberem amar , viver-se -a esta esquizofrenia , que as pessoas já entenderam e da qual fojem. Continua-se sem avnaçar , em nome de Deus continuam-se a fazer as maiores barbaridades.

santidade? É hoje ainda sinonimo de não ter vida sexual. Virgens , religiosos , que vivem sós e dão tudo o que tem . assim ninguém quer ser santo e ttêm razão. jesus veio para que tenhamos uma vida em abundancia , uma vida rica , alegra e já aqui na terra. E vida plena, alegre , completa . sem sexualidade equilibrada é impossivel uma vida feliz , diz-nos a experiencia , diz-nos a ciencia , diz-nos a sabedoria popular , diz-nos Deus na sua palavra:

- Fiz a mulher porque não era bom para o homem estar só.

è tudo tão simples , tudo tão bonito , o que Deus criou. E depois veio o homem cheio de pecado e malicia e tudo estragou : criou o celibato e a ideia que era bom viver só.

A religião catolica agoniza e vai agonizar muito mais , o protestantismo tem crescido e vai crescer mais, é obvio , é claro , é natural.

cristina

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 13:05

Alef

Levantas o problema da ortodoxia dentro dos agentes da pastoral. É real e tem várias implicações. A é que soa hipócrita. A frase mais ouvida é "esta é a doutrina oficial da Igreja", o que lendo nas entrelinhas teria a acrescentar "mas não é a que eu pratico". E as pessoas concluem que "muito bem prega frei Tomás..."
A é que essa ortodoxia não é real e interior: acontece por medo - não quero dizer diferente para não me comprometer - ou por ignorância - estou a ensinar coisas que não percebo exactamente o que são, deixa-me seguir o que é mais "seguro".
São muitas as vezes em que ouvi falar de que algo totalmente absurdo é "doutrina oficial da Igreja": sempre que questionei onde é que se baseava tal afirmação, ou como a mesma se articulava com outras, compreendi que não faziam a mínima ideia do que estavam a falar.
A chamas muito bem à atenção: "se tais "pastores" nada mais fazem do que "chapar" com o texto na cara dos "pastoreados", que necessidade há de pastores?"
Esta é uma das principais razões do afastamento das pessoas em relaçõa à Igreja. Se eu me tenho de conformar com uma doutrina oficial rígida e sem discernimento do caso concreto, o que é que eu estou lá a fazer e para que é que preciso dos padres? Estes tornam-se perfeitamente inúteis para mim.
Daí à concepção "A minha religião sou Eu e Deus e os intermediários que se lixem" é um passo. E um passo lógico, além do mais.
Ou seja, o clericalismo mostra a sua verdadeira face: não é mais que uma heresia que só serve para afastar o Povo de Deus do seu caminho que é na Igreja.

João (JMA)

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: cristina (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 14:21

Errata:

Ficarão:)))))))))))))))

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 20:09

João:
Subscrevo inteiramente o facto do clericalismo ser uma heresia- ))% dos casais católicos e uma larga maioria de padres e bispos considera a postura do vaticano letra morta.

Uma cretinice.

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 20:11

A moral católica não é esquizofrénica. Os pretensos clérigos que do alto da sua cátedra ditam leis sem sentido serão talvez dementes mas não esquizofrénicos..
A moral sexual da Igreja é contraditória e absurda.

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 20:29

Por um lado apregoa a paternidade/maternidade responsável; proclama a capacidade de cada ser humano ter discernimento interior e poder decidir segundo a sua consciência, por outro lado condena os métodos contraceptivos eficazes.
Depois, face ao drama de uma pandemia mundial como a a SIDA, comete o crime de "proibir" o uso do preservativo...

Mas isso será a "doutrina oficial" da Igreja?

Os padres, missionários noterrno, religiosos e religiosas católicos, são os primeiros a incentivar o uso do preservativo para proteger contra DSTs.
São os primeiros a acolher os casais católicos que usam métodos conatrceptivos eficazes.

Aliás, para a maior parte dos casaias católicos isto nem sequer é um problema de religião mas uma questão de consciência e liberdade pessoal e será a última coisa que partilharão com o padre.

Quanto aos CPMs, é de facto ocúmulo da hipocrisia. estão ali uns casais a falar de métodos naturais que nunca praticaram e os casais ouvintes a torcerem-se de riso nas cadeiras. Uma paródia.

A necessidade do controle da sexualidade tem sido sempre a pedra de toque da Igreja Católica.

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 20:31

Esta é uma das principais razões do afastamento das pessoas em relaçõa à Igreja. Se eu me tenho de conformar com uma doutrina oficial rígida e sem discernimento do caso concreto, o que é que eu estou lá a fazer e para que é que preciso dos padres? Estes tornam-se perfeitamente inúteis para mim.

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 15 de February de 2004 23:13

Em geral a vida põe-nos perante um elevado grau de incerteza.
Por vezes espantamo-nos com o "milagre" de famílias numerosas, onde tudo acontece graciosamente. Por vezes olhamos certas gravidezes como quem sussurra: Deus anda a dormir... como é possível!
Mas se dois casais planeiam ter 3 filhos e um o consegue por meios naturais e outro por contracepção, qual a diferença?
Acho que a Igreja deve fazer propaganda das suas propostas, até porque os meios contraceptivos custam o que a maioria das mulheres do planeta não pode pagar. A contracepção também tem inconvenientes. Costumo dizer que o método ideal seria a "ilha dos amores" ou seja haver lugares próprios para que a concepção pudesse acontecer... Mas este método talvez levasse à extinção da humanidade. Enfim, penso que a decisão final cabe a cada um e que a Igreja deve concorrer em pé de igualdade com as restantes forças de propaganda. Não é uma questão de pecar. É uma questão de tomar a decisão mais adequada à situação pessoal, não deixando de dar espaço para que a graça de Deus se manifeste.
...
*=?.0

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 09:47


Cristina,

Comentando e contestando algumas ideias e expressões tuas, por vezes muito cáusticas, incorrectas e anticlericais, na tua mensagem das 11:45, tenho a dizer-te o seguinte:

-- O sexo não é, de modo nenhum, o impulso mais forte do ser humano, e muito menos o mais nobre, podendo assim passarmos perfeitamente sem as famigeradas relações sexuais, e muito mais ainda sem quaisquer vícios relacionados com amor carnal, com perfeita saúde do corpo e sobretudo da alma...

-- As religiões não se privam do sexo, para desenvolverem-se melhor física, material e psicologicamente, a fim de prolongarem assim a vida aqui na terra...
Fazem-no porque, ao praticarem as virtudes da castidade e da continência, estão a dar honra e glória a Deus, ficando assim mais disponíveis para cumprirem as suas missões religiosas, em conformidade com a Lei de Deus e com as Sagradas escrituras, e naturalmente de acordo com os ensinamentos da Igreja (no caso dos católicos).

-- Não, não "sacrificaram-se virgens nem cometeram-se as maiores loucuras" na Igreja católica...
As religiosas, se já eram virgens, continuaram virgens porque assim quiseram, de livre e espontânea vontade.
Se alguns padres e religiosos portaram-se mal, renegando assim aos seus votos, isso constitui raras excepções, o que é de certo modo natural, pois nem todos, infelizmente, têm vocação para serem santos, ou pelo menos religiosos exemplares.
Pelo simples facto de uma pessoa ser religiosa consagrada, não está livre de tentações, e até mesmo de lamentáveis quedas, sobretudo quando não tem bastante fé, nem toma todos os cuidados necessários para evitar o pecado, através da própria purificação e santificação.

-- A mulher só seria estorvo à vida moral e religiosa dos padres se houvesse casamento, e nunca enquanto houvesse celibato, que este é uma bênção e uma condição, devidamente fundamentada, para o seminarista ser ordenado, mas se ele acha que não tem condições bastantes par ser fiel através dos votos sagrados do celibato, da castidade e da obediência, simplesmente não aceita ser ordenado, podendo então vir a ser um bom cristão, através do matrimónio, e antes assim do que vir a ser mau padre.
Ao optarem pelo celibato, e sabendo-se felizes e realizados na sua missão de carácter divino, os padres e religiosos não tomam, de modo nenhum, uma "atitude ofensiva e imoral contra as mulheres, como se a vida sexual fosse perniciosa e afectasse o desenvolvimento espiritual de alguém"...

-- As pessoas não só não gostam só de sexo, como ainda há aquelas, sobretudo os padres e religiosos consagrados, em que a vida conjugal e familiar, caso fosse permitida, só iria afectar e prejudicar a vários níveis, pois passariam não só a ter muito menos disponibilidade para a sua missão espiritual, como ainda passaria a haver muitíssimos mais problemas e até escândalos a vários níveis, como há, aliás, com os próprios leigos.
Por outro lado, não só de sexo vivem as pessoas, nem isso é tão importante e fundamental como dás a entender, havendo necessidades muito mais nobres, importantes e urgentes, como sejam o amor espiritual, a solidariedade e todas as boas acções, que promovam as pessoas não só física e materialmente, mas sobretudo moral e espiritualmente, visando a salvação eterna, que é o que mais importa neste mundo de perigos e provações.

-- Pelo contrário, fazendo dos religiosos pessoas com total liberdade a nível afectivo e sexual, isso seria distorcer a sexualidade, pois esta, para ser bem vivida, tem regras próprias, quase sempre incompatíveis com o múnus dos padres e das freiras, para além da castidade e continência voluntárias serem virtudes especialmente nobres e eficazes, que visam a perfeição e santificação tanto dos próprios como dos demais irmãos e pecadores em geral.

-- Não te preocupes que as igrejas não vão ficar vazias por causa do celibato dos padres e dos religiosos... Poderá ser por pecados e escândalos, principalmente dos fiéis leigos, e jamais pela castidade e continência em particular, assim como por todas as demais virtudes em geral.
Não há nenhuma contradição, nem hipocrisia, na doutrina oficial da Igreja, até porque está toda ela bem fundamentada nas sagradas Escrituras, e Jesus Cristo prometeu que estaria sempre presente na Sua única Igreja até à consumação dos séculos (fim do mundo)...

-- Afaste de ti e de nós todo esse pessimismo e mau agoiro, que nada de muito grave acontecerá na Igreja Católica, mas se acontecer, por culpa tanto de algum clero rebelde e de indignos religiosos, como de certos leigos maus cristãos e péssimos católicos, isso talvez seja para bem da mesma Igreja, a fim de ser purificada e santificada segundo a vontade de Deus, que, às vezes, escreve direito por linhas tortas, a fim de evitar males piores, exclusivamente provocados pelos homens pecadores...
As pessoas normalmente não deixam de ir à Igreja e de praticar por terem vergonha dos padres, mas devido às suas ideias e vidas não estarem minimamente de acordo com os ensinamentos de Jesus, nem consequentemente com a doutrina que a mesma Igreja, fundada por Cristo, aconselha e recomenda, por mais austera ou sobrenatural que seja...

-- Evita por coerência e respeito, assim como os demais que também distorcem e deturpam tanto certas realidades cristãs e católicas, meter tudo no mesmo saco, ou inverter dolosamente as situações, como se todo o mal estivesse do lado da hierarquia e dos religiosos, e como se os leigos é que fossem os bons, exemplares e moralistas, quando sabes perfeitamente que nada disso é verdadeiro, nem correcto...
Aliás, não pode exigir bom comportamento dos padres e consagrados quem tem vidas corruptas e escandalosas, como é, infelizmente, a maioria dos católicos não-praticantes, assim como das seitas protestantes...

-- De "esquizofrenias" (passe o termo) morais e espirituais escandalosas está o mundo cheio, mas sobretudo o mundo dos anti-cristãos e anti-religiosos que persistem em viver sem Deus, ou com um Deus à sua maneira, ou tentando agradar a Deus e ao diabo simultaneamente, o que é absolutamente incompatível, como ensinou Jesus...

-- Ao contrário do que alegas, Jesus veio para sermos santos, toda a humanidade e acima de tudo o mais, ou seja, para termos uma vida em abundância, sim, mas essencialmente nos aspectos moral e espiritual, pois somos viajantes a caminho da eternidade, e só levaremos connosco as virtudes e boas obras, que os vícios e pecados apenas servirão para a condenação eterna...
Por outro lado, quem tem uma vida sexual equilibrada? Quase ninguém, porque para a maioria das pessoas, inclusivamente para a maior parte dos cristãos, a sexualidade ou é deturpada e libertina, ou é perversa e criminosa; ao ponto de, por exemplo, as mães, parteiras e médicos, com ou sem o consentimento dos progenitores, assassinarem cerca de dois terços dos nascituros, por mero capricho ou egoísmo, e sem qualquer remorso!...

-- Não digas mais disparates, Cristina, que o catolicismo não está, nem nunca estará, em agonia, apenas em purificação, em transformação e em restauração, aguardando calmamente dias melhores, porque esse é o caminho e o desígnio de Deus, ainda que insondável, completa e absolutamente diferente e superior aos miseráveis caprichos humanos.


Abelardo


Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 12:33

"O sexo não é, de modo nenhum, o impulso mais forte do ser humano, e muito menos o mais nobre, podendo assim passarmos perfeitamente sem as famigeradas relações sexuais, e muito mais ainda sem quaisquer vícios relacionados com amor carnal, com perfeita saúde do corpo e sobretudo da alma..."

meu caro abelardo, meu irmão, tu és a prova viva do contrario.



"

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 13:55

Voltando à questão da aplicação no terreno das normas da "Humanae Vitae", diz o Alef que existe um grupo de padres, entre os quais se incluem Ratzinger e outros teólogos que remetem os casos concretos não para uma norma cega mas para uma aplicação pastoral caso a caso.
Estes são na realidade a "reserva moral" do cristianismo. São os mesmos a que se refere o taliban quando diz "Os padres, missionários noterrno, religiosos e religiosas católicos, são os primeiros a incentivar o uso do preservativo para proteger contra DSTs.
São os primeiros a acolher os casais católicos que usam métodos conatrceptivos eficazes."
É errada a concepção de que estes padres são uma minoria, ou são um grupo revolucionário: na realidade temos em Portugal para além do agora mencionado D. Januário, vários outros bispos, a começar pelo Patriarca que expressa e publicamente alertou para a obrigatoriedade moral de usar o preservativo nos casos em que um dos conjuges tivesse suspeitas ou receios de que poderia estar infectado com uma DST.

Mas se esta aplicação pastoral consegue corrigir na prática a "Humanae Vitae", não corrige a mesma Encíclica. E esta deverá ser corrigida, em minha opinião, pelas razões que apontei.

Não quero que vejam nas minhas palavras uma crítica sem sentido a um documento da Igreja: mas este documento concreto carece de legitimidade na Igreja, pois o Povo de Deus rejeitou-o de diversas formas. Não nos enganemos nem "douremos a pílula": a atitude dos padres acima citados é uma clara rejeição à Encíclica, e os mesmos contam-se entre aqueles que não a "receberam".

Mas passando agora às questões muito pertinentes do Alef, que podem balizar a discussão, direi que naturalmente que me parece legítimo apontar para valores cristãos no campo familiar.

O cristianismo começa dentro de cada família. É aí que temos o primeiro e muito pleno contacto com o conceito de "ama o teu próximo como a ti mesmo". É igualmente o quadro de referência mais apriorístico para os conceitos de amor, de partilha, de dar e de aceitar o nosso próximo como ele é. É aí que mais plenamente nos alegramos com aqueles que se alegram e choramos com aqueles que choram.

O cristianismo é um caminho, não solitário (o cristão nunca está só), mas em comunidade: a 1ª comunidade natural que cada um conhece será a própria família. Como tal considero-a como uma comunidade dentro da Igreja e naturalmente que a moral aí se aplica. Aliás se a moral aí se não aplicar em 1º lugar, dificilmente se aplicará em qualquer outro local. É possível mas mais díficil.

João (JMA)

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: Ana Amorim (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 14:16

Penso que devemos, sobretudo, estar de consciência tranquila face ao amor.
Tudo o que fizermos, vivermos, escolhermos, tem de ter como premissa o amor a nós mesmos, ao próximo e a Deus. Assim se resume a Lei de Deus.

Quanto à moral sexual...bem, se eu sou uma mulher de ovulação irregular, terei de, forçosamente, utilizar um método contraceptivo a fim de não engravidar. Temos de ser responsáveis.

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 14:29

" è urgente o amor. É urgente um barco no mar.
è urgente
destruir certas palavras, odio,solidão, crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.
è urgente inventar a alegria, multiplicar os beijos,
as searas.
É urgente descobrir rosas
e rios
e manhâs claras.
Cai o silêncio nos ombros
e a luz impura
até doer.
è urgente o amor
è urgente o permanecer.

Eugénio de Andrade

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 14:31

"Por vezes espantamo-nos com o "milagre" de famílias numerosas, onde tudo acontece graciosamente"
Hás-de-me indicar uma...

Re: Moral católica esquizofrénica?
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 16 de February de 2004 14:40

Irmãos Alef e JMA:

"se esta aplicação pastoral consegue corrigir na prática a "Humanae Vitae", não corrige a mesma Encíclica. E esta deverá ser corrigida, em minha opinião, pelas razões que apontei" (de mens. anterior do JMA)

Será possível saber a vossa opinião acerca do Dogma da Infalibilidade, à vista da prática e não aceitação maioritária acerca desta Encíclica?

Abraço Fraterno

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