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A beleza da castidade.
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 12 de July de 2009 22:18

“A FAMÍLIA CRISTÃ: CÉLULA-MÃE DE UMA SOCIEDADE MELHOR”

RECONHECER E FAZER DESCOBRIR
A BELEZA FASCINANTE DA CASTIDADE


Uma privação
A castidade costuma ser definida como algo negativo. É a qualidade daquele que se abstém de relações sexuais antes ou fora do casamento. É a virtude dos que evitam olhares libidinosos, dos que rejeitam os divertimentos mundanos, dos que se privam de seguir as modas licenciosas. É também a virtude daqueles que renunciam ao casamento “por causa do Reino dos Céus” (Mt 19,12) a fim de servirem a Deus com o coração indiviso (1Cor 7,32-34).
Abstenção, renúncia, privação. Tais palavras indicam uma lacuna, uma falta, um vazio. Não é errado usá-las para definir a castidade. Mas não se pode parar nelas. Pois, que sentido tem exaltar um vazio? Elogiar uma privação? Glorificar uma falta? Não seria mais sensato preencher o vazio? Satisfazer à privação? Suprir a falta?
Ao falar da castidade como algo que se deixa de fazer, como algo de que se abstém, como algo a que se renuncia, é preciso acrescentar o motivo de tal não-fazer, de tal abstenção, de tal renúncia. É preciso ainda, além dos motivos, falar dos frutos de tal atitude. Em suma: é preciso falar do que a castidade tem de positivo, nos seus motivos e nos seus efeitos.
De outro modo, a castidade se apresentaria como uma atitude louca, uma espécie de neurose, sem explicação lógica, mas puramente psicológica: um mecanismo de fuga, uma frustração, como costumam dizer os psicanalistas.

Nem toda privação é má
A falta de olhos em um homem é digna de elogios? Um poeta exaltaria a falta de uma perna consumida por uma gangrena? Alguém louvaria a falta de comida no estômago ou a ausência de cordas vocais em uma garganta? A privação, por si só, não parece ser atraente.
No entanto, a filosofia ensina-nos que nem toda privação é má. Má é a ausência de uma perfeição devida. Assim, é mau que um homem não tenha olhos, uma vez que os olhos são devidos à natureza humana. Mas não pode ser chamada de “má” a ausência de olhos na pedra, uma vez que a pedra, por sua natureza inerte e inanimada, não requer a presença de olhos. Tal perfeição, por não ser devida à pedra, pode estar ausente sem que isso constitua um mal.

Privação de algo indevido
Assim, a castidade, embora signifique privação, não é um mal. O casto não se priva de algo devido. Priva-se de algo indevido.
Alguém aqui poderia replicar: não é devido à natureza humana que o homem e a mulher se sintam atraídos? A atração entre os sexos não é algo natural, que a castidade repele de modo artificial? Não seria um mal que os jovens reprimam suas inclinações naturais, abstendo-se de relações sexuais e, mais ainda, de tudo quanto possa causar o desejo delas?
A resposta é simples. A natureza humana não é apenas corpórea, mas também espiritual. Se é natural ao homem o instinto que o leva a alimentar-se, a fugir dos perigos, a aproximar-se de alguém do outro sexo, também é natural que tais instintos sejam regulados pela razão. Pertence à natureza do homem não se transformar em joguete de seus instintos, mas controlá-los racionalmente. Esse controle implica privação. Mas privação de algo indevido.
O motorista, ao controlar um automóvel, contraria a tendência natural do veículo de seguir em direção ao abismo, o que ocorreria se ele não girasse o volante. A mudança de trajetória, contrariando a tendência dos corpos de conservarem a direção de seu movimento, implica uma privação. Mas não se trata de uma privação de algo devido. Tal privação não é má. Ao contrário, ela é um bem. Pois, ao se privar de andar em linha reta em direção ao abismo, o automóvel segue a estrada e é capaz de chegar ileso ao destino desejado pelo condutor.
O casto, ao privar-se da relação sexual antes do matrimônio, está privando-se de algo indevido. Com efeito, se ele é solteiro, o corpo alheio ainda não lhe pertence. Unir-se a esse corpo seria uma usurpação, uma falta contra a justiça. O casado que, fiel ao compromisso conjugal, rejeita unir-se ao corpo de um terceiro, que não é seu cônjuge, está rejeitando algo indevido. Desse modo, a castidade, longe de ser um mal, é um bem: ela preserva o namoro, prepara o matrimônio, solidifica a família, enobrece o ser humano.

Sem desprezo pela sexualidade
Castidade não significa, nem pode significar menosprezo pelo matrimônio ou pela união física entre os cônjuges. Justamente por dar um grande valor a essas coisas, o casto não admite que o instinto sexual aja nelas cegamente, sem ser controlado pela razão.
Não é apenas o instinto sexual que precisa ser controlado. Também o instinto alimentar, que existe para assegurar nossa sobrevivência, precisa de um controle. Embora o homem sinta fome, sabe que deve esperar a hora da refeição para comer. Sabe que não pode apoderar-se de uma comida que não é dele, por mais apetitosa que seja. E sabe que deve comportar-se com boas maneiras estando à mesa. A virtude que regula o comer e o beber chama-se sobriedade. A sobriedade, no entanto, embora digna de admiração, não costuma despertar o fascínio e o encanto que desperta a castidade.
Por quê?
Uma e outra não são partes da temperança?
Uma e outra não são virtudes que regulam instintos relacionados com a vida humana: o instinto alimentar (sobriedade) e o instinto reprodutor (castidade)?
O que o casto tem de especial em relação ao sóbrio, que guarda moderação no comer e no beber?
Por que apenas a castidade - e não a sobriedade - costuma ser objeto de escárnio para o mundo?
Por que aquele que se abstém de bebidas alcoólicas e come moderadamente não recebe, nem de longe, a zombaria que costuma receber o que valoriza a virgindade e a fidelidade conjugal?

A castidade relaciona-se com a transmissão da vida
Porque, embora o instinto alimentar seja relacionado com a vida, ele fica restrito à vida de um indivíduo. O instinto sexual (ou reprodutor) relaciona-se com a vida da espécie humana. Transmitir a vida a outro ente, comunicando-lhe a natureza humana, chama-se gerar. O instinto sexual está intimamente ligado à geração: à transmissão da vida.
Transmitir a vida a outrem é mais do que conservar a própria . Por isso a virtude da castidade, que regula o instinto reprodutor, é maior do que virtude da sobriedade, que regula o instinto alimentar.
A sacralidade da vida é entendida até pelos mais simples grupos humanos. Os nativos da Polinésia usam a palavra tabu para exprimir as coisas sagradas, intocáveis. Para os polinésios, tabu compreende a vida humana (que ninguém tem o direito de tocar), a geração da vida humana e a união sexual em que a vida humana é gerada. Tudo o que se refere à vida é tão sagrado quanto ela. A sexualidade, portanto, é sagrada.
A belíssima palavra tabu tem um significado positivo. Não se trata de uma proibição irracional. Trata-se de uma valorização de algo que supera o próprio homem: o poder de transmitir a vida. Trata-se do respeito e da veneração por algo que, embora confiado ao homem, não está sujeito aos seus caprichos: o poder de gerar, de procriar, de cooperar com Deus na criação de um outro ente humano. Lamentavelmente a palavra tabu chegou ao nosso idioma com o significado pejorativo que lhe atribuiu a ideologia de Freud.
É intuitivo que a vida é sagrada. Também é intuitivo que a família, em que ela é gerada e educada, deve ser sagrada . Da mesma forma deve ser sagrada a união sexual, que dá origem à vida. Sagrado deve ser também o matrimônio, em que o homem e a mulher constituem uma comunidade de amor própria para a transmissão da vida. Por fim, deve ser sagrado o namoro, em que o rapaz e a moça se preparam para assumirem esse compromisso perpétuo de amor, fidelidade e fecundidade.

A castidade, sinal de contradição
Compete à castidade zelar pela sacralidade das coisas que mais têm a ver com a vida: o namoro, o matrimônio, a atração entre os sexos, a união sexual. Por isso a castidade é apta a atrair, seja o fascínio dos que respeitam a vida, seja o escárnio dos que exaltam a morte.
É difícil permanecer neutro diante da castidade. Ela exige uma opção. E essa opção acaba por ser apaixonada. Os castos defendem a castidade com todas as fibras e não querem largá-la por nada deste mundo. Os mundanos odeiam a castidade com todas as suas forças e não se cansam enquanto não esmagarem o último casto que encontrarem pela frente. A castidade é, de fato, um sinal de contradição (Lc 2,34). Quem não está com ela, está contra ela (Mt 12,30).

A castidade, virtude sobrenatural
Note-se que, até agora falamos da castidade como virtude natural. Nenhum menção fizemos à graça sobrenatural, que Cristo conquistou para nós pelo preço de seu sangue (1Cor 6,20). Também não falamos do Espírito Santo que, como fruto da redenção de Cristo, passou a habitar em nosso corpo como em um templo (1Cor 6,19).
Se todo homem tem o dever de ser casto, pelo simples fato de ser racional, o cristão tem um motivo a mais para cultivar a castidade: ele é templo do Espírito Santo. Seus instintos devem ser governados, não apenas pela razão natural, mas pela graça sobrenatural.
“Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito pautemos também a nossa conduta” (Gl 5,25).
Para o cristão, a vida humana, que é sagrada por ser criada por Deus, é sagrada também por ter sido “recriada” por Cristo. Ele deu a sua vida por nós. Ele veio para que tivéssemos vida, e vida em abundância (Jo 10,10). E a vida que ele prometeu dar-nos é a mesma que recebeu do Pai: “Como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim aquele que me come, viverá por mim” (Jo 6,57). Ele prometeu habitar naquele que cumpre sua palavra: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará. E viremos a ele, e nele faremos morada” (Jo 14,23). Aquele que foi batizado em Cristo, revestiu-se de Cristo (Gl 3,27). Pode dizer, com São Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Para nós, cristãos, a vida humana, elevada pela graça à participação com a vida divina (2Pd 1,4), tem um valor de eternidade. Assim, temos maior razão para respeitarmos a vida. E, em consequência, temos maior razão para valorizarmos a castidade.

O fascínio da castidade
Por referir-se a algo sagrado, como a vida, a castidade tem algo de misterioso e fascinante. O rosto de um casto, longe de parecer deformado, mutilado, é um rosto irradiante. Seu brilho fascina, sua luz causa atração em muitos, ofusca e incomoda a outros.
Como uma casa onde não há sujeira não é uma casa incompleta,
Como o corpo onde não há doenças não é um corpo mutilado,
Como uma máquina onde não há movimentos descontrolados não é uma máquina defeituosa,
Assim o casto, em quem não há os desvios e excessos deste mundo, não é alguém frustrado. Não é pobre, mas rico. Não é triste, mas alegre. Não é vazio, mas cheio. Seus olhos indicam que ele vê e entende coisas que estão ocultas aos impuros. Ao contemplarmos os olhos de um casto, percebemos o que quis dizer Jesus ao afirmar:
“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).
Os castos, que renunciam aos filmes imorais, que vigiam os olhos para não serem surpreendidos por uma imagem obscena em uma banca de jornais, conservam-se puros para verem Aquele que é.
E desde agora, embora ainda não o vejam, já o entendem de maneira imensamente mais profunda do que os outros.
Há uma co-naturalidade afetiva entre a castidade e o conhecimento de Deus, que levava Pascal a dizer: “Mostre-me um casto que negue a existência de Deus e eu acreditarei nele” .
Com isso, o filósofo francês dizia que o ateísmo é um privilégio dos impuros, assim como a visão de Deus será um privilégio dos puros.

Prova de amor
Os namorados, que se preparam para o casamento, podem e devem dar prova de amor um ao outro. Mas como o amor se prova? Prova-se pela castidade. Não é verdadeiro o amor que não é casto.
Durante o namoro, a castidade manifesta-se pelo tempo, pela distância e pelo sacrifício:
- pelo tempo: o verdadeiro amor sabe esperar;
- pela distância: o verdadeiro amor sabe separar os corpos, a fim de unir as almas;
- pelo sacrifício: o verdadeiro amor sabe abster-se de prazer por causa do outro.
Essas exigências da castidade, justamente por serem tão contrárias ao que prega e faz o mundo, apresentam-se aos jovens como um desafio, uma meta a ser atingida. E os jovens gostam de desafios. É próprio da juventude o repúdio à mediocridade e o desejo de fazer algo diferente.
Ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, os jovens costumam ser muito receptivos a uma pregação sobre a castidade. Espantam-se com o que ouvem, mas sentem-se atraídos.
Ao entenderem que o motivo da castidade é o amor, os jovens encaram-na como algo positivo. Mais que isso:como algo precioso, belo, fascinante.
A fornicação (relação sexual entre solteiros) nada mais é do que um ato de egoísmo praticado a dois. A fornicação está para o amor como o não está para o sim. Justamente porque os fornicadores não sabem esperar, não sabem se distanciar e não sabem se sacrificar, eles em nada diferem dos animais na época do cio. A fornicação é a suprema prova de falta de amor. É o sinal mais seguro de que os dois não merecem um ao outro, não merecem o sacramento do matrimônio e estão totalmente despreparados para constituírem uma família.

A alegria da castidade
Se a castidade é positiva em seu motivo – o amor – também o é em seu efeito. O efeito da castidade foi dito pelo próprio Jesus: a visão de Deus. Esta visão chama-se beatífica porque traz a felicidade. Aqui na terra ainda não temos a felicidade, mas temos um antegozo dela, que se chama alegria.
A fornicação (relação sexual entre solteiros), o adultério (relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não o seu cônjuge) e outros pecados contra a castidade são capazes de oferecer prazer, mas não alegria.
O prazer é corpóreo. A alegria é espiritual.
O prazer é efêmero, passageiro. A alegria é perene e aponta para a felicidade eterna.
O prazer deixa um sabor amargo, um vazio, um remorso. A alegria deixa uma paz, que o mundo é incapaz de dar.
Se os que buscam o prazer na impureza conhecessem a alegria da pureza, desejariam ser puros nem que fosse só por interesse. De fato, a alegria da pureza está acima do prazer da impureza como o céu está acima da terra.

Distinções
Castidade não se confunde com ingenuidade ou ignorância.
A castidade não é privilégio daqueles que nada sabem sobre o ato sexual, nem daqueles que são ingênuos demais para perceberem a malícia do mundo.
Casto é aquele que, entendendo o desígnio de Deus sobre a transmissão da vida, recusa-se a admitir que ela se dê fora de um ato de autêntico amor. Casto é aquele que, precavendo-se das artimanhas do Maligno, sabe prudentemente evitar as ocasiões próximas de pecar.
O casto é um forte, um herói, cuja fortaleza e heroísmo provocam inveja dos impuros, que nada mais são do que fracos e covardes.
O casto é o vencedor cuja vitória irrita o impuro, que é derrotado pelos próprios instintos.

Virgem Prudentíssima
Quando perguntaram a Santa Bernardete se Nossa Senhora é bonita, a vidente respondeu espantada: “Se Nossa Senhora é bonita? Se você a visse, seu único desejo seria morrer para vê-la eternamente”.
Irmã Lúcia de Fátima, ao referir-se à Virgem Maria, disse: “Era uma senhora mais brilhante que o sol” .
Maria Santíssima brilha, não porque tenha luz própria, mas porque nunca pôs obstáculo à luz de Deus.
Se os castos brilham, e brilham tanto, não irradiam a própria luz, mas a de Deus, que neles penetra sem empecilho.
Para entendermos o brilho da castidade, olhemos para os olhos de uma criança. Que há neles que os diferencie dos olhos dos adultos? São olhos sinceros ( = “sem cera”), transparentes. O olhar de um bebê é algo misterioso. É um olhar que nos interpela. A criança ainda não aprendeu a usar máscaras, não criou crostas de sujeira em seus olhos. Ao olhar-nos ela se revela tal como é. E parece que enxerga algo que não enxergamos. Assim são os castos .
Na idade adulta, a castidade precisa ser mantida por uma constante vigilância.
“Vigiai e orai para não cairdes em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41).
Em matéria de castidade – diz a Madre Maria Helena Cavalcanti – não há fortes nem fracos. Há prudentes e imprudentes.
Prudentes são os que, reconhecendo a própria fraqueza, fogem das ocasiões de pecar e agradecem aqueles que os auxiliam com conselhos e exortações.
Imprudentes são os loucos que, embora fracos, insistem em pensar que são fortes, que não cometerão o que os outros já cometeram, que rejeitam as recomendações dos pais e a vigilância de terceiros.
A castidade só se conserva pela prudência. Não é à toa que a Ladainha de Nossa Senhora chama-a de “Virgem prudentíssima”. O imprudente, ainda que ore, ainda que ore muito, acabará por cair, e grande será sua queda.
Para a conservação da castidade, dificilmente seremos exagerados em matéria de prudência. Os jovens que, por imprudência perderam a virgindade, e reconheceram tarde demais que eram fracos, sabem que não é exagero exigir
que os namorados nunca fiquem sozinhos;
que sempre haja a presença de uma terceira pessoa;
que sempre namorem em um lugar claro e iluminado;
que evitem qualquer contato físico que possa causar excitação, seja em si seja no outro.
Convém lembrar - nunca será demais insistir - que a castidade é um tesouro: “um homem o acha e o torna a esconder e, na sua alegria, vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo” (Mt 13,44).
Não costumam ter sucesso as receitas para emagrecer que se concentram nas privações e proibições alimentares. É preciso algo para substituir, com vantagem, os alimentos proibidos aos obesos.
Também Jesus, em seu jejum, não embora se privasse de pão e sentisse fome, resistiu ao demônio dizendo: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4).
Assim, uma pregação sobre a castidade precisa ser acompanhada de tudo o que ela tem de positivo, em compensação às privações que ela requer: o amor verdadeiro, a visão de Deus, o conhecimento de Deus, a alegria.
Nunca devemos esquecer esta bem-aventurança fundamental reservada aos castos: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 01:17

Giovana

Isso já é muito antigo. Quem se segura casto até ao casamento? 1% talvez e ainda são os que não casam. Isso já não se usa, está ultrapassado.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Jorge Gomes (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 01:36

Então e se o casal se ama, está unido nos laços do amor, e Deus une o amor, e sabe que vai casar, e faz sexo com amor antes da cerimonia casamento, que é apenas uma convenção social, sentindo prazer e amando cada vez mais não está a ser casto? E já não está casado mesmo antes de estar no papel? Seria bom que se estudasse sobre o que consistia o casamento nos tempos biblicos. Se eu me interesasse por uma jovem, eu a pediria como esposa, levaria a babe para casa e a partir dai seria minha mulher, eram práticos.
A castidade vai muito além do sexo e não se deve confundir castidade com virgindade, e não é a virgindade ou não que faz a pessoa ser mais ou menos santa. Há quem pratique a castidade na continência porque tem vocação para isso, mas a chamada castidade conjugal é outra forma de castidade (na nova dispensação sexo só com a mais que tudo, fidelidade ha unica companheira), portanto todos somos chamados a ser castos de uma forma ou de outra, a beleza da castidade é portanto a beleza do amor, agora na minha opinião pode-se viver esse tipo de castidade sem ter assinado, já que o casamento não é a cerimónia em si.



Editado 2 vezes. Última edição em 13/07/2009 01:37 por Jorge Gomes.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: nick (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 07:33

Se sabe que vai casar porque não casaram já?
O casamento não é apenas uma convenção social. É assumir publicamente um laço entre o homem e a mulher que cria uma união que passa a ter uma importância vital. Antes é o período em que se prepara a criação dessa união. Conheço casos em que no próprio dia do casamento alguém roeu a corda e não casou.
As cerimonias estão muito complicadas mas nada impede alguém de realizar uma cerimonia simples. O casamento cria uma realidade social, disse Jesus:
Mt 19, 5 "Por isso, o homem deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois um só?"

Não disse que se unirá à sua mulher antes de deixar o pai e a mãe, nem que se unirá a esta e depois àquela.
Hoje as pessoas têm a ilusão de que controlam a fertilidade recorrendo ao anticonceptivos. Daí terem relações sexuais sem o compromisso do casamento. Mas entre a ilusão de controlarem a fertilidade e um controle real dessa fertilidade vai uma certa distancia, a distancia que vai entre a eficácia teoria dos meios anticoncepcionais e a eficácia real. Daí parte muito significativa dos nascimentos se dar mesmo apesar do uso desses meios. Quem não está preparado para assumir um bebé filho de ambos não deve ter relações sexuais.

Se a castidade não é usada... velhíssima tentação, todos os fazem. Um cristão não é um papagaio imitador. Deve ter a coragem de ir contra a corrente.

Jesus distingue entre a vida em mancebia e o casamento. O casamento é indissolúvel, depois chegam as pessoas que gostariam de adaptar as palavras de Jesus à sua fraqueza humana e tentar distorcer o que Jesus disse.

Prefiro 1% com qualidade que 99% sem qualidade, o sal na comida também é menos de 1% e o cristão deve ser o sal da terra mundo. Se o sal se corrompe para nada serve, é deitado fora e calcado pelos homens.



Editado 1 vezes. Última edição em 13/07/2009 07:44 por nick.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Jorge Gomes (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 08:31

O que tem expressão diante de Deus é o que procede do coração, cerimonias e papeis são apenas expressões culturais se forem tratados como mediadores. Casar é algo que acontece dentro do coração, e é natural para muitos oficializar algo assim. Mas outros têm o pensamento que não precisam oficializar algo que já é oficial nos seus corações. E então???
E o que dizer das uniões de facto cada vez com mais peso e casos de sucesso de casais que estão anos juntos, são fieis, fazem tudo como casados, vivem juntos, há o compartilhar da vida, que é precisamente isso que faz o casamento (se fosse só o amar eu tinha casado já com algumas lol), deixaram pais e mães e constituiram familia, fizeram um compromisso de amor entre eles e são fieis... Estes não vivem uma vida casta só porque não oficilizaram? O ritual não há de ser mais importante que o facto em si...
Muitas vezes não oficilizam o acto por pressões econômicas ou pela solicitude da vida, pode haver inumeras razões.

PS - Eu não estou a fazer apologia contra o casamento, até porque sou casado e bem casado pra que conste.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Desconhecido (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 09:31

Post interessante Giovanna.

Penso que tenho uma visão de matrimonio diferente da tua.
Na minha opinião duas pessoas que se amam, ai fim e ao cabo, representam o verdadeiro matrimonio aos olhos de Deus, e nesse perspectiva, ser-se casto em relação aos que não nos dizem nada em termos de "coração" digamos assim, acaba por ser algo natural. Não me parece que a generalidade das pessoas se envolva a torto e a direito com quem nada significa para elas :)

A beleza acaba por ser então...apartar-mos do que nada satisfaz espiritualmente falando, ficando apenas com o que proporciona uma união espiritual com quem se ama, na beleza do amor verdadeiro, que penso que faz bem a toda a gente :P

Talvez o 1% que a Isabella refere afinal sejam...10% ou mais! :P

cumps a todos

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Alpha (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 10:32

Olá Desconhecido e Jorge Gomes,

Antes de mais, e expressamente para o Desconhecido, para quê adiantares percentagens e pesos se não tens qualquer estudo que os sustente?

O primeiro casamento, e mais importante, é o do coração, como referem. Esse é o casamento que brota da entrega dos esposos e sem o qual tudo o resto apenas poderá ser entendido como um mero contrato e nunca como um Matrimónio. Sendo eu católico e vivendo tal alegria e tal amor não será lógico que queira que Deus o abençoe.

Ao abordar a castidade apenas na vertente da abstinência, caíremos no erro de dialogar com base na perspectiva mais redutora do assunto. A castidade, antes de mais, é a expressão do respeito que temos por nós e pelos outros.

Outro dos aspectos a considerar é a capacidade humana de dominar os seus instintos. Parte do que nos distingue da bicharada é a capacidade de actuarmos para além do instinto. Este é um aspecto importante, pois Deus apela-nos a essa capacidade: á prevalência da vontade sobre o instinto.

Cumprimentos

Alpha

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 11:35

Tudo muito lindo, mas o sumo que fica é a costumeira "condenação" do biológico, a associação daquilo que supostamente nos foi dado por Deus - a carne - à sua imagem e semelhança, e mesmo antes da expulsão do paraíso, com o negativo, com o pecado.
Nisto até hoje ninguém me foi capaz de demonstrar o meu erro quando afirmo que o cristianismo, em geral, tem uma sexualidade mal resolvida.

Tempos houve em que era desaconselhada a utilização de outra dádiva de Deus a certos grupos - a inteligência nas mulheres e nos pobres. Hoje tal é indefensável.

Podem não ver o paralelo, mas para mim salta à vista.

O sexo é das coisas mais bonitas que se pode partilhar. Será porque durante o acto a entrega é feita a outro como nós e não a Deus, e se tem prazer nessa entrega? Só Deus nos pode dar alegria e prazer?

Obviamente que falo aqui de sexo consentido entre pessoas que se amam, e não do casual, ou do por "dever".

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 12:53

Citação:
Lena
Nisto até hoje ninguém me foi capaz de demonstrar o meu erro quando afirmo que o cristianismo, em geral, tem uma sexualidade mal resolvida.

Mas isso deve-se a um facto muito simples: é que tens razão.

pontosvista

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: sol (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 12:59

Concordo com a Lena, e sinceramente acho que a visão da castidade como castração do corpo está ultrapassada e mal resolvida. A possibilidade de prazer no sexo, e o envolvimento de sentimentos durante esse acto distingue-nos dos animais. Não acho que seja por se estar casado que o acto passa a ser mais ou menos belo. A união de dois seres (sim, eu disse seres...) humanos que se amam, que se entregam no acto último do amor, é bela.

Quando penso em castidade, embora o termo esteja já demasiado marcado - como beato, por exemplo, penso no saber usar o corpo para o amor e não para o desejo sem controlo. Por exemplo, saber esperar por alguém que se ame para ter as primeiras relações sexuais - que não tem necessariamente que ser o homem/mulher com quem se casa, embora cada um deva usar o corpo como se sentir confortável, ou não fazer sexo por dá cá aquela palha. Castidade é saber o corpo como um todo, pensar com o corpo em sentir com a alma.

Já agora, essa divisão exacerbada alma - corpo (que deve ser reprimido porque é inferior) não é nem nunca foi cristã. É grega, e instala-se no cristianismo com a tendência neo-platónica. Em Cristo. não faz sentido em falar num corpo e alma, porque Ele é corpo e alma. Não são separáveis um do outro, como os componentes do sangue. O Seu corpo glorioso não é fantasmático porque a alma não se separa do corpo: ela É no corpo, adormece com o corpo na morte, mas na promessa de um dia se tornar um corpo verdadeiro, inteiro, como o do Cristo ressuscitado. Daí que separar alma e corpo, negando o corpo, seja um insulto. Devemo-nos amar completamente, não negando pulsões mas também não sendo escravo delas.
Mais uma vez, a eterna temperança...

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: nick (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 13:31

É muito bonito, amam-se mas recusam o casamento, o compromisso (é isso que representa o casamento). Querem o prazer mas recusam entregar-se num compromisso a dois, querem possuir, mas não assumem uma vida em comum. E têm o descaramento de chamar a esse desejo sexual, amor! É egoísmo disfarçado.
Não há condenação do biológico, há um apelo ao bom uso do biológico, a assumir que apesar de tudo pode surgir um filho e se não se está pronto para o criar em comum então o melhor é absterem-se de relações sexuais.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: sol (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 13:58

Nick, e quem te diz que alguém que é casado é mais responsável para ser pai/mãe do que alguém que não casou ou até que não vive junto? O preconceito tolda-nos muito a razão...

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 14:13

o corpo humano pede por água, comida e sexo. Quem não bebe? Quem não come?. Isso tudo é uma necessidade do corpo.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: nick (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 14:42

ah?! Que comparação! Eu estive quase 30 anos sem ter relações sexuais, será que posso passar 30 semanas sem comer?
Mas esta ingénua comparação coloca a nu a falsidade das proclamadas relações sexuais como acto de amor, afinal são apenas a satisfação de um apelo biológico, o saciar do desejo sexual típico do animal homo sapiens. O acto de "amor" é afinal o apenas o alivio da pulsão sexual.

Sol, se não casaram, porque não casaram? Porque ainda não assumiram um projecto de vida em comum. Podem nem vir sequer a assumir. Ora quem assume um projecto de vida em comum está mais preparado para criar um filho que quem não o assume.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Alpha (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 15:00

Olá Lena,

Antes de mais, não é na carne que somos imagem e semelhança de Deus (penso ser este o sentido da tua frase inicial), mas sim na capacidade de amar e de perdoar.

Não podes ler das minhas linhas que condeno a biologia humana nem que considero o corpo como pecado e a alma como pura. Entendo o homem como um todo, em que a alma nos potencia a vontade. A castidade nada mais é que usar dessa vontade no domínio do corpo, do qual a sexualidade é apenas uma parte. Olhar para o homem no plano meramente biológico, onde impera o instinto, é reduzir o homem ao mero animal. O domínio deste instintos e paixões é uma parte da diferença de entender a sexualidade como parte do amor entre duas pessoas ou como um instinto, um mero acto biológico.

A castidade, não é, assim, um meio castrador, mas sim um caminho para atingir essa prevalência do amor sobre o instinto. O prazer da sexualidade, que referes, é consequência desse amor.

A Igreja, salvo algumas excepções, não tem qualquer problema com a sexualidade. Quer por ser uma das formas de expressão do amor conjugal, como por ser um componente da natureza humana, é um aspecto frequentemente abordado, não no sentido de o menosprezar, antes no sentido de o valorizar e de lhe conferir a dignidade que é devida ao homem e à sua natureza. Quando dizes que o Cristianismo resolveu mal a sexualidade incorres num erro, que é não ires para além dos lugares-comuns sobre o tema.

Nos seus ensinamentos a Igreja procura que o homem tenha presente que não é escravo do sexo e que a vivência da sexualidade pode assumir diferentes expressões, conforme a vocação de cada um. Procura ainda que o homem tenha presente que é o domínio das paixões e dos instintos que nos fazem livres e não a cedência aos mesmos.

Cumprimentos

Alpha

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 19:23

Citação:
pontosvista
Citação:
Lena
Nisto até hoje ninguém me foi capaz de demonstrar o meu erro quando afirmo que o cristianismo, em geral, tem uma sexualidade mal resolvida.

Mas isso deve-se a um facto muito simples: é que tens razão.

É com tristeza que confesso que, no campo da sexualidade, faz algum tempo não considero mais a igreja uma mestra capaz de ajudar alguém no processo de desenvolvimento de uma sexualidade sadia. É muito triste mas acho que nesse campo os católicos estão órfãos. Mais triste ainda, essa consideração estende-se aos cristãos no geral e não especificamente dos católicos. Isso sem esquecer muçulmanos e judeus. As religiões "do livro" herdaram esse problema comum.

Mas o problema cresce bastante em proporção qdo se percebe que os budistas, para citar agora um exemplo de fora, estão em situação igual ou pior. A conclusão parece indicar que as religiões em geral tem muitos problemas com a sexualidade. Pior, não sinto que os ateus estejam em situação muito melhor. A humanidade tem esse problema comum. Lembrei pq Freud elegeu a sexualidade como causa primeira para tratamento na psicanálise, mas isso para acrescentar agora que vejo a psicanálise como outro tipo de propaganda enganosa. Ela tb não dá conta do problema: ajuda o paciente a confessar que ele (o problema) existe, o tira ele (o paciente) de casa, mas depois o abandona (o paciente) na rua.

Enfim, todos convivem com o problema da sexualidade. Esse é uma herança nossa. Pensando nisso, suspeitei se a causa não fosse essa ser uma herança machista. A sexualidade faz o homem "perder o controle" diante do 'sexo frágil'. E o ser humano sempre quer estar no controle de tudo, nisso não há exceção. Mesmo nos casos em que alguém busca se entregar completamente à obediência a algo que vem de fora, em última análise é ele buscando controlar o meio para tirar de cima de si a responsabilidade da liberdade. Em todos os casos é a não aceitação do não controlável. Continuando, fiquei curioso por saber como seria no caso contrário. Claro que não estou me referindo agora a hipótese de uma herança feminista, pq considero o feminismo uma completa chatice e acho que existe mais como processo de retaliação do que como opção a favor de alguma coisa. Acho que feminismo não é "a favor", nasceu para ser "do contra", então esses dois "ismos" decididamente não são bons, pq são as duas faces de uma mesma moeda.

Também, salvo engano, parece que a maioria dos antropólogos concorda que nunca houve nenhuma cultura matriarcal no nosso planeta, apesar de já terem existido religiões ligadas ao culto da natureza. Pesquisei um pouco na internet sobre esse assunto e confirmei algumas suspeitas. Todas as tentativas de encontrar uma sociedade matriarcal sempre deram em nada. Uma antropóloga americana, estudiosa do movimento neo-pagão, Cynthia Eller, lançou em 2000 o livro "O Mito da Deusa", no qual dissecou a crença num matriarcado pré-histórico. Duas afirmações contidas nesse livro, a respeito da hipótese de existência de pequenas sociedades matriarcais na velha europa, são suficientes para essa discussão aqui: "Sociedades tem costumes diferentes. A idéia de que povos separados por milhares de quilômetros tivessem a mesma religião e os mesmos costumes não faz sentido..." e mais a frente "...e o fato de cultuar uma deusa não implica numa vida boa para as mulheres. Na Índia existem muitas deusas, e isso não se reflete nas condições da população feminina".

A que ponto cheguei depois de tudo? Uma desconfiança nos ensinamentos da igreja no campo da sexualidade. Também não acho que isso venha ao caso, mas como conheço o tipo de argumentação a que recorrem com freqüência os que encontram as críticas ao modo católico de vier a não-sexualidade, talvez fosse melhor já adiantar aqui mesmo que não tenho vida sexual agitada, não participo de orgias, não sou promíscuo, não faço sexo com cabras e nem sou defensor de aberrações sexuais. Também não sou pedófilo, não sou homossexual e nem pertenço a nenhum grupo minoritário defensor de alguma sexualidade diferente. De início não vejo sequer razão para descrever isso, mas como é mais fácil esquecerem a crítica e focarem em denegrir a fonte, já fica de antemão.

Como ficou hoje? Ainda desconfio da qualidade de alguns ensinamentos da igreja (leia-se hierarquia vaticana) no campo da sexualidade. Não ajudou muito esbarrar com uns documentos de representantes da nossa igreja, nomeadamente a "Humanae Vitae" do papa Paulo VI, para citar um exemplo. Claro que não descarto tudo que leio só por ser documento católico, diria até que é o contrário, leio por causa disso, mas agora qdo leio não aceito o que escrevem de pronto. Prefiro meditar antes, orar, e busco discernir o que me faz bem e o que não: e se sentir que algo ali não faz bem, é triste, mas descarto... não considero isso o ideal, mas não enxerguei ainda outro caminho. Já expliquei antes, não encontrei coisa muito melhor "lá fora", então, já que sou católico, sinto-me católico e apresento-me como católico, ainda prefiro continuar buscando "dentro de casa". Isso ampliou meu círculo de leitura, hj conheço mais pais da igreja e mais teólogos do que conhecia antes. Alguém pode perguntar pela razão dessa pesquisa, sobre o que me incomoda. A resposta mais simples seria que sou apaixonado pela coerência, posso ter minhas incoerências mas não me entrego a elas, e apesar de tudo ainda confio na igreja (leia-se comunidade dos que amam Jesus), então vou buscando e colhendo as pérolas que encontro aqui e ali, na esperança de que formem um colar. Sei que a igreja católica é muito mais rica e bela do que se percebe de pronto, e já faz muito tempo que esse sentimento se tornou constatação e chegou ao grau de certeza. No fim de tudo, tenho certeza que é o amor a Cristo e a sua Igreja que me dão força. Então, para terminar, acho que é bem o caso de refazer agora uma frase apresentada no início dessa msg: "É muito triste mas acho que nesse campo os católicos estão órfãos", pesando tudo parece mais sábio dizer que "É muito triste, mas existem problemas dentro da nossa família". Não somos órfãos!

Paz e Bem.



Editado 1 vezes. Última edição em 13/07/2009 19:27 por firefox.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 21:10

Citação:
Alpha
Antes de mais, não é na carne que somos imagem e semelhança de Deus (penso ser este o sentido da tua frase inicial), mas sim na capacidade de amar e de perdoar.

Ser criado à imagem e semelhança não é ser igual, não somos clones de Deus
Fomos criados carne, nós somos carne, e por alguma razão foi essa a escolha.
Para amar e perdoar, sim senhor. Mas é nas experiências da carne, nas interacções que estabelecemos uns com os outros que encontramos o amor, a revolta e o perdão.

Seria curioso até ponderar até que ponto o Amor de Deus teria sentido sem a existência de um mundo material (carnal).

O nosso corpo é um templo, o corpo, a carne.

Citação:
Alpha
Não podes ler das minhas linhas que condeno a biologia humana nem que considero o corpo como pecado e a alma como pura. Entendo o homem como um todo, em que a alma nos potencia a vontade. A castidade nada mais é que usar dessa vontade no domínio do corpo, do qual a sexualidade é apenas uma parte. Olhar para o homem no plano meramente biológico, onde impera o instinto, é reduzir o homem ao mero animal. O domínio deste instintos e paixões é uma parte da diferença de entender a sexualidade como parte do amor entre duas pessoas ou como um instinto, um mero acto biológico.

Alpha, vais-me perdoar, mas esse 8 ou 80 não dá com nada.
Ninguém está a fazer a apologia do sexo pelo sexo, animal, instintivo.
Falamos em viver uma sexualidade adulta e responsável, com Amor. Não é preciso estar casado (papeis e cerimónia) para o sentir. Aliás se não sentirem é que nem deveriam casar.

Citação:
Alpha
A castidade, não é, assim, um meio castrador, mas sim um caminho para atingir essa prevalência do amor sobre o instinto. O prazer da sexualidade, que referes, é consequência desse amor.

A castidade não é castradora. A sua imposição é que é, pois ela é apenas uma resposta possível. Certamente se ajustará a alguns, mas não se aplica a todos.


Citação:
Alpha
A Igreja, salvo algumas excepções, não tem qualquer problema com a sexualidade. Quer por ser uma das formas de expressão do amor conjugal, como por ser um componente da natureza humana, é um aspecto frequentemente abordado, não no sentido de o menosprezar, antes no sentido de o valorizar e de lhe conferir a dignidade que é devida ao homem e à sua natureza. Quando dizes que o Cristianismo resolveu mal a sexualidade incorres num erro, que é não ires para além dos lugares-comuns sobre o tema.

Não são lugares comuns, são problemas bem reais. Parecem lugares comuns pois já se arrasta há muito esta discussão.
Castidade, celibato, infertilidade, contracepção, preservativo, homossexualidade... queres mais exemplos de temas em que há embate?

It's all about sex, baby.
Não tem sentido tanta complicação com algo tão natural e que está na base da nossa existência como pessoas de carne e osso.


Citação:
Alpha
Nos seus ensinamentos a Igreja procura que o homem tenha presente que não é escravo do sexo e que a vivência da sexualidade pode assumir diferentes expressões, conforme a vocação de cada um. Procura ainda que o homem tenha presente que é o domínio das paixões e dos instintos que nos fazem livres e não a cedência aos mesmos.

Não vejo o mesmo grau de crítica, nem nada que se equipare, aos sinais exteriores de riqueza, aos excessos alimentares, ao consumismo em geral.
Só as paixões do sexo fazem correr tanta tinta.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 21:36

Citação:
nick
ah?! Que comparação! Eu estive quase 30 anos sem ter relações sexuais, será que posso passar 30 semanas sem comer?

A sexualidade não se resume a ter ou não ter relações sexuais. As crianças masturbam-se, os adultos também, não é coisa de adolescentes "tarados".
Quanto a viver sem comer há o caso de pelo menos uma santa que segundo dizem viveu anos e anos só com a Eucaristia.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Desconhecido (IP registado)
Data: 13 de July de 2009 23:07

Citação:
Alpha
Olá Desconhecido e Jorge Gomes,
Antes de mais, e expressamente para o Desconhecido, para quê adiantares percentagens e pesos se não tens qualquer estudo que os sustente?


Que maçada... já reparaste que toda a gente entendeu o que vou dizer a seguir, excepto tu? Haja paciência.

É fácil de perceber que o que quis dizer é que se calhar existem mais pessoas do que a Isabella supõe na sua afirmação.

A lena referiu um aspecto que não pode ser ignorado também: A necessidade biológica.
Se existe sexo a torto e a direito, não será por outro o motivo base que não a necessidade biológica. São as hormonas aos saltos...essas malucas! hehe

Re: A beleza da castidade.
Escrito por: Alpha (IP registado)
Data: 14 de July de 2009 00:08

Olá Lena

Citação:
Lena
Tudo muito lindo, mas o sumo que fica é a costumeira "condenação" do biológico, a associação daquilo que supostamente nos foi dado por Deus - a carne - à sua imagem e semelhança, e mesmo antes da expulsão do paraíso, com o negativo, com o pecado.
(Sublinhado e bold meus)

Esta tua afirmação mereceu esta resposta da minha parte :

Citação:
Alpha
Antes de mais, não é na carne que somos imagem e semelhança de Deus (penso ser este o sentido da tua frase inicial), mas sim na capacidade de amar e de perdoar.

Que motivou esta resposta tua:

Citação:
Lena
Ser criado à imagem e semelhança não é ser igual, não somos clones de Deus.
Fomos criados carne, nós somos carne, e por alguma razão foi essa a escolha.
Para amar e perdoar, sim senhor. Mas é nas experiências da carne, nas interacções que estabelecemos uns com os outros que encontramos o amor, a revolta e o perdão.

Perdoa-me a extensão, mas achei que assim não ser perderia o sentido do diálogo. Nunca a nossa semelhança com Deus poderá passar pela carne, pois Deus é puro espírito. A semelhança, reitero por ser fundamental, está na capacidade de amar, de perdoar.

Deus não nos fez somente carne, fez-nos matéria e forma (alma humana) e é aqui que reside toda a diferença. São as potências da nossa alma é que nos permitem ser homens. São elas que nos permitiram distinguir do resto da bicharada, tornando-nos capazes de Deus e capazes da abstracção, entre outras coisas. Não deixamos de ser animais e de, como o resto da fauna, ter instintos e comportamentos instintivos, mas, paralelamente e por causa da nossa alma, temos a capacidade de realizar um juízo sobre esses actos e comportamentos e de, conscientemente, optarmos por os realizar ou não.

Ou seja, o homem em causa nesta matéria (e nas restantes), é este, a união alma-corpo, com instintos e vontade própria. Não faz por isso muito sentido o comentário sobre a «existência do mundo material». Aliás, para mim não faz sentido pensar no homem sem a sua matéria, durante a sua existência terrena.

Citação:
Lena
Ninguém está a fazer a apologia do sexo pelo sexo, animal, instintivo.
Falamos em viver uma sexualidade adulta e responsável, com Amor. Não é preciso estar casado (papeis e cerimónia) para o sentir. Aliás se não sentirem é que nem deveriam casar.

Calma Lena, ainda não cheguei à fase do Matrimónio!! Para já, estou a cingir-me apenas à questão da castidade (temperança), ao domínio da vontade sobre o instinto. A relação entre a castidade e o amor, é posterior! Existe actualmente uma certa apologia do «instinto» que é um erro, pois acabamos por estar mais preocupados em evidenciar as nossas semelhanças com o resto da fauna, quando a nossa verdadeira riqueza está naquilo que nos distingue.

Não cinjo a questão da temperança apenas à sexualidade, mas a tudo em que devemos sobrepor a nossa vontade ao instinto ou às paixões desordenadas.

Citação:
Lena
A castidade não é castradora. A sua imposição é que é, pois ela é apenas uma resposta possível. Certamente se ajustará a alguns, mas não se aplica a todos.

A castidade é exigível a todos, na medida em que todos é exigível que tenham temperança.

Citação:
Lena
Não são lugares comuns, são problemas bem reais. Parecem lugares comuns pois já se arrasta há muito esta discussão.
Castidade, celibato, infertilidade, contracepção, preservativo, homossexualidade... queres mais exemplos de temas em que há embate?

Tudo temas em que a Igreja parece propor o caminho das pedras. Mas ainda que seja o caminho das pedras, se for para o nosso maior bem, que é a salvação, está a Igreja errada?

Citação:
Lena
Não vejo o mesmo grau de crítica, nem nada que se equipare, aos sinais exteriores de riqueza, aos excessos alimentares, ao consumismo em geral.
Só as paixões do sexo fazem correr tanta tinta.

Oh Lena, mas isso é um problema da comunicação social e não da Igreja. Repara, o Papa, através da Encíclia Caritas in Verita adequou a doutrina social da Igreja aos desafios de hoje, mas tal passa ao lado de tudo e todos. No entanto, se tecesse alguma crítica no campo da sexualidade, seria primeira página.

Cumprimentos

Alpha

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