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«Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 01:57

Há muito anunciada e aguardada, a nova Encíclica do Papa Bento XVI, Caritas in Veritate, parece de alguma forma corresponder às expectativas, pela envergadura, «novidade» e «pragmaticidade».

No entanto, são relativamente escassos os comentários sistemáticos, em boa parte porque esta Encíclica é um documento bastante volumoso.

Vários meios de comunicação chamaram a atenção para alguns pormenores mais «jornalísticos», como a defesa de uma autoridade mundial com poderes no campo das opções económicas globais (coisa que alarmou alguns dos extremistas do costume) ou a reforma da ONU (entidade não nomeada no documento), mas, obviamente, a Encíclica é muito mais do que isso.

Alguns viram nesta Encíclica um piscar de olhos a algumas visões próximas de alguma esquerda política, com uma condenação implícita do capitalismo, enquanto outros negam essa «colagem» política. Obviamente, esta rotulação «partidária» é redutora e descabida.

Certamente não se pode esquecer a introdução que lhe dá o tom geral, o vínculo entre caridade e verdade e a sua componente essencialmente teológica. A Encíclica assume-se como uma actualização e um quase-compêndio da Doutrina Social da Igreja, no seguimento da Rerum Novarum, da Populorum Progressio e de outros documentos-chave, não faltando referências à Gaudium et Spes.

Sendo um documento tão longo, a tentação é a de cada um aproveitar aquilo que lhe convém, mas certamente o exercício mais honesto é o de ler o documento na íntegra e de coração aberto, de boa vontade. Isto não obsta a que sublinhemos determinados aspectos que nos chamem mais a atenção, em detrimento de outros. Pode ser um desafio muito válido para este tópico: o que é que me chama mais a atenção neste documento? Porquê?

Deixo em seguida alguns comentários e notícias que poderão ser de ajuda para a leitura/contextualização deste documento, de enorme importância para todos os católicos e não só.

Alef

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 01:58

Dos jornais:

Papa quer refundação da ONU e uma autoridade para a globalização


Bento XVI diz que o mercado não é "puro", alerta contra "desregulamentação laboral e pede uma "planificação global do desenvolvimento"

Uma autêntica refundação da ONU. Apesar de nunca utilizar a palavra, o Papa Bento XVI, na sua terceira encíclica - a primeira de carácter social -, ontem publicada depois de meses de expectativa, defende a existência de uma autoridade mundial que seja eficaz no "governo da economia". O Papa fala mesmo da "urgência de uma reforma" quer da ONU "quer da arquitectura económica e financeira internacional" - Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio.

No texto da Caritas in Veritate (Caridade na verdade), Bento XVI alerta ainda para a necessidade de os mais pobres não ficarem de fora na globalização, grita que é necessário eliminar a fome para preservar a paz, avisa contra a desregulamentação do mercado de trabalho, diz que o mercado não é puro e defende uma "planificação global do desenvolvimento", pede aos sindicatos que sejam criativos e afrontem a tensão entre a pessoa-trabalhadora e a pessoa-consumidora e diz que a preservação do ambiente deve ter em conta o problema energético.

Muitas das ideias do texto, que tem o subtítulo "Sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade", não são novas no pensamento social católico. Outras, vinham sendo referidas pelo próprio Papa ao longo dos últimos meses e mereceram mesmo referência numa carta aos líderes do G-8 que hoje se reúnem em Itália (ver PÚBLICO de domingo). Mas neste texto os diferentes temas são pela primeira vez sistematizados por Bento XVI, que os actualiza, tendo em conta também a actual crise internacional. E fá-lo com um grande vigor de linguagem.

O Papa Ratzinger aponta as tarefas que deveriam incumbir à autoridade mundial proposta: "Para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise (...), para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios."

Esta autoridade mundial deveria ser também "reconhecida por todos, gozar de poder efectivo para garantir a cada um a segurança, a observância da justiça" e do direito. E deveria "fazer com que as partes respeitem as próprias decisões, bem como as medidas coordenadas e adoptadas nos diversos fóruns internacionais".

Sem defender a substituição da ONU - o Vaticano tem mantido sempre a posição de uma reforma profunda da organização -, o Papa vai ao encontro das posições dos que têm defendido umas Nações Unidas organizadas de forma mais democrática. Ao falar da autoridade mundial, da ONU e da "planificação global do desenvolvimento" (ideia já sugerida por João Paulo II para a era pós-Guerra Fria), Bento XVI está também a pedir uma governação mundial mais democrática - ou seja, o mundo não tem que ser governado por G-8 ou outras instâncias de países mais fortes.

Vários outros temas são trazidos por Bento XVI à encíclica a partir da realidade actual. Desde logo, o papel do mercado, a função da empresa e a desregulação laboral.

O mercado, "em estado puro, não existe", escreve o Papa, que mantém a defesa do mercado livre, feita tradicionalmente pela doutrina social católica. Mas ele pode ser "orientado de modo negativo, não porque isso esteja na sua natureza, mas porque uma certa ideologia pode dirigi-lo em tal sentido". E "toma forma a partir das configurações culturais que o especificam e orientam". E acrescenta que a economia pode ser mal usada por quem tiver referências "egoístas".

Novas formas de competição entre Estados foram também trazidas pelo mercado, escreve ainda Ratzinger. O que provocou a "desregulamentação do mercado de trabalho", a fragilização das redes de segurança social e "graves perigos para os direitos dos trabalhadores". A mobilidade laboral é positiva, diz o Papa. Mas "quando se torna endémica a incerteza sobre as condições de trabalho", acabam por se gerar "formas de instabilidade".

Estes mecanismos têm também consequências a nível internacional. Os diferentes papas, recorda Bento XVI, vêm alertando para esse facto, pelo menos desde 1967, quando Paulo VI escreveu a Populorum Progressio (O progresso dos povos) - cujos 40 anos de publicação esta nova encíclica de Ratzinger pretende assinalar, embora com atraso.

O Papa recorda a "insegurança extrema de vida" que deriva da carência alimentar; diz que "a fome ceifa ainda muitas vidas". E não tem dúvidas em dizer que "eliminar a fome no mundo tornou-se, na era da globalização, também um objectivo a alcançar para preservar a paz e a subsistência da terra". Uma frase que recorda a de Paulo VI: "Os povos da fome dirigem-se hoje, de modo dramático, aos povos da opulência."

Neste capítulo, Bento XVI refere de novo a necessidade de instâncias internacionais que garantam o acesso de todos à alimentação e à água, e que enfrentem as carências de necessidades primárias, bem como a emergência de crises alimentares. E que eliminem as "causas estruturais que o provocam" - enunciando depois um enorme conjunto de tarefas necessárias, entre as quais uma "equitativa reforma agrária".

António Marujo

Fonte: «Público», 08.07.2009






Do Editorial do «Diário de Notícias»:

A encíclica social de Bento XVI


A nova encíclica do Papa Bento XVI, Caritas in Veritate, publicada na véspera da reunião, em Itália, do G8 (o grupo das economias mais desenvolvidas), vai constituir um pilar moderno de uma doutrina social da Igreja, actualizando a mensagem da Populorum Progressio, de Paulo VI.

É um papa dos tempos da globalização, o da Caritas in Veritate (A Caridade na Verdade), preocupado com o de-senvolvimento, que chama todos à responsabilidade, que apela à acção da sociedade civil, que defende uma nova ordem política e económica internacional e a necessidade do estabelecimento de uma ordem mundial supervisora da globalização e geradora de maior justiça.

Bento XVI reclama, como já o vinha fazendo a Igreja desde João XXIII, uma autoridade mundial que ajude a sanear as economias atingidas pela crise, a impedir o agravamento das desigualdades e a dar lugar a uma economia baseada numa "ética amiga da pessoa" - "regulada pelo direito" e atenta à necessidade da segurança alimentar", da "protecção do meio ambiente" e da "regulação dos fluxos migratórios". O Papa avança, sem dúvida, no caminho da utopia - ao apontar para a reforma das Nações Unidas e da arquitectura económica e financeira internacional. Mas, mesmo que nos perguntemos como pode isso acontecer e coloquemos interrogações sobre quem poderá controlar isso, a necessidade de transformar a utopia em realidade decorre do que se está a passar nos dias de hoje.

Pelo menos no campo da doutrina social talvez ninguém ouse dizer, depois da Caritas in Veritate, que a mensagem de Bento XVI é conservadora. Ou discordar do Papa quando sublinha ser esta uma "ocasião de discernimento" que permita reavaliar o papel e o poder do Estado na economia.

Fonte: «Diário de Notícias», 08.07.2009




Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 02:00

Há uns artigos interessantes do «Osservatore Romano». Estão em italiano, mas valem a pena. Copio-os para aqui, porque estes textos não se mantém no site do Vaticano durante mais de um dia (neste momento já não estão disponíveis). Pode servir também para futuros trabalhos de estudantes de teologia...

Alef






Presentata la terza enciclica di Benedetto XVI
La carità nella verità


Più etica nella finanza, gratuità come antidoto alla logica del profitto, iniezione di solidarietà nei meccanismi del mercato: nessuna ricetta miracolistica o pretesa dogmatica, ma la ragionevole convinzione che "l'adesione ai valori del Cristianesimo è elemento non solo utile, ma indispensabile per la costruzione di una buona società e di un vero sviluppo umano integrale". Ecco in sintesi quanto propone la nuova enciclica di Benedetto XVI Caritas in veritate, presentata martedì mattina, 7 luglio, nella Sala Stampa della Santa Sede. Solo nella verità la carità diventa "via maestra della dottrina sociale della Chiesa" e "forza di liberazione nelle vicende sempre nuove della storia" afferma il documento papale, che rilegge la Populorum progressio di Paolo VI evidenziando l'attualità del suo messaggio a oltre quarant'anni dalla pubblicazione. "Il progresso - riconosce il Pontefice - resta ancora un problema aperto". Lo dimostra il bilancio dell'attuale modello di sviluppo, che pur avendo creato ricchezza e benessere, "è stato e continua a essere gravato da distorsioni e drammatici problemi". L'enciclica non si sottrae a un'analisi senza sconti dell'attuale sistema di mercato. A partire dall'affermazione che "il profitto è utile se, in quanto mezzo, è orientato a un fine che gli fornisca un senso". Al contrario, se questo manca, "rischia di distruggere ricchezza e creare povertà". Come avviene, per esempio, quando la corsa alla competitività provoca tagli di spesa e riduzione dei posti di lavoro. O quando sperequazioni e speculazioni sottraggono a intere popolazioni il diritto al cibo e all'acqua. O ancora, quando politiche di controllo demografico giustificano pratiche antinataliste ed eugenetiche. Si dimentica così - ammonisce Benedetto XVI - che "il primo capitale da salvaguardare e valorizzare è l'uomo". E soprattutto che "i costi umani sono sempre anche costi economici". Proprio in questa chiave l'enciclica legge i fenomeni e propone i correttivi: non soltanto alla luce di criteri etici ma anche in termini di ragionevolezza economica. Perché - è convinzione del Papa - senza forme di gratuità e solidarietà "il mercato non può pienamente espletare la propria funzione". Gli stessi poveri non vanno considerati "un fardello" ma "una risorsa". Si tratta, in definitiva, di governare la globalizzazione realizzando una autentica "civilizzazione dell'economia".

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)





Speranza e realismo


Realismo e speranza, nonostante la crisi economica mondiale. Ecco la terza enciclica di Benedetto XVI in brevissima sintesi o, meglio, secondo l'approssimazione sommaria a un testo tanto importante e ricco quanto lunga è stata la sua elaborazione. Per continuare una tradizione di documenti papali avviata nel 1891 dalla celebre Rerum novarum di Leone XIII e poi sviluppata con vigore nel 1931 dalle due encicliche di Pio XI successive alla grande depressione economica e finanziaria manifestatasi due anni prima: la Quadragesimo anno e la quasi sconosciuta Nova impendet sulla gravità della crisi e sulla follia della corsa agli armamenti, che manifestò già allora acuta percezione di un problema ancora attuale. Sino ad arrivare agli insegnamenti sociali di Giovanni XXIII, Paolo VI e Giovanni Paolo II.

In questa serie la Caritas in veritate si inserisce sottolineando, anche in questo ambito, la continuità tra la tradizione anteriore e quella successiva al Vaticano II. Richiamandosi in modo particolare alle encicliche del predecessore e soprattutto alle due ultime montiniane, che quaranta giorni prima di morire Paolo VI ricordò come specialmente espressive del suo pontificato: la Populorum progressio, punto di riferimento continuo e quasi sottotesto di questo documento benedettino, e la Humanae vitae, della quale viene ripresa esplicitamente anche la lettura sociale, come un quarantennio fa avvenne soprattutto nel Terzo mondo a fronte della bufera di critiche, anche all'interno della Chiesa, che nelle ricche società occidentali investirono l'enciclica paolina e sembrarono quasi travolgerla.

A reggere tutto l'impianto della Caritas in veritate, indirizzata non usualmente ai cattolici e "a tutti gli uomini di buona volontà", è il rapporto tra i due termini del titolo. Connessi con tale forza che da esso viene fatta discendere la possibilità di uno sviluppo integrale della persona e dell'umanità: assicurato appunto solo dalla "carità nella verità", cioè dall'amore di Cristo. Come mostra con chiarezza l'introduzione. All'interno di questa cornice teologica l'enciclica disegna una summa socialis vigile e aggiornata, che smentisce - se ce ne fosse ancora bisogno - l'immagine di un Papa soltanto teologo chiuso nelle sue stanze e conferma invece quanto Benedetto XVI sia attento, come teologo e pastore, alla realtà contemporanea in tutti i suoi aspetti.

A spiccare nel testo è dunque, a prima vista, l'attenzione ai fenomeni della mondializzazione e della tecnocrazia, di per sé neutri ma soggetti a degenerazioni a causa - "in termini di fede" specifica il Papa - del peccato delle origini. Uno sguardo meno fuggevole coglie tuttavia la fiducia nella possibilità di uno sviluppo davvero umano, quello che già Paolo VI vedeva racchiuso nel disegno della provvidenza divina, e segno, in qualche modo, del cammino progressivo dalla città dell'uomo a quella di Dio. L'atteggiamento di Benedetto XVI non può dunque essere qualificato come pessimistico a priori, come alcuni vorrebbero, ma nemmeno è assimilabile a ingenui e irresponsabili ottimismi, perché si fonda piuttosto sulla fiducia tipicamente cattolica in una ragione aperta alla presenza del divino.

Così la sfera economica e la tecnica appartengono all'attività umana e non vanno demonizzate, ma neppure lasciate a se stesse perché devono essere vincolate al bene comune, e cioè governate dal punto di vista etico. Per limitarsi a un solo esempio, il puro fenomeno della globalizzazione non rende di per sé gli uomini fratelli, cosicché con evidenza sono necessarie regole e logiche che la indirizzino.

Se allora la dimensione economica può - e, anzi, deve - essere umana, se il momento storico è propizio per abbandonare ideologie che soprattutto nel secolo scorso hanno lasciato dietro di sé soltanto rovine, allora davvero è venuto il momento di approfittare dell'occasione offerta dalla crisi mondiale per uscirne insieme, i credenti con le donne e gli uomini di buona volontà. A tutti infatti il Papa scrive che bisogna vivere come una famiglia, sotto lo sguardo del Creatore.

g. m. v.

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)





Per leggere l'enciclica


Non ci sono due tipologie di dottrina sociale, una preconciliare e una postconciliare, diverse tra loro, ma un unico insegnamento, coerente e nello stesso tempo sempre nuovo. (12)

La Chiesa propone con forza il collegamento tra etica della vita e etica sociale. (15)

Solo se libero, lo sviluppo può essere integralmente umano; solo in un regime di libertà responsabile esso può crescere in maniera adeguata. (17)

L'esclusivo obiettivo del profitto, se mal prodotto e senza il bene comune come fine ultimo, rischia di distruggere ricchezza e creare povertà. (21)

Continua "lo scandalo di disuguaglianze clamorose". La corruzione e l'illegalità sono purtroppo presenti sia nel comportamento di soggetti economici e politici dei Paesi ricchi, vecchi e nuovi, sia negli stessi Paesi poveri. A non rispettare i diritti umani dei lavoratori sono a volte grandi imprese transnazionali e anche gruppi di produzione locale. (22)

Il mercato diventato globale ha stimolato anzitutto, da parte di Paesi ricchi, la ricerca di aree dove delocalizzare le produzioni di basso costo al fine di ridurre i prezzi di molti beni, accrescere il potere di acquisto e accelerare pertanto il tasso di sviluppo centrato su maggiori consumi per il proprio mercato interno. (25)

L'insieme dei cambiamenti sociali ed economici fa sì che le organizzazioni sindacali sperimentino maggiori difficoltà a svolgere il loro compito di rappresentanza degli interessi dei lavoratori. (25)

L'estromissione dal lavoro per lungo tempo, oppure la dipendenza prolungata dall'assistenza pubblica o privata, minano la libertà e la creatività della persona e i suoi rapporti familiari e sociali con forti sofferenze sul piano psicologico e spirituale. (25)

Il primo capitale da salvaguardare e valorizzare è l'uomo, la persona, nella sua integrità. (25)

Il problema dell'insicurezza alimentare va affrontato in una prospettiva di lungo periodo, eliminando le cause strutturali che lo provocano e promuovendo lo sviluppo agricolo dei Paesi più poveri. (27)

È necessario che maturi una coscienza solidale che consideri l'alimentazione e l'accesso all'acqua come diritti universali di tutti gli esseri umani, senza distinzioni né discriminazioni. (27)

Uno degli aspetti più evidenti dello sviluppo odierno è l'importanza del tema del rispetto per la vita, che non può in alcun modo essere disgiunto dalle questioni relative allo sviluppo dei popoli. (28)

Nei Paesi economicamente più sviluppati, le legislazioni contrarie alla vita sono molto diffuse e hanno ormai condizionato il costume e la prassi, contribuendo a diffondere una mentalità antinatalista che spesso si cerca di trasmettere anche ad altri Stati come se fosse un progresso culturale. (28)

Preoccupanti sono tanto le legislazioni che prevedono l'eutanasia quanto le pressioni di gruppi nazionali e internazionali che ne rivendicano il riconoscimento giuridico. (28)

La carità non esclude il sapere, anzi lo richiede, lo promuove e lo anima dall'interno. Il sapere non è mai solo opera dell'intelligenza. (30)

Le valutazioni morali e la ricerca scientifica devono crescere insieme e la carità deve animarle in un tutto armonico interdisciplinare, fatto di unità e di distinzione. (31)

I costi umani sono sempre anche costi economici e le disfunzioni economiche comportano sempre anche costi umani. (32)

L'abbassamento del livello di tutela dei diritti dei lavoratori o la rinuncia a meccanismi di ridistribuzione del reddito per far acquisire al Paese maggiore competitività internazionale impediscono l'affermarsi di uno sviluppo di lunga durata. (32)

All'elenco dei campi in cui si manifestano gli effetti perniciosi del peccato, si è aggiunto ormai da molto tempo anche quello dell'economia. (34)

Senza forme interne di solidarietà e di fiducia reciproca, il mercato non può pienamente espletare la propria funzione economica. Ed oggi è questa fiducia che è venuta a mancare, e la perdita della fiducia è una perdita grave. (35)

I poveri non sono da considerarsi un "fardello", bensì una risorsa anche dal punto di vista strettamente economico. (35)

L'attività economica non può risolvere tutti i problemi sociali mediante la semplice estensione della logica mercantile. Questa va finalizzata al perseguimento del bene comune, di cui deve farsi carico anche e soprattutto la comunità politica. (36)

Nei rapporti mercantili il principio di gratuità e la logica del dono come espressione della fraternità possono e devono trovare posto entro la normale attività economica. (36)

Ogni decisione economica ha una conseguenza di carattere morale. (37)

Accanto all'impresa privata orientata al profitto, e ai vari tipi di impresa pubblica, devono potersi radicare ed esprimere quelle organizzazioni produttive che perseguono fini mutualistici e sociali. È dal loro reciproco confronto sul mercato che ci si può attendere una sorta di ibridazione dei comportamenti d'impresa e dunque un'attenzione sensibile alla civilizzazione dell'economia. (38)

La vittoria sul sottosviluppo richiede di agire non solo sul miglioramento delle transazioni fondate sullo scambio, non solo sui trasferimenti delle strutture assistenziali di natura pubblica, ma soprattutto sulla progressiva apertura, in contesto mondiale, a forme di attività economica caratterizzate da quote di gratuità e di comunione. (39)

La gestione dell'impresa non può tenere conto degli interessi dei soli proprietari della stessa, ma deve anche farsi carico di tutte le altre categorie di soggetti che contribuiscono alla vita dell'impresa: i lavoratori, i clienti, i fornitori dei vari fattori di produzione, la comunità di riferimento. (40)

Non è però lecito delocalizzare solo per godere di particolari condizioni di favore, o peggio per sfruttamento, senza apportare alla società locale un vero contributo per la nascita di un robusto sistema produttivo e sociale, fattore imprescindibile di sviluppo stabile. (40)

La concezione più ampia di imprenditorialità favorisce lo scambio e la formazione reciproca tra le diverse tipologie di imprenditorialità, con travaso di competenze dal mondo non profit a quello profit e viceversa, da quello pubblico a quello proprio della società civile, da quello delle economie avanzate a quello dei Paesi in via di sviluppo. (41)

Considerare l'aumento della popolazione come causa prima del sottosviluppo è scorretto, anche dal punto di vista economico. (44)

L'economia ha bisogno dell'etica per il suo corretto funzionamento; non di un'etica qualsiasi, bensì di un'etica amica della persona. (45)

Si sviluppa una "finanza etica", soprattutto mediante il microcredito e, più in generale, la microfinanza. Questi processi suscitano apprezzamento e meritano un ampio sostegno. (45)

In questi ultimi decenni è andata emergendo un'ampia area intermedia tra le due tipologie di imprese. Essa è costituita da imprese tradizionali, che però sottoscrivono dei patti di aiuto ai Paesi arretrati; da fondazioni che sono espressione di singole imprese; da gruppi di imprese aventi scopi di utilità sociale; dal variegato mondo dei soggetti della cosiddetta economia civile e di comunione. (46)

Il tema dello sviluppo è oggi fortemente collegato anche ai doveri che nascono dal rapporto dell'uomo con l'ambiente naturale. Questo è stato donato da Dio a tutti, e il suo uso rappresenta per noi una responsabilità verso i poveri, le generazioni future e l'umanità intera. (48)

La comunità internazionale ha il compito imprescindibile di trovare le strade istituzionali per disciplinare lo sfruttamento delle risorse non rinnovabili, con la partecipazione anche dei Paesi poveri. (49)

Le società tecnologicamente avanzate possono e devono diminuire il proprio fabbisogno energetico. (49)

Per non dar vita a un pericoloso potere universale di tipo monocratico, il governo della globalizzazione deve essere di tipo sussidiario, articolato su più livelli e su piani diversi, che collaborino reciprocamente. (57)

La cooperazione allo sviluppo non deve riguardare la sola dimensione economica; essa deve diventare una grande occasione di incontro culturale e umano. (59)

Una solidarietà più ampia a livello internazionale si esprime innanzitutto nel continuare a promuovere, anche in condizioni di crisi economica, un maggiore accesso all'educazione. (61)

Ogni migrante è una persona umana che, in quanto tale, possiede diritti fondamentali inalienabili che vanno rispettati da tutti e in ogni situazione. (62)

Nella considerazione dei problemi dello sviluppo, non si può non mettere in evidenza il nesso diretto tra povertà e disoccupazione. I poveri in molti casi sono il risultato della violazione della dignità del lavoro umano. (63)

Il contesto globale in cui si svolge il lavoro richiede anche che le organizzazioni sindacali nazionali, prevalentemente chiuse nella difesa degli interessi dei propri iscritti, volgano lo sguardo anche verso i non iscritti e, in particolare, verso i lavoratori dei Paesi in via di sviluppo, dove i diritti sociali vengono spesso violati. (64)

C'è dunque una precisa responsabilità sociale del consumatore, che si accompagna alla responsabilità sociale dell'impresa. (66)

È fortemente sentita, anche in presenza di una recessione altrettanto mondiale, l'urgenza della riforma sia dell'Organizzazione delle Nazioni Unite che dell'architettura economica e finanziaria internazionale. (67)

Campo primario e cruciale della lotta culturale tra l'assolutismo della tecnicità e la responsabilità morale dell'uomo è oggi quello della bioetica, in cui si gioca radicalmente la possibilità stessa di uno sviluppo umano integrale. (74)

La questione sociale è diventata radicalmente questione antropologica, nel senso che essa implica il modo stesso non solo di concepire, ma anche di manipolare la vita, sempre più posta dalle biotecnologie nelle mani dell'uomo. (75)

Lo sviluppo deve comprendere una crescita spirituale oltre che materiale, perché la persona umana è un'"unità di anima e corpo", nata dall'amore creatore di Dio e destinata a vivere eternamente. (76)

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)






Un nuovo progetto di sviluppo globale


di Francesco M. Valiante

Più etica nella finanza, gratuità come antidoto alla logica del profitto, iniezione di solidarietà nei meccanismi del mercato: nessuna ricetta miracolistica o pretesa dogmatica, ma la ragionevole convinzione che "l'adesione ai valori del Cristianesimo è elemento non solo utile, ma indispensabile per la costruzione di una buona società e di un vero sviluppo umano integrale". Ecco in sintesi quanto propone la nuova enciclica di Benedetto XVI Caritas in veritate, presentata martedì mattina, 7 luglio, nella Sala Stampa della Santa Sede.

Già le premesse sgombrano il campo da equivoci e confusioni di ruolo. La Chiesa non ha in tasca "soluzioni tecniche" ai drammatici problemi della crisi mondiale né "pretende minimamente d'intromettersi nella politica degli Stati". Tuttavia non rinuncia alla sua "missione di verità da compiere, in ogni tempo ed evenienza, per una società a misura dell'uomo, della sua dignità, della sua vocazione". Nasce da qui la sua dottrina sociale, che è appunto caritas in veritate in re sociali, "annuncio della verità dell'amore di Cristo nella società".

Solo nella verità - "da qualsiasi sapere provenga" precisa il documento richiamando la necessità del dialogo tra fede e ragione - la carità diventa "via maestra della dottrina sociale della Chiesa" ed "elemento di fondamentale importanza nelle relazioni umane". Senza di essa, invece, rischia di scivolare nel sentimentalismo o finire preda di manipolazioni che ne stravolgono il significato, trasformandola nel suo esatto contrario. La verità, si legge nell'enciclica, "esprime la forza di liberazione della carità nelle vicende sempre nuove della storia". Forza che trova il suo sbocco naturale nella giustizia - "chi ama con carità gli altri è anzitutto giusto verso di loro" ricorda il Papa - e nel bene comune, che della carità rappresenta "la via istituzionale" e "politica".

Su questa base concettuale - in continuità con le due precedenti encicliche Deus caritas est e Spe salvi - la riflessione di Benedetto XVI propone una rilettura della Populorum progressio di Paolo VI, il cui messaggio è ancora attuale a distanza di oltre quarant'anni dalla pubblicazione. Tanto da spingere il Papa a definirla "la Rerum novarum dell'epoca contemporanea, che illumina il cammino dell'umanità in via di unificazione". Ma in realtà è l'intero insegnamento sociale dei Pontefici - innestato nella "tradizione sempre vitale della Chiesa" e illuminato soprattutto dal Concilio Vaticano II - a fare da sfondo alla Caritas in veritate. Che dunque, al pari del testo montiniano, non può essere letta al di fuori di questo corpus di riferimento senza ridursi a un documento privo di radici o a un semplice elenco di "dati sociologici".

In questa prospettiva le intuizioni della Populorum progressio - che ignorava i recenti sviluppi della globalizzazione ma ne ha anticipato profeticamente avvento e dinamiche - rivelano una sorprendente modernità. Anche perché mostrano quanto poco si è fatto in questi quarant'anni e quanto resta da fare per dar voce ai "popoli della fame" che ancora oggi "interpellano in maniera drammatica i popoli dell'opulenza", come scriveva nel 1967 Papa Montini. Il quale avvertiva, in particolare, che l'autentico sviluppo riguarda la persona nella sua integralità - "se non è di tutto l'uomo e di ogni uomo, lo sviluppo non è vero sviluppo" - e dipende dalla realizzazione di una reale fraternità tra i popoli.

Alla verifica dei fatti le preoccupazioni di Paolo VI si sono rivelate fondate. "Il progresso - riconosce Benedetto XVI - resta ancora un problema aperto". Lo dimostra il bilancio dell'attuale modello di sviluppo, che pur avendo creato ricchezza e benessere per molte popolazioni del mondo "è stato e continua a essere gravato da distorsioni e drammatici problemi, messi ancora più in risalto dall'attuale situazione di crisi". La denuncia del Pontefice è netta e circostanziata: nel mondo aumentano le disuguaglianze, nascono nuove povertà, permangono illegalità e corruzione, sono disattesi i diritti dei lavoratori, vengono sfruttate indiscriminatamente le risorse della terra. Per questo continua a essere "un dovere" per la comunità internazionale la "riprogettazione globale dello sviluppo" a partire da "una nuova sintesi umanistica". Occorrono realismo, fiducia e speranza - suggerisce il Papa - per affrontare soprattutto le inedite responsabilità derivanti dalla crisi economica, che può trasformarsi così in "occasione di discernimento e di nuova progettualità".

L'enciclica evita le secche ideologiche e le disquisizioni accademiche - nel testo non compaiono mai termini come capitalismo, socialismo, comunismo, proprietà privata - ma non si sottrae a un'analisi senza sconti dell'attuale sistema di mercato. A partire dall'affermazione che "il profitto è utile se, in quanto mezzo, è orientato a un fine che gli fornisca un senso tanto sul come produrlo quanto sul come utilizzarlo". Al contrario, se questo manca, "rischia di distruggere ricchezza e creare povertà". Come avviene, per esempio, quando la corsa alla competitività provoca tagli di spesa e riduzione dei posti di lavoro, con la conseguente creazione di "situazioni di degrado umano, oltre che di spreco sociale". O quando sperequazioni agrarie, speculazioni e irresponsabilità internazionali sottraggono a intere popolazioni il diritto all'alimentazione e l'accesso all'acqua. O ancora, quando politiche di controllo demografico - basate sull'erronea convinzione che l'aumento della popolazione sia la causa del sottosviluppo - giustificano pratiche antinataliste ed eugenetiche in nome di un malinteso "progresso culturale". Si dimentica così - ammonisce Benedetto XVI - che "il primo capitale da salvaguardare e valorizzare è l'uomo, la persona, la sua integrità". E soprattutto che "i costi umani sono sempre anche costi economici".

Proprio in questa chiave l'enciclica legge i fenomeni e propone i correttivi: non soltanto alla luce di criteri etici ma anche in termini di ragionevolezza economica. Perché - è convinzione del Papa - il "principio di gratuità e la logica del dono possono e devono trovare posto entro la normale attività economica". Senza forme di solidarietà e fiducia reciproca - afferma - "il mercato non può pienamente espletare la propria funzione". Gli stessi poveri non vanno considerati "un fardello" ma "una risorsa anche dal punto di vista strettamente economico". Si tratta, in definitiva, di realizzare "una forma concreta e profonda di democrazia economica" attraverso l'apertura dei rapporti mercantili ad attività produttive che - superando la tradizionale distinzione tra imprese profit e non profit - perseguano fini solidaristici con "quote di gratuità e comunione": un'opera di "civilizzazione dell'economia" - la definisce il Pontefice - che risponde a "un'esigenza della stessa ragione economica" oltre che della verità e della carità.

Per governare la globalizzazione Benedetto XVI invoca anche una rivalutazione del ruolo dei poteri pubblici nazionali. E chiede per le imprese "una più ampia responsabilità sociale" che tenga conto del "significato morale, oltre che economico" delle scelte di gestione e di investimento. Riproponendo il legame tra "ecologia ambientale" ed "ecologia umana", richiama a "un governo responsabile della natura" soprattutto attraverso oculate politiche energetiche e nuovi stili di vita più sobri. In ogni caso - avverte - il progresso tecnico deve sempre trovare un orizzonte di senso, evitando quella "mentalità tecnicistica" in base alla quale il vero coincide con il fattibile. Anche qui la strada indicata è quella di una riconciliazione tra fede e ragione sul terreno della difesa della vita - manipolazioni genetiche ed eutanasia preoccupano in particolare il Papa - e del futuro dell'uomo.

L'enciclica riafferma poi lo stretto rapporto tra sviluppo dei popoli e tutela dei diritti. Per la religione, in particolare, il Pontefice reclama libertà e "statuto di cittadinanza" nella sfera pubblica, invitando alla collaborazione credenti e non credenti. In questo contesto rilancia il principio di sussidiarietà come l'"antidoto più efficace contro ogni forma di assistenzialismo paternalista", ma al tempo stesso rinnova agli Stati più avanzati la richiesta di destinare maggiori aiuti allo sviluppo dei Paesi poveri.

Quanto al sistema finanziario globale - messo sul banco degli imputati per l'attuale crisi economica - Benedetto XVI auspica che esso recuperi i suoi fondamenti etici e torni a essere "uno strumento finalizzato alla miglior produzione di ricchezza e allo sviluppo". Nell'immediato chiede soprattutto una regolamentazione del settore in grado di "garantire i soggetti più deboli e impedire scandalose speculazioni". Ma l'orizzonte dell'enciclica va oltre le visioni di corto respiro, per invocare una riforma complessiva dell'architettura economica e finanziaria internazionale che proceda di pari passo con quella dell'Organizzazione delle Nazioni Unite e con la creazione di un'"Autorità politica mondiale" - sulla scia dell'analoga richiesta fatta a suo tempo da Giovanni XXIII - ordinata alla realizzazione del bene comune e di "un autentico sviluppo umano integrale ispirato ai valori della carità nella verità".


(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)






Il cardinale Martino, presidente del Pontificio Consiglio della Giustizia e della Pace

Uno sviluppo umano integrale


di Renato Raffaele Martino
Cardinale, presidente del Pontificio Consiglio
della Giustizia e della Pace

La Caritas in veritate è la terza enciclica di Benedetto XVI ed è un'enciclica sociale. Essa si inserisce nella tradizione che siamo soliti far iniziare con la Rerum novarum di Leone XIII e arriva dopo diciotto anni dalla Centesimus annus di Giovanni Paolo II, durante i quali grandi cambiamenti sono avvenuti nella società.

Le ideologie politiche, che avevano caratterizzato l'epoca precedente al 1989, sembrano aver perso di virulenza, sostituite però dalla nuova ideologia della tecnica.

Secondo elemento: l'accentuazione dei fenomeni di globalizzazione determinati, da un lato, dalla fine dei blocchi contrapposti e, dall'altro, dalla rete informatica e telematica mondiale.

Terzo elemento di cambiamento: le religioni. Molti osservatori notano che in questo ventennio, pure a seguito della fine dei blocchi politici contrapposti, le religioni sono tornate alla ribalta della scena pubblica mondiale. A questo fenomeno, spesso contraddittorio e da decifrare con attenzione, si contrappone un laicismo militante, e talvolta esasperato, che tende a estromettere la religione dalla sfera pubblica.

Quarto e ultimo cambiamento: l'emergenza di alcuni grandi Paesi da una situazione di arretratezza, che sta mutando notevolmente gli equilibri geopolitici mondiali. La funzionalità degli organismi internazionali, il problema delle risorse energetiche, nuove forme di colonialismo e di sfruttamento sono anche collegate con questo fenomeno, positivo in sé, ma dirompente e che ha bisogno di essere bene indirizzato. Torna qui il problema della governance internazionale.

Queste quattro grandi novità basterebbero da sole a motivare la scrittura di una nuova enciclica sociale. All'origine della Caritas in veritate, c'è, però, un altro motivo. Essa infatti inizialmente era stata pensata come una commemorazione dei 40 anni della Populorum progressio di Paolo VI.

Il tema della Caritas in veritate non è lo "sviluppo dei popoli", ma "lo sviluppo umano integrale", senza che questo comporti una trascuratezza del primo. Si può dire, quindi, che la prospettiva della Populorum progressio venga allargata, in continuità con le sue profonde dinamiche.

La Caritas in veritate dimostra con chiarezza non solo che il pontificato di Paolo VI non ha rappresentato nessun "arretramento" nei confronti della Dottrina sociale della Chiesa, come troppo spesso si è detto, ma che questo Papa ha contribuito in modo significativo ad impostare la visione della Dottrina sociale della Chiesa sulla scia della Gaudium et spes e della tradizione precedente e ha costituito le basi, su cui si è poi potuto inserire Giovanni Paolo II.

A parte l'utilizzo di alcuni spunti particolari relativi alle problematiche specifiche dello sviluppo dei Paesi poveri, la Caritas in veritate fa proprie tre prospettive di ampio respiro, contenute nell'enciclica di Paolo VI. La prima è l'idea che "il mondo soffre per mancanza di pensiero". La Caritas in veritate sviluppa questo spunto articolando il tema della verità dello sviluppo e nello sviluppo fino a sottolineare l'esigenza di una interdisciplinarità ordinata dei saperi e delle competenze a servizio dello sviluppo umano. La seconda è l'idea che "non vi è umanesimo vero se non aperto verso l'Assoluto" e anche la Caritas in veritate si muove nella prospettiva di un umanesimo veramente integrale. Il traguardo di uno sviluppo di tutto l'uomo e di tutti gli uomini è ancora davanti a noi. La terza è che all'origine del sottosviluppo c'è una mancanza di fraternità. Anche Paolo VI faceva appello alla carità e alla verità quando invitava ad operare "con tutto il loro cuore e tutta la loro intelligenza".

La Caritas in veritate parla anche della attuale crisi economica e finanziaria. La stampa si è dimostrata interessata soprattutto a questo aspetto e i giornali si sono chiesti cosa avrebbe detto la nuova enciclica sulla crisi in atto. Vorrei dire che il tema centrale dell'enciclica non è questo, però la Caritas in veritate non si è sottratta alla problematica. L'ha affrontata, non in senso tecnico, ma valutandola alla luce dei principi di riflessione e dei criteri di giudizio della Dottrina sociale della Chiesa e all'interno di una visione più generale dell'economia, dei suoi fini e della responsabilità dei suoi attori. La crisi in atto mette in evidenza, secondo la Caritas in veritate, che la necessità di ripensare il modello economico cosiddetto "occidentale", richiesta dalla Centesimus annus, non è stata attuata fino in fondo.

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)






Il cardinale Cordes, presidente di Cor Unum

Non è una «terza via»


di Paul Josef Cordes
Cardinale, presidente
del Pontificio Consiglio «Cor Unum»

La prima enciclica di Benedetto XVI, Deus caritas est, sulla teologia della carità, conteneva indicazioni sulla dottrina sociale. Ora siamo di fronte a un testo dedicato interamente a questa materia. Ma balza agli occhi che il concetto centrale resta la caritas, intesa come amore divino manifestato in Cristo.

La Chiesa è stata costituita per essere sacramento di salvezza per tutti i popoli. La sua missione la strappa a un malinteso ricorrente: secolarizzarla fino a farne un agente politico. La Chiesa ispira, ma non fa politica. La Chiesa non è un partito né un attore politicizzante. Lo stesso cardinale Ratzinger si è opposto negli anni '80 a questo possibile malinteso.

Questo implica che la dottrina sociale della Chiesa non è una "terza via", cioè un programma politico da realizzare per giungere a una società perfetta. Chi la pensa così rischia paradossalmente di preparare una teocrazia, dove i principi validi nel discorso della fede diventano tout court principi da applicare al vivere sociale, sia per chi crede, sia per chi non crede, abbracciando anche la violenza. Di fronte a tali errori, la Chiesa salvaguarda, insieme alla libertà religiosa, la giusta autonomia dell'ordine creato.

In positivo, l'enciclica Caritas in veritate esprime il significato della dottrina sociale della Chiesa in diverse parti, quando ne va del rapporto tra evangelizzazione e promozione umana. Mentre finora l'accento della dottrina sociale era piuttosto sull'azione per promuovere la giustizia, ora si avvicina in senso lato alla pastorale: la dottrina sociale è affermata elemento dell'evangelizzazione. Cioè l'annuncio di Cristo morto e risorto che la Chiesa proclama lungo i secoli ha una sua attualizzazione anche rispetto al vivere sociale.

Quest'affermazione contiene due aspetti. Non possiamo leggere la dottrina sociale fuori dal contesto del Vangelo e del suo annuncio. La dottrina sociale, come mostra questa enciclica, nasce e si interpreta alla luce della rivelazione. D'altra parte, la dottrina sociale non si identifica con l'evangelizzazione, ma ne è un elemento. Il Vangelo riguarda il vivere dell'uomo anche in relazioni sociali e in istituzioni che da queste relazioni nascono, ma non si può restringere l'uomo al suo vivere sociale. E dunque la dottrina sociale della Chiesa non può sostituire tutta l'opera di annuncio del Vangelo.

Nella logica di questa enciclica si affaccia prepotentemente un ulteriore passaggio, forse una terza fase della riflessione della dottrina sociale. Non è un caso se si è posta la carità come punto di snodo: dunque la carità divina cui risponde come atto umano una virtù teologale. L'uomo non si pone solo come obiettivo di un processo, ma come il soggetto di questo processo. L'uomo che ha conosciuto Cristo si fa attore di cambiamento perché la dottrina sociale non resti lettera morta.

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)






L'arcivescovo Giampaolo Crepaldi

Le principali novità


di Giampaolo Crepaldi
Arcivescovo-vescovo di Trieste

Il più grande aiuto che la Chiesa può dare allo sviluppo è l'annuncio di Cristo. Da ciò derivano le importanti precisazioni della Caritas in veritate sulla natura della dottrina sociale.

La prima riguarda la sua appartenenza alla Tradizione viva della Chiesa. La seconda è che il punto di vista non è la realtà sociologicamente intesa, ma la fede apostolica. Queste importanti precisazioni di Benedetto XVI provengono dalla considerazione dell'importanza fondativa della Verità e dell'Amore per l'organizzazione sociale.

Altra novità: i due fondamentali diritti alla vita e alla libertà religiosa trovano per la prima volta un'esplicita e corposa collocazione in un'enciclica sociale. Non che nelle precedenti encicliche fossero stati trascurati, ma certamente qui sono organicamente collegati con il tema dello sviluppo e la Caritas in veritate ne mette in evidenza le ricadute negative anche di ordine economico e politico sullo sviluppo quando non venissero rispettati. Nella Caritas in veritate la cosiddetta "questione antropologica" diventa a pieno titolo "questione sociale". La procreazione e la sessualità, l'aborto e l'eutanasia, le manipolazioni dell'identità umana e la selezione eugenetica sono valutati come problemi sociali di primaria importanza che, se gestiti secondo una logica di pura produzione, deturpano la sensibilità sociale, minano il senso della legge, corrodono la famiglia e rendono difficile l'accoglienza del debole. Queste indicazioni della Caritas in veritate non hanno solo valore esortativo, ma invitano ad un nuovo pensiero e a una nuova prassi per lo sviluppo che tengano conto delle sistematiche interconnessioni tra i temi antropologici legati alla vita e alla dignità umana e quelli economici, sociali e culturali relativi allo sviluppo.

Ci sono inoltre nell'enciclica due tematiche nuove. La prima è quella dell'ambiente richiamata anche dalle encicliche sociali di Giovanni Paolo II. La Caritas in veritate propone un'impostazione in termini di precedenza del ricevere sul fare: da una natura come deposito di risorse materiali alla natura vista come parola creata. I due diritti alla vita e alla libertà religiosa, sono strettamente collegati dalla Caritas in veritate con l'ecologia ambientale. Questa, infatti, deve liberarsi da alcune ipoteche ideologiche che consistono nel trascurare la superiore dignità della persona umana e nel considerare la natura solo materialisticamente prodotta dal caso o dalla necessità. Tentazioni ideologiche oggi presenti in molte versioni dell'ecologismo. L'impegno per l'ambiente non sarà pienamente fruttuoso se non verrà sistematicamente associato al diritto alla vita della persona umana.

L'altro tema nuovo è l'ampia trattazione del problema della tecnica: è la prima volta che un'enciclica affronta in modo così organico questo tema, dopo gli approfondimenti antropologici sulla tecnica della Laborem exercens di Giovanni Paolo II. L'idea di fondo è che la crisi delle grandi ideologie politiche abbia lasciato il campo alla nuova ideologia della tecnica o, possiamo dire, alla "tecnicità" come mentalità. Si tratta della più grande sfida al principio della precedenza del ricevere sul fare. La mentalità esclusivamente tecnica, infatti, riduce tutto a puro fare. Per questo essa si sposa bene con la cultura nichilista e relativista.

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)





L'economista Stefano Zamagni

Un nuovo ordine economico


di Stefano Zamagni
Università di Bologna

Tre sono i principali fattori strutturali dell'attuale crisi. Il primo concerne il mutamento radicale nel rapporto tra finanza e produzione di beni e servizi consolidatosi nell'ultimo trentennio.

A partire dalla metà degli anni '70 del secolo scorso, i Paesi occidentali hanno condizionato le loro promesse in materia pensionistica a investimenti che dipendevano dalla profittabilità sostenibile dei nuovi strumenti finanziari. Al tempo stesso, la creazione di questi strumenti ha via via esposto l'economia reale ai capricci della finanza, generando il bisogno crescente di destinare alla remunerazione dei risparmi in essi investiti quote crescenti di valore aggiunto.

Il secondo fattore è la diffusione a livello di cultura popolare dell'ethos dell'efficienza come criterio ultimo di giudizio e di giustificazione della realtà economica. Per un verso, ciò ha finito col legittimare l'avidità - che è la forma più nota e più diffusa di avarizia - come una sorta di virtù civica. Per l'altro esso è all'origine dell'alternanza sistematica di avidità e panico.

La terza causa ha a che vedere con la matrice culturale che si è andata consolidando negli ultimi decenni sull'onda del processo di globalizzazione e dall'avvento della terza rivoluzione industriale: quella delle tecnologie info-telematiche, della quale due aspetti specifici sono rilevanti. Il primo riguarda la presa d'atto che alla base dell'economia capitalistica è presente una seria contraddizione di tipo pragmatico. Quella capitalistica è certamente un'economia di mercato, cioè un assetto istituzionale in cui sono presenti e operativi i due principi basilari della modernità: la libertà di agire e fare impresa; l'eguaglianza di tutti di fronte alla legge. Al tempo stesso, però l'impresa capitalistica è andata edificandosi nel corso degli ultimi tre secoli sul principio di gerarchia. Ha preso così corpo un sistema di produzione in cui vi è una struttura centralizzata alla quale un certo numero di individui cedono, in cambio di un prezzo (salario), alcuni dei loro beni e servizi, che una volta entrati nell'impresa sfuggono al controllo di quanti li hanno forniti.

Il secondo aspetto riguarda l'insoddisfazione, sempre più diffusa, circa il modo di interpretare il principio di libertà, e le sue tre dimensioni costitutive: autonomia, immunità, capacitazione (capacità di azione). Mentre l'approccio liberal-liberista vale ad assicurare la prima e la seconda l'approccio stato-centrico, vuoi nella versione dell'economia mista vuoi in quella del socialismo di mercato, tende a privilegiare la seconda e la terza a scapito della prima. La sfida da raccogliere è allora quella di fare stare insieme tutte e tre le dimensioni della libertà.

È dunque quanto mai opportuna l'insistenza della Caritas in veritate sulla necessità di attuare una governance globale, di tipo sussidiario e poliarchico. Ciò implica il rifiuto di dare vita a una sorta di superstato e l'urgenza di completare e aggiornare l'opera svolta nel 1944 a Bretton Woods quando si disegnò il nuovo ordine economico internazionale. Si tratta di affiancare all'attuale assemblea delle Nazioni unite una seconda assemblea in cui siedano i rappresentanti delle varie espressioni della società civile transnazionale; dare vita al Consiglio di sicurezza socio-economica delle Nazioni unite in appoggio a quelle di sicurezza militare; istituire una Organizzazione mondiale delle migrazioni e una Organizzazione mondiale per l'ambiente; intervenire sul Fondo monetario internazionale per affrontare il problema di una valuta globale e realizzare la riforma delle riserve monetarie globali, come è stato proposto dalla conferenza delle Nazioni unite del 23 giugno scorso.

(©L'Osservatore Romano - 8 luglio 2009)



Editado 1 vezes. Última edição em 09/07/2009 02:01 por Alef.

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de July de 2009 01:49

Transcrevo aqui um interessante conjunto de «cápsulas» para ler a nova Encíclica do Papa, publicado na Zenit, também em Português. Para quem ainda não leu o documento, este texto dá uma ideia da imensa variedade de temas tocados. Também permite vislumbrar por que razão ou razões esta Encíclica deixou alguns sectores ultra-conservadores ou tradicionalistas muito nervosos e de quem vi as críticas mais azedas.

Alef





Encíclica Caritas in veritate em cápsulas

Propostas do Papa para “civilizar” a economia



CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 7 julho 2009 (ZENIT.org).- A encíclica Caritas in veritate, “sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade”, publicada por Bento XVI nesta terça-feira, apresenta propostas para “civilizar” a economia, em plena crise financeira.

A carta, dirigida pelo Papa “a todos os homens de boa vontade”, em suas 136 páginas atualiza a doutrina social da Igreja, em particular os ensinamentos das encíclicas Populorum Progressio, publicada por Paulo VI em 1967, e Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II, publicada em 1988.

Apresentamos algumas das frases mais destacadas desta terceira encíclica do pontificado do Papa Joseph Ratzinger.

* * *


-- Caridade sem verdade: "Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade." (n. 3)



-- Caridade sem Deus: "Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social mas marginais. Deste modo, deixaria de haver verdadeira e propriamente lugar para Deus no mundo." (n. 4)



-- A Igreja não faz política: "A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende ‘de modo algum imiscuir-se na política dos Estados’; mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação." (...) "Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável". (n. 9)



-- O progresso, uma vocação: "O progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação: ‘Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação’. É precisamente este fato que legitima a intervenção da Igreja nas problemáticas do desenvolvimento." (n. 16)



-- A lição da crise: "A crise obriga-nos a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e encontrar novas formas de empenhamento, a apostar em experiências positivas e rejeitar as negativas. Assim, a crise torna-se ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação." (n. 21)



-- Propriedade intelectual: "Existem formas excessivas de proteção do conhecimento por parte dos países ricos, através duma utilização demasiado rígida do direito de propriedade intelectual, especialmente no campo sanitário." (n. 22)



-- Progresso integral: Não é suficiente progredir do ponto de vista econômico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja, antes de mais nada, verdadeiro e integral. A saída do atraso econômico — um dado em si mesmo positivo — não resolve a complexa problemática da promoção do homem." (n. 23)



-- Precariedade no trabalho: "Quando se torna endêmica a incerteza sobre as condições de trabalho, resultante dos processos de mobilidade e desregulamentação, geram-se formas de instabilidade psicológica, com dificuldade a construir percursos coerentes na própria vida, incluindo o percurso rumo ao matrimônio. Consequência disto é o aparecimento de situações de degradação humana, além de desperdício de força social." (n. 25)



-- O homem, primeiro capital: "Queria recordar a todos, sobretudo aos governantes que estão empenhados a dar um perfil renovado aos sistemas econômicos e sociais do mundo, que o primeiro capital a preservar e valorizar é o homem, a pessoa, na sua integridade." (n. 25)



-- Luta contra a fome: "Eliminar a fome no mundo tornou-se, na era da globalização, também um objetivo a alcançar para preservar a paz e a subsistência da terra. A fome não depende tanto de uma escassez material, como sobretudo da escassez de recursos sociais, o mais importante dos quais é de natureza institucional." (n. 27)



-- Vida e desenvolvimento: "A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem." (n. 28)



-- Desigualdades: "A dignidade da pessoa e as exigências da justiça requerem, sobretudo hoje, que as opções econômicas não façam aumentar, de forma excessiva e moralmente inaceitável, as diferenças de riqueza e que se continue a perseguir como prioritário o objetivo do acesso ao trabalho para todos." (n. 32)

-- O mercado: "Sem formas internas de solidariedade e de confiança recíproca, o mercado não pode cumprir plenamente a própria função econômica. E, hoje, foi precisamente esta confiança que veio a faltar; e a perda da confiança é uma perda grave." (n. 35)

"A sociedade não tem que se proteger do mercado, como se o desenvolvimento deste implicasse ipso facto a morte das relações autenticamente humanas. É verdade que o mercado pode ser orientado de modo negativo, não porque isso esteja na sua natureza, mas porque uma certa ideologia pode dirigi-lo em tal sentido." (n. 36)



-- Os pobres, uma riqueza: "Os pobres não devem ser considerados um ‘fardo’, mas um recurso, mesmo do ponto de vista estritamente econômico." (n. 35)



-- Democracia econômica: "Na época da globalização, a atividade econômica não pode prescindir da gratuidade, que difunde e alimenta a solidariedade e a responsabilidade pela justiça e o bem comum em seus diversos sujeitos e atores. Trata-se, em última análise, de uma forma concreta e profunda de democracia econômica." (n. 38)



-- A empresa: "Um dos riscos maiores é, sem dúvida, que a empresa preste contas quase exclusivamente a quem nela investe, acabando assim por reduzir a sua valência social." (n. 40)



-- Especulação: "É preciso evitar que o motivo para o emprego dos recursos financeiros seja especulativo, cedendo à tentação de procurar apenas o lucro a breve prazo sem cuidar igualmente da sustentabilidade da empresa a longo prazo, do seu serviço concreto à economia real e duma adequada e oportuna promoção de iniciativas econômicas também nos países necessitados de desenvolvimento." (n. 40)



-- Papel do Estado: "A economia integrada de nossos dias não elimina a função dos Estados, antes obriga os governos a uma colaboração recíproca mais intensa. Razões de sabedoria e prudência sugerem que não se proclame depressa demais o fim do Estado." (n. 41)



-- Globalização: "A verdade da globalização enquanto processo e o seu critério ético fundamental provêm da unidade da família humana e do seu desenvolvimento no bem. Por isso é preciso empenhar-se sem cessar por favorecer uma orientação cultural personalista e comunitária, aberta à transcendência, do processo de integração mundial." (...) "A globalização a priori não é boa nem má. Será aquilo que as pessoas fizerem dela." (n. 42)



-- Crescimento demográfico: "Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista econômico." (n. 44)



-- Família: "Torna-se uma necessidade social, e mesmo econômica, continuar a propor às novas gerações a beleza da família e do matrimônio, a correspondência de tais instituições às exigências mais profundas do coração e da dignidade da pessoa." (n. 44)



-- Ética e economia: "A economia tem necessidade da ética para o seu correto funcionamento; não de uma ética qualquer, mas de uma ética amiga da pessoa." (n. 45)



-- Cooperação internacional: "A cooperação internacional precisa de pessoas que partilhem o processo de desenvolvimento econômico e humano, através da solidariedade feita de presença, acompanhamento, formação e respeito. Sob este ponto de vista, os próprios organismos internacionais deveriam interrogar-se sob a real eficácia dos seus aparatos burocráticos e administrativos, frequentemente muito dispendiosos." (n. 47)



-- Meio Ambiente: "A natureza está à nossa disposição, não como ‘um monte de lixo espalhado ao acaso’, mas como um dom do Criador que traçou os seus ordenamentos intrínsecos dos quais o homem há de tirar as devidas orientações para a ‘guardar e cultivar’." (n. 48)



-- Problemas energéticos: "O açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis por parte de alguns Estados, grupos de poder e empresas constitui um grave impedimento para o desenvolvimento dos países pobres." (n. 49)



-- Energias alternativas: "Atualmente, é possível melhorar a eficiência energética e fazer avançar a pesquisa de energias alternativas; mas é necessária também uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, de modo que os próprios países desprovidos possam ter acesso aos mesmos. O seu destino não pode ser deixado nas mãos do primeiro a chegar nem estar sujeito à lógica do mais forte." (n. 49)



-- Solidariedade e educação: "Uma solidariedade mais ampla a nível internacional exprime-se, antes de mais nada, continuando a promover, mesmo em condições de crise econômica, maior acesso à educação, já que esta é condição essencial para a eficácia da própria cooperação internacional." (n. 61)



-- O relativismo empobrece: "Para educar, é preciso saber quem é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. A progressiva difusão de uma visão relativista desta coloca sérios problemas à educação, sobretudo à educação moral, prejudicando a sua extensão a nível universal. Cedendo a tal relativismo, ficam todos mais pobres." (n. 61)



-- Imigrantes: "É certo que os trabalhadores estrangeiros, não obstante as dificuldades relacionadas com a sua integração, prestam com o seu trabalho uma contribuição significativa para o desenvolvimento econômico do país de acolhimento. (...) Todo o imigrante é uma pessoa humana e, enquanto tal, possui direitos fundamentais inalienáveis que hão de ser respeitados por todos em qualquer situação." (n. 62)



-- Finanças: "O inteiro sistema financeiro deve ser orientado para dar apoio a um verdadeiro desenvolvimento. Sobretudo, é necessário que não se contraponha o intuito de fazer o bem ao da efetiva capacidade de produzir bens. Os operadores das finanças devem redescobrir o fundamento ético próprio da sua atividade, para não abusarem de instrumentos sofisticados que possam atraiçoar os aforradores." (n. 65)



-- Microcrédito: "Também a experiência do micro-financiamento, que mergulha as próprias raízes na reflexão e nas obras dos humanistas civis (penso nomeadamente no nascimento dos montepios), há de ser revigorada e sistematizada, sobretudo nestes tempos em que os problemas financeiros podem tornar-se dramáticos para muitos sectores mais vulneráveis da população, que devem ser tutelados dos riscos de usura ou do desespero." (n. 65)



-- Consumidores e associações: "Um papel mais incisivo dos consumidores, desde que não sejam eles próprios manipulados por associações não verdadeiramente representativas, é desejável como fator de democracia econômica." (n. 66)



-- ONU: "Sente-se imenso a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitetura econômica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações." (n. 67)



-- Autoridade política mundial: "Para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da mesma e em consequência maiores desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial." (n. 67)



-- Os perigos da tecnologia: "A técnica apresenta-se com uma fisionomia ambígua. Nascida da criatividade humana como instrumento da liberdade da pessoa, pode ser entendida como elemento de liberdade absoluta; aquela liberdade que quer prescindir dos limites que as coisas trazem consigo. O processo de globalização poderia substituir as ideologias com a técnica." (n. 70)



-- Meios de comunicação: "Dada a importância fundamental que têm na determinação de alterações no modo de ler e conhecer a realidade e a própria pessoa humana, torna-se necessária uma atenta reflexão sobre a sua influência principalmente na dimensão ético-cultural da globalização e do desenvolvimento solidário dos povos." (n. 73)



-- Bioética: "Hoje, um campo primário e crucial da luta cultural entre o absolutismo da técnica e a responsabilidade moral do homem é o da bioética, onde se joga radicalmente a própria possibilidade de um desenvolvimento humano integral. Trata-se de um âmbito delicadíssimo e decisivo, onde irrompe, com dramática intensidade, a questão fundamental de saber se o homem se produziu por si mesmo ou depende de Deus." (n. 74)



-- Novas formas de escravidão: "As novas formas de escravidão da droga e o desespero em que caiem tantas pessoas têm uma explicação não só sociológica e psicológica, mas essencialmente espiritual. O vazio em que a alma se sente abandonada, embora no meio de tantas terapias para o corpo e para o psíquico, gera sofrimento. Não há desenvolvimento pleno nem bem comum universal sem o bem espiritual e moral das pessoas, consideradas na sua totalidade de alma e corpo." (n. 76)



-- O desafio cristão: "O desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade – caritas in veritate –, do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas é-nos dado." (n. 79)


Fonte: «Zenit».



Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 20 de July de 2009 03:49

Alef

Obrigada por colocares aqui.

Realmente a Encíclica é de toda a actualidade e vale a pena lê-la. Eu ainda li pouco. Penso que tem a ver com a época do ano, em que o trabalho aperta e a cabeça não lhe apetece pensar em nada... mas ainda bem que há este tópico e que nos aguças o apetite.
Continua, por favor, para ver se acordamos...falo por mim. É mais fácil ouvir umas notícias sobre um assunto sem qualquer interesse, estilo aconteceu isto ou aquilo...e ficamos, falo outra vez por mim, na superficialidade.

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 20 de July de 2009 20:33

Já que muitos tem alguma preguiça de ler, estou colando abaixo um apanhado, fruto de primeira leitura e a título de resenha, anotando as idéias chaves de cada parágrafo. Apresento agora uma parte e espero terminar depois e em breve. Mais tarde queria tentar ainda, se possível, traçar um esquema geral. Claro está que, sendo apenas um apanhado, tive que fazer recordes, mas tentei não tirar nem acrescentar nada que pudesse mudar o teor da mensagem. Também procurei destacar em cada parágrafo um fio condutor, de modo que uma passada de olhos nas frases em negrito deveria dar uma idéia do conteúdo para recordar a leitura, mas evidentemente que essa iniciativa não tem a pretensão de substituir a leitura do documento da íntegra.

CARTA ENCÍCLICA CARITAS IN VERITATE

1. A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. A caridade rejubila com a verdade (1 Cor 13,6).

2. A caridade é a via mestra da doutrina social da Igreja. A encíclica «Deus caritas est» abordou a caridade como o dom maior que Deus concedeu aos homens; a caridade deve permear toda nossa vida, mas o risco de desvio e perda de sentido mostram que ela deve ser procurada, avaliada e praticada sob a luz da verdade. Facto este que se deve ter bem em conta hoje, num contexto social e cultural que relativiza a verdade.

3. Só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida. Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente. A verdade liberta a caridade dos estrangulamentos do emotivismo, que a despoja de conteúdos relacionais e sociais, e do fideísmo, que a priva de amplitude humana e universal.

4. Fazendo sair os homens das opiniões e sensações subjectivas, a verdade permite-lhes ultrapassar determinações culturais e históricas para se encontrarem na avaliação do valor e substância das coisas. No actual contexto social e cultural, em que aparece generalizada a tendência de relativizar a verdade, viver a caridade na verdade leva a compreender que a adesão aos valores do cristianismo é um elemento útil e mesmo indispensável para a construção duma boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral. Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social mas marginais.

5. A caridade é «graça» (cháris), é amor recebido e dado, que nasce do Pai pelo Filho no Espírito Santo.

6. A caridade na verdade é um princípio que ganha forma operativa em critérios orientadores da acção moral. Dois desses são a justiça e o bem comum. Cada sociedade elabora um sistema próprio de justiça. A caridade supera a justiça, mas nunca existe sem a justiça. Não posso «dar» ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem ama os outros com caridade é, antes de mais nada, justo para com eles.

7. Ao lado do bem individual, existe o bem comum, ligado à vida social das pessoas. Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de justiça e de caridade. Comprometer-se pelo bem comum inclui valer-se do conjunto de instituições que estruturam a vida social, para através delas tentar dar resposta às necessidades reais do próximo. A caridade que age através da política não é menos qualificada e incisiva do que a caridade que vai directamente ao encontro do próximo, fora das mediações institucionais da pólis.

8. Recorda as encíclicas «Populorum progressio» (Paulo VI, 1967), «Sollicitudo rei socialis» (João Paulo II , 1997) e «Rerum novarum» (Leão XIII, 1891).

9. A partilha dos bens e recursos não é assegurada pelo simples progresso técnico e por meras relações de conveniência, mas pelo potencial de amor que vence o mal com o bem (Rm 12, 21). A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir a favor de uma sociedade à medida do homem.

CAPÍTULO I - A MENSAGEM DA POPULORUM PROGRESSIO

10. A «Populorum progressio» deve ser lida sob o ponto de vista da Tradição da fé apostólica, património antigo e novo, fora do qual ela seria um documento sem raízes e as questões do desenvolvimento ficariam reduzidas unicamente a dados sociológicos.

11. Destaca a relação da «Populorum progressio» com o Concílio Vaticano II, particularmente com a constituição pastoral «Gaudium et spes», e lembra duas grandes verdades. A primeira é que agindo na caridade a Igreja tende a promover o desenvolvimento integral do homem; ela tem um papel público que não se esgota nas suas actividades de assistência ou de educação. A segunda é que o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões. Sem a perspectiva duma vida eterna, o progresso humano neste mundo fica privado de respiro. O homem não se desenvolve apenas com as suas próprias forças, as instituições sozinhas não bastam, o autêntico desenvolvimento requer uma visão transcendente da pessoa, tem necessidade de Deus: porque sem Ele o homem cai na presunção da auto-salvação e acaba por fomentar um desenvolvimento desumanizado. Só o encontro com Deus permite maturar um amor que «se torna cuidado do outro e pelo outro».

12. Não existem duas tipologias de doutrina social — uma pré-conciliar e outra pós-conciliar —, diversas entre si, mas um único ensinamento, coerente e simultaneamente sempre novo. É justo evidenciar a peculiaridade de uma ou outra encíclica, do ensinamento deste ou daquele Pontífice, mas sem jamais perder de vista a coerência do corpus doutrinal inteiro.

13. Reafirma a exigência imprescindível do Evangelho para a construção da sociedade segundo liberdade e justiça, na perspectiva ideal e histórica de uma civilização animada pelo amor.

14. A «Octogesima adveniens» (Paulo VI, 1971) tratou o tema do sentido da política e do perigo de visões utópicas e ideológicas que prejudicavam a sua qualidade ética e humana, argumentos estritamente relacionados com o desenvolvimento. Contra uma ideologia tecnocrática, que associa o processo do desenvolvimento unicamente à técnica, Paulo VI já alertava que a técnica, em si mesma, é ambivalente e por isso precisa de orientação. Por outro lado, há hoje quem seja propenso a ideologias que negam em tudo a própria utilidade do desenvolvimento, considerando-o radicalmente anti-humano e portador somente de degradação. Esquecem esses que também as descobertas científicas, se bem usadas, constituem uma oportunidade de crescimento para todos. Absolutizar ideologicamente o progresso técnico ou então afagar a utopia duma humanidade reconduzida ao estado originário da natureza são dois modos opostos de separar o progresso da sua apreciação moral e, consequentemente, da nossa responsabilidade.

15. Recorda outras encíclicas que indicam a ligação entre ética da vida e ética social, delineando o sentido plenamente humano do desenvolvimento proposto pela Igreja. Para se manter coerente a Igreja não pode aceitar e tolerar formas de desprezo e violação da vida humana, sobretudo se débil e marginalizada.

16. Dizer que o desenvolvimento é vocação equivale a reconhecer que o desenvolvimento nasce de um apelo transcendente, mas é incapaz por si mesmo de atribuir-se o próprio significado último. «Não há, portanto, verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exacta do que é a vida humana»

17. A vocação é um apelo que exige resposta livre e responsável, e por isso o desenvolvimento humano integral supõe a liberdade responsável da pessoa e dos povos: nenhuma estrutura pode garantir tal desenvolvimento, prescindindo e sobrepondo-se à responsabilidade humana. Os «messianismos fascinantes, mas construtores de ilusões» fundam sempre as próprias propostas na negação da dimensão transcendente do desenvolvimento, seguros de o terem inteiramente à sua disposição. Estruturas económicas e instituições são importantes, mas meros instrumentos da liberdade humana.

18. Além de requerer a liberdade, o desenvolvimento humano integral enquanto vocação exige também que se respeite a sua verdade. O desenvolvimento autêntico deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo. A fé cristã ocupa-se do desenvolvimento sem olhar a privilégios nem posições de poder nem mesmo aos méritos dos cristãos, mas contando apenas com Cristo, a Quem há de fazer referência toda a autêntica vocação ao desenvolvimento humano integral. O Evangelho é elemento fundamental do desenvolvimento, porque lá Cristo «revela o homem a si mesmo». A verdade do desenvolvimento consiste na sua integralidade: se não é desenvolvimento do homem todo e de todo o homem, não é verdadeiro desenvolvimento. Portanto, a vocação cristã ao desenvolvimento compreende tanto o plano natural como o plano sobrenatural.

19. As causas do subdesenvolvimento não são primariamente de ordem material, mas em primeiro lugar na vontade que descuida os deveres da solidariedade, e em segundo lugar no pensamento que nem sempre sabe orientar convenientemente o querer. Por isso o subdesenvolvimento tem como causa mais importante a falta de fraternidade entre os homens e entre os povos. A sociedade globalizada nos torna vizinhos, mas não nos faz irmãos. A razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens, mas não consegue fundar a fraternidade. Esta tem origem numa vocação transcendente de Deus Pai, que nos amou primeiro, ensinando-nos por meio do Filho o que é a caridade fraterna.

20. Sublinha a urgência das reformas pedindo para que, à vista dos grandes problemas da injustiça no desenvolvimento dos povos, se actue com coragem e sem demora. Esta urgência é ditada também pela caridade na verdade. Está em jogo a realização de uma autêntica fraternidade.


Por hora é só, e espero terminar o restante da carta em breve noutra msg.

Paz e Bem.

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 20 de July de 2009 22:16

E mais uma achega sobre a Encíclica. Foi feita uma entrevista ao Alfredo Bruto da Costa que desde sempre se preocupou com a pobreza e que fez até doutoramento sobre este tema. É um ou o maior especialista, sobre este assunto, em Portugal. É o que eu acho.

Vejam aqui

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 21 de July de 2009 23:16

Continuando...

CAPÍTULO II - O DESENVOLVIMENTO HUMANO NO NOSSO TEMPO

21. Para Paulo VI, o «desenvolvimento» identifica-se com o objetivo de fazer sair os povos da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo. Isto significava, do ponto de vista económico, a sua participação ativa e em condições de igualdade no processo económico internacional; do ponto de vista social, a sua evolução para sociedades instruídas e solidárias; do ponto de vista político, a consolidação de regimes democráticos capazes de assegurar a liberdade e a paz. O objectivo exclusivo de lucro, sem ter como fim último o bem comum, arrisca-se a destruir riqueza e criar mais pobreza. Os aspectos da crise e das suas soluções bem como de um possível novo desenvolvimento futuro estão cada vez mais interdependentes, implicam-se reciprocamente, requerem novos esforços de enquadramento global e uma nova síntese humanista.

22. Actualmente o quadro do desenvolvimento é policêntrico. Os actores e as causas tanto do subdesenvolvimento como do desenvolvimento são múltiplas, as culpas e os méritos são diferenciados. Cresce a riqueza mundial em termos absolutos, mas aumentam as desigualdades. Infelizmente a corrupção e a ilegalidade estão presentes tanto no comportamento de sujeitos económicos e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos próprios países pobres.

23. Temos hoje muitas áreas do globo que evoluíram, contudo há que sublinhar que não é suficiente progredir do ponto de vista económico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja verdadeiro e integral.

24. Atualmente, o Estado encontra-se na situação de ter de enfrentar as limitações que são impostas à sua soberania pelo novo contexto económico comercial e financeiro internacional, caracterizado nomeadamente por uma crescente mobilidade dos capitais financeiros e dos meios de produção materiais e imateriais. Este novo contexto alterou o poder político dos Estados, de modo que parece realista fazer reavaliação do seu papel e poder, mesmo através de novas modalidades de exercício e de novas formas de participação na política nacional e internacional, para fazer frente aos desafios do mundo atual.

25. Do ponto de vista social, os sistemas de segurança e previdência sentem dificuldade, e poderão senti-la ainda mais no futuro, em alcançar os seus objectivos de verdadeira justiça social dentro de um quadro de forças profundamente alterado. O mercado, à medida que se foi tornando global, estimulou novas formas de competição entre Estados procurando atrair centros produtivos de empresas estrangeiras através de variados instrumentos tais como impostos favoráveis e a desregulamentação do mundo do trabalho. Estes processos implicaram a redução das redes de segurança social em troca de maiores vantagens competitivas no mercado global, acarretando grave perigo para os direitos dos trabalhadores, os direitos fundamentais do homem e a solidariedade actuada nas formas tradicionais do Estado social. Com isso, as redes tradicionais de solidariedade encontram obstáculos cada vez maiores a superar. Quando se torna endémica a incerteza sobre as condições de trabalho, resultante dos processos de mobilidade e desregulamentação, geram-se formas de instabilidade cuja consequência é o aparecimento de situações de degradação humana, além de desperdício de força social. Recordando que o primeiro capital a preservar e valorizar é o homem, a pessoa, na sua integridade.

26. No plano cultural, cresceram notavelmente as possibilidades de interacção das culturas, dando espaço a novas perspectivas de diálogo intercultural. Todavia, o diálogo autêntico muitas vezes não acontece, porque para ser eficaz deve ter como ponto de partida uma profunda noção da específica identidade dos vários interlocutores. Por isso, atualmente a aumentada transacção de intercâmbios culturais traz consigo um duplo perigo. Em primeiro lugar, nota-se um ecletismo cultural assumido muitas vezes sem discernimento: as culturas são simplesmente postas lado a lado e vistas como substancialmente equivalentes e intercambiáveis umas com as outras. Isto favorece a cedência a um relativismo que não ajuda o verdadeiro diálogo intercultural, e faz com que grupos culturais se juntem ou convivam, mas separados, sem autêntico diálogo e sem verdadeira integração. Depois, temos o perigo oposto que é constituído pelo nivelamento cultural e a homogeneização dos comportamentos e estilos de vida. Assim perde-se o significado profundo da cultura das diversas nações, das tradições dos vários povos, no âmbito das quais a pessoa se confronta com as questões fundamentais da existência. Ecletismo e nivelamento cultural convergem no facto de separar a cultura da natureza humana, acabando por reduzir o homem a simples dado cultural. Quando isto acontece, a humanidade corre novos perigos de servidão e manipulação.

27. Eliminar a fome no mundo tornou-se, na era da globalização, também um objectivo a alcançar para preservar a paz e a subsistência da terra. A fome não depende tanto de uma escassez material, como sobretudo da escassez de recursos sociais, o mais importante dos quais é de natureza institucional; isto é, falta um sistema de instituições económicas que seja capaz de garantir um acesso regular e adequado, do ponto de vista nutricional, à alimentação e à água e também de enfrentar as carências relacionadas com as necessidades primárias e com a emergência de reais e verdadeiras crises alimentares provocadas por causas naturais ou pela irresponsabilidade política nacional e internacional.

28. Um aspecto evidente é a importância do tema do respeito pela vida, que não pode ser de modo algum separado das questões relativas ao desenvolvimento dos povos. Não só a situação de pobreza provoca ainda altas taxas de mortalidade infantil em muitas regiões, mas perduram também, em várias partes do mundo, práticas de controle demográfico por parte dos governos, que muitas vezes difundem a contracepção e chegam mesmo a impor o aborto. Nos países economicamente mais desenvolvidos, são muito difusas as legislações contrárias à vida, condicionando já o costume e a práxis e contribuindo para divulgar uma mentalidade antinatalista que muitas vezes se procura transmitir a outros Estados como se fosse um progresso cultural.

29. Outro aspecto relacionado com o desenvolvimento é o direito à liberdade religiosa. O fanatismo religioso impede em alguns contextos o exercício do direito de liberdade de religião, e o apelo ao santo nome de Deus para matar é apenas cobertura para a sede de domínio e de riqueza. As violências refreiam o desenvolvimento autêntico e impedem a evolução dos povos para um bem-estar socioeconómico e espiritual maior. Isto aplica-se de modo especial ao terrorismo de índole fundamentalista, que gera sofrimento, devastação e morte, bloqueia o diálogo entre as nações e desvia grandes recursos do seu uso pacífico e civil. Mas há que acrescentar que também a promoção programada da indiferença religiosa ou do ateísmo prático por parte de muitos países contrasta com as necessidades do desenvolvimento dos povos, subtraindo-lhes recursos espirituais e humanos. Quando o Estado promove, ensina ou até impõe formas de ateísmo prático, tira aos seus cidadãos a força moral e espiritual indispensável para se empenhar no desenvolvimento humano integral e impede-os de avançarem no compromisso de uma resposta humana mais generosa ao amor divino. O desenvolvimento autêntico não pode ser acompanhado do «subdesenvolvimento moral».

30. Para promover um verdadeiro desenvolvimento dos povos é necessário que nos empenhemos por fazer interagir os diversos níveis do saber humano. Não basta que medidas socioeconómicas sejam postas em prática como fruto de um agir comum, pois toda a ação social implica uma doutrina e esse agir comum precisa de ser orientado. O saber nunca é obra apenas da inteligência; pode, sem dúvida, ser reduzido a cálculo e a experiência, mas se quer ser sapiência capaz de orientar o homem à luz dos princípios e dos fins deve ser «temperado com o sal da caridade». A caridade não exclui o saber, antes reclama-o, promove-o e anima-o a partir de dentro. Aquele que está animado de verdadeira caridade é engenhoso em descobrir as causas da miséria, encontrar os meios de a combater e vencê-la resolutamente. A caridade na verdade requer conhecer e compreender no respeito consciencioso da competência específica de cada nível do saber. A caridade não é uma junção posterior, mas dialoga com as disciplinas desde o início. As exigências do amor não contradizem as da razão.

31. As ponderações morais e a pesquisa científica devem crescer juntas e a caridade as deve animar num todo interdisciplinar harmónico, feito de unidade e distinção. Entre as causas do subdesenvolvimento, conta-se uma carência de sabedoria, de reflexão, de pensamento capaz de realizar uma síntese orientadora, que requer uma visão clara de todos os aspectos económicos, sociais, culturais e espirituais. A excessiva fragmentação do saber danifica não só o avanço do saber mas também o desenvolvimento dos povos.

32. A dignidade da pessoa e as exigências da justiça requerem que as opções económicas não façam aumentar, de forma excessiva e moralmente inaceitável, as diferenças de riqueza e é importante que se continue a perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção. Bem vistas as coisas, isto é exigido também pela «razão económica», e neste ponto se verifica uma convergência entre ciência económica e ponderação moral. Os custos humanos são sempre também custos económicos, e as disfunções económicas acarretam sempre também custos humanos.

33. Existem áreas do globo oprimidas pela pobreza, e entre as causas desta situação estão as altas tarifas aduaneiras impostas pelos países economicamente desenvolvidos que ainda impedem aos produtos originários dos países pobres de chegar aos mercados dos países ricos. A novidade da interdependência mundial, já conhecida comumente por globalização, também merece atenção, porque sem a guia da caridade na verdade este ímpeto mundial pode concorrer para criar riscos de danos até agora desconhecidos e de novas divisões na família humana. Por isso, a caridade e a verdade colocam diante de nós o compromisso inédito e criativo de dilatar a razão e torná-la capaz de conhecer e orientar estas novas e imponentes dinâmicas, animando-as na perspectiva daquela «civilização do amor», cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura.


Ainda não foi dessa vez que terminei.

Paz e Bem.

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 26 de July de 2009 20:11

Mais um capítulo.

CAPÍTULO III - FRATERNIDADE, DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIEDADE CIVIL

34. Por vezes o homem moderno convence-se, erroneamente, de que é o único autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade. «Ignorar que o homem tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da política, da acção social e dos costumes». A convicção de ser auto-suficiente e de conseguir eliminar o mal presente na história apenas com a própria acção induziu o homem a identificar a felicidade e a salvação com formas imanentes de bem-estar material e de acção social. A caridade na verdade coloca o homem perante a admirável experiência do dom. Por sua natureza, o dom ultrapassa o mérito, uma comunidade plenamente fraterna nasce da convocação da palavra de Deus-Amor. É certo que a lógica do dom não exclui a justiça nem se justapõe a ela num segundo tempo e de fora; mas o desenvolvimento económico, social e político precisa, se quiser ser autenticamente humano, de dar espaço ao princípio da gratuidade como expressão de fraternidade.

35. O mercado está sujeito aos princípios da chamada justiça comutativa, que regula precisamente as relações do dar e receber entre sujeitos iguais. Mas a doutrina social nunca deixou de pôr em evidência a importância que tem a justiça distributiva e a justiça social para a própria economia de mercado. Deixado unicamente ao princípio da equivalência de valor dos bens trocados, o mercado não consegue gerar a coesão social de que necessita para bem funcionar. Há que considerar errada a visão de quantos pensam que a economia de mercado tenha estruturalmente necessidade duma certa quota de pobreza e subdesenvolvimento para poder funcionar do melhor modo. O mercado tem interesse em promover emancipação, mas, para o fazer verdadeiramente, não pode contar apenas consigo mesmo, porque não é capaz de produzir por si aquilo que está para além das suas possibilidades; tem de haurir energias morais de outros sujeitos, que sejam capazes de as gerar.

36. A actividade económica não pode resolver todos os problemas sociais através da simples extensão da lógica mercantil. Esta há-de ter como finalidade a prossecução do bem comum, do qual se deve ocupar também e sobretudo a comunidade política. Por isso, tenha-se presente que é causa de graves desequilíbrios separar o agir económico — ao qual competiria apenas produzir riqueza — do agir político, cuja função seria buscar a justiça através da redistribuição. Não se deve esquecer que o mercado, em estado puro, não existe; mas toma forma a partir das configurações culturais que o especificam e orientam.

37. A angariação dos recursos, os financiamentos, a produção, o consumo e todas as outras fases do ciclo económico têm inevitavelmente implicações morais. Deste modo cada decisão económica tem consequências de carácter moral. A vida económica tem, sem dúvida, necessidade do contrato, para regular as relações de transacção entre valores equivalentes; mas precisa igualmente de leis justas e de formas de redistribuição guiadas pela política, para além de obras que tragam impresso o espírito do dom.

38. A solidariedade consiste primariamente em que todos se sintam responsáveis por todos e, por conseguinte, não pode ser delegada só ao Estado. Se, no passado, era possível pensar que havia necessidade primeiro de procurar a justiça e que a gratuidade intervinha depois como um complemento, hoje é preciso afirmar que, sem a gratuidade, não se consegue sequer realizar a justiça. Assim, temos necessidade de um mercado, no qual possam operar, livremente e em condições de igual oportunidade, empresas que persigam fins institucionais diversos; devem poder-se radicar e exprimir as organizações produtivas que perseguem fins mutualistas e sociais.

39. É preciso empenho na promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo no qual «todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros». Quando a lógica do mercado e a do Estado se põem de acordo entre si para continuar no monopólio dos respectivos âmbitos de influência, com o passar do tempo definha a solidariedade nas relações entre os cidadãos, a participação e a adesão, o serviço gratuito, que são realidades diversas do «dar para ter», próprio da lógica da transacção, e do «dar por dever», próprio da lógica dos comportamentos públicos impostos por lei pelo Estado. A vitória sobre o subdesenvolvimento exige a progressiva abertura, em contexto mundial, para formas de actividade económica caracterizadas por quotas de gratuidade e de comunhão. O mercado da gratuidade não existe, tal como não se podem estabelecer por lei comportamentos gratuitos, e todavia tanto o mercado como a política precisam de pessoas abertas ao dom recíproco.

40. As actuais dinâmicas económicas internacionais, caracterizadas por graves desvios e disfunções, requerem profundas mudanças inclusivamente no modo de conceber a empresa. Um dos riscos maiores é, sem dúvida, que a empresa preste contas quase exclusivamente a quem nela investe, acabando assim por reduzir a sua valência social. Algumas mentalidades tecnológicas modernas podem induzir a pensar que investir seja apenas um facto técnico, e não humano e ético. É preciso evitar que o motivo para o emprego dos recursos financeiros seja especulativo, cedendo à tentação de procurar apenas o lucro a breve prazo sem cuidar igualmente da sustentabilidade da empresa a longo prazo, do seu serviço concreto à economia real e duma adequada e oportuna promoção de iniciativas económicas também nos países necessitados de desenvolvimento.

41. Razões de sabedoria e prudência sugerem que não se proclame depressa demais o fim do Estado; relativamente à solução da crise actual, a sua função parece destinada a crescer, readquirindo muitas das suas competências. A ajuda internacional, precisamente no âmbito de um projecto de solidariedade que tivesse em vista a solução dos problemas económicos actuais, deveria sobretudo apoiar a consolidação de sistemas constitucionais, jurídicos, administrativos nos países que ainda não gozam de tais bens. A articulação da autoridade política a nível local, nacional e internacional é, para além do mais, uma das vias mestras para se chegar a poder orientar a globalização económica; e é também o modo de evitar que esta mine realmente os alicerces da democracia.

42. Notam-se às vezes atitudes fatalistas a respeito da globalização, como se as dinâmicas em acto fossem produzidas por forças impessoais anónimas e por estruturas independentes da vontade humana. Se a globalização for lida de maneira determinista, perdem-se os critérios para a avaliar e orientar. Trata-se de uma realidade humana que pode ter, na sua fonte, várias orientações culturais, sobre as quais é preciso fazer discernimento. A verdade da globalização enquanto processo e o seu critério ético fundamental provêm da unidade da família humana e do seu desenvolvimento no bem. Por isso é preciso empenhar-se sem cessar por favorecer uma orientação cultural personalista e comunitária, aberta à transcendência, do processo de integração mundial. A globalização a priori não é boa nem má. Será aquilo que as pessoas fizerem dela.


Aos poucos...

Paz e Bem.

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 01 de September de 2009 11:45

"Caritas".
A caridade não será uma questão de definição, mas de vivência.
Mas a pergunta de Pilatos continua a ter sentido:
O que é a verdade?
Será a verdade o lado incómodo da realidade? Bem, quando o homem comum se confronta com a verdade é natural que se adapte, por uma questão de sobrevivência. Mas o homem do poder, com igual naturalidade, entende que não tem que se incomodar, bastando-lhe para tanto declarar a verdade como coisa blasfema ou herética, passando a agir em conformidade. E a pergunta:
Será que a Igreja Romana vai ajustar a doutrinação ao estudo científico da Bíblia?
Se a graça e a verdade vieram por Jesus cristo, não acontecerá necessariamente que tudo o que se diz sobre Jesus Cristo é verdade. Vejam-se por exemplo as incongruências entre os relatos de Mateus e Lucas sobre o nascimento e infância de Jesus.
Enfim, poderá ser verdade que somos feitos tanto de substância, quanto de razão e liberdade, mas também de sonho e fantasia.
Quanto à governação da globalização, já há instâncias em que esta vai sendo feita e poderá evoluir até um organismo que represente pessoa a pessoa toda a humanidade, animado por um alto espírito de amor e verdade.

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Editado 1 vezes. Última edição em 01/09/2009 11:48 por Albino O M Soares.

Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 09 de September de 2009 08:36

Para quando, por exemplo, a verdade da Eucaristia, decorrente da ordem de Jesus:
"Fazei isto em memória".
Enquanto ordem, estas palavras dirigem-se a toda a humanidade, sem distinção de raça, credo, língua ou condição económica, e fazem da eucaristia o sacramento universal da unidade do género humano. Acessoriamente diria que é para o fazermos quando e onde o quisermos, em gesto de perene juventude.

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Re: «Caritas in Veritate», a nova Encíclica do Papa Bento XVI
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 13 de November de 2009 23:35

Olá

É um documento que vale a pena ler e reler.

Há que fazê-lo analisando o que o Santo Padre diz e refletindo...concordo...não concordo...porquê, como posso eu contribuir para uma melhoria da sociedade?...etc...



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