Vocês desculpem, mas não consigo resistir aos "chamas-te" em vez de "chamaste", aos "vísse-mos" em vez de "víssemos", aos "á" em vez de "à", aos "á" em vez de "há", aos "duvida" em vez de "dúvida", aos "houveram" em vem de "houve", aos "ouve" em vez de "houve" e outros que tal!
Não sou uma especialista nem de Letras nem de Português. Sou da área de Ciências. Não estou imune a cometer o meu disparate e também troco os dedos de vez em quando. Mas há que ter cuidado com a forma como se escreve.
Tenho alguns truques de bolso que uso para esclarecer as dúvidas. Podem ser truques bem simplezinhos mas resultam. Gostaria de os partilhar convosco.
-
chamaste vs chamas-te:
* Quando ao pronunciar a palavra o "a" "aste" é aberto, como no primeiro "a" de água, nunca tem hífen. Se se pronuncia como o primeiro "a" de "actuar" tem o hífen.
* Outra forma: "gritem" a palavra. Se a sílaba tónica for no "mas" de "maste" não tem hífen, se for no "cha" tem hífen
* Adaptar para os casos análogos, por exemplo, escreveste / escreves-te
Portanto: Tu chamaste um táxi...
Nunca: Tu chamas-te um táxi
-
à vs á
O "a" sozinho e com acento nunca se escreve "á". É sempre "à".
Portanto: Vou à igreja.
Nunca: Vou á igreja.
-
á/à versus há
Quando o significado é o de haver ou existir o "á" leva sempre "h".
Portanto: Há pessoas que...
Nunca: Á pessoas que...
-
vísse-mos vs víssemos
Se o verbo se conjuga com a primeira pessoa do plural ("nós"), nunca leva o hífen. Se se conjuga com uma pessoa do singular ("tu", "ele" ou "ela"), leva o hífen.
Portanto: Se (nós) víssemos...
Nunca: Se (nós) vísse-mos...
Portanto: Ele sabia segredos e disse-mos (disse-me os, a mim)...
Nunca: Ele sabia segredos e dissemos (a mim)...
-
duvida vs dúvida
Infelizmente para os acentos não tenho truques. Ou se sabe ou não... Pode-se tentar ir pela sílaba tónica, mas não responde a tudo. A preguiça de os escrever é que não vale. E no exemplo concreto que apresento ambas as formas são válidas, o que pode complicar ainda mais a coisa.
-
houveram vs houve
Quando se usa o verbo haver no sentido de existir (este sim, conjuga-se com a pessoa associada), não se conjuga o verbo haver no plural. Não se escreve "houveram". Escreve-se "houve".
Portanto: Houve pessoas que... / Houve um tempo em que... (Existiram pessoas que... / Existiu um tempo em que...)
Nunca: Houveram pessoas que...
-
ouve versus houve
Ouve é do verbo ouvir. Assim, se se quer escrever que algo aconteceu, existiu, a forma verbal do verbo haver é sempre com "h".
Portanto: Houve um encontro entre...
Nunca: Ouve um encontro entre...
São pequeninas coisas, mas poderão ajudar. Não vejam como presunção minha, não o pretende ser. Também não são os termos técnicos e de certeza que farão sorrir os profissionais da área e aqueles que os conhecem. Mas espero que ajudem.
Um bom local para esclarecer dúvidas com pessoal especializado é o
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o
Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e o
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
Abraços
Cassima
[Edit - Luís Gonzaga: Colocar este tópico fixo.]
Editado 1 vezes. Última edição em 07/07/2009 22:39 por Luis Gonzaga.