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Re: Liturgia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 15:00

Citação:
Ricardo Figueiredo
Quanto à missa em latim, uma breve pesquisa por sites sobre liturgia (principalmente estrangeiros) pode dar a noção daquilo que disse. Em algumas igrejas, também, em Portugal começa-se a celebrar o Missal actual em latim e muitos fiéis concorrem a essas celebrações. Sinais dos tempos!

Olá Ricardo

Não tenho essa noção, pelos comentários e reacções do tradicionalistas, que se queixam da falta de missas em latim.

Cassima

Re: Liturgia
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 15:41

A missa em latim, na minha opinião tornaria a Eucaristia elitista. Não encontro benefícios nessa opção, antes pelo contrário, a palavra deixaria de ser acessível, o facto de muitos fiéis participarem pode ser curiosidade, e não acho que seja esse o objectivo, o facto de participarem pode também relacionar-se com o facto de não alterar nada, apenas continuariam a não compreender.

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 15:54

Olá Cassima e Anori,

Fiz um esforço, que deixei expresso em mensagem anterior, por não entrar em debates infindáveis sobre a missa em latim. Mas, e penso que assim posso concluir este tema, há cada vez mais pessoas (e quem está dentro da Igreja pode sentir isso, a não ser que tenha o propósito de impôr os seus gostos e preferências dizendo o contrário) que se sentem atraídas não só pela forma extraordinária do Rito Romano (correspondende ao Missal de 1962) como também pela celebração actual em latim.
Há uma sacralidade e um respeito próprios da forma antiga, que foi até um dos objectivos do Concílio de Trento, o de revestir a liturgia de sacralidade para uma maior percepção dos augustíssimos mistérios que se celebravam. Quanto ao uso do latim no Missal actual passa por uma busca disto mesmo: a língua confere uma maior sacralidade à celebração. Com efeito a convivência das duas formas levará a mum enriquecimento mútuo de ambas.
Acho inapropriado dizer que a missa em latim é elitista, pois não se deixa, por não se perceberem as palavras, de ter percepção do mistério celebrado. Quanto à Palavra de Deus é permitido que se leia em português, apenas aguarda-se a publicação dos livros legitimamente aprovados.
Acho importante remeter para o artigo intitulado "Gestos e Sinais" no blog do católicoexigente: Gestos e Sinais. Não que fale directamente do latim, mas porque fala da importância daquilo que reveste a liturgia.

Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 16:06

Olá Ricardo

Citação:
Ricardo
há cada vez mais pessoas (e quem está dentro da Igreja pode sentir isso, a não ser que tenha o propósito de impôr os seus gostos e preferências dizendo o contrário) que se sentem atraídas não só pela forma extraordinária do Rito Romano (correspondende ao Missal de 1962) como também pela celebração actual em latim.

Fazes uma afirmação destas e depois queres concluir o assunto?

1. A discussão das missas em latim enquadra-se perfeitamente num tópico sobre liturgia

2. Não achas que é um exagero afirmar que quem não reconhece esse aumento - que tu dizes haver - como sendo alguém que não está dentro da Igreja ou que tenta impor os seus gostos e preferências?

3. Afirmar que o latim confere uma maior sacralidade à celebração parece-me cair nessa categoria de gostos e preferências.

Mas podemos passar para outro tópico onde se discuta o latim.

Cassima

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 18:31

Cara Cassima,
Já esperava, pelo conteúdo da minha mensagem, que houvesse quem reagisse assim. De facto, foi premeditadamente que assim escrevi para soltar "o que está dentro de cada um", se me permites assim dizer. E fiz isto porque compreendo que o tema "Missa em Latim" é algo que em Portugal gera confusão e que Portugal ficou com uma grande aversão ao latim (porque, no contexto europeu, Portugal do pré-concílio era extremamente conservador e a Europa era liberal; no pós-concílio as posições inverteram-se o que criou nos portugueses sempre um espírito, digamos, progressista).
Agora, como colocaste questões por tópicos, também te respondo por tópicos, respectivamente:
1. Compreendo que o tema do latim é um tópico de Liturgia. Apenas acho que já muito foi dito sobre isso neste fórum de discussão (não neste tópico);

2. Quando afirmei que não sente quem não está dentro da Igreja não queria afirmar a Igreja no sentido das comunidades paroquiais mais restritas. Afirmo antes conhecer as correntes da Igreja Universal, que muito se fazem sentir de vários pontos do globo no sentido de revitalizar, por exemplo, a celebração da missa segundo o Missal de 1962. vejamos o que diz o Papa Bento XVI:
Citação:
Bento XVI, Carta que acompanha o Motu Proprio "Summorum Pontificum"
«Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia.»
Quanto aos jovens que eu disse sentirem-se atraídos por esta forma do Rito Romano, certamente que a voz do Papa é para ti suficiente para acreditares naquilo qe eu disse: de facto o Santo Padre sabe o que se vai passando pela Igreja para dizer isso.

3. Não compreendo como afirmas:
Citação:
Cassima
Afirmar que o latim confere uma maior sacralidade à celebração parece-me cair nessa categoria de gostos e preferências. Mas podemos passar para outro tópico onde se discuta o latim.
Porque se pões o que eu digo no campo dos gostos e preferências (que aqui, tenhamos em atenção, eu aplico de uma forma e tu é que puxas para outra) então, se contradizes o que eu digo, posso afirmar, então, que também é uma questão dos teus gostos e preferências. Mas vejamos que o latim sempre foi a língua favorita na liturgia. vejamos o que diz o Concílio Vaticano II:
Citação:
Sacrosanctum concilium, n. 36
Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos, salvo o direito particular.
Daqui podemos ver que deve manter-se o latim na Liturgia, não podemos, portanto afirmar que é uma questão de gosto. Quanto a conferir maior sacralidade, podemos compreender, sem precisarmos de grandes demosntrações, que diante de uma língua desconhecida e de gestos reverentes estaremos com maior respeito diante da Liturgia, envolvendo o próprio acto de uma sacralidade enorme.

Espero ter respondido aos pontos que apresentastes. Se assim desejas tanto podemos seguir esse ponto da liturgia em latim para não cairmos apenas numa visão.

Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 19:07

Citação:
Ricardo Figueiredo
...não se deixa, por não se perceberem as palavras, de ter percepção do mistério celebrado.

Como não? Isso é completamente transcendente deixa que te diga. Como é que alguém consegue tomar uma atitude de respeito, reflectir sobre palavras que não entende?
O latim confere maior sacralidade à celebração? Maior sacralidade seria então na língua de jesus! Vamos todos também para a Terra santa. Agora as línguas derivadas do latim não são dignas? Eu entendo o valor histórico do latim da tua perspectiva, mas não posso concordar com o facto de não influenciar no pretendido na Eucaristia.

Elitista e egocêntrica! O analfabetismo continua a ser uma realidade, as traduções para crentes não servem na sua totalidade os problemas que essa situação pode trazer.

Exactamente como a Cassima diz acho que este aspecto é categoria dos gostos e preferências.

Mas o que perturba é considerares que não altera na percepção do mistério celebrado. O missal de 1962, deve ser tão emocionante quanto o de hoje em português. Não tenho a experiência da missa em latim, o missal em questão é bem mais velho que eu, mas o ênfase da língua não deve ser assim tão valorizado.

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 20:34

Caro Anori,

O meu primeiro receio quanto a entrarmos por um debate sobre o latim está a acontecer. Entramos em questões exaltados que não levam a lado nenhum. Mas, mesmo assim, não deixo de dar a minha opinião sobre o tema.

Penso que os argumentos:
Citação:
Anori
O latim confere maior sacralidade à celebração? Maior sacralidade seria então na língua de jesus! Vamos todos também para a Terra santa. Agora as línguas derivadas do latim não são dignas?
Estão totalmente ultrapassados. São, de facto, frases feitas que não ajudam em nada ao debate: quantas vezes ouvi já esses mesmos argumentos cheios de algum fanatismo e de alguma falta de sentido. Não estamos a falar de magia para ter de ser exactamente com as mesmas palavras que foram ditas há dois mil anos. A questão do latim vai além disso. É primeiro que tudo uma questão cultural, depois uma questão de tradição (alerto para tradição com letra minúscula) e, por fim, uma questão espiritual. Não as explicarei aqui pormenorizadamente, acho desnecessário.

Quanto à percepção do mistério celebrado, ponho reticências no que disseste. De facto, o que afirmas põe em causa a fé de milhões de fiéis durante séculos. Afirmas, pois, que durante anos muitas pessoas estiveram na missa sem perceber o que estavam a celebrar (ou a "assistir" como se usava maioritariamente e que está de total acordo com o "celebrar" de hoje). De facto as pessoas sabiam o que se passava: sinal disso era o sino que tocava e que, através dele, as pessoas sabiam em que parte da missa ia e o que haveriam de fazer. De facto, elas sentavam-se, ajoelhavam-se e levantavam-se; sabiam, também, em que parte deviam dizer o "Meu Senhor e Meu Deus" pelo qual, praticando a mesma oração durante sete dias, recebiam indulgência). De facto, os teu argumentos são fracos e desajustados.

Quanto ao Missal de 1962 a questão não é unicamente a língua, mas também todo o ritual que envolve a celebração da Missa: as orações para subir ao altar; a oferta do pão e do vinho; e tantos outros gestos.
Poderias, pois, aprofundar um pouco mais o Missal de 1962 para poderes argumentar quanto a este Missal.

Só mais um apontamento. Dizes:
Citação:
Anori
O missal de 1962, deve ser tão emocionante quanto o de hoje em português.
Se estamos a pôr apenas questões de emoção ou não na liturgia, então estamos a reduzir a liturgia a algo meramente humano.

Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 21:45

Não acho nada desnecessário, assim continuarei sem entender. fanatismo e fundamentalismo, eu acho bom censo.
Por acaso estou a passar no Pc um texto que o padre da minha paróquia me impigiu, sobre o sacramento da confirmação, e estava a imaginar como seria se as pessoas que fazem Crisma tivessem apenas acesso à missa em latim, quando depois os sacrametos lhe exigem a maturidade, a consciência e responsabilidade no acto. É uma questão prática, não se prende apenas com a Tradição.

Citação:
Ricardo Figueiredo
Quanto à percepção do mistério celebrado, ponho reticências no que disseste. De facto, o que afirmas põe em causa a fé de milhões de fiéis durante séculos. Afirmas, pois, que durante anos muitas pessoas estiveram na missa sem perceber o que estavam a celebrar (ou a "assistir" como se usava maioritariamente e que está de total acordo com o "celebrar" de hoje).

Duvidas? Eu não!!!

Citação:
Ricardo Figueiredo
De facto as pessoas sabiam o que se passava: sinal disso era o sino que tocava e que, através dele, as pessoas sabiam em que parte da missa ia e o que haveriam de fazer. De facto, elas sentavam-se, ajoelhavam-se e levantavam-se; sabiam, também, em que parte deviam dizer o "Meu Senhor e Meu Deus" pelo qual, praticando a mesma oração durante sete dias, recebiam indulgência). De facto, os teu argumentos são fracos e desajustados.

lol...estou certa, e Pavlov também, o meu cão também saliva quando ouve assobiar, mas não acho que saiba compreenda a necessidade de alimentar-se, é apenas instintivo, nem é capaz de perceber como se processa a digestão. Sentar, ajoelhar tudo no momento certinho, e o resto? Isse é um dos defeitos, carácter amestrado.

Queria dizer com emoção, que no que respeita a sacralidade essa deverá ser a mesma que a de 1962, o conteúdo deverá ser o mesmo. Fraco e desajustado são pontos de vista, ao que parece isso é oq eu penso eu da missa em latim. Não coloco de parte a caracter´sitica didática da missa em latim, mas apenas ao nível da Tradição, da história, do reviver, mas não ao nível litúrgico.

P.S.: sou espécime feminino

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 22:03

Cara Anori,

É pena ver como as mentes portuguesas continuam escurecidas, não sei muito bem porquê, confesso, quanto à missa em latim. Como tudo em Portugal, é necessário que passe muito tempo para as mentes se abrirem. E mais uma vez a Europa ganha avanço sobre nós, pois as mentes católicas em muitos países já se abriram às riquezas litúrgicas que foram, ao longo dos anos 70, fechadas num baú para nunca mais sairem. Graças a Deus a minha geração já começa a dar os primeiros passos para voltarmos a abrir esse baú que, desejado por muitos, devia ter sido destruído das mentes crentes. Mas como tudo o que é bom volta mais tarde ou mais cedo, aqui está uma geração de qualidade, a florescer na aurora do terceiro milénio, pronta para viver intensamente a fé que durante dois milénios foi professada através de sinais importantes (mas que, claro, por serem sinais são sempre acessórios, mas cheios de significado). A minha geração está pronta para dar luta contra pensamentos medíocres que limitam-se a viver o momento numa perspectiva pobre e insuficiente. Estamos a preparar-nos!

Acho curioso como dizes que as pessoas que assistiam à missa em latim não davam o passo na fé rumo a uma fé madura. Talvez mais madura que a nossa. A de muitos é que não passa de um estado larval que, por não sair para fora, acha que o que a rodeia é que está certo.

Bem eu agradeço-te, e certamente muitos comigo agradecem-te, de teres chamado de cães aos nossos avós e bisavós pois afirmaste que responder ao sino é o mesmo que fizeram os cães de Pavlov. Certamente sentir-te-ás feliz por pesares que a fé que recebeste foi-te transmitida por pessoas que se comportavam como cães. Bem, eu na resposta ao toque do sino não vejo apenas o gesto exterior, mas uma fé acesa e atenta ao que se passa à volta e ao mistério celebrado, que os cães certamente não tinham. Certamente que não compreendiam o que é dito, mas isso não é preciso! Podiam rezar o terço durante a Missa, mas sabiam que havia alturas em que paravam de rezá-lo pois algo mais importante acontecia. Acho muito redutor o modo como puseste a questão. Espero que reflictas sobre o que disseste.

Tenho pena que este tópico esteja a resvalar para aqui, mas quando os ânimos exaltam-se é melhor que não fique nada por dizer. E continuarei a dizer! mas há questões litúrgicas tão mais importantes que esta (pois quem não quer missa em latim não vou ser eu, e acho que ninguém, a obrigá-lo a ir).

Prontos para a luta, olhando para a Cruz, vivendo o Sacrifício Eucarístico!

Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 22:16

Citação:
Ricardo Figueiredo
Certamente que não compreendiam o que é dito, mas isso não é preciso! Podiam rezar o terço durante a Missa, mas sabiam que havia alturas em que paravam de rezá-lo pois algo mais importante acontecia

concluindo, o padre até podia estar a dizer piadas brejeiras em latim...

Missa que é missa é para ser vivida e não apenas assistida.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Liturgia
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 22:24

Foi uma forma de explicar-me, simbólico, não entendas à letra.
Na minha opinião todas as religiões são caminhos, mas em todas elas deverá haver uma acesso que permita ao crente desenvolver-se, exactamente para não permanecer nesse estado embrionário, de larva.

Talvez seja importante definir os contornos dessa hipótese quando aplicada...se apenas introdução de expressões chave, gestos...



Editado 1 vezes. Última edição em 26/05/2009 22:39 por Anori.

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 22:46

Cara Anori,
Peço desculpa pelas minhas palavras duras. É melhor seguirmos o diálogo por este ambiente mais calmo, prudente e sereno.
Claro que o Cristianismo sendo um caminho, em Jesus, tem uma dinâmica de desenvolvimento, de crescimento na fé. Sabemos, por experiência, que esse caminho muitas vezes cai na "noite escura", portanto não é tudo tão linear assim.
Quanto ao âmbito litúrgico, penso que as pessoas desenvolviam a sua fé mesmo não compreendendo o que se dizia. Eram assíduos à catequese e à pregação. Claro que, principalmente no meio rural, uma pregação que puxava à lágrima no canto do olho, e quando metia procissão dos Passos até as pedrinhas da calçada choravam. Mas as pessoas cresciam, assim, na santidade. E cresciam, até mais, que muitos de nós, agora. A reverência à Santíssima Eucaristia, que se expressava, por exemplo, na frequência da comunhão, era sinal disso: as pessoas não comungavam todos os domingos, como nós, tinham um "medo" saudável, pois, sabendo-se pecadoras, não se aproximavam do Augustíssimo Sacramento. Muitos de nós, agora, vemos a comunhão como um direito, e não como dom e graça. Temos, todos, de crescer nessa consciência e transmitirmos isso aos outros. Não digo que não comunguemos todos os domingos, mas que tenhamos o cuidado de nos confersarmos antes de comungar. Certamente destas práticas viriam grandes e muitos frutos de santidade.

Quanto a:
Citação:
Anori
Talvez seja importante definir os contornos dessa hipótese quando aplicada...se apenas introdução de expressões chave, gestos...
Bem, há um tesouro muito grande neste campo. Mas temos de começar devagar. Comecemos com um exemplo que nos é caro: Fátima.
Porque não, aplicar nas nossas comunidades, os diálogos com o sacerdote em latim:
Dominus Vobiscum.
Et cum spiritu tuo.
Sursum Corda...

Ou cantando cânticos em latim, que muitas das pessoas mais idosas conhecem: Tantum ergo, Adoro te devote, ou tantos outros. Bem, é uma riqueza grande. Mas primeiro temos de ter sacerdotes que desejem estas práticas, o que é raro.
Então, passemos aos gestos:
Ajoelhar à consagração (o que em alguns sítios é raro) ou então durante toda a Oração Eucarística.
Fazer a reverência antes de comungar, por exemplo, genuflectindo. Ou comungar de joelhos.
Tantos e tantos gestos, e não precisamos de inventar nada. Temos apenas de redescobrir o que tantos católicos fizeram durante séculos.

Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 23:16

Ricardo

O que quer dizer Xto? (acho que sei...mas...espero não ter acertado). Podes explicar?

Parece que está já no tópico...mas gostava de perceber...desculpa...a falta de entendimento...olha,a propósito é um dos dos dons do Espirito Santo...e estamos quase a festejar o Pentecostes.

Adeus
Maria josé



Editado 1 vezes. Última edição em 26/05/2009 23:22 por Maria José Ribeiro.

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 23:21

Cara Maria José Ribeiro,

A abreviatura "Xto" vem do termo grego para Cristo. Como aqui não posso reproduzir os caracteres gregos, peço que faças uma pequena pesquisa pelo nome de Cristo e encontrarás. Assim sendo, verás que Xto torna-se um aportuguesamento das letras gregas para Cristo.

Então, cá vai para ti um Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 23:29

Ricardo

Que pontaria! Estava a editar a mensagem e alterar para o texto que vês agora, quando guardei alterações e me deparei com a tua resposta.

Por favor, para mim , não me fales de Cristo usando uma abreviatura,um aportuguesamento ou seja lá o que for, por muito erudito que seja.

Olha , o modo como leio : xpto... e , enfim, que pouca graça tem...não achas?

Adeus (a Deus)

Maria José

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 26 de May de 2009 23:35

Cara Maria José,

Obrigado pela sugestão, mas é uma forma próprioa. As pessoas que me rodeiam já estão habituadas.
Quanto, já que estamos neste campo, ao termo Adeus, não é só um "a Deus" mas uma contracção de duas palavras latinas: "At Deus", "Até Deus". Só por curiosidade.

Já que estás dentro do fórum convidava-te a dizeres qualker coisa (não é necessário falares sobre o latim!?).

Abraço em, para ti digo, Cristo
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 27 de May de 2009 11:11

Olá Ricardo

Deixa-me dizer-te que me pareces contraditório. Se dizes num lado que queres concluir o tema (e acrescentas uma frase provocatória) no outro afirmas que o teu objectivo era mesmo a provocação para saberes o que está dentro de cada um. No que me diz respeito não era preciso tanta estratégia. Basta fazeres uma pesquisa no fórum sobre esse tema e logo verás o que penso sobre o assunto.

Não tenho tido muito tempo para fazer respostas mais elaboradas. Fico-me por pontos mais soltos.

Assim, aceito que o papa reconheça uma realidade de gente nova a querer o latim. Mas o papa diz que pessoas novas descobrem esta forma, não afirma que há cada vez mais pessoas atraídas por ela. Afinal os tradicionalistas também levam os filhos à missa velha e eles crescem nesse meio. E mais uma pequena nota. O papa tem a humildade de reconhecer que nem sempre sabe o que se passa:

Citação:
Papa Bento XVI
Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias.

Não concordo que o latim dá mais sacralidade à Missa. Isso está no íntimo de cada um, nos seus gostos, sim. Não perceber algo não é de certeza o melhor caminho para ter a "percepção do mistério". Ainda se acaba no mágico.

O facto de uma coisa sempre ter sido não é para mim motivo para lhe dar direitos fundamentais (claro que não estamos a falar do que é essencial!). Por isso o latim não tem direitos de antiguidade nem de clareza nem de sacralidade. Mas aceito sem o menor problema que haja pessoas que o prefiram às restantes línguas. Por isso o coloco na parte dos gostos e preferências.

Desculpa, mas perante a opinião que "diante de uma língua desconhecida e de gestos reverentes estaremos com maior respeito diante da Liturgia, envolvendo o próprio acto de uma sacralidade enorme" fico a pensar em mim quando pratiquei uma arte marcial e tinha uma série de ritos e frases em japonês que pronunciava mas não sabia o que diziam. Sabia o que pretendiam dizer, mas não por conhecimento próprio. E com certeza não estava em nenhuma cerimónia religiosa nem em ligação com o sagrado. Eu quero saber o que falo com Deus!

Quem te fala é alguém que dá muita importância às tradições, aos usos e costumes antigos, à religiosidade popular. Reviver gestos antigos, cerimónias antigas tem para mim sempre um gosto particular. Mas não o suficiente para validar uns como "os mais" de qualquer coisa.

Cassima

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 27 de May de 2009 14:20

Cara Cassima,

E cá continuamos nós com a "pescadinha de rabo-na-boca". Quanto à minha "estratégia", como disseste, não percebeste a minha intenção: a princípio não queria falar (como, por mim, já tinhamos acabado este tema) mas, já que entrámos com força no assunto, vamos e provocá-lo para ver o que cada um acha. A nossa cultura passa muitas vezes por um ludibriar para não tocarmos no centro da questão. Com cabeça quente as opiniões saem mais facilmente, ainda que, muitas vezes, toquem o fundamentalismo. Mas isso é outro assunto.

Quanto à gente nova que redescobre a missa "velha" cometes um erro: se há gente que a descobre, então, obviamente, há mais gente nova que se sente próxima. Dizer que os tradicionalistas levam os filhos à missa antiga e crescem nesse meio está certo, mas usar isso para dizer que são essas as pessoas novas, é forçar um pouco.

Quanto ao Papa reconhecer que tantas vezes não tem noção do que se passa em toda a Igreja, usas uma frase um pouco fora de contexto. Estás a referir-te a uma estratégia maldosa para denegrir o Papa, ou nã achas estranho que uma entrevista gravada há tanto tempo tenha sido tornada pública três dias após a remissão das excomunhões, um dia após a publicação? Estava tudo preparado para desctruir a imagem do papa e sinal disso foi o ataque intenso que houve após se tornar pública a entrevista do bispo Williamson. Não acho, uma vez que o Papa se refere à internet, que esse seja meio para reconhecer o crescimento do número de fiéis, apesar dos sinais reveladores de páginas da internet criadas a falar da missa antiga, que eu já citei anteriormente.

Se quanto ao latim, continuas a remetê-lo ao campo dos gostos e preferências, então ainda não compreendeste as directivas no sentido de proporcionar a reinserção do latim nas liturgias, mas claro que não como antigamente, em que tudo era em latim, mas num sentido prudente e com bom senso, mas sobre isso já falei, também.

Se não reconheces a sacralidade que a língua latina e os gestos reverentes conferem à celebração da Missa, então nunca deves ter estado numa Missa com, já não falo na língua, gestos reverentes. O cuidado com o Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, pois reconhecêmos que Jesus está ali verdadeiramente presente. Claro que, numa liturgia descuidada, e que roça o protestantismo, nunca se vai promover a devoção à Santa Missa. Choca-me ver como alguns fiéis, e até alguns padres, não prestam a reverência devida à Santíssima Eucaristia.

Ainda bem que dás valor às "tradições, aos usos e costumes antigos". Então, se reconheces isso, espero que te empanhes em descobrir o sentido mais profundo desses gestos, sinais e palavras, e que os ponhas em prática, porque podemos reconhecer uma grande riqueza, mas se nada lhe fazemos, é o mesmo que o servo que enterrou o talento.

Abraço em Xto,
Ricardo Figueiredo

Re: Liturgia
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 27 de May de 2009 22:14

OLá Ricardo
Obrigada pela explicação. E também obrigada por te despedires de mim sem usar a tal erudição...espero que adoptes o mesmo cumprimento com todos.

E quanto à liturgia vou contar a experiência que tenho tido nestes últimos meses.
Tem-me acontecido chegar à igreja e não perceber se estou na feira...ou na igreja...as pessoas falam muito alto. Depois, quando a Missa começa, faz-se silêncio...

Acho que seria bom haver silêncio de modo a que, mesmo antes da Missa começar, houvesse ambiente propício ao recolhimento.

Não gosto de todos os cânticos. Gosto muito daquele em que se diz , dirigindo-se a Nossa Senhora: "enquanto houver portugueses tu serás o seu amor"...Foi deste que me lembrei agora.

Na Consagração todos os que não tiverem problemas de saúde devem ajoelhar-se pois acho lógico, dado que naquele momento se dá a Transubstanciação.e daí existirem manifestações exteriores acerca do que acontece no altar. É assim que penso.

Adeus
Mª José

Re: Liturgia
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 27 de May de 2009 22:57

Cara Maria José,

Agradeço a tua abertura em partilhares connosco a tua experiência.

Quanto ao problema da igreja parecer uma feira, bem, não te posso dar grandes remédios. Talvez, começar por pequenos sinais: antes da missa ficares ajoelhada em oração, no meio da confusão seria bom, não que a princípio consigas rezar grande coisa, mas é um exemplo que pode ser seguido. As pessoas à volta olharão e, espero eu, terão algum respeito. Outras imitarão o teu gesto. E porque não falares com algumas pessoas para que façam o mesmo: seria uma catequese silenciosa que seria proveitosa a muitas almas.
É pena que tantas vezes isso aconteça. Ainda no último fim-de-semana onde eu vou à missa habitualmente estava uma senhora a ler uma revista de decoração e moda. Todos olharam e já só os olhares foram uma "condenação", não que isto devesse haver dentro da igreja, mas porque não é o sítio adequado e na minha paróquia as pessoas já sabem isso. Se calhar, na tua, ainda não há esta "educação", diria, até, esta "etiqueta" própria do trato entre várias pessoas. Se não houver algo formal que conduz a nossa acção, daqui a pouco estaremos na selva.

Quanto aos cânticos compreendo o que dizes. Claro que há os que gostamos mais e que gostamos menos. Quanto ao exemplo que destes esse é um dos que me toca muito. Há sempre aqueles cânticos que podemos ouvir mil vezes, mas farão sempre tremer o nosso coração e sinceramente nos dirigiremos a Deus.

Quanto à Consagração, de que falas, é curioso que indicas o que está no blog do catolico exigente: www.santa-missa.blogspot.com. Convido-te a visitá-lo. Vi, há dias (acho que foi ontem) dois artigos sobre como comungar que estão muito interessantes. Já aprendi com eles pelo menos uma coisa.

As manifestações exteriores são sempre acessórias, mas são importantes. Não podemos, de modo algum, tirar certos gestos e sinais da nossa relação com Deus. O ajoelhar à Consagração (ou durante a Oração Eucarística, desde o Santo à Doxologia) é um desses gestos que nos fazem progredir na fé.

Quanto à minha despedida, peço desculpa, mas continuarei a usar a "minha" abreviatura com todos. Mas como é para ti, segue agora um

Abraço em Cristo,
Ricardo Figueiredo



Editado 1 vezes. Última edição em 27/05/2009 23:00 por Ricardo Figueiredo.

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