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Re: Kama Sutra Católico
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 22 de July de 2009 21:30

Olá sol,

Primeiramente queria te dar boas vindas, é a 1a msg que troco contigo, mas tenho lido o que escreve com curiosidade. Achei seu trajeto interessante e espero que possamos conversar mais vezes.

Citação:
sol
Citação:
JMA
A Bíblia é a Palavra de Deus. Somente os crentes compreendem agora e compreenderam desde sempre que tal palavra foi transmitida a mulheres e homens que tentaram entendê-la e colocá-la na nossa linguagem.

Não. É a palavra INSPIRADA. Deus existe na palavra pronunciada e no acto de o fazer. O problema é achar que palavra inspirada é inferior a uma suposta "palavra" pronunciada por Deus, desconsiderando o Espírito Santo, força motriz da palavra, enquanto elemento da Trindade Divina. Ainda assim, admito que o assunto seja controverso e, para nós leigos, de difícil explicação.

Entendo o que quis dizer, mas o JMA está certo. A afirmação de que "A Bíblia é a Palavra de Deus" é dogma da fé cristã, tanto católicos qto evangélicos concordam nisso. Assim, qdo vc diz "não" a essa afirmação, vai sempre encontrar muita oposição. Apenas queria chamar sua atenção para outra coisa, pq pelo que disse a seguir não me pareceu que estivesse realmente negando a verdade por trás do dogma. Observe que qdo vc afirma "A Bíblia é palavra inspirada" todos concordam, é que vc tb está afirmando outro dogma da fé cristã - embora, como já notou, alguns não compreendem o significado dessa afirmação, entram em contradição entre aquilo que afirmam e no que acreditam, e se perdem no literalismo.

Estamos diante de um problema de comunicação. Acredito que se entender o sentido que os católicos dão a essas duas afirmações - "A Bíblia é Palavra de Deus" e "A Bíblia é palavra inspirada" - o problema desaparecerá e penso que não encontrará mais motivo para negar a primeira afirmação (no sentido católico).

Duas observações importantes. Qdo utilizo o termo "dogma" não o faço com intenção de apresentar um ferrão ou tipo de "lei" para proibir os "pensamentos criminosos". Para mim, dogma não é cerca de arame farpado, é poste de luz. Qdo utilizo o termo "dogma" o faço na intenção de afirmar que a proposição anunciada é verdadeira, e que por isso será bem acolhida qdo se entender o que ela diz. Acho que sua dificuldade está mais na forma do que no significado - repito, não me pareceu que estivesse negando o significado da afirmação - mas acostumar-se com a forma é tb importante, pois te ajudará a aproximar-se de uma comunidade de irmãos que falam uma mesma língua materna.

A segunda observação é sobre a proposição mesma: "A Bíblia é Palavra de Deus". Inicio com o significado de "Palavra". Os católicos crêem que Jesus Cristo é "A" Palavra de Deus por excelência. Algumas traduções católicas começam o Evangelho segundo São João se referindo à "Palavra" (Biblia do Peregrino), outras se referindo ao "Verbo" (Bíblia de Jerusalém): "No princípio era o Verbo...". Nos dois casos há a "Ação de Deus". A "Palavra de Deus" é ativa, ela age qdo proferida. Isso é ainda mais claro se pensamos que a Palavra é Verbo, ação de Deus. Quando um católico afirmar que a Bíblia é "Palavra de Deus" está dizendo que a Bíblia é fruto de ação divina, é resultado da ação de Deus no meio do seu povo, é testemunho dessa ação e nos ensina sobre como se deu essa ação. Qdo se entende isso se percebe que não existe contradição entre afirmar que a Bíblia é "Palavra de Deus" e o texto nela é "inspirado por Deus". Note que um católico não afirma que a Biblia são "as palavras" de Deus, como se o texto tivesse sido ditado. As palavras são humanas, foram escritas por autores humanos, mas ainda assim é "Palavra de Deus", fruto de ação divina.

Sobre esse assunto, acho que encontrará muito boa explicação na Encíclica Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, que trata de como os católicos entendem a revelação divina: [www.ansiao.net]

Citação:
sol
Tudo isto para, acima de tudo, sublinhar uma coisa. A Bíblia é para ser lida como o faz S. João no Apocalipse: comendo-a. Saboreando-a na sua beleza literária - que a tem - mas interiorizando a palavra, deglutindo-a, sintetizando-a, sabendo ler. Deus não criou o mundo em 7 dias, ler a Bíblia com esse grau de inocência torna-se perigoso. É lê-la como palavra divina absoluta, e cair em radicalismos como sucede com os muçulmanos pouco moderados. Ao longo de 2000 anos, leu-se a Bíblia e procurou-se, com glosas de todo o tipo - historiográficas, teológicas, filosóficas - chegar ao seu sentido mais profundo. Mas, creio, a esse sentido não chegaremos nós, pelo menos não Agora.

Outro link que acho que gostará: [www.pspadf.org.br]

Especial atenção para a parte que trata das diferenças entre Revelação e Inspiração, no primeiro texto de introdução (pag.34), onde lemos sobre a Inspiração que:

(1) Entende-se por Inspiração a influência ativa de Deus sobre os autores dos Livros Sagrados, pela qual a verdade salvífica é anunciada e tornada perceptível ao homem.

(2) Toda a Bíblia é Palavra de Deus. Todo o livro é inspirado. Não devemos confundir Inspiração com revelação. A Extensão da Revelação é limitada, a Inspiração não o é. Portanto são inspiradas todas as passagem de um livro canônico, sem distinção se trata de fé ou não, pois não é o conteúdo objeto da inspiração, mas o autor humano. A Inspiração, portanto, subsiste também quando o autor do livro erra em relação a argumentos científicos ou ostenta suas limitações humanas.

(3) Efeito da Inspiração. Em matéria de moral e de fé tais livros não podem enganar. São veículo de verdade salvífica ou inerrância. Todavia não podemos atribuir a Deus cada palavra, cada enunciado. O autor humano conserva toda a sua liberdade de expressão, toda a sua mentalidade. Deus não dita ao autor o que deve escrever, o inspira e deixa que o autor humano expresse o que Ele inspira com os recursos literários e conhecimentos gerais que tem.

(4) Devemos colher na Bíblia o conceito paulino de Letra e Espírito. (2Cor 3,4s)
Interpretar a Bíblia sem colocar Jesus no centro de todo o AT é ficar unicamente na letra e "a letra mata". Interpretá-la colocando Jesus como centro de todas as escrituras é penetrar no espírito delas. Então "o espírito vivifica". O verdadeiro sentido da Escritura, a Verdade Salvífica, muita vez deve ser procurado no contexto, no conjunto total e não isoladamente em palavras ou expressões.


Destaco:
- "(o texto) não é o conteúdo objeto da inspiração, mas o autor humano"
- "não podemos atribuir a Deus cada palavra, cada enunciado. O autor humano conserva toda a sua liberdade de expressão, toda a sua mentalidade.".

Paz e Bem.



Editado 1 vezes. Última edição em 22/07/2009 21:33 por firefox.

Re: Kama Sutra Católico
Escrito por: sol (IP registado)
Data: 23 de July de 2009 15:19

Firefox,

obrigada pelas tuas palavras. Acho que entendemos ambos o sentido do que queríamos dizer, mas as palavras (as nossas) não chegam para explicar bem :) é por isso que é tão difícil dizer a Palavra com palavras humanas. Ficamos pelo espanto e pela maravilha de Deus em nós, já que é no silêncio que O podemos ouvir.

O importante é não queremos criar um Deus ex machina para explicar o mundo, um Deus instrumento... mas isto já são conversas para o fórum ao lado!

Um grande abraço!

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