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Extase misticos e incêndios de amor
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 13 de March de 2009 00:49

Experiencias espirituais de grande profundidade

São duas espécies: Êxtase místico, espécie de ador­me­cimento suave e progressivo provocado pela intensidade da oração con­tem­plativa, face à fraqueza corporal; e Incêndio de Amor, mais raro que o êxtase, manifestando-se em graus diversos, desde o simples calor in­terior à quei­ma­dura material.

Gostaria de saber se as experiências a negrito só são exclusivas de cristãos ou seja se só são exclusivas de santos católicos.
A minha dúvida é se é possível a monges tibetanos atingirem tais estados de comunhão com Deus.

Re: Extase misticos e incêndios de amor
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 17 de March de 2009 01:44

Olá Vitor.

Antes de comentar o que escrevestes, convinha saber se a definição das "duas espécies" de experiências espirituais são de tua autoria ou retiradas de algum livro ou texto. No segundo caso, talvez fosse necessário maior informação ou enquadramento para um comentário mais de acordo com o tema.

Não me recordo de alguma vez ter ouvido a expressão "Incêndio de Amor" como uma das formas de êxtase místico.

Quanto à tua primeira questão se "as experiências a negrito (êxtase místico e incêndio de Amor) só são exclusivas de cristãos ou seja se só são exclusivas de santos católicos", diria que não são exclusivas dos santos, nem apenas dos cristãos. Ser místico não é requisito para se ser santo e basta ver a lista dos santos para verificar isso. A experiência mística está ao alcance de qualquer um, reconhecendo simultaneamente que isso não acontece simplesmente por desejo próprio mas por dom do Espírito Santo.

Os monges tibetanos e os budistas de uma forma geral têm por hábito uma forte componente de meditação. No Budismo Zen existe a prática Zazen. Esta consiste numa forma de meditação sentado, com foco na respiração e ausência de pensamentos. Poderá também incluir a instrospeção de um Koan. O meu koan preferido é "The sound of one hand clap."

No Budismo não há o conceito de Deus como nas Religiões Monoteístas. Mas existe algo "parecido", como Emptiness (vazio).

Por isso, quando perguntas "se é possível a monges tibetanos atingirem tais estados de comunhão com Deus", a resposta é "Não" porque no Budismo não existe o conceito de Deus. Mas se perguntares, "é possível um budista (seja monge ou não) atingir um estado de união e identidade com o Vazio (Emptiness)", segundo o relato de vários budistas, a resposta é "Sim".

Mais do que a união ou comunhão, existe a identidade. Há uma experiência não-dual, entre quem medita e o Vazio. Nesse momento, são um.

É algo muito difícil de explicar por palavras, porque quando explicamos deixamos de estar nesse momento não-dual. Não há sujeito e objecto. Apenas há o Uno.

Se lermos os textos de S. João da Cruz e Sta Teresa d'Ávila, entre outros, encontramos excertos que nos podem parecer heresias, pela proximidade, união e identidade que existem com Deus. O "Eu Sou" exclusivo de Deus é verdadeiramente vivido e sentido naquele momento, momento esse que não existe porque se vive sem tempo, ou melhor, fora dele.

Como conseguir esta proximidade com Deus? Pela meditação ou oração contemplativa. Em Portugal tenho visto muito pouca divulgação sobre meditação Cristã. Existem alguns grupos que praticam, existe um site para divulgação mas não sei porquê, continua a ser a excepção. Já falei com alguns padres para dinamizarem grupos de meditação cristã nas suas paróquias. Já falei com uma editora para traduzir e editar em Portugal os livros do Thomas Keating, por exemplo, mas continuo a ver a prática de meditação cristã como algo de uma pequena minoria. E é pena.

Obrigado,
Luís Gonzaga

Re: Extase misticos e incêndios de amor
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 25 de March de 2009 21:05


Re: Extase misticos e incêndios de amor
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 05 de April de 2009 15:32

"Eleve seu coração para Deus com um humilde impulso de amor; e tome Ele mesmo como seu objetivo e não como qualquer um de seus bens. Tenha cuidado: evite pensar em outra coisa que não seja nele mesmo, de maneira que não haja coisa alguma em que a sua razão ou a sua vontade trabalhe, exceto Ele mesmo. Faça tudo o que estiver ao seu alcance para esquecer todas as criaturas que Deus já criou, para que, nem o seu pensamento, nem o seu desejo, em geral ou em particular, sejam dirigidos ou estendidos a qualquer uma delas. Deixe-as em paz e não preste atenção nelas. Esta é a obra que mais agrada a Deus. Todos os santos e anjos sentem alegria com este exercício (o "trabalho do amor", como o autor a chama e nós chamamos de Oração Centrante), e estão desejosos em ajudar com todo o seu poder para que prossiga. Quando você se encarrega deste exercício, todos os demônios ficam furiosos e se propõem, na medida do possível a destruí-lo. Nós não podemos nem imaginar o quanto é maravilhoso o modo como todas as pessoas que habitam a terra são ajudadas por este exercício. Sim, e as almas do purgatório são aliviadas do peso de suas penas, e também você é purificado e se torna virtuoso e isto tudo muito mais por esta obra do que por outra qualquer. Entretanto, este é o exercício mais fácil de todos e se realiza com maior presteza quando uma alma, ajudada pela graça, tem consciência deste desejo; caso contrário, seria extraordinariamente difícil para você fazer este exercício. Não se retraia então, mas trabalhe nele até você sentir o desejo. Pois quando você começa a executá-lo pela primeira vez, tudo quanto você encontra é escuridão, uma espécie de nuvem do "não-saber"; você não pode dizer o que é, exceto que você sente, através de sua vontade, um simples desejo de alcançar Deus. Esta escuridão com a nuvem está sempre entre você e o seu Deus, não importa o que você faça, e é esta que o impede de ver Deus claramente através da luz do entendimento de sua razão, ou ainda que o impede de conhecer Deus na doçura do amor em sua própria afeição. Portanto, comece a descansar nesta escuridão enquanto você puder, gritando sempre por Ele, a quem você ama. Porque, se você vai conhecê-lo ou vê-lo de qualquer maneira, na medida em que isto seja possível aqui, terá que ser sempre nesta nuvem e nesta escuridão. Portanto, se você trabalhar neste exercício com toda a sua atenção como eu mandei, tenho plena confiança que, pela misericórdia de Deus, você atingirá este objetivo."

Não acredito que isto tenha sido escrito por um santo. Alcançar Deus não é um mero exercício, é também uma graça e uma vontade conjunta de Deus e do homem. Um mero exercício não é de certeza, como se tratasse de um receita culinária, porque Deus tem vontade e personalidade e não é um autómato que responda a um qualquer impulso de vontade humana. As experiências de incêndios de amor são a vivência terrena do céu, sente-se o céu mais cedo, ou seja, antes da morte vem a vida. Isso só Deus dá pela gratuidade dos nossos sentimentos, pela nossa determinação em escolher a Ele a tudo o resto: um carro, uma casa, um curso, em escolher DEus em vez do Mundo. E como o Mundo pode ser nosso inimigo, senão mantemos a distância necessária para o podermos aproveitar sem sermos seus escravos.



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