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Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 14 de February de 2009 17:32

Algumas pessoas aqui, sabem como normalmente tomo as dores da Igreja católica, porque acredito que esta embora humanamente limitada, é inspirada pelo espirito santo.

Ser inspirado não implica ser conduzido definitivamnte e num qualquer espaço de tempo da história à verdade absoluta, mas ir nessa direcção e além disso ser digna de confiança e credibilidade(só um coração aberto aos outros, pode conhecer Deus, pode conhecer a verdade absoluta. Seguindo os ensinamentos da Igreja isso é possível).

Mas quando há dias ouvia os bispos em fátima anunciar, que a posição deles se mantém relativamente ao casamento de homossexuais, não me senti representado, no meu cristianismo, por aquele conjunto de pessoas fechado num gabinete, embrulhado em papeis, canetas, problemas de ideário, preocupados com questões doutrinais e antropológicas, vestidos a rigor, de preto.

Nunca vi aquelas pessoas sairem à rua para conversarem com os fieis, dar-lhes uma palavra de conforto, visitarem lares de idosos, fazerem caridade. Isso é tão importante como debitar ideias. Porque debitar ideias sem que elas estejam ungidas com o carisma da práctica, são apenas ideias de um grupo de homens, como outro qualquer. Tanta burocracia, tanto clericalismo.

Por esse motivo é que não sou a favor que os padres os bispos recebam um salário pelos seus serviços, porque ser padre, ser bispo é para mim um serviço gratuito, não uma profissão. Paulo o tecelão e Bispo da Igreja não se auto-sustentava com o seu trabalho e não evangelizou milhões de pessoas?

Não sou a favor, porque o padre, o bispo deveria ter uma profissão como todos os fieis têm. Um padre e um bispo deveria trabalhar ao lado dos fieis. Tenho a certeza que um padre sendo colega de trabalho de um fiel o iria evangelizar mais que aos domingos quando o padre celebra a missa. O fiel ouve 50% e vai para casa preparar-se para o resto da semana que aí vem.

Isso seria uma oportunidade de destruir o clericalismo e aproximar os padres e os bispos às pessoas, para que estes percebessem o que têm de fazer para evangelizar melhor. O vaticano II só tentou destruir o clericalismo num sentido, por um lado, ou seja aproximando as pessoas aos serviços da igreja, dos padres dos bispos, mas porque não aproximar os bispos e os padres aos serviços dos fieis?
As coisas não podem ser só feitas num sentido.

Eu se algum dia vier a ser padre, não quero abandonar a minha profissão. Ela dá-me a oportunidade de conversar com ateus com pessoas que andam á procura da verdade se possível de as evangelizar, ou pelo menos tentar desfazer mitos e medos relativamente à igreja, na medida do que me for possível.
Também me dá mais dignidade, porque não gosto de pensar que ando a viver á custa dos fieis, por um serviço que não deveria ser pago, mas gratuito.



Editado 1 vezes. Última edição em 14/02/2009 17:35 por vitor*.

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: M. Martins (IP registado)
Data: 14 de February de 2009 19:48

A questão, é que os Padres não se podem casar para se poderem dedicar ao seu "rebanho". Isso implica, como tu disseste, o visitarem doentes, evangelizar, apoiar famílias em ruptura etc. Mas o que é que os vemos fazer?

Tiram cursos, Mestrados e Doutoramentos e depois vão dar aulas para institutos e Universidades, e ganhar vários salários.

Ou seja, não se casam para que a família não lhes tire o tempo que devem dedicar aos fiéis. Mas afinal, acabam por ocupar esse tempo a ganhar dinheiro a dar aulas em vários sítios.

E depois, se há alguém que recorre ao padre para pedir conselho, ou uma visita a casa, ele diz que tem o tempo muito ocupado. Já assistí a uma caso destes.
No entanto, esse mesmo padre dá aulas no Ciclo, e num instituto.

Não consigo compreender. Alguém que me explique, pois acho estas situações completamente contra o serviço que deveria ser prestado à Igreja.

M.

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 14 de February de 2009 20:40

Boas achegas M.

Eu pessoalmente quando fico em casa , ou não faço nada pelos os outros, não me sinto legitimado, para professar verdades de fé, porque não me sinto digno dessas mesmas verdades.

Nesse sentido eu falava no carisma, que dá á própria pessoa a práctica da caridade cristã. Dá coerência à pessoa, dá poder de retórica. Do mesmo modo quando vejo Bispos fechados nos seus gabinetes, preocupados apenas com as ideias, fico eu mesmo preocupado, porque essas ideias parecem-me partir(embora possam não partir) de um vazio, de um nada, porque só a caridade sustenta as ideias, dá-lhes força.

Se não existe esse sustento, existe vazio e a mensagem não passa. A reunião dos bispos na CEP, pareceu-me uma renião de empresários, que se juntam para deliberar assuntos da empresa, para depois fazerem conferências de imprensa. Eu digo: eu não conheço aquela gente, são-me completamente estranhos, serão pessoas como nós? Porque eu não os sinto como Igreja como eu. Parecem estar sempre num patamar acima, como se estivessem no décimo quinto, andar de uma empresa como a microsoft.

Eu só vejo uma solução: é eles serem um bocado mais como nós fieis e arranjarem um trabalho para se sustentar e nós fieis sermos cada vez mais como eles e participarmos cada vez mais nos trabalhos dos bispos e dos padres da Igreja. Isso só resulta em um bocado mais de igualdade e mais irmandade, ou seja mais igreja.

E até seria bom que a profissão não fosse numa universidade, mas sim num hipermercado, numa fábrica, em locais onde mora a humildade, porque os padres e os bispos também precisam dessa humildade. Parece que o mundo de um momento para o outro só precisa de doutores, de gente perfeita, sem defeitos genéticos e/ou fisicos. Felizmente a minha liberdade de escolha vai ao ponto de não me importar de ir para um hipermercado, se o meu patrão me pedir para fazer coisas que vão contra a minha dignidade cristã, como piratear software e outras tretas. Ninguém precisa de ser doutor. Todos são precisos.



Editado 2 vezes. Última edição em 14/02/2009 20:51 por vitor*.

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 16 de February de 2009 01:35

Caro Vítor,

Compreendo o que dizes mas permite-me discordar. É preciso que no seio da comunidade cristã haja pessoas que se dediquem a tempo inteiro ao serviço da Evangelização, e, que a comunidade, os sustente por essa dedicação.

Isso não significa que os padres e bispos estejam longe da comunidade. Provavelmente, nós estamos longe dos bispos e pensamos que eles vivem isolados. Mas não vivem.

Há entre os bispos quem tenham maior, outros menor, contacto com os restantes fiéis. No meu caso, o bispo com quem estive mais vezes, creio ter sido o D. Manuel Clemente e nunca me pareceu que estivesse longe do povo, física ou espiritualmente.

Se um padre tivesse emprego como um leigo, não seria padre, mas leigo. E a Igreja precisa de padres. Talvez por alguns padres terem uma profissão como os leigos, por exemplo, professores, os acusem de terem pouco tempo livre. Se já são tão poucos, deixemo-los dedicar o pouco tempo que têm apenas à comunidade.

Luís

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 16 de February de 2009 15:59

Caro Luís,

Admito que tenha feito um desabafo momentâneo. De certo modo naquele momento em que o porta-voz falava à CS não senti absolutamente nada, que me fizesse adoptar aquele pensamento, nada na pessoa, que me fizesse crer que existia um motivo trancendente/espiritual e ao mesmo tempo natural, para adoptar aquela ideia.

Talvez porque eu entendo, que podemos e é bom termos ideias e divulgarmo-las, mas se o meu corpo se mexe para a esquerda e a minha cabeça para direita, ninguém vai adoptar aquele pensamento. É certo que não podemos exigir muito da nossa humanidade limitada e para essa tenho compaixão, mas faltou-me ali algo, naquele momento.



Relativamente a profissões de padres, ainda mantenho a minha ideia. Ser padre não deve ser profissão. Não faz sentido. Porque primeiro ter profissão significa também, mas não só, fazer carreira. O cardeal martini denunciou há algum tempo um certo carreirismo dentro da Igreja.

Culpado: a profissão de padre. É normal as pessoas quererem ter carreiras profissionais e quererem evoluir profissionalmente. Ora um padre também sente esses apelos mais que normais, que devem ser recambiados para uma profissão a sério e não numa profissão de padre.

O sacerdócio é tanto mais genuino, quanto mais voluntário. E isso até me parece uma lapalice.

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: nick (IP registado)
Data: 07 de July de 2009 22:56

Eu nunca estive com um bispo, mas como há um bispo por cada 200 mil cristãos parece-me normal que nunca me tenha calhado falar com nenhum. Assembleias com dezenas ou centenas de pessoas não contam. Nessas estive, mas não dava para uma conversa com ele/eles.

Com padres falo com um ou outro para aí uma vez por mês, normalmente um bocado à pressa. Quando eu tenho tempo, eles não têm.

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 04:57

Vitor,

Quando tiver um pouco mais de tempo vou tentar escrever alguma coisa aqui, agora tenho andado bem ocupado e no pouco tempo que sobra tenho que escolher ao que responder pq não conseguirei mesmo ler tudo que se passa.

Sobre essa questão/reclamação que encontro aqui, dos padres terem pouco tempo para alguém e que não deveria ser profissão, quero dizer algo:

Primeiro, nunca tive dificuldade para conversar com padres. Claro que não posso dizer isso de todos, pq não procurei todos, mas nunca tive dificuldades para falar com aqueles que procurei. Tenho alguns por amigos e prefiro falar com eles, mas sempre achei muito simples que um padre encontre tempo para conversar comigo. Façam a experiência, procurem aquele padre com quem querem conversar e digam:
- Padre, precisa de ajuda? Posso ir contigo onde precisar.

De gorjeta vão descobrir que um padre trabalha muito e, pelo menos aqui, anda muito também. Já tive que andar de carro e a pé muito tempo para chegar em lugares que nem sonhava encontrar gente, e o padre ia visitar esse povo quase esquecido. Nessas ocasiões tive tempo e oportunidade para boas conversas. Depois, quando não são esses passeios de gente atoa, são as visitas a enfermos, a asilos ou outras coisas. Enfim, muita coisa inútil, e assim não sobra tempo para que façam algo realmente importante como conversar com a gente.

Com bispos tive menos oportunidades de conversar, mas já conversei (pouco) com muitos. Para azar meu só gostei de conversar com alguns, mas tenho consciência que é por causa de uma dificuldade minha. Pode não parecer mas sou um pouco 'anticlerical'.

Sobre isso de padre não ser profissão, está corretíssimo. Nunca foi mesmo, não é para ser, e na igreja católica não é. Ser padre é uma vocação, não uma profissão. Nada impede, entretanto, que um padre receba pelo serviço que faz, afinal não é por colaborar no serviço de Deus que ele deixa de ser humano: precisa comer, vestir-se, pagar aluguel etc. Aliás, é um absurdo que um padre tenha carro, telefone e outros luxos, deviam andar a pé para testemunhar melhor a pobreza. Depois podem fazer algum esforço e deixar de dormir para ter mais tempo para falar com a gente.

Sem querer desvalorizar sua opinião, mas acredito que a questão associada com a sua preocupação está mal colocada. Pelo que entendi, está em questão o significado do sacerdócio ordenado, dos votos evangélicos (pobreza, castidade, obediência), do celibato obrigatório. Não é bom, entretanto, juntar todas essas questões como se se tratasse de um assunto só.

Do meu ponto de vista, apoiado no catecismo, o chamado para os votos evangélicos é para todo cristão, diferindo apenas no modo que escolhemos para testemunha-los. Se não me engano já escrevi sobre o voto de pobreza em algum lugar no fórum, depois posso procurar se for necessário. Talvez eu não tenha reparado bem, mas desconfio que vc esteja confundindo humildade com mendicancia, mas são coisas distintas e nem todo padre tem esse voto, e mesmo aqueles que o fizeram costumam ter interpretações diferentes sobre sua prática, conforme o carisma da sua congregação. Esse assunto é bem mais complexo do que parece, tanto qto julgar a qualidade da fé de cada um.

Sobre o celibato não é segredo nenhum que penso que devia ser a exceção e não a regra. Acho que o celibato obrigatório está com os dias contados, graças a Deus. Espero que o celibato opcional no futuro colabore para renovar a força desse testemunho dando a ele o valor e a dignidade que merece.

É inegável e inestimável o grande serviço que os sacerdotes ordenados prestam a igreja, só isso por si já responde pela, não digo necessidade, mas digo graça de Deus que é a existência dessa forma de vocação para a igreja. Creio que a igreja continuaria a existir sem padres, mas certamente que seria uma igreja muito mais carente e triste. Por outro lado, acredito que a igreja sempre precisou e ainda precisa encontrar respostas para vencer cada crise em cada época e em cada situação, e o reduzido número de sacerdotes ordenados e a enorme quantidade de católicos não assistidos é um problema bastante real. Não tenho nenhuma dúvida que esse é um dos fatores que tem acelerado bastante a valorização do trabalho voluntário dos leigos, e imagino que a força dessas necessidades atuem para o surgimento de novas formas de vocação antes não muito valorizadas na nossa igreja, como sejam o diaconato, laicato consagrado, e outras novas formas de ministérios leigos (ordenados?). Pessoalmente gostaria que o vocação de catequista recebesse uma maior atenção e os catequistas recebessem mais formação, mas isso é assunto para outra.

Tenho certeza absoluta que sua crítica veio com a melhor das intenções, vc já deu muitas mostras que ama a igreja, então peço de coração que não leve a mal o que escrevi, e nem a forma que escolhi. Saiba que esse texto que escrevi serve tb para mim.

Segue uma dica para leitura que acredito possa achar interessante e animadora: Imaginar a Igreja Católica

Paz e Bem.

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: lopessergio (IP registado)
Data: 15 de July de 2009 12:47

Ola a todos

Bem, creio que esta mais que esclarecido que ser padre não é profissão.
Quanto ao sustento, creio que o que mais escandaliza é não haver uma certa "uniformização" dos critérios. Conheço alguns Padres que vivem exclusivamente do seu trabalho Pastoral (Paroquia) e que têem uma vida humilde, quase dá vontade de lhes dar de comer pois levam uma vida muito frugal, outros há, que vivendo da sua Paroquia, apresentam bons carros, bons telemóveis e várias propriedades em seu nome. Outras há ainda que vivem do salario de professor ou outra função e que levam uma vida recatada e simples, acabam é por ficar limitados nos seus horários de atendimento.
Creio ser esta a grande dificuldade em encontrar o meio termo, por outras palavras há muitos funcionarios da Igreja e poucos Padres e isso os leigos têem muita dificuldade em entender.
Dizia-me há uns tempos um Sacerdote já gasto pela idade e pelo serviço: "perdoa-se tudo a um Padre, excepto ser agarrado ao dinheiro". como compreendo esse Padre.
Ainda relativamente à profissão, creio existir uma congregação, ou associação de Padres Operários, vou tentar saber mais e depois completo.

Cumprimentos

Sérgio Lopes

Re: Algumas questões sobre clericalismo
Escrito por: lopessergio (IP registado)
Data: 15 de July de 2009 12:57

Ola a todos

Essa Congregação existe, não como congregação mas como Instituto Apostolico, Chama-se Missão Operaria S. Pedro e S. Paulo, estão em poucas cidades, mas existem, vivem do seu trabalho assalariado na missão evangelizadora das terras em que estão inseridos.

Cumprimentos

Sérgio Lopes



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