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Mês das Almas
Escrito por: Víctor Sierra (IP registado)
Data: 30 de October de 2003 15:37

«Se não há ressurreição dos mortos, então
Cristo também não ressuscitou; e, se Cristo não
ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também
é vazia a fé que tendes»
(I Cor 15, 12-14)


Vai decorrer o mês de Novembro, religiosamente dedicado, pelos mais devotos, à lembrança e sufrágio das benditas almas dos seus antepassados.
Logo no dia 1, solenidade litúrgica de Todos os Santos, o povo enche os cemitérios, lavando e limpando campas e jazigos, adornando-os de vistosas e dispendiosas flores, acendendo lamparinas e lampiões, numa azáfama que, por vezes, se transforma em competição desmedida e pagânica.
No dia 2, dia propriamente dedicado à Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, já a corrida não é tanta, e a razão é compreensível: é dia de trabalho (se o dia não calha num domingo), enquanto que o dia 1 é feriado e, portanto, mais livre para esta piedosa devoção.
Se a festa de 1 de Novembro - tão cheia de significado e de beleza, por celebrar e honrar toda a multidão sem conta dos que já alcançaram a visão beatífica do Salvador, e com Ele habitam na casa do Pai - passa quase em branco para o vulgo dos cristãos, precisamente porque o brilho desta solenidade é obnubilado pela "romagem" aos cemitérios, já no dia 2 as igrejas e capelas ficam repletas de gente que não quer perder a missa pelos seus defuntos. Para muitos, é a sua missa de ano, já que os dias de preceito nada significam para eles. Que ao menos essa centelha de fé, que ainda vive no seu íntimo, não se apague ao primeiro sopro da indiferença, e possa um dia reavivar-se pela acção vivificadora do Espírito Divino.
Dizia um sacerdote, na sua homilia, em vésperas de Todos os Santos:

"Fazem do dia de Todos os Santos dia dos Fiéis... Quando devia ser ao contrário:
fazer do dia de Fiéis Defuntos, também, dia de Todos os Santos".

E chamava ele a atenção para tanto dinheiro gasto, nestes dias, nos cemitérios, sem qualquer sentido espiritual, quando muito desse dinheiro podia ser aplicado em obras meritórias, sobretudo para ajudar os mais necessitados (não é por acaso que decorre nestes dias o peditório da Liga Contra o Cancro), sublinhando que a esmola, essa sim, constitui um meio eficaz de sufrágio, porque sinal da caridade que a todos nos une, vivos e defuntos, e todos a Deus, que nos ama e perdoa. Infelizmente, os nossos cemitérios são transformados, por esta altura, em fogueiras de cera (?...) poluente e em «romaria» para «revista» às campas floridas, num local sagrado onde devia imperar a simplicidade, o simbolismo expressivo da fé, a espiritualidade de atitudes, o respeito, a oração de sufrágio e comunhão, a esperança alegre na vitória da Ressurreição. É por isso que a Igreja concede indulgências nos oito primeiros dias de Novembro a quem devotamente visitar os cemitérios e orar pelos defuntos, podendo as mesmas ser aplicadas pela purificação das almas, nesse estado post mortem que antecede a plenitude das alegrias celestes, e a que a Igreja chama Purgatório.
A Nova Evangelização, que o Santo Padre tanto tem desejado e recomenda, passa por um aprofundamento mais eficaz do Evangelho, da Boa Nova que é o próprio Cristo, de modo a que todas as actividades humanas sejam repassadas pelo Seu Espírito, tornando-se mais puras, mais sinceras, e despidas de tanto paganismo prático que ainda as caracteriza. Mesmo pessoas que se afirmam “religiosas”, muitas vezes não conseguem ultrapassar certos preconceitos, superstições e crendices sem consistência.
Estamos no Mês da Almas. Contudo, mês das almas não é apenas o dia 1 ou o dia 2. Nem só o mês de Novembro. Todos os meses são «mês das almas», pois, se somos cristãos, a elas devemos estar permanentemente unidos - pela Comunicação (comunhão) dos Santos, que professamos no Credo; unidos pela Fé, pelas boas obras, pela esmola, pela oração - e a oração suprema é o Santo Sacrifício da Missa, memorial e actualização dos Sagrados Mistérios da Paixão e Morte do Senhor da Vida e da Sua Gloriosa Ressurreição.
Sinto ainda a ressonância daquela citação de Santo Agostinho com que, num cemitério próximo, o sacerdote celebrante da Missa do meio dia, em Dia de Fiéis Defuntos, terminava a sua maravilhosa homilia:

«Uma flor, pelos nossos mortos, murcha; uma lágrima, pelos nossos mortos, seca; a
oração pelos nossos mortos, Deus recebe-a em Suas mãos!».


Re: Mês das Almas
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 11 de November de 2006 16:46

Estamos agora no mês das almas, em Novembro. Muitas pessoas afluem aos cemitérios. Mas pergunto-me a mim mesmo: afinal o cristianismo é uma religião de mortos ou de vivos? É um bocado desconcertante ver pessoas gastarem dezenas largas de euros em flores, quando se poderiam aplicar às pessoas que ainda vivem. Porventura necessitam os mortos das flores? Claro, que um gesto é sempre bonito, mas não será apenas para os outros verem? A mim parece-me que sim, em muita gente há uma competição qualquer para ver quem tem as campas mais belas, as flores mais bonitas... Onde ficam os entes falecidos nisto tudo? Muitas vezes penso: se alegrasse uma pessoa enquanto vive? Uma pessoa idosa que nada espera, por exemplo. As almas precisam é de orações, que rezemos verdadeiramente por eles, não de flores, que poderiam dar um pouco de alegria a quem ainda vive neste mundo.
Cunha

Re: Mês das Almas
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 12 de November de 2006 10:55

Não percebo qual é o problema em colocar flores na campa dos nossos falecidos. Não acho que seja nenhuma competição. Cada um põe as flores que quer. Acho que estás a julgar mal as coisas. Porque não podemos colocar flores nas campas e alegrar uma pessoa enquanto vive? Porque não fazer um pouco de tudo? Eu acho um gesto bonito colocar flores na campa de quem nós gostamos. Afinal eles não estão mortos. Apesar da carne estar morta, o espírito vive!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Mês das Almas
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 12 de November de 2006 21:51

Citação:
s7v7n
Não percebo qual é o problema em colocar flores na campa dos nossos falecidos. Não acho que seja nenhuma competição. Cada um põe as flores que quer. Acho que estás a julgar mal as coisas. Porque não podemos colocar flores nas campas e alegrar uma pessoa enquanto vive? Porque não fazer um pouco de tudo? Eu acho um gesto bonito colocar flores na campa de quem nós gostamos. Afinal eles não estão mortos. Apesar da carne estar morta, o espírito vive!
Subscrevo integralmente tudo o que dizes, se reparares bem, foi o que eu disse. Só alertei para a discrepância (e conheço casos, que acho mal) que têm uma espécie de orgulho doentio em mostrar que a sua campa é mais bonita, melhor que a da vizinha. Para mim, acho mais importante ajudar os outros, que vivem connosco (não os que já partiram deste mundo, pois estes necessitam das nossas orações) do que muitas vezes gastar-se balúrdios em flores, que fariam mais falta a uma pessoa pobre de recursos e que vive mal. Cá por mim prefiro dar um ramo de flores, uma flor a uma pessoa que se alegrará muito com isso (enquanto ela vive neste mundo), mas não sou contra as flores, desde que elas sejam fruto de um sentimento sincero da pessoa e da sua necessidade em se expressar. As almas, os nossos entes falecidos têm necessidade das nossas orações, da misericórdia de Deus, não das nossas flores.
Em resumo, o que disse foi o seguinte:
- Não sou contra colocar as flores nas campas, atenção;
- Sou contra a competição doentia que se gera entre certas pessoas de se fazerem mostrar;
- Sou contra gastar-se dezenas de euros num ramo de flores, quando não se aplica essa quantia em obras para o próximo;
- Mas respeito as pessoas que possam fazer isso tudo: colocar as flores, como sinal de amor sincero, mas também que fazem boas obras e ajudam o seu vizinho.
Cunha

Re: Mês das Almas
Escrito por: chuva (IP registado)
Data: 13 de November de 2006 15:19

Concordo totalmente com a opinião do Cunha.

Re: Mês das Almas
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 13 de November de 2006 15:41

Cunha,

tens toda a razão no que disseste. Uma coisa é o que fazemos de coração. Outra é o que fazemos só para seremos vistos. Estou-me a lembrar o Evangelho deste domingo passado. Lembras-te? É assim uma situação muito parecida.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho



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