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Tempo de mudança
Escrito por: M. Martins (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 11:46

Meus caros,

O caso que vou contar é verídico, e passou-se com um vizinho meu e ex- católico.

O senhor A. (chamemos-lhe assim),católico desde sempre, já há algum tempo vinha tendo "amargos de boca" relativamente ao que se ia passando na igreja.

Catequista desde há muitos anos, vinha-se quixando das dificuldades crescentes que sentia nesse trabalho. Desde a falta de respeito de alguns alunos, até à falta de respeito e a indiferença de alguns pais. Por vezes gastava do seu próprio dinheiro na compra de materiais para a catequese.

As coisas começaram a piorar, quando o padre, como todos os anos, pediu a ajuda dos catequistas para o ano que se iniciava.

Na Missa, fez a apresentação dos catequistas nos seguintes termos. (vou reproduzir de memória, pois estava presente):

- "Eis aqui os catequistas que vão trabalhar com os vossos filhos. São os melhores? -Não. Há outras pessoas que são formadas dentro da área, realmente preparadas para essa função e que foram convidadas, mas disseram não. Assim continuamos a contar com os mesmos....."

Foi mais ou menos isto o que o padre disse. No fim, o senhor A., disse-me que se sentiu de certa forma humilhado, ele, eos outros catequistas, que desde sempre foram dedicados ao ensino da catequese.,tendo-os o padre fazer passar por "refugo".

Seguiu-se um outro episódio. A filha do senhor A., esteve doente, de cama durante algum tempo, tendo o senhor A., pedido ao padre para "dar um saltinho lá a casa", a fim de dar umas palavras de conforto à sua filha. O padre disse que sim que ia quando pudesse, mas estava com o tempo bastante cheio etc. etc.

O certo, é que, felizmente a filha do senhor A, ficou boa, integrou novamente a equipa de catequistas, (ela também era catequista), e da visita do sr. padre, nem sombras. Paralelamente, o sr A, até soube que o padre, embora não tendo tempo para visitar os doentes, tinha tempo de sobra para jantar com empresários, e dava umas aulas a fim de equilibrar o orçamento. Enfim valores "mais altos" se levantavam.

A gota de água, para o sr. A., deu-se aquando duma conferência sobre a Bíblia no salão paroquial. Numa noite invernosa, o sr. A., deslocou-se no seu carro com mais quatro pessoas ao dito salão, a fim de assistir à formação. Só lá estavam ainda meia dúzia de pessoas. Entre elas estavam um jovem advogado recém- formado, com a sua esposa, professora. Também lá se encontrava um médico.

Passado algum tempo, entrou o padre com o formador, um biblista reconhecido.
O padre rompe por entre os presentes, e vai direitinho cumprimentar o sr doutor advogado e a sua exclentíssima esposa, e o dígníssimo médico, esposa e filhos etc,aos quais apresentou o conferencista.

Todas as outras pessoas presentes foram ignoradas, nem lhes sendo dadas as boas noites.

Contava-me o sr A., que já lhe fervia o sangue, e ouvia queixumes velados de outros presentes, de que o padre só "ligava" a quem era "doutor", ou a "quem tinha dinheiro".

Durante a conferência, a audiência podia expor dúvidas ou fazer comentários. O sr A., estava a fazer um comentário ao tema em causa, quando, num banco da frente o jovem advogado começou a dar ao mesmo tempo a dar a sua visão do assunto. Pois o padre, qual sinaleiro, fez ao sr A., sinal para parar, quando com um sorriso, incentivou o jovem advogado a falar.

Escusado será dizer, que no fim da conferência, o sr. A, chamou as pessoas a quem tinha dado boleia, colocou a Bíblia debaixo do braço, e aí vai ele direitinho ao carro.

No dia seguinte, o sr. A., lamentava-se, e contava-me estes assuntos, desabafando comigo.

No Domingo seguinte, o sr. A., já não foi à Missa.

Passado um mês, o sr. A., e toda a sua família congregavam numa igreja adventista.

Ontem, o sr. A., contou-me que um jovem casal, que congrega com eles na igreja adventista, queria casar-se, mas lutava com algumas dificuldades. Ela tinha ficado desempregada, e ele ganhava o ordenado mínimo. Com um brilho no olhar, o sr. A., contou como o pastor, durante a celebração, fez uma apelo a todos a fim de que se ajuda-se este casal.

E com uma alegria na voz, o sr. A., contou como uma rapariga, que trabalha numa florista, se ofereceu para pagar o ramo de flores da noiva; e em como outro ofereceu o salão da sua casa para a boda, e em como cada um contribuiu ou com dinheiro, ou com cabazes de alimentos, e mesmo como uma senhora emprestou o seu vestido de noiva. O sr A., também ajudou. Também ele e a família foram convidados para o casamento, que afinal foi feito por todos.

Disse-me ele, que nunca se sentiu tão integrado numa comunidade como ali. Constantemente, o pastor aborda os fiéis, pergunta se está tudo bem. diz o sr A., que se sente integrado como que numa das primeiras comunidades cristãs.

Para rematar, disse-me a filha do sr. A., que já há muito tempo que deveriam ter mudado. Segundo diz ela, sentem-se mais perto de Cristo.
Embora também lá hajam "doutores", são todos iguais, e são todos tratados como iguais.

CONCLUSÃO:

Esta narração, é apenas isso. Uma narração de uma história verídica, que vale o que vale. É certo que não é o padre que é a Igreja. A Igreja somos todos nós, Corpo de Cristo, do qual Cristo é a cabeça. Isto disse eu várias vezes ao sr. A.

No entanto, também eu assisto por vezes à impessoalidade das nossas celebrações, independentemente do padre. Também eu sinto a frieza que se desprende de rituais mecanizados, e da falta de comunhão ente os fiéis.

Continuarei sempre católico, pois é assim que me sinto bem. Mas sempre continuarei crítico com a fossilização de uma cúpula hierarquicamente rígida e acomodada. E a uma falta de solidariedade que os sacerdotes fazem sentir, "por falta de tempo".

Enfim, não sou ninguém para julgar. Limitei-me a compartilhar a história do sr. A., que não mais é que a história de vários homens e mulheres que vejo deixar a Igreja católica. Uns para integrarem o protestantismo, outros o adventismo, outros (e não são poucos), para integrarem os Testemunhas de Jeová, e ainda outros que deixam porque a Igreja deixou de lhes responder à sua fome de Deus.

Fica a história.

Abraços a todos, com votos de um excelente 2009

M.

Re: Tempo de mudança
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 13:43

Eu até compreendo que se sintam mais acolhidos Martins, mas os ensinamentos da Igreja são mais valiosos que qualquer padre. Não trocaria o verdadeiro ensino, pelo adventismo, até porque sou mais apologista:"olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço",( "porque aquilo que eu faço, não é aquilo que eu quero fazer",como diria S. Paulo).

O seu amigo tentou falar com o padre, ou com o bispo?

a Ígreja é muito grande, podia ir à missa noutra paróquia, dar catequese noutra paróquia, sei lá a Igreja é muito grande.



Editado 1 vezes. Última edição em 02/01/2009 13:46 por vitor*.

Re: Tempo de mudança
Escrito por: M. Martins (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 14:59

Olá Victor. Também sou da sua opinião. Os verdadeiros dons vêem de Deus e não dos homens. E eu não fui o suficientemente convincente (ou competente), nas minhas tentativas para o fazer ver o "lado positivo" da Igreja Católica.

Pela minha parte, fiquei triste, pois perdeu-se um excelente elemento. Essa pessoa era uma das mais dinâmicas e entusiastas do lugar. Uma excelente referência. Os jovens a quem ele dava crisma tiveram muita pena de ele ter saído.

Penso que o que falhou, foi a dimensão humana (ou a ausência dela). Muitos fiéis apresentam as mesmas queixas que o sr. A., apresentava. No entanto a maioria das pessoas conforma-se com o "status quo". O sr. A., não se conformou. Até porque somos todos humanos, e todos vivemos também de afectos.

Assim o sectarismo do padre, as suas opções e a sua deficiente acção pastoral, acabaram por esmorecer algumas pessoas, que não viam os exemplos dados por quem os devia dar.

Assim se vai esvaziando a igreja, restando os mais velhos.

O que me segura à Igreja é Cristo. Nunca foi o padre. Mas o padre não se pode demarcar de uma acção pastoral que deveria ser imitação de Cristo, e pela Sua opção pelos mais pobres e desfavorecidos.

Felizmente, no nosso lugar não temos (aparentemente), entre os fiéis alguém pobre (no sentido material, claro). Mas temos um pastor que apascenta "mais e melhor" umas ovelhas em detrimento da grande maioria. Apresentem-lhe alguém com um título, e é vê-lo a derreter-se todo com o "senhor doutor". Apresentem-lhe alguém rico, e é vê-lo de olhos a reluzir.

Enfim...

Quanto ao meu amigo, já nada o demove da sua opção. Sente-se feliz. E isso, é uma razão de peso.

Abraço

M.

Re: Tempo de mudança
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 15:03

Há um provérbio que diz:
"A quem muda Deus ajuda."

*=?.0

Re: Tempo de mudança
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 16:29

E Martins não é falta de competência sua, anime-se, eu provavelmente teria o mesmo sucesso. Quando uma pessoa quer mudar muda.

Entre o adventismo e o catolicismo vai uma pequena grande diferença, por isso é que estranho que pessoas se adaptem facilmente. Quando chegasse à hora de comer o pão vindo do céu, que é Jesus Cristo, Deus deste mundo e dos céus e me dissessem que afinal Aquilo que eu estava a comer não era o pão, vindo do céu, não era o corpo de Cristo, mas a representação do corpo de Cristo, eu estranhava e vinha-me embora. Essa é uma pequena grande diferença, que faz toda a diferença.

E esta é só uma das grandes diferenças, mas há outras, que se calhar nem o seu amigo conhece.

Há excelentes padres a servir a Igreja e acho até, que não é dificil encontrá-los.



Editado 1 vezes. Última edição em 02/01/2009 16:30 por vitor*.

Re: Tempo de mudança
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 16:38

Eu penso de maneira diferente. Não é preciso ser-se Dr. para se lidar com padres. Eu tenho alguns padres amigos...
Também aqui alguns falam que o padre não lhes liga, ou porque liga mais a outros. Presumo que um padre não pode agradar a todos, é a questão! Tivemos um padre na nossa igreja, esse era único. Esse andava sempre atrás dos mais pobres e daqueles que se queriam afastar da igreja; ia sempre ao encontro deles. Ele construi-nos uma igreja e manteve-a sempre cheia.

Re: Tempo de mudança
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de January de 2009 16:45

Podem ver aqui: [www.srcoronado.com]

Re: Tempo de mudança
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 06 de January de 2009 13:57

Vocês desculpem lá, parece que vou começar o ano em contra-maré, mas depois de ler a história do senhor A. só me apetece dizer: só fazem falta os que cá estão!

Esse senhor confundiu a Igreja com a igreja da paróquia dele? Confundiu Deus com o pároco? O padre era um cretino? Pois tivesse-lhe dito das boas, que merecia ouvi-las. E depois tivesse feito uma exposição dos factos ao bispo.

As pessoas eram ingratas e pouco dadas? Parasse de fazer as actividades que fazia e procurasse outra paróquia, mais afável. Se encontrou outra confissão a que se juntar, não devia ter falta de outras paróquias para procurar. Ou julga ele que boas pessoas só as há na nova congregação a que pertence?

Querem exemplos de abnegação e generosidade em paróquias católicas? Não faltam por aí. Em todo o lado há pessoas boas e más, generosas e ruins, padres imbecis e padres fantásticos...

Será que quando acabar a lua-de-mel com a nova confissão ou se de repente mudarem o pastor e o novo não for tão dado, irá mudar novamente?

Enfim... Convicções...

Cassima



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