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Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Julio Cesar Simoes (IP registado)
Data: 02 de August de 2009 07:05

Sou brasileiro, fiquei feliz em saber que um dos padres aí é brasileiro. Sou católico e vejo, com tristeza, o número de protestantes (aqui no Brasil chamamos de "crentes") cresce de maneira assustadora e a grande maioria porque a Igreja Católica não os quis aceitar.
Um exemplo: Um casal onde um deles não é católico tem filhos, mesmo que o cônjuge católico queira levar as crianças para a Igreja, as crianças não serão batizadas se os pais não casarem na Igreja (e o cônjuge não católico não quer), assim as crianças que seriam entregues a Deus SÃO MANDADAS EMBORA, isso para mim é sérissimo, a própria Igeja tem-se esvaziado. Existem muitas outras situações o rebanho tem diminuído quando deveria aumentar.
Um homem que matou outro e arrependeu-se pode receber os sacramentos da Igreja. Um bom paroquiano que casou e "arrependeu-se" não pode casar novamente e se por acaso se unir a uma mulher, seus filhos não serão aceitos na Igreja.
A Igreja só será forte (e o nosso Papa bem sabe disso) se o rebanho for grande não se tiver dólares ou euros.
Desculpe se de algum modo ofendi alguém, mas penso sempre no que é ser católico, no amôr a Deus e ao próximo, e penso em como age a Igreja... Isso me preocupa. Serei católico até o fim da minha vida e o que posso fazer, por enquanto, é rezar para que a Igreja encontre o caminho. As ovelhas conhecem seu pastor, o pastor não pode virar as costas para elas. Quando Jesus perguntar ao pastor: "Onde estão minhas ovelhas?" O que o pastor vai responder? Que perdeu? Que mandou embora?
A crise da Igreja é muito maior que dólares ou euros...

RE: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: jose1980pinto (IP registado)
Data: 04 de August de 2009 13:58

Algumas explicações possíveis:

- resposta tardia ao darwinismo e na aceitação da ciência como principal meio de explicar os fenómenos, ou seja, o conhecimento empírico, ao mesmo tempo que se santificavam ou beatificavam pessoas cujos "milagres" poderiam ser facilmente postos em causa

-a crescente escolaridade das pessoas conflita com muitos dos ensinamentos e acontecimentos bíblicos que apesar de metafóricos foram entendidos desde sempre como factos reais

- a exclusividade do sacerdócio ao sexo masculino e a proibição do casamento ou união (heterossexuais) dos mesmos, negando a própria natureza, não se alicerça em qualquer escritura sagrada

- o apoio a regimes militares ou fascistas durante todo o século XX

- o não acompanhamento da própria sociedade que tende hoje a individualizar a religião, criando cada um as suas próprias normas e regras porque a autoridade do vaticano tem-se revelado nula por causa de posições contra a pílula ou preservativo que chocam até com a prática da maioria dos que se afirmam católicos

- Ao contrário dos judeus que respeitam na íntegra o sabath a igreja não tomou posições firmes contra o trabalho ao domingo


Mas a crise não é propriamente da Igreja, a crise é do próprio homem. E a primeira não existe sem o segundo.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: nick (IP registado)
Data: 04 de August de 2009 17:03

Os 2 primeiros pontos parece-me ter mais a ver com uma visão popular que com a realidade, a nível popular atribuem-se posições à igreja que são mais da religiosidade popular que propriamente da igreja.

O mesmo vale para o 4º ponto, desde o concilio vaticano II que a igreja tem sido muito critica das ditaduras

o 6º ponto, trabalho ao domingo é irrelevante.

A exclusividade do sacerdocio para o sexo masculino, a posição sobre o planeamento familiar e sobre o divórcio têm um peso significativo, mas a igreja deve procurar antes a fidelidade ao Evangelho que ser numerosa. O individualismo crescente é crucial, cada um tende a fazer uma religião à medida, mas isso sempre foi a raiz da idolatria.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Julio Cesar Simoes (IP registado)
Data: 05 de August de 2009 07:37

Muitas vezes encontro nas discussões de diversos fóruns afirmativas que a aceitação da fé está diretamente ligada ao grau de cultura do homem. Então eu pergunto: Sabe me dizer quanto tem que estudar um Padre? Sabe quantos padres do Vaticano pesquisam todo tipo de ciência? Sabe que a maior biblioteca do mundo está no Vaticano?
Fosse o conhecimento humano responsável pela falta de fé o Vaticano não existiria.
O Sábado do Senhor. De acordo com o Levítico 23,3 "É o repouso consagrado ao Senhor..." Tem bastante protestante querendo ser judeu, que mudou o sábado para domingo (segunda-feira é o segundo dia como o próprio nome diz) e faz uma interpretação forçosa: "consagrado ao Senhor" - seu dia de descanço TÊM que ser decicado ao Senhor, quando, na verdade, Deus deu um presente aos homens de Israel, tirados da escravidão por Moisés, trabalhando TODOS os dias de sua vida, desde a tenra idade para o Faraó. Desde então, até hoje, o dia de descanço dos judeus é respeitado em todo o mundo por todas as culturas. Apenas isso, um dia de descanço...

Re: RE: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 05 de August de 2009 11:17

Citação:
jose1980pinto
Algumas explicações possíveis:
- resposta tardia ao darwinismo e na aceitação da ciência como principal meio de explicar os fenómenos, ou seja, o conhecimento empírico, ao mesmo tempo que se santificavam ou beatificavam pessoas cujos "milagres" poderiam ser facilmente postos em causa

Se fosse uma explicação possível não se assistiria ao aumento do número de denominações evangélicas que pregam a literalidade bíblica, com toda a magia associada.

Citação:
jose1980pinto
-a crescente escolaridade das pessoas conflita com muitos dos ensinamentos e acontecimentos bíblicos que apesar de metafóricos foram entendidos desde sempre como factos reais

Mas o que se observa é que quanto mais informação disponível existe, maior é o grau de iliteracia. E novamente temos o problema da expansão das denominações evangélicas. Ela não se dá nas populações de idosos do interior, mas nas zonas urbanas e com escolaridade média.

Citação:
jose1980pinto
- a exclusividade do sacerdócio ao sexo masculino e a proibição do casamento ou união (heterossexuais) dos mesmos, negando a própria natureza, não se alicerça em qualquer escritura sagrada

Aqui acredito que haja menos jovens a seguir o sacerdócio devido a esse impedimento.

Citação:
jose1980pinto
- o apoio a regimes militares ou fascistas durante todo o século XX

Então como explicar casos como o do Abbé Pierre, Dom Hélder Câmara, Dom Pedro Casaldáliga e Monsenhor Oscar Romero?
Será válido dizer que o Vaticano é marxista? hehehe

Citação:
jose1980pinto
- o não acompanhamento da própria sociedade que tende hoje a individualizar a religião, criando cada um as suas próprias normas e regras porque a autoridade do vaticano tem-se revelado nula por causa de posições contra a pílula ou preservativo que chocam até com a prática da maioria dos que se afirmam católicos

A individualização é um traço da sociedade actual, mas aí a igreja é uma espaço privilegiado para apelar aos valores que nos tornam seres comunitários, solidários.

A contracepção tem sido de facto uma área onde a prática vira as costas ao discurso oficial da igreja. Há aqui um desfasamento que tem de ser muito bem ponderado e não é com teimas que se avança.


Citação:
jose1980pinto
- Ao contrário dos judeus que respeitam na íntegra o sabath a igreja não tomou posições firmes contra o trabalho ao domingo

Nenhum judeu mesmo?!? Estranho pois ser judeu nem implica ser-se crente. Em Israel há imensos judeus ateus, católicos, protestantes...
É um perfeito disparate. Todos os dias são do Senhor, não apenas Domingo ou Sábado. Cristão decente não vira mais santo no Domingo, pois tem Deus presente em todos os seus actos e pensamentos. O louvor a Deus deve ser diário e constante.


Citação:
jose1980pinto
Mas a crise não é propriamente da Igreja, a crise é do próprio homem. E a primeira não existe sem o segundo.

Ah pois... acontece que dizer mal da igreja católica é, para alguns, um fetishe. Tal como para outros é falar mal de Lisboa ou do Benfica.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: RE: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 05 de August de 2009 13:47

Como há muita publicidade a várias religões as pessoas ficam confusas e não sabem o que querem.

Re: RE: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 05 de August de 2009 15:53

Citação:
Isabella
Como há muita publicidade a várias religões as pessoas ficam confusas e não sabem o que querem.

Ora ai está uma mensagem esclarecedora. Sim Senhora. Muito obrigada.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: RE: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 06 de August de 2009 20:45

Citação:
Julio Cesar Simoes
"...Sabe quantos padres do Vaticano pesquisam todo tipo de ciência? Sabe que a maior biblioteca do mundo está no Vaticano?"

Muito importante...

A maior biblioteca...nem se esperaria outra coisa...muitos documentos que a Humanidade deve ignorar...muita informação que permanecerá oculta...muito conhecimento...muita sabedoria...

Seria o assalto mais espectacular...ao tesouro escondido, aos documentos ocultos do Vaticano... :D isto não sou eu a incentivar ao roubo e profanação...quer dizer...uh uhhh seria o máximo...seria uma viagem no tempo...hahaha



Editado 1 vezes. Última edição em 06/08/2009 20:49 por Anori.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: meira (IP registado)
Data: 06 de August de 2009 23:38

Citação:
Julio Cesar Simoes
Um exemplo: Um casal onde um deles não é católico tem filhos, mesmo que o cônjuge católico queira levar as crianças para a Igreja, as crianças não serão batizadas se os pais não casarem na Igreja (e o cônjuge não católico não quer), assim as crianças que seriam entregues a Deus SÃO MANDADAS EMBORA, isso para mim é sérissimo, a própria Igeja tem-se esvaziado. Existem muitas outras situações o rebanho tem diminuído quando deveria aumentar.
Um homem que matou outro e arrependeu-se pode receber os sacramentos da Igreja. Um bom paroquiano que casou e "arrependeu-se" não pode casar novamente e se por acaso se unir a uma mulher, seus filhos não serão aceitos na Igreja.
o filho desse casal seria católico só por ter sido batizado quando nenê? ou o conjuge que não quis nem casar na Igreja não iria incutir nele sua própria religião e afasta-lo da Igreja?

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: meira (IP registado)
Data: 06 de August de 2009 23:39

Se a Igreja batizasse essa criança que dificilmente seria educada como católica, iriam acusar o padre de agir por dinheiro...

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: meira (IP registado)
Data: 07 de August de 2009 23:27

[quote meira][quote Julio Cesar Simoes] Um homem que matou outro e arrependeu-se pode receber os sacramentos da Igreja. Um bom paroquiano que casou e "arrependeu-se" não pode casar novamente e se por acaso se unir a uma mulher, seus filhos não serão aceitos na Igreja.
[/quote]
Matar é um pecado; casamento é sacramento. Há uma grande diferença, não?

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 08 de August de 2009 01:08

Uma senhora casada cá do bairro há dois anos errou cometendo infidelidade. Durou apenas duas semanas. O marido não a deixou, mas a partir dai as discussões começaram, não há mais confiança. Agora ele vive em casa com a mulher e tem uma amante mesmo à vista de todos e diz à mulher que foi ela quem começou. A mulher diz, mas foi só duas semanas e tu já andas com ela há um ano. eheehehehe. Estes são ambos católicos. Se a igreja ou os padres lhe perdoaram, o marido não!

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Julio Cesar Simoes (IP registado)
Data: 08 de August de 2009 05:12

Tenho dentro de mim que um sacramento deveria ser uma benção, não um castigo...
Comparei o assassino com o casal que quer a separação pois acreditei que, como católicos, poderiamos perdoar tanto um como outro...
Acreditei que qualquer criança, fossem os pais de que religião fosse, seriam recebidas dentro da Igreja com alegria e de braços abertos...



Editado 1 vezes. Última edição em 08/08/2009 05:13 por Julio Cesar Simoes.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: meira (IP registado)
Data: 08 de August de 2009 23:51

Citação:
Julio Cesar Simoes
Tenho dentro de mim que um sacramento deveria ser uma benção, não um castigo...
Comparei o assassino com o casal que quer a separação pois acreditei que, como católicos, poderiamos perdoar tanto um como outro...
Acreditei que qualquer criança, fossem os pais de que religião fosse, seriam recebidas dentro da Igreja com alegria e de braços abertos...
Tratam-se de coisas bem diversas; o pecador se arrepende para se reaproximar de Deus e tentar se afastar do pecado. O casado muda de idéia e desiste de seu casamento, por uma razão ou outra.
Qualquer pessoa pode ser recebida na Igreja, desde que queira vivenciar coerentemente a fé cristã; a questao do batismo a que tanto você se apega é que a criança em questão não seria educada como católica, já que um dos conjuges é tão apegado a suas convicções particulares que sequer admitiu casar na Igreja; portanto não iria dar uma formação cristã a seu filho. O problema é que muita gente hoje pensa que a Igreja, em vez de ser a Casa de Deus, é um buffet, onde se vai para promover belas festas.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Julio Cesar Simoes (IP registado)
Data: 09 de August de 2009 01:22

É Meira, seu pensamento deve estar certo!
Minha mãe é espírita, meu pai não frequênta igrejas, fui batizado porque meus padrinhos eram católicos. Meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha 3 anos de idade, fui na casa de meus padrinhos umas 10 vezes antes deles morrerem... Na escola em que comecei estudar tinham aulas de catecismo, a frequência era apenas para quem queria, fui as aulas de catequese e fiz minha primeira comunhão na mesma igreja que fui batizado, não tinha ninguém da minha família na minha primeira comunhão, fui sozinho, ainda não tinha 10 anos de idade... Antes dos 15 anos de idade fiquei muito doente do pulmão e ná época (1975) ainda mandavam para o interior (sou de São Paulo) quem tinha problemas desse tipo. Adolescente e sozinho, poderia fazer o que quisesse e fiz: ia na missa quase todos os dias, participava do grupo de jovens, grupo mariano, vigílias, cantava no coral, fazia leituras na missa, fazia óstias, ajudava a lavar a igreja para missas importantes, cartazes sobre os eventos religiosos e fiz minha crisma numa cidade chamada Paraibuna, interior de São Paulo. Na época da faculdade fui para o seminário na recém criada Diosese de São José dos Campos, que abrangia a cidade de Paraibuna. Dom Eusébio Oscar foi o primeiro Bispo designado para a Diocese (hoje ele está no Estado de Santa Catarina). Você está certo no seu pensamento Meira, Dom Eusébio me chamou e disse que eu não poderia me ordenar porque meu pai e minha mãe, sendo separados, eu não poderia dar o exemplo da família na missa...
Sou católico e vou morrer católico, tenho hoje 48 anos e ainda espero que esse tipo de pensamento com relação as crianças de pais não católicos e as outras pessoas que querem os sacramentos mude para que eu me ordene, até lá eu apenas rezo e espero...

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 09 de August de 2009 02:12

Citação:
Julio Cesar Simoes
Dom Eusébio me chamou e disse que eu não poderia me ordenar porque meu pai e minha mãe, sendo separados, eu não poderia dar o exemplo da família na missa...

Dá até vontade de bater. :(
Mas as coisas agora estão diferentes, certo? Por favor digam que sim, porque isto é demasiado horrível.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: meira (IP registado)
Data: 09 de August de 2009 22:49

César, não havia necessidade da ironia em tua resposta. Apenas tentei manifestar minha discordância. Lamento se te ofendi de alguma forma, mas continuo discordando de tuas opiniões. quanto à questão dos casados "arrependidos" queria lembrar Marcos, 10, 2-12:
2. Chegaram os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.
3. Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"
4. Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."
5. Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;
6. mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
7. Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;
8. e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu."
10. Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.
11. E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.
12. E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
Para mim parece bem claro a objeção de Jesus ao divórcio. Ma pode ser que no teu seminário tenhas estudado algum teólogo alemão ou holandês que interprete as palavras de Jesus de outra maneira, de modo a afastar a interpretação literal. Queria também lembrar que mesmo a Igreja Anglicana, extremamente liberal, não aceita casar divorciados, tanto que recentemente o Princípe Charles e sua nova esposa tiveram de se contentar uma benção religiosa mais ou menos informal.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Ricardo Figueiredo (IP registado)
Data: 14 de August de 2009 18:00

Caros amigos,

Sobre este tema, proponho a leitura de um livro muito interessante "A Fé em Crise? O Cardeal Ratzingerr se interroga", é uma entrevista do jornalista Vittorio Messori ao Cardeal Raztinger (ainda só encontrei em Português do Brasil).
O então Cardeal expõe claramente como deve ser lido o Concílio, a Tradição, a Escritura. Faz uma análise incisiva da Igreja. Um livro interessante mas pouco falado.

Em Xto,
Ricardo F.

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 28 de September de 2009 13:49

Não será este o melhor tópico para este assunto, mas também não é descabido de todo...

Fui ter a um fórum por puro acaso. Mas deparei-me com este tema que acabou por me prender a atenção. Tudo começa com um indivíduo exaltado (e que não mede as palavras que escreve) por causa do baptismo de um neto. Da discussão que se segue aparece tudo: o papel dos padrinhos, o casamento, o celibato dos padres, ateísmo, religião de fachada, preconceitos, etc., etc., e alguns participantes com bastante bom senso e bem informados, ou sabendo procurar a informação (não obrigatoriamente ou particularmente religiosos).

O interessante é descobrir como a discussão da religião se vai metendo em todos os aspectos da vida, mesmo num fórum dedicado aos automóveis e afins. Deste facto já me tinha dado também conta disso num fórum de genealogia, onde encontrei algumas discussões acaloradas sobre religião. Com exactamente as mesmas vertentes em jogo: ataque, desconhecimento, preconceito e igualmente sensatez e informação à mistura.

Cassima

Re: A Igreja em crise? Porque?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 30 de September de 2009 20:17

CATÓLICOS QUE DISCORDAM DA IGREJA. CATÓLICO?

O padre John McCloskey,ganhou notoriedade por ter convertido ao catolicismo membros influentes da elite política americana, tradicional reduto de protestantes.Chama a atenção por sua trajetória. Economista,abandonou um emprego promissor em Wall Street para se ordenar padre, em 1981.



Por que um protestante abriria mão de sua religião para se converter ao catolicismo?


Porque é crescente o número de protestantes que compartilham os valores morais da Igreja Católica. São cristãos que acreditam na Bíblia, nos dez mandamentos e têm laços pessoais com Jesus Cristo. Se muitos protestantes e evangélicos simpatizam hoje com a Igreja Católica, isso se deveu basicamente ao papa João Paulo II. Ao longo de seu pontificado, João Paulo II insistiu na defesa dos valores da Igreja Católica, o que inclui a condenação do aborto, do divórcio e do controle de natalidade.


As posições conservadoras da Igreja costumam ser citadas como fatores que afastam o fiel do catolicismo. Por que o senhor acredita que o fenômeno inverso ocorra nos Estados Unidos?


É um fenômeno interessante. Muitos católicos que não conheciam a própria fé deixaram a Igreja e se tornaram evangélicos. Ao mesmo tempo, evangélicos mais esclarecidos fizeram o caminho inverso, como um senador americano e centenas de pastores protestantes. Eles sentiram-se atraídos pela antiguidade da fé católica, com seus 2.000 anos de história. A Igreja Católica tem sacerdotes, o papa, a tradição dos grandes santos, a arte, a cultura, a literatura. Enfim, tem uma carga que não se vê em outras religiões. Os protestantes são cristãos. Mas compartilham apenas uma parte da verdade, de acordo com o ponto de vista dos católicos.


O senhor concorda que boa parte dos católicos discorda da posição oficial da Igreja em assuntos como controle de natalidade e divórcio?


A posição do papa sobre divórcio, aborto, controle de natalidade não pode mudar, pois está ligada ao que é a Igreja Católica. A Igreja propõe a verdade a seus fiéis, não impõe. Se alguém não quiser pertencer à Igreja, está livre para sair. Note que a Igreja Católica não é uma democracia. É uma instituição divina que não pode ser questionada. Ao ser criada, tinha apenas doze apóstolos. Hoje chega a 1 bilhão de fiéis - e isso sem que precisasse mudar suas opiniões, baseadas na ressurreição divina e na palavra de Jesus Cristo. Concordo com a tese de que é preferível ter um rebanho menor de católicos, mas fiéis aos princípios e às normas da Igreja, a mudar as regras apenas para arregimentar mais seguidores.


É mais difícil converter um ateu ou alguém que já tem uma religião?


Converter o ateu, sem dúvida. Mas cada um tem sua própria história e sobretudo uma graça que o impele a buscar o catolicismo. É o caso de um médico conhecido por praticar abortos, que era ateu e foi convertido. Há também casos de judeus que ajudei a converter. Mas todos eles sabem que a conversão exige sacrifícios em muitos sentidos. Alguns fizeram a opção em questão de meses. Outros levaram anos. Não há uma receita pronta, é uma questão de graça e de boa vontade da pessoa que está se convertendo à fé católica.


O senhor causou muita polêmica ao qualificar de "protestantes" as correntes dentro da Igreja Católica que discordam das determinações do Vaticano. O que o senhor quis dizer com isso?


Nos Estados Unidos, mais do que em outros países, há um grande número de pessoas que se dizem católicas, mas não concordam com os ensinamentos doutrinários e morais da Igreja. Isso me parece confuso. A definição de um protestante, desde a Reforma, tem sido a mesma: é aquele que é cristão, mas não está de acordo com certos ensinamentos da Igreja Católica. As principais divergências se dão em relação a temas como o divórcio, o aborto, a homossexualidade e a ordenação de mulheres. Não se trata de estar de acordo ou não com esses temas - trata-se de uma questão de fé. Se você acredita na Igreja Católica, tem de se entregar totalmente às causas defendidas pela Igreja. A tendência nos próximos anos é de que desapareçam essas pessoas que se dizem católicas, mas na prática não o são.


É possível ser um católico não-praticante, ou isso é uma contradição?


Sempre existiram na Igreja os católicos não-praticantes, que são aqueles que não estão cumprindo as leis morais que norteiam a Igreja. Ou seja, culpam a Igreja, mas não culpam a si mesmos. A Igreja sempre foi formada de pecadores. Sempre há a possibilidade de você confessar seus pecados e voltar à Igreja. Mas sempre me pareceu uma contradição essa pretensão de ser católico sem acreditar no que a Igreja ensina.


O que o senhor diria ao pai de uma criança que foi abusada sexualmente por um padre?


Diria que isso é uma vergonha, um crime, algo que não pode acontecer nunca. Certamente ofereceria minha solidariedade, pois é um dos piores crimes que um sacerdote pode cometer. Não há desculpa que justifique isso.


O que o senhor acha da atitude da Igreja, que, em lugar de expulsar, tentou proteger os sacerdotes pedófilos?


Penso que os bispos agiram de boa-fé. Eles estavam seguindo conselhos dos médicos que acreditavam que seria possível tratar os padres que molestaram menores. Hoje, ficou claro que essa atitude foi um grave erro de julgamento pelo qual as vítimas, os bispos e toda a Igreja Católica americana pagaram um alto preço. Mas estou pensando no futuro, não no passado. O mais importante é estabelecer regras claras para que crimes como esses não mais ocorram. Acho que os padres envolvidos nesse escândalo deverão ser punidos pelas leis da Igreja. Quanto à Justiça civil, não há o que especular. Ninguém está acima da lei, e alguns padres já estão cumprindo pena atrás das grades.


As pesquisas mostram que a maioria dos católicos americanos acredita que os padres deveriam ter o direito de casar-se. Qual sua opinião sobre o celibato?


Acho difícil uma mudança no celibato, tradição que remonta aos apóstolos e que a maioria dos sacerdotes ainda apóia. Os que defendem o fim do celibato são grupos pequenos e barulhentos, que se dizem católicos liberais. Estão se aproveitando desse momento de crise na Igreja para tentar impor suas idéias. Talvez seja o último grito antes da morte, pois boa parte desses ativistas tem mais de 70 anos. Nos últimos 35 anos, eles têm esperado mudanças profundas na Igreja, e tudo continua igual. Nada mudou, e nada vai mudar. Os sacerdotes jovens, em sua maioria, apóiam a manutenção do celibato. Vale lembrar que todos os padres assumem um compromisso ao optar pela vida religiosa. Acho perda de tempo discutir a possibilidade de mudar essa regra, pois isso não vai ocorrer. O celibato é um símbolo de devoção a Jesus Cristo.


Por que há tantos casos de pedofilia no clero católico?


Não há muitos casos. Desde 1964, menos de 2% dos 40.000 sacerdotes envolveram-se nesse tipo de crime. De qualquer forma, os escândalos geraram a pior crise na história da Igreja Católica nos Estados Unidos. Trata-se de uma boa oportunidade para realizar mudanças importantes. Em primeiro lugar, é imprescindível uma ampla reforma nos seminários. Ou seja, melhorar a seleção, a formação e o treinamento dos futuros sacerdotes. Eles precisam demonstrar completa lealdade aos ensinamentos da Igreja, principalmente no que se refere à sexualidade e ao matrimônio. Com isso, haveria uma diminuição dos casos de pedofilia e do êxodo de padres que deixam o sacerdócio para se casar.


Isso é suficiente para consertar os estragos causados pelos escândalos?


Há outros desafios para a Igreja Católica americana. Mais da metade dos católicos daqui têm origem hispânica. Precisamos assegurar que eles, em sua maioria imigrantes, continuem fiéis à Igreja Católica. Isso suscita uma questão fundamental: é necessário aumentar o número de sacerdotes que falam espanhol nos Estados Unidos. Isso deveria ser um requisito básico para os padres, principalmente os jovens. Só os filhos ou os netos dos imigrantes vão conseguir falar fluentemente o inglês.


O senhor costuma repetir que a Igreja Católica só será revitalizada se retornar às raízes. O que significa isso?


Significa manter estrita fidelidade aos ensinamentos doutrinários e morais da Igreja, que são perpétuos e necessários para a salvação. Esses ensinamentos são passados pelo clero, por meio de concílios e encíclicas, e são imutáveis. É preciso deixar claro que alguns temas estão fora de discussão, apesar da insistência de algumas pessoas em querer debatê-los. A Igreja nunca vai rever sua posição de temas como contracepção, aborto, divórcio ou a participação de mulheres no sacerdócio. Para ela, qualquer pessoa - homossexual ou heterossexual - não deve exercer sua sexualidade exceto dentro do casamento. Como um homossexual não pode casar-se, tem de se manter casto. Todo católico deve submissão ao que a Igreja propõe como necessário à salvação.


A Igreja Católica brasileira perdeu milhões de fiéis nos últimos anos para seitas evangélicas. Por quê?


O que ocorreu no Brasil é muito semelhante a um fenômeno registrado nos Estados Unidos. Muita gente abandonou a Igreja, mas não perdeu a fé. A maioria passou a ter um laço mais pessoal com Jesus, lendo a Bíblia. Não tenho elementos para analisar o que aconteceu no Brasil, mas acredito que a migração de católicos para as seitas evangélicas não deverá prosseguir pelos próximos anos. A história da Igreja Católica é repleta de altos e baixos. Na época da Reforma, houve grande perda de rebanho. Mas, logo depois, surgiu um novo período de acolhimento de milhões de novos fiéis. Talvez esse movimento em relação às seitas evangélicas seja resultado da falta de investimento na evangelização. É algo que podemos recuperar no futuro.


Muitos sacerdotes brasileiros consideram a ação social mais importante que a missão mística. Qual missão deveria prevalecer?


O mais importante é pregar o Evangelho e prover os sacramentos aos fiéis. Ou seja, o clero não deve interferir em assuntos políticos. Sou a favor de justiça social, mas quem deve se mobilizar são os leigos, que, para isso, contam com a formação cristã e os ensinamentos da Igreja. Aqui nos Estados Unidos não existe esse tipo de conflito, pois o clero católico não se envolve em política. Isso é coisa do passado. O clero existe para servir aos fiéis, e não para governá-los.


O senhor acha uma boa estratégia promover o catolicismo com música e shows, como fazem alguns padres católicos?


Existem muitos meios modernos de atrair mais pessoas para a fé católica. Se o padre que recorre a eles é obediente a seu bispo e está levando a palavra de Cristo e os ensinamentos da Igreja de maneira correta, não vejo nenhum problema.


18/09/2009
Autor: Pe. John McCloskey
Fonte: Revista Veja

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