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Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 22 de October de 2008 12:12

O blogue «O Inimputável» traz hoje um «post» que me deixa, no mínimo, surpreendido, a propósito de um «sketch» do Gato Fedorento no «Zé Carlos».

Diz assim:
Citação:
Gatos Fedorentos ridicularizam católicos


Chegou ao nosso conhecimento que no programa “Zé Carlos” dos Gatos Fedorentos, a propósito do computador Magalhães, foi realizada uma sátira de mau gosto de contornos claramente ofensivos para os católicos, achincalhando símbolos religiosos e satirizando despudoradamente a Eucaristia. Ou seja, neste caso foram ultrapassados claramente os limites do tolerável em democracia. Deste modo, apresentamos o vídeo para que possam visionar e fazer a vossa avaliação.

Caso pretendam legitimamente protestar e manifestar a vossa indignação, poderão fazê-lo através do site da Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Aqui fica o link.

É claro que a sátira usa símbolos religiosos e o Gato Fedorento tem no currículo algumas alfinetadas pouco simpáticas aos católicos ou a alguns dos seus representantes e símbolos, mas dizer que este «sketch» ridiculariza os católicos é, a meu ver, uma triste manifestação de iliteracia. Não faltam na caixa de comentários magnos alertas de perseguição e jacobinismo primário.

Nos comentários evoca-se, por exemplo, um famoso «sketch» do Herman José, uma rábula à Última Ceia [aqui, aqui e aqui], que suscitou acesas reacções. Mas, enquanto que no «sketch» do Herman o objectivo era directamente uma paródia ao texto evangélico, no «Zé Carlos», o objecto do «sketch» não é um elemento religioso, limitando-se a ser uma metáfora ao serviço de um objecto de tipo político. Podemos criticar o uso desta metáfora, mas dizer que isto é um modo de ridicularizar os católicos parece-me muito exagerado.

Por isso, comentei assim o dito «post»:

Citação:
Muito me supreende este «post»!

Concordo plenamente com o Anónimo das 11:05. Também eu sou católico e não vejo no «sketch» uma forma de ridicularizar os católicos, mas simplesmente uma forma de ridicularizar as acções de formação a propósito do Magalhães, associadas aqui a uma espécie de «liturgia» do regime, uma nova «religião».

Francamente, parece-me muito exagerada a leitura do «post» e de alguns dos comentários.

Fico com a impressão que estes «posts» indignados dão, sim, ocasião para ridicularizar a iliteracia de tantos católicos. Portanto, ficámos mais vulneráveis... Desnecessariamente.

Alef



Editado 2 vezes. Última edição em 22/10/2008 12:25 por Alef.

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 22 de October de 2008 13:49

Não vi esse sketch e agora não posso vê-lo (mais tarde o farei).

Mas talvez esses comentários sejam já uma reacção ao facto da Igreja Católica e o Catolicismo serem frequentemente desrespeitados e ridicularizados, enquanto pelos mesmos que o fazem, se vêem manifestações de respeito quase ao absurdo por outras religiões ditas minoritárias. Quando as pessoas se fartam, podem cair no extremo de ver em qualquer coisa um ataque.

Isso não acontece apenas aqui. Senão, de que forma devemos ver a notícia do Diário Digital em que a BBC se preocupa com os sentimentos dos muçulmanos mas não manifesta a mesma sensibilidade com as outras religiões, nomeadamente a católica?!

E que dizer da fotomontagem do papa Bento XVI com uma suástica?!

Muitos católicos mais ou menos brincam com aspectos da nossa religião. Há sempre uma anedota a aparecer, ou um aspecto mais caricato que pode levar ao sorriso. Eu confesso que me rio sempre da anedota em que S. Pedro se afunda no mar e Jesus diz aos outros discípulos que lhe ensinem o caminho de pedras debaixo da água.

Mas ter sentido de humor não quer dizer que se ature tudo. E como há quem exagere no ataque, há quem exagere na defesa...

Cassima



Editado 2 vezes. Última edição em 22/10/2008 13:50 por Cassima.

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 23 de October de 2008 13:33

Ontem vi o sketch.

Concordo com o que o Alef escreveu. O alvo não era a Igreja Católica. Mas acho que foi desrespeitoso e não revela bom gosto, utilizar a missa e, principalmente, a Eucaristia, para satirizar o Magalhães ou o que quer que seja (apesar de o terem feito de forma inteligente e até ter sorrido algumas vezes).

Cassima

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: (IP registado)
Data: 23 de October de 2008 14:37

Também acho que o alvo não era a Igreja Católica. É uma piada fácil, que utiliza algo que é do conhecimento comum dos portugueses: a missa. Não achei muito engraçado, não por usar a imagem de uma missa, mas por ser uma piada fácil. Compreendo que seja difícil fazer humor, e que muitas vezes o humor utiliza lugares comuns...

Mas também não passa disso. De uma piada que (na minha opinião) apenas é moderadamente engraçada e que usa aspectos culturais dos portugueses. Não acho que seja falta de respeito, e há que saber rir (quando algo tem piada) ou pelo menos não nos procurarmos ofender com o que realmente nem é ofensiva.

Eu não brincaria com cerimónias religiosas alheias, mas sou politicamente incorrecto o suficiente para brincar com os nacionalismos alheios. E para mim uma piada para ser ofensiva precisa muitas vezes de ter essa intenção.

Resumindo, subscrevo a posição do Alef.

PS: É normal e bom a sociedade querer fazer humor que envolva "ícones" culturais religiosos. A nossa cultura foi e é influenciada pela religião. Muitas vezes mal influenciada, influenciada demais. As pessoas naturalmente ajustam contas com o passado, libertam-se, ridicularizam. O importante é que encontremos o ponto de equilíbrio. Que não passa por exigir um respeito de fachada, mas sim por encontrarmos o lugar da Igreja e da Fé na sociedade. Sem medos.

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 23 de October de 2008 22:58

Não revelam imaginação nem sentido de humor. É preciso ganhar dinheirinho e assim ganham-no. Que tenham a coragem de dizer: não conseguimos continuar.
Se o fizerem mostram coerência. Não foi o que aconteceu. Não é uma sátira...é uma cópia de uma Missa. E quer se tenha ou não religião não é respeitoso gozar com coisas que para os outros são sérias. Que gozem com a família deles...

Pergunto: quando vocês vão comungar o que pretendem é que seja feita uma instalação? Se é...então tudo bem...
Que pensarão os jovens e adolescentes quando vêem ou vão eles próprios comungar?

Não sei se têm presente que , na vida de todos nós, se fazem associações?
Daqui que associação se faz?
Acham que nenhuma...?

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 23 de October de 2008 23:53

Vi este sketch dos Gato Fedorento na Internet e, na minha opinião, está longe de ser dos sketchs com mais piada. No início ainda prometia mas a meio já enjoava e a piada da "hóstia-cdrom" é forçada e sem piada. Acho que a crítica é maior para com o Magalhães do que para com a Igreja. A mensagem que retive é que alguém fez do Magalhães um salvador da Pátria (ou de eleições...).

Lembro-me da famosa sátira dos CPM's e do discurso da "cassete" que infelizmente ainda se vai vendo um pouco por todo o país. Este sketch sim, de chorar a rir!

Se como católico me sinto ofendido por tal sketch "Magalhães2? Não. Se acho que se brinca mais com os católicos enquanto com judeus e muçulmanos ninguém se atreve? Sim e não compreendo. Ou melhor, compreendo. A única justificação é que temos um nível de tolerância (para alguns indiferença) superior.

Lembro-me de ter lido que uma ofensa é como um presente que alguém nos quer dar: só aceitamos se quisermos.

Obrigado,
Luís

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 24 de October de 2008 00:54

Ponham-se na pele de um miúdo que vai à catequese e participa na Missa.

E depois pensem: quando as pessoas forem comungar, por exemplo, de que é que ele se lembra? Que associação faz, no caso de ter viste este sketch?

O sketch não influencia negativamente algo em que nós acreditamos? Não passa a dar vontade de rir...olha aquele já tem o C.D...quando é que começas a receber o CD? etc....

Dirão: aí está uma grande oportunidade de ensinar, de fortalecer a Fé... Mas será que é conveniente que se faça certa associação para depois se procurar desfazer? De certo modo até será,para quem pensar assim,útil para os miúdos jogar na Net jogos violentos pois assim os pais podem mostrar-lhes, mais facilmente, como a violência é má...

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 24 de October de 2008 01:32

Até agora 50 queixas.

Citação:
Brincadeira com 'Magalhães' vale queixa contra "Gato Fedorento"
Paródia ao Magalhães em "Zé Carlos" motiva abertura de processo na Entidade Reguladora
00h30m
DINA MARGATO

A sátira de os "Gato Fedorento", "Louvado sejas, ó Magalhães" bateu o recorde de reclamações na Reguladora. Nem todos os católicos acharam graça à reprodução da homília com um texto a bajular o computador infantil. Veja o vídeo da polémica aqui.

Esta quinta feira, somavam-se mais de 50 queixas. Em segundo lugar está "Morangos com açúcar" (TVI), seguido de o "Momento da verdade" (SIC). "Contemporâneos", humor da RTP , por exemplo, tem duas, ambas relativas à linguagem.

"Nunca um programa, no caso, um "sketche", recebeu um tão elevado número de cartas a contestá-lo", diz fonte da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Está aberto um processo de averiguações. Ainda ontem, estava previsto que a SIC fosse notificada relativamente à peça do "Zé Carlos", emitida no último domingo. Esta não é a primeira vez que os "Gato" são alvo de apreciação pela ERC. O programa que tinham na antena pública mereceu duas queixas, mas o Reguladora acabou por não lhes dar provimento.

Os novos protestos apresentam-se em nome individual e o seu conteúdo vai todo no mesmo sentido: ofensa à Igreja Católica, mais concretamente, aos seus símbolos sagrados. Houve quem referisse que com o Islão haveria mais cautela na abordagem.

"Louvado seja, ó Magalhães" decalca os rituais da missa, incluindo a entrega da hóstia aos fiéis, que, na paródia, é substituído por um disco para colocar no computador. "Instalai isto em memória de mim", diz o boneco de Ricardo Araújo Pereira, usando a entoação dos sacerdotes tradicionais. É neste quadro que se ouve um discurso elogioso ao computador. Numa das rezas, é dito: "Bendito seja Sócrates que nos reuniu em nome do Magalhães".

O padre Manuel Morujão, porta -voz da Conferência Episcopal, acha "muito bem que quem viu as suas convicções mais profundas serem ofendidas se manifeste". Prossegue: "Nada é intocável, mas tem de ser tocado com algum respeito. Uma coisa é fazer humor sobre as ondas do mar e outra usar a liberdade para achincalhar". Afirmando-se "solidário, de certa forma", com quem acha que "não houve respeito para com aspectos considerados estruturais da nossa vida", deixa ainda o recado: "Não devemos transformar a contestação em propaganda ao programa".

Fã dos "Gato", D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas e de Segurança, começa por perguntar se estamos a falar daquele "sketche" em o Ricardo Araújo Pereira diz "em nome do pai". Diante da resposta afirmativa, comenta: "Tenho de dizer que o vi . Habitualmente entro em colisão com determinadas formas de pensar, mas esse em nada me feriu. Quem não tiver humor que não veja".

Para o sociólogo Albertino Gonçalves, "os portugueses ligam mais aos seus símbolos do que aos feitos. O que deve ter chocado foi a cena da hóstia, por causa do que devem ter visto como profanação do sagrado". Embora lhe pareça que nem todas as queixas possam ter origem católica. "Os mais patriotas também se sentem ofendidos com este género de humor".

De qualquer modo, julga que se está diante de uma "minoria que faz sempre muito barulho". O professor da Universidade do Minho classifica o trabalho do quarteto de os "Gato Fedorento" como um humor desinibido, que aprecia. E vê a quantidade de queixas como um sinal de preocupação. "Fico preocupado, porque o humor tem uma função fundamental na sociedade, e a tolerância é a medida da democraticidade de um país".

fonte:[jn.sapo.pt]

O que vi foi um gozo ao Sócrates e à mania que ele tem de ser o nosso salvador moralizador. O tom dele é muito sacerdotal e o modo como essa coisa do Magalhães foi apresentada realmente parecia o culto à criatura socrática.
No fundo do PM ao programa é tudo palhaçada, pelo menos no Gato assumem com alguma inteligência.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Humor sem graça ou iliteracia católica?
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 24 de October de 2008 14:12

Citação:
Luís Gonzaga
Se como católico me sinto ofendido por tal sketch "Magalhães2? Não. Se acho que se brinca mais com os católicos enquanto com judeus e muçulmanos ninguém se atreve? Sim e não compreendo. Ou melhor, compreendo. A única justificação é que temos um nível de tolerância (para alguns indiferença) superior.

Não me parece que seja apenas uma questão de termos mais tolerância ou indiferença. É também uma questão do politicamente correcto. Se em vez de uma missa fosse usada uma cerimónia muçulmana, judia, evangélica ou de outra religião qualquer, saltavam logo as marias do costume a gritar aqui d'el rei que se estavam a insultar as minorias, que era discriminação...


Citação:
Citação da Lena do JN
Para o sociólogo Albertino Gonçalves, "os portugueses ligam mais aos seus símbolos do que aos feitos. (...)
E vê a quantidade de queixas como um sinal de preocupação. "Fico preocupado, porque o humor tem uma função fundamental na sociedade, e a tolerância é a medida da democraticidade de um país".

O que me preocupa a mim é que um sociólogo fique preocupado porque as pessoas que não gostaram de um determinado programa se queixem à entidade reguladora. E veja nisso um sinal de falta de democracia. O que deveriam fazer então essas pessoas? Partir para a agressão?! Então, em democracia, temos de engolir tudo sem manifestarmos a nossa discordância? Sem nos queixarmos? Isso não era antes, no tempo da outra senhora??!! Se uns têm direito a pronunciar-se sobre algo, outros não têm direito a pronunciar-se sobre isso, seguindo os canais que o estado democrático onde vivemos lhes proporciona?!

Cassima



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