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Sínodo da Palavra
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 09 de October de 2008 00:16

E neste ano de S. Paulo temos o Sínodo que já começou.

Gostei de saber que Andrea Bocelli cantava no intervalo de leituras da Bíblia.

E vocês acham importante a realização deste sínodo? E... tantas questões que se podem debater...por isso iniciei o tópico...dei apenas o pontapé de saída...neste caso de entrada...

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 09 de October de 2008 09:06

A mesa da palavra vai crescendo. No entanto também cresce a consciência de que precisamos de palavras de síntese. Palavras que em geral são o prenúncio do gesto essencial.

*=?.0

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 09 de October de 2008 14:31

Como evento, mesclado com instantes musicais, confesso que acho interessante e pode estimular o interesse das pessoas.

Pode ser que chame a atenção dos católicos sobre a Bíblia. Não é uma das deficiências que nos apontam? Que a conhecemos pouco e mal?

Cassima

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 11 de October de 2008 01:20

O tema da Palavra de Deus é verdadeiramente importante e urgente, porque me parece que os católicos ainda lidam relativamente mal com o tema. Se no Sínodo tem sido dito que a leitura da Bíblia não pode ser um mero exercício subjectivo (e é verdade), por outro, parece-me que o problema maior é o de não se fazer da Bíblia qualquer tipo de leitura. Vivemos muitos séculos com um certo «medo» da Bíblia. Para termos um pouco de ideia disto, conto dois episódios banais, mas significativos:

a) Há uns tempos estava a conversar com um sacerdote bastante invulgar: um homem de mais de 80 anos, mas que mantém uma incrível jovialidade, um interesse por estar actualizado, uma cultura vastíssima e grande densidade espiritual. Pois bem, a certa altura estávamos a falar sobre a Bíblia e ele contou-me algo que me deixou espantado: nos seus primeiros anos de estudante, a Bíblia fazia parte dos livros que só se podiam ler com autorização do Director Espiritual!

b) Há dias a Magdalia recomendou, recomendado, por «engano», um suposto blogue «tradicionalista», onde, entres os seus «posts» há um que cita parte da mensagem do Papa para o Dia Mundial da Juventude, e que diz assim:

Citação:
Bento XVI
«Queridos jovens, exorto-vos a adquirir intimidade com a Bíblia, a tê-la ao alcance da mão, para que seja para vós como uma bússola que mostra o caminho a seguir. Lendo-a, aprendereis a conhecer a Cristo. São Jerónimo observa, a este respeito: “O desconhecimento das Escrituras é o desconhecimento de Cristo” (PL 24, 17; cfr. Dei Verbum, 25)». .
.

[A mensagem, na íntegra, pode ver-se aqui.]

Pois bem, um dos leitores «da» Magdalia alertou para o modernismo deste texto do Papa, pois isto incita ao livre-exame (o fantasma do protestantismo!)! Dizia tal leitor:

Citação:
«Ainda que sejam palavras do Santo Padre, sabemos que é um ERRO recomendar o fiel a ler a biblia, sem o menor cuidado de atenta-lo para a legitima interpretação da Igreja. .
.

Isso acaba por se tornar um incentivo ao livre- exame!»

Can you believe it?! Incrível…


Um pouco de atenção ao texto original de Bento XVI deita por terra este disparate. Assim, cito o texto com as frases que se lhe seguem, sobre a «Lectio Divina», pois são actualíssimas:

Citação:
Bento XVI
«O segredo para ter um “coração dócil” é o de formar-se um coração capaz de escutar. Isto consegue-se meditando sem cessar a Palavra de Deus e permanecendo enraizados nela, mediante o esforço de a conhecer sempre melhor.

Queridos jovens, exorto-vos a adquirir intimidade com a Bíblia, a tê-la ao alcance da mão, para que seja para vós como uma bússola que mostra o caminho a seguir. Lendo-a, aprendereis a conhecer a Cristo. São Jerónimo observa, a este respeito: “O desconhecimento das Escrituras é o desconhecimento de Cristo” (PL 24, 17; cfr. Dei Verbum, 25). Um modo muito reconhecido para aprofundar e saborear a palavra de Deus é a lectio divina, que constitui um verdadeiro e apropriado itinerário espiritual em etapas. Da lectio, que consiste em ler e tornar a ler uma paisagem da Sagrada Escritura, tomando os elementos principais, passa-se à meditatio, que é como uma paragem interior, na qual a alma se dirige a Deus tentando compreender o que a sua palavra diz hoje para a vida concreta. Segue depois a oratio, que nos faz conversar com Deus em colóquio directo, e chega-se finalmente à contemplatio, que nos ajuda a manter o coração atento à presença de Cristo, cuja palavra é “lâmpada que brilha em lugar escuro, até que desponte o dia e se a estrela da manhã se levante em vossos corações” (2 Pe 1,19). A leitura, o estudo e a meditação da Palavra devem, depois, desembocar numa vida de coerente adesão a Cristo e aos seus ensinamentos».

Alef

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 15 de October de 2008 14:47

Estou a ver que há quem prefira que os católicos conheçam pouco e mal a Bíblia... E a ironia é que esses se dizem também católicos!...

Antes não conhecer do que correr o risco de pensar e interpretar mal... Tss...tss...


Agulhando para outro tema, quem me sabe indicar um livro que sirva de apoio à leitura da Bíblia, situando-a no espaço e no tempo em que foi escrita e explicando, devidamente contextualizados, os hábitos e costumes da época que estão nos textos (implícita ou explicitamente)?

Exemplos:

Quando se fala que as pessoas tocavam nas franjas das vestes de Jesus, essas franjas referem-se aos trajes que os judeus usavam e ainda usam com franjas.

Ou que quando Pilatos lava as mãos, repete um gesto que os juízes/anciãos de uma terra faziam quando alguém de fora aparecia morto e não se descobria o autor do assassínio.

Cassima

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 16 de October de 2008 00:13

Cassima,

Existem bons livros de Bíblia disponíveis em Portugal e aproveito para recomendar um publicado recentemente, escrito pelo meu amigo Frei Fernando Ventura: ROTEIRO DE LEITURA DA BÍBLIA.

Recomendo vivamente a sua leitura.

Obrigado,
Luís Gonzaga

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 16 de October de 2008 18:11

Obrigada, Luís.

Vou procurar.

Cassima

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 18 de October de 2008 16:53

Uma notícia da ZENIT.org:



Opiniões pessoais não fazem parte das homilias: é a Igreja que ensina



Entrevista ao professor Salvatore Vitiello, da Universidade do Sacro Cuore de Roma


Por Miriam Díez i Bosch

ROMA, sexta-feira, 17 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- As homilias devem falar da vida, e não do que o sacerdote pensa, porque os fiéis têm direito, participando da Santa Missa, a escutar o que a Igreja ensina, não o que um sacerdote pensa ou acha que seja certo em um momento determinado; as opiniões pessoais não devem nunca ser objeto de pregação pública, porque assim se faria uma instrumentalização da homilia. Estas são algumas das idéias do professor Salvatore Vitiello, entrevistado pela ZENIT por ocasião do Sínodo sobre a Palavra, que tratou também da problemática ligada às homilias.

Vitiello é professor de Teologia Sacramental no Instituto Superior de Ciências Religiosas de Turim, e de Introdução à Teologia na Universidade Católica do Sacro Cuore de Roma.


O Sínodo está preocupado com as homilias: às vezes são pobres e podem induzir os fiéis a buscarem «mais conteúdo» nas seitas. Que soluções podem ser dadas?

Vitiello: Antes de tudo, eu não generalizaria, afirmando que as homilias são «pobres». Há muitíssimos exemplos de grandes pregadores, realmente capazes de transmitir, com eficácia e autêntico conteúdo espiritual, o Evangelho do Nosso Senhor. Certamente, o problema existe e tem uma dupla raiz: no auditório e no pregador.

É necessário, no primeiro caso, ter presente que a comunicação, nas últimas décadas, mudou muito, trazendo consigo não só novos costumes, mas autênticas mudanças antropológicas, cujos efeitos se verão em um futuro próximo.

A possibilidade de comunicar, em qualquer lugar e instante, com quem se quer, a velocidade e rapidez da comunicação, a introdução dos mais modernos meios, constituem, talvez mais que a televisão, uma verdadeira e autêntica «revolução». Em conseqüência, nem sempre se está preparado para escutar uma homilia que, na realidade, configura-se como um discurso, uma narração, que prevê, para ser compreendida, o treinamento para um tipo de comunicação hoje não tão habitual.

Certamente, muito, eu diria que muitíssimo, depende do pregador. Os sacerdotes são conscientes de não ser «franco-atiradores», mas de exercer o próprio ofício sacerdotal por um mandato explícito de Cristo, através da Igreja. Segue daí que, também a pregação, que é um dos mais insignes serviços ministeriais, deva obedecer a este critério.

Na homilia, que não por acaso está reservada aos ministros sagrados e não pode ser pronunciada por fiéis leigos, exercita-se, de modo particular, o que a Igreja chama de munus decendi, o dever de ensinar. Ensinar o quê? Ensinar como?

A resposta à primeira pergunta é muito simples: Nada que não seja a pura doutrina da Igreja. Os fiéis têm o direito, participando da Santa Missa, de escutar o que a Igreja ensina, não o que um sacerdote, em certo momento, pensa ou acha justo. As opiniões pessoais não deveriam jamais ser objeto de pregação pública, porque se produziria assim uma instrumentalização da homilia.

Partindo do explícito kerygma cristão, segundo o qual Jesus de Nazaré é o Senhor Ressuscitado, Deus feito homem por nós e nossa salvação, é necessário saber apresentar de forma orgânica, progressiva e tendencialmente completa, todas as verdades da fé. É impensável que se pregue exclusivamente, por exemplo, sobre o amor, sem mencionar nunca a verdade e a justiça; ou que as homilias sofram uma «deriva moralista» insustentável, nunca oportunamente sub-rogada às razões sobrenaturais pelas quais vale a pena comportar-se de uma forma ao invés que de outra.

O ponto talvez mais delicado seja «como» pregar e ensinar. Creio que o primeiro fator é a fé e a convicção profunda, nutrida pela oração e a preparação do próprio pregador. O povo santo de Deus tem um «sexto sentido», sensus fidei (sentido da fé), com base no qual reconhece imediatamente se os sacerdotes falam de coisas das quais crêem e têm experiência, ou não.

É também fundamental aprender a suscitar as perguntas últimas no coração dos homens. É completamente inútil dar respostas, ainda que sejam dogmaticamente corretas ou moralmente justas, se no coração não se suscitou uma pergunta, um desejo. A pergunta e o desejo se suscitam através de um encontro pessoal (como confirma o Papa na encíclica Deus caritas est, n. 1), que desperte no coração o que parecia adormecido.
Se a homilia fala de «coisas que têm a ver com a vida», e dá respostas às perguntas fundamentais da existência de cada um, já não será cansativa! Talvez poderá ser discutida ou não compartilhada, mas não será cansativa.

É absolutamente necessário sair, também no que diz respeito à pregação, do «túnel do relativismo», dessa ditadura que impede anunciar a diferença entre verdade e falsidade, bem e mal, pecado e virtude.


Muitos jovens não conhecem a Sagrada Escritura. Há formas de corrigir esta lacuna?

Vitiello: Se uma pessoa, jovem ou adulta, não sabe algo é porque ainda não encontrou alguém que lhe faça interessar-se: alguém capaz de despertar nela o interesse por essa realidade. A Bíblia não é uma exceção deste critério. Quem não se encontrou com Cristo, vivo e presente em seu Corpo, que é a Igreja, que são os cristãos, os que hoje pertencem ao Senhor, dificilmente poderá interessar-se, de maneira correta, na Sagrada Escritura.

Existe, neste sentido, também um grave problema cultural: Se tirarmos do patrimônio comum, inclusive mais elementar, a referência ao Antigo e ao Novo Testamento, não compreenderemos quase nada da história da humanidade.

Tanto desde o ponto de vista artístico (pictórico, escultórico, musical ou arquitetônico) como quanto à estruturação jurídica e moral da sociedade, se não houver um conhecimento mínimo das Sagradas Escrituras hebraico-cristãs, a maior parte dos dados ficará completamente indecifrável.

Os meios para esta «operação cultural» são muitos e deveriam estar voltados sobretudo à instrução, a difusão da cultura bíblica com todos os meios, inclusive a internet, talvez não deixando o monopólio destas informações a sites pouco e mal-informados, freqüentados superficialmente.

Outra coisa é a aproximação existencial do texto Sagrado, que, como disse, depende de um encontro interpessoal significativo, no qual ressoa o anúncio da fé. Uma vida mudada por este encontro trará consigo o amor às Sagradas Escrituras, das quais são testemunhas estes encontros salvíficos, e que será, em todos os âmbitos, capaz de produzir uma «cultura cristã compartilhada».


Até que ponto biblistas e exegetas podem pesquisar na Bíblia?

Vitiello: No conhecimento humano, o método não é decidido arbitrariamente pelo sujeito conhecedor, mas o objeto conhecido o impõe. E o conhecimento é exatamente um encontro entre o sujeito e o objeto. Isso é realismo.

Se esta regra elementar for respeitada, não haverá limites na pesquisa bíblica, porque esta será simplesmente um «adequar-se» ao método que o próprio objeto – ou seja, o Texto Sagrado – sugere, sem esquecer nunca que a Revelação cristã não se limita ao Testo Sagrado, mas inclui a Tradição e o Magistério vivo, sem os quais não é possível interpretar autenticamente as Escrituras.

Não convém esquecer nunca que estamos diante da narração dos atos históricos realizados por Deus para a salvação dos homens e do mundo, narração que tem com verdadeiro autor o próprio Deus e, contemporaneamente, os hagiógrafos humanos.

O fato de que não haja limites para a pesquisa não significa necessariamente que todos os êxitos da pesquisa sejam corretos. O ser «especialista» ou «pesquisadores», em nenhuma disciplina nos salva de cometer erros, inclusive gafes macroscópicas. O critério vale também para biblistas e exegetas.

O Santo Padre Bento XVI, na Introdução ao livro «Jesus de Nazaré», ofereceu uma série de critérios para uma aproximação correta do Texto Sagrado. Acho que vale a pena retomá-los e partir daí, para toda pesquisa bíblica que quiser ser um verdadeiro serviço eclesial.



Editado 1 vezes. Última edição em 18/10/2008 17:09 por Alef.

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 18 de October de 2008 21:04

Ainda bem!!! Óptimo!!!

Às vezes dá vontade de fugir...saber nas homilias a vida do padre desde que nasceu...

Agora tenho tido o azar de me acontecer isso...já não sei tudo porque perdi algumas intervenções...mas mesmo assim ainda dá para escrever um livro sobre a meninice, adolescência...e agora sobre as festas, os treinadores, os baptizados e os casamentos e funerais que fez e por onde passou. E tudo isto durante a Missa...
Não estou a brincar. Se gostam de ouvir e sei que há quem goste...é fácil...eu é que estou a tentar interromper ...mas mesmo assim...estou muito a par...do que se passa por aí...

E quanto às Escrituras ficamos todos consolados porque é o próprio padre que afirma que não percebeu nada..ou muito pouco...

Não estou a faltar à verdade .
Ainda bem que que apareceu a notícia acima publicada.

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 20 de October de 2008 01:11

Este Forum ao fim-de-semana morre!

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de October de 2008 02:58

O fim-de-semana é para rever a matéria dada...

E, depois, no Sínodo da Palavra, título do tópico, também se fala no silêncio...

E só no silêncio se pode ouvir...

Alef

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 20 de October de 2008 03:31

:-)))

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 21 de October de 2008 15:44

Alef

E ninguém sabe o porquê do sorriso, só nós dois!


Ana

Re: Sínodo da Palavra
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 22 de October de 2008 00:30

A propósito do conhecimento da Bíblia ver aqui



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